Foto: aleksandarlittlewolf/Freepik
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GO: Tarifaço dos EUA deve ocasionar queda de R$ 798 mi no PIB estadual; agroindústria, mineração e autopeças serão afetados

Número é de estudo publicado pela UFMG. Já diagnóstico da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) aponta que o estado pode sofrer retração de até 15% no fluxo comercial entre Goiás e os Estados Unidos

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As medidas tarifárias impostas pelo governo dos Estados Unidos (EUA) devem ocasionar uma queda de R$ 798 milhões no PIB de Goiás. A estimativa compõe um estudo econômico da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), divulgado em 11 de julho.  

Caso entrem em vigor, as tarifas trarão efeitos significativos para os setores da agroindústria, mineração e autopeças em Goiás, conforme nota técnica da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg). As estimativas preliminares apontam a possibilidade de uma retração de até 15% no fluxo comercial entre o estado goiano e os EUA.

Em entrevista ao Jornal Times Brasil, da CNBC, o presidente em exercício da Fieg, Flávio Rassi, disse que o percentual de 15% já foi sentido e o número pode ser ainda maior. Ele avalia que a tarifação imposta “não tem lógica tributária, comercial e vem de supetão”, ou seja, de forma inesperada – impossibilitando, assim, que o mercado nacional encontre formas de buscar outros caminhos, conforme explica Rassi.

“Então, não dá para buscarmos novos mercados, não dá para fazermos nada num prazo tão exíguo. [A indústria] não consegue reorganizar os seus meios de produção e os seus mercados. Para atingir um novo mercado é preciso adaptar a embalagem, prospectar cliente, distribuidor, transporte, não é uma coisa tão simples assim. A gente precisa de tempo”, afirmou Flávio Rassi ao Jornal Times Brasil, da CNBC.

O presidente em exercício da Fieg reforçou que é necessário “deixar a questão ideológica de lado” e que a prioridade é negociar com vistas a apoiar a indústria.

A nova medida dos EUA estabelece alíquota de 50% sobre diversos produtos brasileiros – e deve entrar em vigor a partir do dia 1º de agosto de 2025. A medida deve ser somada às tarifas já aplicadas em março deste ano, de 25% sobre o aço e de10% sobre o alumínio.

Segundo a Fieg, entre as consequências que os setores da agroindústria, mineração e autopeças de Goiás poderão enfrentar, está a perda de competitividade nos mercados internacionais.

Relevância econômica e industrial de Goiás

A nota técnica da Fieg destaca que Goiás tem um papel relevante como exportador de commodities agrícolas e produtos manufaturados no país. Por sua relevância econômica e industrial em diversos setores, a Federação aponta que o estado pode sofrer efeitos significativos com o novo pacote tarifário imposto pelos EUA.

Dados do Portal da Indústria da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontam que a indústria é responsável por 21,0% das exportações realizadas pelo estado de Goiás.

Além disso, apenas em 2024, a indústria goiana exportou US$ 2.592 milhões. No ranking estadual, Goiás ocupa o décimo segundo lugar em exportações industriais do Brasil.

Conforme publicação da Agência de Notícias do Governo de Goiás, na safra 2024/25 o estado deve bater recorde histórico com a produção de 78,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. O montante vai consolidar o território goiano como o terceiro maior produtor do país, segundo o governo estadual.

Caminhos para mitigar impactos 

No documento, a Fieg lista uma série de caminhos que podem colaborar para mitigar os efeitos negativos sobre a economia goiana e brasileira. Entre as sugestões estão uma possível mobilização diplomática que envolva o Itamaraty, governos estaduais e o setor produtivo.

A Fieg também sugere a ampliação da pauta de exportações para novos mercados, especialmente União Europeia e países asiáticos, bem como a adoção de medidas compensatórias para os setores mais afetados.

Entre as recomendações ao Governo Federal, a Fieg reforça a importância de negociações técnicas e cooperativas, a fim de evitar medidas de confronto que agravem o cenário. Outra orientação é fomentar a articulação conjunta com outros países já afetados pelas medidas, com vistas a elaborar estratégias multilaterais.

Agronegócio

Em nota oficial, o presidente do Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e 1º vice-presidente da CNA, José Mário Schreiner, destacou a importância da diplomacia para o agronegócio brasileiro, especialmente o goiano.

“A agricultura e a pecuária brasileiras podem se tornar os primeiros alvos práticos dessa instabilidade. Goiás, por exemplo, é fortemente exportador e depende de relações comerciais sólidas e previsíveis. Quando o governo não assegura um ambiente de confiança internacional, quem sofre é o setor produtivo, que se vê diante de barreiras comerciais, incertezas cambiais e desvantagens competitivas”, afirmou Schreiner em nota oficial publicada no site da Faeg.

Tarifaço dos EUA: veja quais setores e estados devem ter mais prejuízos

De acordo com a Faeg, caso a tarifa dos EUA entre em vigor, os principais setores que podem sentir os efeitos de forma mais imediata são o da carne bovina e açúcar de cana.

Confira os produtos goianos mais afetados pela tarifa dos EUA, conforme a Faeg:

  • Carne bovina (61,8% das exportações para os EUA);
  • Açúcar de cana (US$ 32,3 milhões);
  • Frutas, milho, peixes, café e hortaliças;
  • Máquinas agrícolas (25,5% das importações goianas dos EUA);
  • Fertilizantes e adubos (6% das importações);
     

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