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Após série de TV, “Carcereiros” ganha espaço nas telonas

Em entrevista, os atores Jackson Antunes e Rainer Cadete e o co-roteirista Fernando Bonassi comentam bastidores e valor social da trama

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Colocando em protagonismo o sistema penitenciário brasileiro, chega aos cinemas o filme “Carcereiros”. Adaptado do romance de Drauzio Varella, o longa repete mais um capítulo da série de TV, porém com mais tempo de roteiro. Desta vez, o personagem de Rodrigo Lombardi ganha foco ao interpretar, mais uma vez, o agente penitenciário Adriano.

O policial ganha a missão de proteger um prisioneiro “especial”, um terrorista árabe. Porém, o presídio é invadido e acontece uma grande chacina. Escrito a oito mãos, o roteiro já tinha tudo pronto: atores, cenário e história. Dessa forma, o co-roteirista Fernando Bonassi conta que foi muito mais simples lançar um filme. Para ele, uma das questões importantes é dar visibilidade aos carcereiros, que arriscam as vidas tentando cuidar de tudo.

“Um olhar errado que esse cara (carcereiro) dá para o malandro, uma coisa que ele promete e não consegue cumprir acaba com a vida dele. Esse cara vive num estado de tensão muito grande e a gente quis reproduzir isso. É um filme de ação que as pessoas vão se “divertir”, mas é um filme de ação brasileiro que trata do crime à brasileira.”

Por ser uma nova obra que deriva uma série de TV, pode parecer que é necessário assistir a todos os episódios para entender. Mas é totalmente o contrário: o filme tem funcionalidade própria e não depende da série para entreter. O entendimento é fácil, a contextualização inicial dos personagens é direta e ajuda o público a entender a linha temporal da trama.

O ator Jackson Antunes, dos filmes Getúlio (2014) e O Palhaço (2011), famoso por dar vida a grandes vilões no cinema e nas novelas, ganhou mais uma vez um papel de destaque. O coronel, como é chamado no filme, é responsável pela invasão ao presídio. Jackson acredita que um dos papéis do filme é dar um novo olhar ao público sobre os rumos do sistema penitenciário brasileiro.

“O filme joga luz sobre o assunto da carceragem brasileira, mas nas entrelinhas você percebe que a todo momento estamos desenhando um retrato do Brasil atual. Você percebe que há uma cela que é a dos “gravatas”, e quando o preso comum chega lá descobre que os caras tinham geladeira, TV a cores, e estamos de certa forma falando do nosso país, onde um cara que rouba uma galinha vai para a cadeia, mas o cara de colarinho muitas vezes não vai.” 

O longa aborda ainda, em uma fotografia de tons escuros e planos abertos, as rixas que existem dentro dos presídios. É um filme de ação nacional que se destaca em meio às produções brasileiras que acompanhamos nos últimos anos. Apesar de não ser um filme para festivais e prêmios, foi uma das melhores obras cinematográficas nacionais de 2019.

O ator Rainer Cadete, que interpreta um dos presos, conta que seu personagem foi mais um obstáculo vencido na carreira de ator.

“Me desafiou bastante porque o Príncipe, meu personagem, é chefe de uma facção criminosa que está em guerra com outra facção dentro do presídio, e por isso eles precisam ficar em espaços físicos diferentes porque se não eles se matam. É um tema muito interessante porque, além de ser um filme de entretenimento, é um assunto que precisa ser iluminado e eu acho bacana colocar minha arte à disposição para falar do sistema penitenciário no Brasil, que é tão deixado às margens.”

“Carcereiros – O Filme” está em exibição nos cinemas brasileiros a partir de 28 de novembro.

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