Ao que parece, está se iniciando uma disputa entre chineses e americanos para assegurar fontes de suprimento de minerais críticos. Em apenas uma semana (a última do mês de novembro), três movimentos indicam essa movimentação. Pelo lado chinês, a CNMC (China Nonferrous Mining Metal Company) adquiriu a Mineração Taboca, produtora de estanho, tântalo e nióbio, que era controlada pelo grupo peruano Minsur, pelo valor de US$ 340 milhões. Além disso, a também chinesa Baiyin Nonferrous firmou um compromisso de compra da Mineração Vale Verde, produtora de cobre em Alagoas e controlada pelo fundo de investimento Appian Capital, pelo valor (não confirmado pela Appian) de US$ 420 milhões. No que se refere aos americanos, o Export-Import Bank of the United States comprometeu-se a financiar US$ 266 milhões para a Lithium Ionic construir o seu projeto de lítio Bandeira, no Vale do Lítio, em Minas Gerais.
A Mineração Taboca, em sua mina de Pitinga, localizada no município de Presidente Figueiredo, no Amazonas, possui reservas expressivas de minério de estanho contendo nióbio, tântalo, zircônio, urânio e terras raras. Um estudo de avaliação realizado há alguns anos indicou recursos totais de 618 milhões de toneladas de minério, sendo 164 milhões t Medidas, 260 milhões t Inferidas, 194 milhões t Indicadas. Além disso, o estudo apontava para um potencial adicional de 568 milhões de toneladas, o que elevaria o total de recursos para 1,186 bilhão de toneladas. Os teores eram os seguintes: estanho - de 0,082 a 0,141% Sn; nióbio de 0,169 a 0,202% de Nb2O; tântalo - 0,018 a 0,024 de Ta2O5; urânio - 0,031 a 0,043% de U3O8 e zircônio - 0,796 a 0,845% de ZrO2. A reserva lavrável (provadas e prováveis) somavam 201 milhões de toneladas, com 0,176% de Sn, 0,223% de Nb2O5, 0,028% de Ta2O5, 0,03% de U3O8 e 0,808 de ZrO2. Além disso, o minério contém terras raras pesadas, o que pode ajudar a explicar o interesse da CNMC, que é um importante processador de terras raras na China.
Em seu relatório anual de 2023, o grupo Minsur reporta um total de 337,4 milhões de toneladas de recursos em Pitinga, sendo 121,3 milhões t Medidas e 216,1 milhões t Indicados, com teores de 0,119% de Sn, 0,199% de Nb2O5 e 0,026% de Ta2O5. Não se menciona urânio nem zircônio. Além disso, na planta de metalurgia que possui em Pirapora do Bom Jesus (SP), estima-se que a Taboca tenha estocado cerca de 400 mil t de escória contendo elementos de terras raras, háfnio, urânio e zircônio, que não são recuperados no processo metalúrgico do estanho, nióbio e tântalo.
A Mineração Vale Verde, por sua vez, opera o projeto Serrote, em Craíbas (AL), que concluiu ramp up em 2022, é um dos quatro produtores de cobre no País. A transação com a Baiyin, também conhecida como BNMC, é o principal supridor de cobre na China, listada na bolsa de valores de Shangai, só deverá ser finalizada no início de 2025, após análise do CADE e do governo chinês.
Já a Lithium Ionic pretende ser uma os principais produtores brasileiros de lítio, com uma capacidade de 178 mil toneladas/ano, a partir de 2026.
A diferença entre as estratégicas adotadas por chineses e americanos, na busca por minerais críticos, é que enquanto os chineses fazem aquisições, assumindo os ativos, os americanos preferem fazer aportes financeiros nos empreendimentos, uma forma de garantir suprimento futuramente. (Por Francisco Alves)
A Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT) aprovou o projeto 3.587/23 que cria o sistema de gestão de rastreamento do ouro (SIG-Ouro). O projeto agora segue para votação na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). A matéria teve origem na Comissão Temporária para acompanhar a situação dos Yanomami, que funcionou no Senado em 2023. O relator da matéria é o senador Carlos Viana (Podemos-MG), que preside a CCT.
A proposta tramitou em conjunto com o PL 2.93/23, do senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP), que cria um banco nacional de informações auríferas, com o objetivo de monitorar o ouro em circulação no Brasil. Para Carlos Viana, no entanto, o PL 3.587/2023 é mais completo porque, além de criar um banco de dados sobre o ouro, prevê outras medidas por meio da Política Nacional para o Desenvolvimento da Mineração do Ouro.
O texto aprovado modifica a Lei 7.766/89 para adequar a emissão de notas fiscais às novas diretrizes propostas para o setor aurífero. Da mesma forma, a Lei 12.844/13 é alterada para impedir o transporte e a comercialização do mineral sem o novo registro criado pelo projeto de lei. As medidas têm como principal finalidade inibir a comercialização de ouro extraído de forma irregular, de terras indígenas ou reservas ambientais.
De acordo com dados da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apresentados por Carlos Viana, o garimpo ilegal cresceu 40% nos últimos cinco anos. “Para além da ilegalidade da mineração e de aspectos ambientais próprios da atividade, o garimpo ilegal, especificamente no território ianomâmi, resultou em uma crise humanitária com graves consequências sobre a população indígena e repercussão internacional que exigiu providências das autoridades brasileiras”, afirma o relator.
O SIG-Ouro terá como propósito a monitoração da produção e da circulação de ouro no mercado financeiro brasileiro. Os titulares do direito minerário deverão disponibilizar, no mínimo, registro de imagem, data e localização geográfica da produção, de cada transação e do transporte, por meio de sistema eletrônico. Já instituições do Sistema Financeiro Nacional que adquiram ouro como ativo financeiro precisarão manter dados atualizados no SIG-Ouro, assim como informar as autoridades públicas sobre irregularidades detectadas no rastreamento do metal. O sistema será mantido pela União e as informações dele serão públicas.
O projeto aprovado cria duas certificações para atestar a origem do ouro. O certificado de conformidade e origem (CCO) garante que a extração seguiu as normas brasileiras de regularidade mineral, desde a origem até a aquisição por instituições do Sistema Financeiro Nacional. Ele será emitido, ou regulado, pelo poder público. Já o certificado de lavra sustentável (CLS-Ouro), complementar ao CCO, será concedido a empreendimentos de mineração artesanal que atendam aos parâmetros ambientais, de segurança e de boas práticas de sustentabilidade na produção do ouro. As mineradoras deverão atender normas como a emissão de gases do efeito estufa menor ou igual a zero e o respeito ao direito dos povos indígenas.
A proposição proíbe a circulação, a comercialização e a posse de ouro como ativo financeiro, aquele destinado ao mercado financeiro ou à execução da política cambial do país, se for comprovado que foi extraído por mineração ou garimpo sem registro no SIG-Ouro e CCO. Os minerais irregulares serão apreendidos pelas autoridades públicas e, nesses casos, os agentes envolvidos nas operações comerciais responderão criminalmente.
De acordo com a proposta de lei, o banco nacional forense de perfis auríferos (Banpa) será responsável pelo armazenamento, análise e caracterização de amostras de ouro e pelos perfis auríferos das províncias brasileiras, do ouro importado ou em circulação no Brasil. Esses dados poderão ser utilizados no rastreamento de ouro irregular ou ilegal e em pesquisas científicas, por exemplo.
Fonte: Agência Senado
O primeiro-secretário deputado Max Russi (PSB) propôs a instituição da ‘Semana Estadual da Campanha ‘Educa Mineração’ em Mato Grosso, com o intuito de promover ações educativas para informar estudantes de escolas públicas sobre a atividade econômica e industrial da mineração, que consiste em pesquisa, exploração, lavra e beneficiamento de minérios. O estado é rico em ouro, calcário, manganês, água mineral, estanho, diamante, agregados de construção civil (areia e brita) e zinco, considerados carros-chefes da produção mineral em Mato Grosso, dos quais o ouro e o calcário respondem por 80% da produção minerária no estado. Nos últimos dez anos, a atividade mineral saiu da casa dos 500 milhões/ano, para cerca de R$ 7 bilhões.
De acordo com a Agência Nacional de Mineração (AMN), no Brasil o setor registra 210 mil empregos diretos. Já em Mato Grosso, empregos diretos advindos das cooperativas chegam à casa dos 10 mil. “O minério está em praticamente tudo que consumimos. Está no aparelho celular, nos acessórios, em um cinto, no automóvel, na água que bebemos, no computador, em um copo, enfim, tudo isso faz parte das nossas vidas, constantemente. Além disso, é um setor que se preocupa com o meio ambiente, gera emprego e renda e aquece a economia do país”, pontuou o parlamentar.
A proposta, que agora é lei (12.727/2024), indica a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) como responsável pela coordenação e promoção de atividades da campanha Educa Mineração, em parceria com instituições de ensino, de pesquisas, organizações não-governamentais e demais entidades relacionadas ao setor minerário. A medida foi sancionada pelo governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União) e publicada no dia 24 de novembro de 2024. Mato Grosso ocupa o 6º lugar no ranking dos maiores produtores de minério do Brasil e as áreas usadas em processos de mineração em Mato Grosso, até fevereiro deste ano, são de 21.504.511 hectares (Duas vezes maior que o território de Portugal. (Fonte: OPAN)
O Serviço Geológico do Brasil (SGB) apresentou um novo estudo sobre o potencial para extração de rochas ornamentais no estado da Paraíba. O Informe de Potencialidades identificou 25 áreas potenciais e 53 novas ocorrências minerais. A pesquisa integra o Programa Mineração Segura e Sustentável, iniciativa voltada à avaliação de recursos minerais no Brasil.
O estudo ressalta a alta diversidade geológica da Paraíba, localizada na Província Borborema, que favorece a formação de depósitos minerais com padrões variados de cores e texturas, amplamente aceitos nos mercados nacional e internacional. Rochas como o famoso Azul Sucuru, a Amazonita e novos quartzitos exóticos, amplamente usados em projetos arquitetônicos sofisticados, estão entre os destaques. A iniciativa busca atrair investimentos e estimular o setor mineral, além de promover a geração de empregos e aumento na arrecadação estadual.
A pesquisa também sugere práticas sustentáveis para reduzir os impactos ambientais da atividade mineradora. Entre as sugestões estão o reaproveitamento de rejeitos, que podem ser transformados em brita, blocos de cantaria ou matéria-prima para artesanato, contribuindo para a economia local. Com a divulgação desses dados, a Paraíba se consolida como um importante polo de rochas ornamentais, reforçando sua posição estratégica no cenário da mineração e abrindo caminho para novos empreendimentos no setor. Maiores informações podem ser obtidas no https://rigeo.sgb.gov.br/jspui/handle/doc/24987.
Com o apoio institucional da Associação de Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (Amig) e do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), o município mineiro de São Gonçalo do Rio Abaixo já está colhendo os resultados positivos do Prospera+, programa de diversificação econômica, desenvolvido pela Prefeitura, e que está em operação desde junho deste ano. O programa reúne políticas públicas de desenvolvimento econômico para atrair novos empreendimentos, estratégias de qualificação de mão-de-obra e de suporte a empresas já instaladas na cidade para a expansão de seus negócios.
Uma das empresas beneficiadas é a Fralía Cacau Brasil, a única indústria processadora de cacau em Minas Gerais, com sede no município, que vai triplicar a capacidade instalada da sua unidade fabril, chegando a 1 mil toneladas mensal de produtos acabados, com o auxílio dos incentivos oferecidos pelo Prospera+. Segundo o CEO, Matheus Pedrosa dos Reis, o projeto de expansão é de dois anos e gira em torno de R$ 20 milhões, sendo 30% desse montante destinados ao mercado de exportação.
A Fralía assinou o Termo de Compromisso junto à prefeitura de São Gonçalo do Rio Abaixo, que contribuirá para o avanço de seu processo de expansão. A previsão é que a planta da unidade fabril da empresa saia dos atuais 3 mil m² e chegue a 10 mil m²2 ao final do projeto, com duração prevista de dois anos, a partir da concessão de um terreno, de propriedade da prefeitura, por um período de dez anos. A área foi viabilizada pelo Banco de Áreas, uma política pública pioneira do Prospera+, que implantou um sistema municipal de cadastramento de áreas e imóveis públicos e privados para estimular novos negócios.
"São Gonçalo tem uma posição geográfica estratégica na região, às margens da BR 381 e o formato do Prospera+, com uma visão moderna e abrangente, traz uma condição ainda mais favorável para investimentos no município. O apoio oferecido pelo programa tem sido essencial para o nosso plano de expansão. Isso nos permite, não apenas fortalecer nossa presença no mercado nacional, mas também gerar mais empregos e oportunidades para a comunidade local. O Prospera+ é um verdadeiro parceiro no crescimento sustentável da Fralía", afirma Matheus Pedrosa dos Reis.
De acordo com Matheus, a Fralía deverá utilizar também os recursos disponíveis para negócios de todos os portes oferecidos pelo programa. Um desses recursos, é o Fundo de Equalização, que, agora, é gerido pelo Sicoob Credimepi. O Fundo foi estabelecido pela prefeitura com o objetivo de financiar negócios. Além disso, a Fralía deverá contar, ainda, com o Bolsa Trabalho, um programa de estímulo financeiro em que a prefeitura subsidia uma bolsa para o treinamento e qualificação de jovens e trabalhadores em empresas parceiras, proporcionando uma oportunidade de desenvolvimento profissional.
Segundo o prefeito de São Gonçalo do Rio Abaixo, Raimundo Nonato de Barcelos (Nozinho), o Prospera+ tem atuado como um grande parceiro no projeto de diversificação econômica na cidade. “Ainda estamos começando, e temos um projeto que dará resultados a médio e longo prazo. Temos um compromisso com a diversificação da economia e a criação de oportunidades que beneficiem tanto as empresas quanto a nossa população", afirma.
A Fralía deverá cumprir as obrigações previstas no termo de compromisso, entre elas, a contratação preferencial de residentes de São Gonçalo do Rio Abaixo, conforme os níveis de qualificação especificados no Projeto de Implantação/Plano de Negócios apresentado. Além disso, a empresa deverá prestar contas à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico em relação ao cumprimento dos termos estabelecidos. Todos os incentivos disponibilizados pela prefeitura são regulamentados após a análise e aprovação do Conselho de Desenvolvimento Econômico, composto por membros das esferas pública, privada e da sociedade civil.
O papel do setor mineral no enfrentamento das mudanças climáticas foi o tema do Fórum Brasil Mineral, realizado na tarde do dia 25 de novembro, no auditório da FIEMG (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais), juntamente com a cerimônia de premiação das Empresas do Ano do Setor Mineral 2024 e a entrega dos prêmios de Personalidade do Ano do Setor Mineral e Pioneiros da Mineração. O Fórum foi dividido em dois blocos, com duração aproximada de 45 minutos para cada um. Na abertura do evento, Luiz Márcio Vianna, presidente do Sindiextra, deu as boas-vindas aos convidados e disse que “é um prazer ser anfitrião da mineração do Brasil inteiro ao lado da revista Brasil Mineral” no evento.
O Bloco 1 teve como participantes Marcelo Rideg, diretor de Sustentabilidade da Brazilian Nickel, Wagner Barbosa, VP de Renováveis, Biofloresta e Mineração Brasil da ArcelorMittal; Fernando Guimarães, gerente de Sustentabilidade da Anglo American Brasil; Denilson Coutinho, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Mineração Taboca; Júlio Nery, diretor de Sustentabilidade e Assuntos Regulatórios do IBRAM e moderação de Elmer Prata Salomão, conselheiro de Brasil Mineral.
O moderador Elmer Prata começou dizendo que a mineração está no centro de todo o arcabouço da mudança climática e transição energética e há a necessidade de se aumentar a produção mineral para atender às demandas, ao mesmo tempo em que a sociedade rejeita cada vez mais a atividade mineradora. Elmer questionou os participantes como os princípios ESG e novas práticas de mineração e as interações com a sociedade podem contribuir para resolver esse paradoxo.
O primeiro a responder foi Denilson Coutinho, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Mineração Taboca, o qual disse que a mineradora tem um grande diferencial, pois a empresa trabalha na recuperação do estanho, nióbio e tântalo e na recuperação dos rejeitos, porque movimenta sete milhões de toneladas anuais e dentro disso, a Taboca retira 70 mil de toneladas de concentrado de cassiterita, columbita e tantalita, que são transformados em estanho puro (99,9%) e ferro-nióbio e ferro-tântalo para serem comercializados com diversos mercados.
“A mina polimetálica de Pitinga tem 37 minerais diferentes e trabalhamos para retirar os metais que ainda não foram extraídos. Atualmente, desenvolvemos planta-piloto de terras raras e nas duas últimas semanas tiramos concentrado e conseguimos um com 98% dos principais elementos pesados. Temos mais de dois mil funcionários trabalhando em Pitinga, além de uma metalurgia em São Paulo. Queremos transformar esses concentrados em algo que agregue valor para a sociedade”. Coutinho afirmou que a Taboca investe R$ 14 milhões numa planta-piloto em São Paulo, além de fechar parceria com diversas instituições que são referência em tecnologias.
Na sequência, Marcelo Rideg, diretor de Sustentabilidade da Brazilian Nickel, produtora de níquel e cobalto com foco nos minerais do futuro, diz que a empresa utiliza o processo de lixiviação em pilha a céu aberto com ácido sulfúrico. “Nós nos aproximamos da comunidade, com o objetivo de incluí-la na mineração e quebrar mitos de que a mineração só traz malefícios, com a perspectiva de geração de emprego e de renda onde atuamos, no Piauí. “A mineração, em termos de área ocupada, com manejo bem feito, traz uma produção responsável sustentavelmente. Estamos conseguindo trazer a sociedade para dentro da mineração com a participação de mão-de-obra dos três municípios”.
O terceiro participante foi Júlio Nery, diretor de Sustentabilidade e Assuntos Regulatórios do IBRAM, o qual comentou que muitos estudos têm sido desenvolvidos pelo Instituto sobre a necessidade dos minerais críticos, além do 3º inventário de gases do efeito estufa. “Temos um grande potencial por valorizar muito a floresta em pé e nas nossas áreas de mineração temos que dar muitas áreas para compensação. O grande desafio é comunicar isso para a sociedade e temos trabalhado para melhorar a reputação do setor para aqueles que desconhecem a mineração. A comunicação tem quer ser efetiva, sem ser técnica demais para que possamos aumentar o percentual de aceitação por parte da sociedade. Temos um grande papel para ir além, com mineradores usando energias limpas e com minas totalmente operadas eletricamente”. O VP de Renováveis, Biofloresta e Mineração Brasil da ArcelorMittal, Wagner Barbosa, disse que a empresa está no Amazonas e Piauí e Minas Gerais com diversos desafios, independente do minério proposto a extrair. “O primeiro passo que já enxergamos é entender o motivo pelo qual a sociedade nos vê como problema e não solução, uma vez que a mineração é fundamental para o ser humano, para o desenvolvimento, mas ninguém a quer no quintal de casa. Temos que dar exemplo para que a sociedade entenda que estamos no local para colaborar. É preciso cuidar das estruturas, pois não dá mais para ter acidentes e temos que ser cada vez mais transparentes com a comunidade. Há um desafio enorme. Somos necessários, mas temos que provar para a sociedade e governos que nós somos bons”.
O último participante do bloco foi Fernando Guimarães, gerente de Sustentabilidade da Anglo American Brasil, que abordou a comunicação com a comunidade e ressaltou o diálogo como um dos grandes desafios para consolidar a pauta prioritária do ESG, além de traduzir os investimentos em comunidades, compensações ambientais e tecnologias para mitigação desses impactos. Temos muito que avançar para a pauta não ser algo de momento, mas ser uma estratégia de negócio para mudar a comunicação com stakeholders locais. Os investimentos feitos para mitigar os impactos têm que ser aproximados das comunidades, para que elas entendam todos os investimentos e benefícios que a mineração gera no local.
O moderador e conselheiro Elmer Prata Salomão fechou o bloco afirmando que não é a primeira vez que o mundo muda a matriz energética, já que houve a transição da madeira para a energia de hidrocarbonetos fósseis e a mineração foi fundamental para substituir as formas de construção das casas. “Na transformação atual nós brigamos por coisas mais complexas, como mudar o clima para proteger a humanidade e suas formas de produção, formas de geração de energia e como acabar com indústrias de petróleo. A mineração mais uma vez tem papel fundamental para essa transição”.
O Bloco 2, com moderação de Rolf Fuchs, Conselheiro da Brasil Mineral e presidente da Integratio, contou com a participação de Pitágoras Costa, diretor de Projetos e Construção da Aura Minerals; Filipe Scofano Porto, diretor de Exploração Brasil da Ero Brasil; Carlos Boechat, diretor de Tecnologia e Engenharia da Vale; José Augusto Palma, vice-presidente Executivo da Aclara Resources; e João Luis Nogueira de Carvalho, vice-presidente da ABPM.
O primeiro a falar, Filipe Scofano Porto, diretor de Exploração Brasil da Ero Brasil, disse que a sociedade não gosta tanto da mineração devido à sensação “de que o setor destrói o meio ambiente”, quando a área impactada é bem inferior que o benefício que a área gera. “A Floresta Nacional de Carajás existe pelo fato de a Vale protegê-la, enquanto fora dela tem a agricultura, que não é cobrada. Todos vão direto nas mineradoras. A mineração é pop tanto quanto o agro”. Sobre o Vale do Curaçá, na Bahia, onde a Ero Brasil atua, Scofano, disse que quando a mina inundou, em 2016, a cidade era praticamente fantasma e agora a vida útil da mina é até 2040, com pessoas voltando para a cidade. Temos que pensar em parcerias e programas de benefícios com as comunidades, energia limpa, reutilização de insumos, aportar mais energia limpa, frotas elétricas, devemos pensar nisso para o futuro”.
Carlos Boechat, diretor de Tecnologia e Engenharia da Vale, disse que a empresa começou há 82 anos e mais de 98% das pessoas têm orgulho de trabalhar na mineradora. Sobre o tema, ele disse que a mineração tem um papel-chave para reduzir as emissões de carbono e avançar na transição energética no mundo, pois a vale quer ser protagonista. A respeito de tecnologia e inovação aliada à sustentabilidade, Boechat disse que é preciso evoluir na “inovabilidade” (inovação com sustentabilidade) e o ESG é um grande pilar. No caso da Vale, há o exemplo dos briquetes de minério de ferro, que permitem uma evolução dos altos-fornos, a eletrificação de caminhões autônomos para reduzir o consumo de diesel, e aumentar a segurança dos operadores. “É possível alcançar resultados de maneira segura, eficiente e sustentável. O combo importa e como se chega nele, também”, disse o executivo.
Boechat falou também da neoindustrialização, em que a Vale tem a missão 5, com a descarbonização e transição energética e da missão 4, com a transformação digital na indústria. “Temos evoluído bastante com investimentos em Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento e não medimos esforços para inovar nossos processos, e ter produtos de alta qualidade, além de buscar parcerias estratégicas na área de minerais críticos. É importante ter uma escuta ativa com a sociedade, diálogo transparente, reconhecer os erros, mas, sempre, olhando para frente para impactar positivamente a sociedade”.
O terceiro a comentar o tema, Pitágoras Costa, diretor de Projetos e Construção da Aura Minerals, disse que a comunicação com a comunidade é de extrema importância, porém não é fácil. “Um bom exemplo disso é nosso projeto Borborema, que tem uma jazida conhecida há muitos anos e nunca se viabilizou por causa da sensibilidade hídrica na região, uma área de concorrência de disponibilidade hídrica com a população. Sempre buscamos trabalhar em parceria com a comunidade e ouvir os anseios, para esclarecer todo o projeto por meio do Programa Portas Abertas. Estudamos diversas maneiras para operar e gerar benefícios para a sociedades, sendo uma delas o projeto de água de reuso de esgoto de Currais Novos. Porém, o que a comunidade classifica como água de reuso é diferente do que precisa a mineração, até para que não tenha uma perda na recuperação do ouro. Explicamos que iríamos aproveitar a água e tratando, para uma produção mineral que vai gerar benefícios e desenvolvendo a comunidade local. Nosso projeto tem duas mil pessoas e 69% são pessoas da comunidade de Currais Novos (RN). Com confiança conquistada, nós temos um parceiro e não um rival”.
José Augusto Palma, vice-presidente Executivo da Aclara Resources, comentou que é uma responsabilidade enorme para mineração produzir minerais críticos, mas é uma enorme oportunidade, e para isto é preciso ser empático com as comunidades. Para Palma, muitas empresas já adotam medidas importantes para a produção de minerais críticos de forma sustentável, como o uso de energias renováveis e mudar a matriz energética para minimizar os impactos climáticos. As empresas têm negociado contratos a longo prazo para o uso de energias limpas e é fundamental saber aproveitar a oportunidade. “Há grandes avanços na eletrificação dos veículos utilizados na mineração e essa tendência só cresce com o tempo, otimização de processos e inteligência artificial que vão resultar em eficiências nas operações mais competitivas”. A Aclara está em fase preliminar de licenciamento ambiental e social dos projetos no Brasil e no Chile e dialogando muito com a comunidade. “Vamos recircular 95% da água e 95% de todos os rejeitos utilizados no processo, para poder fechar de forma mais eficiente, e não usamos explosivos. Temos um processo sustentável, com baixo uso de água”.
O último participante, João Luis Nogueira de Carvalho, vice-presidente da ABPM, disse que a exploração mineral como um todo é a primeira que chega para realizar sondagens, geofísica, mapeamento geológico. Hoje, é muito diferente do que no passado, principalmente pelo uso de energia renovável, assim como uso do recurso hídrico, coleta e reciclagem de óleos e resíduos para reciclagem e o uso de carros movidos a bateria elétrica. A mineração faz com que os recursos naturais sejam utilizados e otimizados e desta forma podemos ajudar a sociedade. “Não adianta ter um clima saudável, se a população não estiver bem. O importante é a empresa mineral levar desenvolvimento sustentável para as comunidades”.
Prêmios de Personalidade do Ano do Setor Mineral e Pioneiros da Mineração
Na sequência, ocorreu a cerimônia de premiação com a entrega dos troféus para as "Empresas do Ano do Setor Mineral" e a entrega dos prêmios de Personalidade do Ano do Setor Mineral e Pioneiros da Mineração. O editor-chefe da revista Brasil Mineral, Francisco Alves, abriu a etapa de premiações dizendo que há 40 anos a publicação tenta reconhecer os valores dos que atuam no setor mineral. “A mineração é feita sobretudo por pessoas e pelas empresas que fazem a mineração, também conduzidas por pessoas”, afirmou. A primeira homenagem ocorreu para os Pioneiros da Mineração, Onildo João Marini (In Memoriam) e Breno Augusto dos Santos. Elmer Prata Salomão, conselheiro de Brasil Mineral, entregou a placa para Satia Marini, filha do homenageado.
Ela agradeceu em nome da família e disse ser “uma grande satisfação receber a homenagem da Brasil Mineral pela trajetória do meu pai. Parabéns a todos pelo esforço de inovar, renovar a mineração e trazer benefícios”. Elmer, que trabalhou e estudou junto com Onildo, disse que o homenageado fez realizações fantásticas no DNPM, em um período de transformações profundas. Criou um programa de treinamento de 100% do pessoal do DNPM e organizou e conduziu a primeira PPP para o levantamento aerogefísico com fins exploratórios. “E o seu maior feito foi a criação da ADIMB. É uma personalidade extremamente importante para o setor mineral e uma homenagem justa”.
Na sequência houve a homenagem ao Pioneiro da Mineração Breno Augusto dos Santos. A placa de homenagem foi entregue novamente também por Elmer Prata Salomão. Breno agradeceu o reconhecimento e disse que é fácil ser lembrado como pioneiro, tendo trabalhado com tantos. “Fui pioneiro quando o Brasil estava iniciando”. E disse que aprendeu uma lição vinda de um mestre: “Nunca agir como gerente, mas sempre como um homem”.
O prêmio de Personalidade do Ano do Setor Mineral, foi concedido a Ana Sanches, presidente da Anglo American Brasil e do Conselho Diretor do IBRAM – Instituto Brasileiro de Mineração, eleita pelos leitores de Brasil Mineral.
Por meio de vídeo, pelo fato de estar na sede da Anglo American, em Londres, Ana Sanches agradeceu a revista Brasil Mineral e aos leitores que a reconheceram. “Trabalhar na mineração nesses últimos 12 anos me deu a oportunidade de contribuir para a transformação de um setor mais seguro, sustentável e responsável e preocupado com a sociedade. Também fico lisonjeada como mulher, pois o setor é conhecido como um universo masculino, mas a representatividade tem aumentado cada vez mais, para uma mineração do futuro mais diversificada”.
A entrega feita por Maria José Salum, conselheira de Brasil Mineral, a Breno Noronha, esposo da homenageada. Breno comentou sobre a inovação de se eleger uma mulher como Personalidade do Setor Mineral, um ambiente majoritariamente masculino. Nós (eu e os filhos) sempre apoiamos os sonhos da Ana, na valorização da mulher e cada um seguir seu sonho. Ana teve nosso apoio”. Maria José Salum considerou-se merecedora em entregar o prêmio para Ana Sanches. “Ela merece ser a personalidade do ano pela excelência, não por ser mulher, mas pela contribuição ao setor mineral”.
Empresas do Ano
O último momento da tarde aconteceu com a entrega dos troféus para as Empresas do Ano do Setor Mineral. Na categoria Crescimento médio porte, Pitágoras Costa, diretor de Projetos e Construção da Aura Minerals, recebeu o prêmio para a empresa das mãos de Luiz Márcio Vianna, presidente do Sindiextra. Pitágoras disse que é uma grande responsabilidade, com muitos envolvidos, dedicação, esforço e uma cultura em que a Aura se baseia em respeitar as pessoas. “Conseguimos colocar uma planta em operação graças a todos em um período de quatro meses. Esse reconhecimento demonstra a empresa como destaque e em ser a melhor”.
O troféu na categoria Crescimento grande porte foi para a Vale. A entrega feita por Fernando de Azevedo e Silva vice-presidente do IBRAM, para Carlos Boechat, diretor de Tecnologia e Engenharia da Vale. Carlos Boechat disse ser uma grande alegria receber a premiação, pois “mostra que a Vale está no caminho certo, com retomada de crescimento e investimentos”. Fernando Azevedo parabenizou a Vale por representar a mineração e valorizar mais ainda o setor.
A categoria Governança Ambiental médio porte premiou a Brazilian Nickel, com a entrega sendo feita por Ana Cristina Magalhães, conselheira de Brasil Mineral para Marcelo Rideg, diretor de Sustentabilidade da Brazilian Nickel. “É com muito orgulho que represento o grupo e fico muito feliz em receber o prêmio. “Estamos trazendo para o Brasil a lixiviação em pilha e o níquel laterítico, tendo por princípio a responsabilidade social e ambiental. A começar pela filtragem do resíduo, que não demanda uma barragem de rejeito. Nós reutilizamos o recurso hídrico, atendendo aos mais altos padrões”. Ana Cristina disse estar feliz em premiar uma empresa junior e que é responsável pela sustentabilidade e na questão ambiental.
O troféu categoria Governança Ambiental grande porte foi para a ArcelorMittal Brasil. A entrega feita por Wilfred Bruijn (Bill), conselheiro de Brasil Mineral, para Wagner Barbosa, VP de Renováveis, Bioflorestas e Mineração Brasil. Wagner Barbosa disse ser “uma honra estar associado como referência em gestão ambiental, algo que faz parte da nossa vida. Não há mineração sem gestão ambiental”. Bill parabenizou a ArcelorMittal, por sempre ter como tônica o zelo pelo meio ambiente e segurança operacional da empresa.
A entrega do troféu categoria Governança Social Médio Porte foi para a Serra Verde Mineração. A entrega foi feita por Camilo Farace, conselheiro de Brasil Mineral, para Herta Torres, gerente de Relações Institucionais e Responsabilidade Social Corporativa. “Recebemos o prêmio com muita surpresa, alegria e orgulho, ainda mais no setor social. Esse prêmio é dos nossos empregados, cerca de 500, que colocaram em produção a primeira planta de terras raras na América do Sul. Vamos continuar fazendo um belo trabalho junto a nossa comunidade”, disse Herta. Camilo Farace disse que a Serra Verde não ganhou o prêmio por acaso. “Governança social hoje vale mais que ouro dentro da mineração. É a razão das empresas terem ciência social e estarem atuando onde estão hoje”.
O troféu categoria Governança Social grande porte premiou a Anglo American Brasil e foi entregue por Débora Puccini, conselheira da Brasil Mineral, para Ivan Simões, diretor de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade. Ivan Simões disse ser uma honra receber essa homenagem e lembrou que a mineração só é boa se ela for boa para todas as partes. Com esse propósito, buscamos fazer o melhor para a comunidade. Debora Puccini comentou que é muito importante um prêmio de Governança Social num período de mudanças climáticas. A Governança Social inova e preza pelo uso futuro dos territórios.
Na categoria Inovação e Tecnologia médio porte, o trófeu foi para a Mineração Taboca, que recebeu o prêmio através de Denilson Coutinho (gerente de Pesquisa e Desenvolvimento) e Lívia Goulart (coordenadora de Pesquisa e Desenvolvimento) das mãos de Renato Ciminelli, conselheiro de Brasil Mineral. Denilson agradeceu a revista Brasil Mineral e as pessoas fortemente estruturadas para nos apoiar. “Não conseguiríamos esse prêmio se não fossem as pessoas”, enquanto Lívia agradeceu aos fornecedores que trabalham no dia a dia. “Não existe uma Taboca sustentável, sem inovação. O prêmio nos mostra que estamos no caminho certo”. Ciminelli disse que o setor tem uma nova preocupação e definitivamente a mineração tem que acompanhar a velocidade da mudança.
O troféu categoria Inovação e Tecnologia grande porte foi para a Vale. A entrega foi feita por Arão Portugal, conselheiro de Brasil Mineral, para Carlos Boechat, diretor de Tecnologia e Engenharia da Vale. Boechat agradeceu novamente e disse o quão importante é a inovação e tecnologia para uma mineração mais segura, eficiente e sustentável. “Investimos mais de R$ 2 bilhões em iniciativas ligadas à segurança e descarbonização. Em termos de mina autônoma, estamos expandindo caminhões e perfuratrizes autônomas e carregador de navio autônomo para os portos, além da Inteligência Artificial. Temos evoluído com melhores resultados, com apoio de todos. Todo o ecossistema nos ajuda, como a FIEMG Lab, Mining Hub, entre outros parceiros”. Arão Portugal disse que a Vale sempre foi além do tempo e “é um prazer entregar o prêmio para a empresa, onde iniciei minha carreira profissional”.
Na categoria Pesquisa/Prospecção Mineral, os troféus foram para a Aclara Resources e Ero Brasil. Paulo Misk, conselheiro de Brasil Mineral, entregou o prêmio para José Augusto Palma, VP Executivo da Aclara Resources, enquanto João Luiz de Carvalho, conselheiro de Brasil Mineral, entregou para a Filipe Scofano Porto, diretor de Exploração Brasil da Ero Brasil.
“Recebo com muita alegria o prêmio e muito honrado com o reconhecimento. Um agradecimento especial a cada membro da equipe e aos colaboradores. Este prêmio é o primeiro no Brasil. Nos sentimos honrados por trabalhar junto aos stakeholders pelo desenvolvimento”, disse José Augusto Palma. Paulo Misk, por sua vez, parabenizou a empresa e disse esperar que o projeto desenvolva todo seu potencial. “O Brasil tem chance de se refazer no cenário mundial, na transição energética”.
Por parte da Ero Brasil, Filipe Scofano disse estar honrado por integrar uma equipe brilhante e capacitada. “O prêmio é alicerçado em três pilares: Primeiro, foco em geologia. “Geologia básica é poderosa e chegamos assim no Curaçá e conseguimos 15 milhões de toneladas a mais de cobre. Depois de 2022, também descobrimos níquel, o mesmo acontecendo em Xavantina, com o ouro; segundo trabalho árduo – Já tínhamos feito uma sondagem e a equipe (que tem autonomia no programa de exploração) me mostrou que tinha mais a explorar no alvo; e o último é Agressividade em Exploração – Investimentos de US$ 35 milhões por ano desde 2017 para triplicar as reservas. O resultado é que em 2022 apresentamos reservas provadas em Xavantina. Acreditamos em pesquisa mineral, geologia, prospecção e, principalmente na equipe”. João Luiz Carvalho desejou mais sucesso com a quebra de paradigmas para a Ero Brasil.
Para encerrar o evento, houve o pronunciamento do presidente da FIEMG, Flávio Roscoe, que agredeceu a presença de todos e disse que “cabe a nós, que estamos no setor, transformar o potencial em realidade. O setor mineral é propulsor de todo o segmento industrial. A FIEMG quer rediscutir o relacionamento entre mineração e meio ambiente com trabalho sustentável e valor ao minerar”.
O evento teve patrocínio Ouro da Armac, Metso, Geopar-Geosol Participações S/A e Geosol, patrocínio Prata da GWS Engenharia e como entidades parceiras o SindiExtra e a FIEMG.
O Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede-MG) e da agência Invest Minas, garantiu mais um investimento privado estratégico com a possibilidade de impulsionar a economia e o desenvolvimento sustentável do Estado. Liderado pela Tiros Minerais Estratégicos, subsidiária da canadense Resouro Strategic Metals, o projeto prevê investimento de até R$ 500 milhões na extração de terras raras e titânio em Tiros, município situado entre o Triângulo Mineiro e o Alto Paranaíba, com a geração de até 200 empregos diretos na região do projeto.
Com previsão para início das operações em 2026, o empreendimento marca mais um passo para consolidar Minas Gerais como referência global na produção de minerais críticos, essenciais para tecnologias de descarbonização, como veículos elétricos, turbinas eólicas e equipamentos de alta tecnologia. "Já disse outras vezes que temos essas terras raras, assim como o Vale do Lítio, e estamos provando que é possível ter essa atividade com responsabilidade ambiental e social, de forma segura e incentivando uma economia mais verde”, avaliou o governador Romeu Zema. "Com esta nova parceria atraída para Minas Gerais, vamos gerar mais empregos e renda para os mineiros, que é um dos grandes objetivos da minha gestão", completou.
Para o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Fernando Passalio, o projeto consolida a liderança mineira como um destino competitivo e estratégico para investidores em soluções tecnológicas e sustentáveis. “Esse investimento fortalecerá a cadeia produtiva local, com a geração de empregos qualificados e promoção do desenvolvimento regional, além de reforçar nosso compromisso com o Race to Zero”. O diretor-presidente da Invest Minas, João Paulo Braga, destacou a geração de um ciclo de emprego, renda e inovação em mais uma região do interior de Minas com a chegada da empresa. “O potencial de terras raras e titânio em Minas coloca o Estado no centro de discussões globais sobre segurança tecnológica e transição energética. Esses minerais são fundamentais para a produção de inúmeros ativos para produção de superímãs, baterias avançadas, próteses médicas e ligas de alta resistência, indispensáveis para setores como energia renovável, mobilidade elétrica e indústria aeroespacial”, completa.
A canadense Resouro é uma companhia de exploração mineral, com escritório em Belo Horizonte e listada nas bolsas de valores de Toronto - Canadá, Austrália, e na OTCQB - dos Estados Unidos. Por meio de sua subsidiária brasileira, a companhia é especializada no desenvolvimento de recursos minerais críticos. Desde 2023, a Resouro investe em pesquisa mineral no Projeto Tiros - Terras Raras e Titânio, onde já foram identificadas cerca de 1 bilhão de toneladas de minério com teores significativos de óxido de titânio (12%) e terras raras magnéticas (4000 ppm). Os elementos principais existentes em quantidades significativas no depósito mineral do Projeto Tiros são Neodímio (Nd), Praseodímio (Pr), Disprósio (Dy) e Térbio (Tm). “A empresa estará pautada na sustentabilidade, velocidade e eficiência, contando com o apoio do estado para o avanço de futuras obras de infraestrutura e logística, o que, em última análise, gerará grande desenvolvimento para a região e um benefício inédito para as comunidades no entorno do projeto”, comentaram Chris Eager, presidente-Executivo e Philippe Martins, diretor-Executivo da Resouro.
O Prêmio “Empresas do Ano do Setor Mineral 2024” traz uma estreante na categoria Governança Ambiental – empresa de médio porte: a Brazilian Nickel, detentora do Projeto Piauí Níquel (PPN), localizado no município de Capitão Gervásio Oliveira, com influência em outros três municípios vizinhos: Campo Alegre do Fidalgo, São João do Piauí e Dom Inocêncio. Seu principal diferencial, segundo salienta Laurie Kelly, Diretora de Sustentabilidade da empresa, é o fato de ser o primeiro projeto brasileiro a obter a certificação Nickel Mark, “reforçando o compromisso da Brazilian Nickel com os mais altos padrões ESG em todas as fases da mineração”.
O projeto produzirá níquel e cobalto com baixa pegada de carbono por meio de um processo de lixiviação em pilhas, otimizado pela equipe da Brazilian Nickel. Como parte de sua abordagem faseada para o desenvolvimento em grande escala, Laurie Kelly informa que um projeto de menor escala foi comissionado em 2022, permitindo a qualificação do produto e a redução de riscos para o PPN: “à medida que a empresa avança em direção à operação em larga escala, suas fortes credenciais em ESG posicionam o PPN de forma estratégica para fornecer minerais críticos às cadeias de suprimento de veículos elétricos”.
A Brazilian Nickel produz seu níquel a partir de minério laterítico utilizando a tecnologia de lixiviação em pilha. Os principais diferenciais em termos de sustentabilidade incluem a eliminação de rejeitos úmidos e um projeto que reutiliza a água do processo sem realizar descarte no meio ambiente. De acordo com a diretora de Sustentabilidade da empresa, “o projeto está localizado em uma área onde a rede elétrica é predominantemente renovável, resultando em baixas emissões de gases de efeito estufa (GEE)”.
Além disso, uma vez em operação, a planta de ácido sulfúrico gerará energia por meio da cogeração de vapor, tornando o projeto autossuficiente em suas necessidades de eletricidade.
Principais desafios
O Projeto Piauí Níquel une inovação tecnológica e responsabilidade ambiental na extração e processamento de minério laterítico de níquel e cobalto, ou seja, é um projeto que tem um processo inovador, sustentável e tecnológico, totalmente diferente da produção feita em outras regiões do mundo.
Laurie Kelly lembra que o mercado de níquel enfrenta uma série de desafios que afetam tanto a oferta quanto a demanda, a exemplo de questões geopolíticas, desafios ambientais e sociais, pressões econômicas e inflacionárias, e a necessidade de inovação. No entanto, o níquel é um metal indispensável para a transição energética.
]“Acreditamos que a Brazilian Nickel se destaca no cenário global por oferecer um diferencial competitivo: um processo de produção de níquel sustentável, alinhado às demandas do mercado internacional. Além disso, adotamos uma abordagem de fases, tendo iniciado com um projeto de baixa escala, comissionado em 2022, o que permitiu a qualificação do produto para posterior redução de risco da PPN. A empresa acredita no potencial que o Brasil tem para se tornar referência na produção sustentável de níquel, através do projeto Piauí Níquel”, prossegue Laurie Kelly.
O PPN é um projeto de mineração avançado que está progredindo para a fase de execução. A Brazilian Nickel está negociando o financiamento para o projeto e o seu estudo de viabilidade, concluído em 2022 pela AtkinsRéalis, prevê uma mina com vida útil de 33 anos. O minério será processado no local para recuperar níquel e cobalto na forma de um Precipitado Hidróxido Misto (MHP), com uma produção média anual de 25.000 toneladas.
“Há bastante interesse em nosso produto de alta qualidade e de baixo carbono e estamos em negociações com investidores no Brasil e no mundo. A expectativa é justificada pela nossa estratégia de financiamento de capital da Brazilian Nickel, baseada no avanço de discussões com investidores, que têm interesse estratégico na indústria de níquel e/ou na cadeia de valor de baterias. Neles estão incluídos grupos de mineração, empresas de trading, produtores de material ativo de sulfato e cátodo de níquel (CAM), fabricantes de baterias e de peças originais automotivas (OEMs), informa Laurie Kelly.
A diretora de Sustentabilidade ressalta que o produto misto de hidróxido produzido pela PPN é bastante procurado por clientes finais devido às suas especificações de referências no mercado que tornam seu uso ideal para a fabricação de baterias.
O principal acionista da Brazilian Nickel, a TechMet, que tem como um dos principais acionistas a U.S International Development Finance Corporation (DFC), recentemente anunciou um aporte de $180 milhões de dólares da Qatar Investiment Authority. Esse investimento, feito por um dos maiores Fundos de Investimento Soberanos do mundo, vai ajudar a acelerar a missão da TechMet de se tornar uma empresa líder global em minerais críticos. Segundo Laurie Kelly, “a TechMet continua mostrando um forte suporte à Brazilian Nickel e ao desenvolvimento do PPN”.
Com o início da operação comercial em grande escala, o projeto deve produzir cerca de 25 mil toneladas de níquel por ano, tornando o estado do Piauí o segundo maior produtor de níquel no Brasil, posição que é hoje liderada pelo estado de Goiás.
Veja a matéria completa na edição 444 de Brasil Mineral
Se tudo correr conforme o planejado, até o final de 2026 a Aclara Resources deverá iniciar a construção do seu projeto Módulo Carina, localizado em Nova Roma, no estado de Goiás, para o qual estão previstos investimentos de US$ 600 milhões e que prevê a instalação de uma mina e complexo de processamento de terras raras para obtenção de Disprósio e Térbio, principalmente.
De acordo com José Augusto Palma, vice-presidente executivo da empresa, a companhia pretende concluir, até o final de 2024, uma campanha de perfuração por circulação reversa (RC) de Fase 2 de 15.200 metros. "Estamos em processo de habilitar os acessos e plataformas para poder realizar esta campanha no restante de 2024, o que vai nos permitir conhecer melhor o jazimento e passar de recursos inferidos para recursos medidos e indicados, o que esperamos aconteça no primeiro trimestre do próximo ano", diz o executivo. Paralelamente, a empresa está avançando com os estudos ambientais que são necessários para poder protocolar a Licença Prévia ainda no primeiro trimestre de 2025.
Além dos estudos ambientais, a empresa também está fazendo análises socioeconômicas da região, para determinar as capacidades do município de Nova Roma. "Em paralelo, também estamos elaborando um programa de apoio ao fortalecimento municipal, no qual vamos trabalhar diretamente com os governos do estado e de Nova Roma. A ideia desse programa é justamente identificar aquelas áreas onde a municipalidade vai requerer maior apoio institucional e depois, em parceria com o Estado e Nova Roma, ir trabalhando esses temas. Um deles, por exemplo, é a segurança pública, um tema em que iremos atuar, juntamente com o Estado e o município, conforme o projeto vá avançando. O mesmo acontecerá em outras frentes em que Nova Roma requeira apoio institucional".
Palma informa que, recentemente, a Aclara fez uma nova avaliação econômica preliminar do empreendimento, em que se estendeu a vida útil, inicialmente prevista em 17 anos, para 22 anos. No estudo, “o projeto demonstrou ser muito seguro, com muitíssimo potencial”, diz ele, mencionando outro avanço, que foi a assinatura de um protocolo com os governos do estado de Goiás e do município de Nova Roma, em que se considera o empreendimento como estratégico, fato que foi elogiado pelo dirigente. “Em 30 anos de exercício profissional, trabalhando com muitos governos, eu nunca tinha visto um governo, seja em nível federal, estadual ou municipal, trabalhar de maneira tão eficiente, profissional e transparente”. Com a nova Avaliação Econômica Preliminar, foram acrescentadas 200 milhões de toneladas de recursos minerais. O Capex também aumentou um pouco, passando de US$ 576 milhões para cerca de US$ 600 milhões.
Ele também informa que a Aclara vai executar campanha de testes metalúrgicos durante o 2º semestre de 2024 e 1º semestre de 2025 e as coletas de amostras obtidas através de perfuração sônica e enviado à SGS Lakefield para caracterização mineralógica e recuperação, vão servir como contribuições adicionais para o estudo de pré-viabilidade do Módulo Carina e para formar a base para uma nova operação piloto. A instalação e operação de uma nova planta-piloto em escala semi-industrial no Estado de Goiás está planejada para ocorrer durante o segundo trimestre de 2025. A operação piloto terá como objetivo confirmar os parâmetros de processamento e processo final, desenho do fluxograma para o estudo de viabilidade, gerar um carbonato HREE de alta pureza para testes de separação em apoio a futuros acordos de consumo e demonstrar às partes interessadas relevantes o impacto ambiental e sustentabilidade do desenho do processo.
A empresa está trabalhando com a Hatch visando concluir o Estudo de Pré-viabilidade também no primeiro trimestre do próximo ano. "A ideia é imediatamente após concluir o estudo de pré-viabilidade, passar ao Estudo de Viabilidade, para avançarmos com a engenharia o mais rapidamente possível", diz Palma.
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A Vale ampliou as contratações de gás natural diretamente com fornecedores no mercado livre com o objetivo de aumentar a competitividade e contribuir para a consolidação de um ambiente mais dinâmico e eficiente. Nos últimos dias, a mineradora assinou acordos no mercado livre com a Eneva e a Origem Energia, permitindo a execução da estratégia de ter, em 2025, cerca de 90% do gás natural consumido pelas operações da empresa no Brasil por meio desse modelo mais transparente e aberto. É um avanço em relação a 2024, quando o percentual consumido a partir de contratos do mercado livre nas operações da Vale foi de cerca de 20%. Outros contratos ainda devem ser fechados nas próximas semanas, decorrentes do consumo já existente em Minas Gerais.
A Origem Energia e a Eneva firmaram contratos para abastecer até dezembro de 2025 a Unidade Tubarão, em Vitória (ES), que é responsável por cerca de 60% de todo o consumo de gás natural da Vale. No local, operam seis plantas de produção de pelotas e uma de briquete de minério de ferro. Uma segunda planta de briquete será inaugurada no início do próximo ano. Esses produtos integram o portfólio “premium” da Vale. “Queremos fortalecer o mercado livre de gás natural, cuja evolução consideramos uma grande conquista do setor industrial do Brasil. Nosso objetivo é obter um suprimento de gás natural confiável a preços competitivos em um mercado mais aberto, dinâmico e transparente”, explica a diretora de Suprimentos Estratégicos, Mariana Rosas. “Também buscamos forma de colaborar com o setor para desenvolver o mercado desse insumo tão relevante para a nossa economia”.
O mercado livre de gás natural tem avançado gradualmente no cenário brasileiro e, diferentemente do mercado cativo, em que o cliente compra do distribuidor a um preço regulado, no mercado livre é possível negociar diretamente com o produtor, o que aumenta a concorrência no setor, além de permitir que cada cliente construa, junto ao se fornecedor, um melhor modelo de contrato que o atenda. “Essa parceria representa um marco na trajetória da companhia, além de demonstrar a competitividade da molécula proveniente da produção onshore”, afirma a diretora Comercial da Origem Energia, Flavia Barros. “Com este contrato passamos a ter um portfólio mais diversificado. É a primeira indústria que vamos atender diretamente, via mercado livre, e será nosso primeiro cliente na Região Sudeste. Esse passo demonstra nosso compromisso com o cliente final na busca de uma molécula competitiva, e de um contrato com mais aderência à sua demanda”, comentou.
“É o nosso primeiro grande contrato com cliente industrial utilizando nosso portfólio da Mesa de Gás e a infraestrutura do Hub Sergipe, após a sua conexão à malha da TAG”, afirma Marcelo Lopes, diretor executivo de Marketing, Comercialização e Novos Negócios da Eneva. “A Eneva se consolida como mais uma opção para os clientes livres, se destacando pela oferta de soluções mais flexíveis. Além disso, asseguramos condições especiais de atendimento, mais segurança de suprimento e alternativas de fornecimento para um mercado cada vez mais dinâmico”.
Em 2022, a Vale já havia fechado um acordo com a Eneva com vigência de cinco anos para converter sua planta de pelotização em São Luís (MA) de óleo combustível para gás natural. Esse acordo também nasceu no ambiente do mercado livre. As obras de adequação estão sendo finalizadas e a previsão é que a planta comece a operar a gás até o final deste ano. Essa mudança resultará em uma redução de emissões de carbono na ordem de 28%, representando um ganho de descarbonização, além da vantagem competitiva. Em 2023, a Vale assinou contratos de pequenos volumes e curtíssimo prazo com diferentes fornecedores no mercado livre. Na sequência, foram assinados os primeiros contratos de suprimento regular com diferentes supridores para atender a uma fração da demanda da planta de Vitória em 2024. “Os resultados dessas primeiras aquisições no mercado livre foram muito satisfatórios, o que nos levou a buscar contratos firmes mais representativos para 2025. Estamos confiantes que essa é uma mudança sem volta no mercado de gás natural”, afirma Mariana Rosas.