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Uma transmissão que ocorre de forma silenciosa e que pode levar até 20 anos para se manifestar. O HPV é a principal causa do câncer do colo de útero nas mulheres — o terceiro tumor mais frequente na população feminina. O vírus, que é chamado de “papilomovirus humano”, é a infecção sexualmente transmissível mais comum atualmente, segundo a ginecologista e especialista em reprodução humana Lorrainy Rabelo.
“Ele é o principal fator de risco para que uma mulher desenvolva câncer do colo uterino futuramente. Mas é possível evitar a doença utilizando preservativo e — principalmente hoje em dia — com a vacinação disponível no mercado, inclusive que protege contra os nove tipos mais comuns e que mais causam consequências, como o câncer do coluterino na nossa população”, destaca.
Também relacionado a outros tipos de cânceres, a infecção pelo “papilomovirus humano” não apresenta sinais ou sintomas na maioria dos casos. E é exatamente por isso que as pessoas, muitas vezes, não sabem que contraíram a doença. A médica Lorrainy Rabelo explica que o aparecimento de verrugas pode ser um sinal de alerta.
“São verrugas irregulares que podem surgir na região genital, na orofaringe, na região anal. É a principal manifestação clínica— mas mesmo que não apresente verrugas a pessoa pode possuir o vírus ali incubado”, esclarece.
Apesar de se manter um longo tempo no corpo sem manifestar qualquer sintoma, a maioria das infecções – sobretudo em adolescentes – tem resolução espontânea, pelo próprio organismo, em um período aproximado de até 24 meses, segundo o Ministério da Saúde.
Existem pelo menos 12 tipos de HPV considerados oncogênicos — aqueles com associação comprovada entre a infecção e o câncer — que apresenta maior risco ou probabilidade de provocar infecções persistentes. Os tipos 16 e 18 são considerados de alto risco. Eles estão presentes em 70% dos casos de câncer do colo do útero.
“Nós temos vários tipos de HPV, mais de 100 tipos. E a forma de contágio principal é por sexo oral, vaginal ou anal sem preservativo”, explica a médica Lorrainy Rabelo.
Diagnosticada com câncer, a influenciadora digital Micheline Ramalho conta que ficou assustada ao receber o diagnóstico. Na época com 31 anos, ela diz que demorou para entender o que estava acontecendo. “Achei que aquilo seria a minha morte. Infelizmente, é assim que muita gente vê o câncer. Comigo, não foi diferente. Demorei meses para ter coragem de contar para meus seguidores”, desabafa.
Um levantamento do Instituto Nacional de Câncer (INCA) revela que, por ano, são cerca de 17 mil novos casos e quase 7 mil mortes. No mundo, é o quarto tipo de câncer mais comum entre mulheres. Nas Américas, é a causa da morte de 35,7 mil mulheres – sendo 80% dos casos na América Latina e no Caribe.
O HPV é a infecção sexualmente transmissível mais comum no mundo. Mais de 90% dos casos do câncer do colo de útero e de ânus está associado a esse tipo de infecção. As verrugas genitais também são provocadas pela infecção. Números do INCA mostram que o Brasil pode passar de 17 mil novos casos de câncer de colo do útero por ano até 2025. A estimativa é de 15,38 casos a cada 100 mil mulheres.
O contágio se dá pelo toque direto com a pele ou com a mucosa infectada, que inclui contato oral-genital, genital-genital ou mesmo manual-genital. Também pode haver transmissão da mãe para o bebê, durante o parto.
A melhor forma de prevenção ainda é a vacina, segundo Werciley Júnior, coordenador infectologista e chefe da Comissão de Controle de Infecção do Hospital Santa Lúcia.
“Para evitar o contágio, a principal medida é a vacinação e para transmissão por via sexual; o uso de camisinha é a melhor forma de controlar essa transmissão”, lembra.
Doutora Lorrainy reforça que a vacina não é apenas contra o câncer de colo do útero. É uma vacina contra vários tipos de câncer que podem afetar homens e mulheres. Disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a vacina HPV quadrivalente está disponível, gratuitamente, nos postos de vacinação pelo Brasil.
Ficar atento à saúde e se prevenir, por mais comum que seja a orientação, ainda é a melhor forma de evitar a contaminação — lembram os especialistas.
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