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A doação de órgãos representa um recomeço aos que aguardam na lista de espera por um transplante. A história da Gabriela Silva, de 45 anos, ilustra bem isso. A vida da funcionária pública de Teresina mudou do dia para noite, aos 31 anos, após um diagnóstico de cirrose biliar primária – uma doença autoimune e inflamatória do fígado. O estado de saúde era grave, pois demandava um transplante do órgão. O impacto foi “forte” e Gabriela chegou a ter depressão.
“Imagine você ouvir tudo aquilo... Falo emocionada, porque passa um filme na cabeça. Eu tinha 31, 32 anos de idade. Imagina! Com um futuro todo pela frente...”, afirma Gabriela.
Após entrar em lista de espera, Gabriela recebeu um fígado, em 2013. O doador compatível, um morador da capital cearense. Ali, viu a chance de uma “nova vida”. Atualmente, representa a Associação Brasileira de Transplantados das regiões Norte e Nordeste e cursa psicologia. A intenção é ajudar outros pacientes que aguardam por órgãos.
Outro fruto desse recomeço é o Gabriel, bebê de quatro meses. Gabriela adotou a criança – uma promessa caso sobrevivesse à troca de órgãos.
Agradecida por tudo que o transplante de fígado trouxe, ela ressalta: doar órgãos é salvar vidas.
“É uma das melhores formas do ente querido que faleceu ser lembrado pela família que está passando por um momento difícil – e muito bem lembrado. Quem recebe o órgão nunca esquece. Então, doação de órgãos é continuar a vida, dar alegria a várias famílias”, relata.
Coração, pulmão, rim, fígado e pâncreas são os órgãos que podem ser doados. Além, de tecidos, como as córneas e ossos. No Piauí, são realizados apenas transplantes de córnea e rim, no Hospital Getúlio Vargas, em Teresina. Os pacientes que necessitam de outro tipo de órgão são encaminhados para outros estados, principalmente, para o Ceará. De acordo com dados do Ministério da Saúde, 614 pacientes compõem a lista de espera por um órgão no estado. Desse total, 399 esperam por um transplante de córnea e 215 por rim.
A coordenadora estadual da Central de Transplantes do Piauí, Maria de Lourdes de Freitas, afirma que a lista de espera atual para o transplante de córnea, no estado, reúne por volta de 340 pacientes e são feitas de 170 a 180 transplantes por ano. Já a lista de espera por um rim pode chegar a ter 300 pacientes.
Para a coordenadora, a recusa das famílias dos pacientes com morte encefálica em doar os órgãos dificulta a realização de um maior número de procedimentos. Segundo ela, só no ano passado, a taxa de autorização familiar foi de apenas 30%. O número é menor do índice brasileiro, de 60% (Ministério da Saúde). Por isso, a conscientização da população é muito importante para mudar tal realidade, na avaliação da gestora.
“A legislação é uma das mais seguras no mundo. Não existe favoritismo para nenhuma classe social. O transplante é a última fronteira do tratamento, a única esperança em vida. O doador – e sua família [ao autorizar a doação] – pode favorecer até sete pacientes, pois vários tecidos podem ser doados, além dos órgãos, como as córneas, a pele, os ossos”, aponta a coordenadora.
O Brasil manteve o número de transplantes realizados no primeiro semestre de 2019 em comparação com o mesmo período de 2018, segundo o Ministério da Saúde. Foram 13.263 transplantes neste ano, contra 13.291 do ano passado. O balanço do período apontou crescimento de transplantes considerados mais complexos. Os de medula óssea aumentaram 26,8%, passando de 1.404 para 1.780. Já os de coração cresceram 6,3%, passando de 191 para 203. Também tiveram aumento os de pâncreas rim (45,7%), passando de 46 para 67; e pâncreas isolado (26,7%), que cresceu de 15 para 19 transplantes.
O país é referência mundial na área de transplantes e possui o maior sistema público de transplantes do mundo. Atualmente, cerca de 96% dos procedimentos de todo o País são financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A Central de Transplantes do Piauí funciona 24 horas e o telefone de contato é (86) 3216-3553. Repetindo: (86) 3216-3553.
Se você deseja ser um doador de órgãos, converse com sua família e deixe bem claro o seu desejo de salvar a vida do próximo. A vida continua. Doe órgãos. Converse com sua família. Para mais informações, acesse: http://saude.gov.br/doacaodeorgaos.
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