Data de publicação: 20 de Outubro de 2021, 20:30h, Atualizado em: 01 de Agosto de 2024, 19:34h
Em recuperação da Covid-19 desde setembro de 2020, José Carlos de Araújo sentiu na pele a forma mais grave da doença. Na época, ele chegou a ficar 30 dias internado na UTI de um hospital particular do Distrito Federal.
Um ano após ter recebido alta hospitalar, o servidor público ainda convive com sequelas do vírus, como fraqueza muscular, pressão alta, doença renal crônica e dificuldades de locomoção na perna esquerda. Ele conta que o tratamento tem sido difícil.“ Há três meses eu tive que começar a fazer hemodiálise porque meus rins ficaram fracos. É muito difícil para uma pessoa uma vida normal agora estar vivendo nessa situação complicada”, lamentou.
O que aconteceu com o Carlos não é um caso isolado. Segundo uma pesquisa do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), 70% dos pacientes que tiveram Covid-19 apresentam algum tipo de sequela até um ano após a alta hospitalar. Cerca de 800 pacientes foram acompanhados pelos pesquisadores entre o fim de março do ano passado e julho deste ano e os principais sintomas relatados são fraqueza, fadiga e falta de ar.
O médico pneumologista Carlos Carvalho, diretor da UTI Respiratória do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas e da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), participou da pesquisa. “Isso foi uma enorme surpresa. Nós estamos acostumados a conviver com alguns vírus e raramente esses vírus podem deixar sequelas. O que mais surpreendeu é que o coronavírus vem deixando sequelas”.
Ainda de acordo com o médico, eles vão pesquisar o que levou a esses problemas relatados pelos pacientes. “Agora nós estamos investigando se essa falta de ar é um problema pulmonar ou se é esse problema de fadiga e cansaço cardíaco. Além disso, se o distúrbio muscular é porque a musculatura ainda não tenha se recuperado”, concluiu.
A pesquisa contou com a participação de 15 áreas e especialidades para entender o real escopo que as sequelas podem assumir, desde a pneumologia até a psiquiatria.
Reabilitação pós-Covid
Com base nisso, o Ministério da Saúde está oferecendo o curso de reabilitação de pacientes com condições pós-Covid-19 para profissionais da saúde. A pasta quer que os profissionais compreendam as consequências e impactos da Covid-19.
Outro pilar do curso é fazer o aluno aprender processo de reabilitação motora, neurofuncional, cardiorrespiratória e das funções mentais, cognitivas e psicológicas de pacientes com condições pós-covid.
O público-alvo são profissionais de nível superior que atuam no processo de reabilitação de nível hospitalar, ambulatorial e domiciliar: médicos, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, fonoaudiólogos, nutricionistas, assistentes sociais, profissionais das equipes da atenção primária e outros.
O curso é gratuito e os interessados em participar devem se inscrever no site covid.saiteava.org/.
Dados da Covid-19
O Brasil registrou mais 15.609 casos e 373 óbitos por Covid-19, quarta terça-feira (20), de acordo com o balanço mais recente do Ministério da Saúde. Desde o início da pandemia, mais de 210.147.125 milhões de brasileiros foram infectados pelo novo coronavírus. O Rio de Janeiro ainda é o estado com a maior taxa de letalidade entre as 27 unidades da federação (5,17%). O índice médio de letalidade do País estava em 0,29%.
Taxa de letalidade nos estados
- RJ 5,17%
- SP 3,44%
- AM 3,22%
- PE 3,18%
- MA 2,84%
- PA 0,28%
- GO 2,69%
- AL 2,62%
- PR 2,60%
- CE 2,59%
- MS 2,56%
- MG 2,54%
- MT 2,52%
- RO 2,45%
- RS 2,42%
- PI 2,19%
- BA 2,17%
- SE 4,35%
- ES 2,13%
- PB 2,11%
- DF 2,10%
- AC 2,09%
- RN 1,98%
- TO 1,69%
- SC 1,62%
- AP 1,61%
- RR 1,59%
Os números têm como base o repasse de dados das Secretarias Estaduais de Saúde ao órgão. Acesse as informações sobre a Covid-19 no seu estado e município no portal brasil61.com/painelcovid.