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O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, afirmou que o potencial do Brasil na produção de energia limpa é fundamental para o processo de revitalização da indústria brasileira. Para ele, o país pode se beneficiar com as atividades de poweshoring, estratégia que visa realocar complexos industriais para países que oferecem energias alternativas, limpas, seguras e abundantes.
“As fontes renováveis têm uma participação de 47,4% na nossa matriz energética. Um percentual superior à média de 14,1% do mundo. Para que essas vantagens comparativas se transformem em fatores importantes para a energia, necessitamos de medidas que ampliem a eficiência energética da indústria. Também são indispensáveis ações de fomento à cadeia do hidrogênio de baixo carbono e de outras fontes renováveis. São igualmente importantes os estímulos aos investimentos em bioeconomia e a instituição do mercado regulado de carbono”, diz.
A declaração foi feita durante discurso de abertura do evento Powershoring e a NeoIndustrialização verde do Brasil, realizado pela CNI, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Banco do Nordeste (BNB) e o Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF), nesta terça-feira (15).
“Hoje um dos elementos determinantes da competitividade é o combate às mudanças climáticas. Nesse novo cenário, as empresas têm direcionado seus investimentos para países, regiões que dispõem de oferta abundante de energia limpa a preços competitivos. Com essa estratégia que chamamos de powershoring, as indústrias visam atender ao aumento da demanda por produtos sustentáveis e se adequar às regras internacionais para proteção do meio ambiente”, explica o presidente da CNI.
Na ocasião, vice-presidente e ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, ressaltou que o Brasil possui inúmeras oportunidades para se destacar no contexto da economia sustentável.
“A pergunta sempre foi: onde eu fabrico bem e barato? Agora é: onde eu fabrico bem, barato e consigo compensar as emissões de carbono? Aí, o Brasil é a grande alternativa. Nós vamos ter uma grande oportunidade, nós já somos o quinto país do mundo em atração de investimento direto. Isso pode crescer enormemente. A neoindustrialização é exatamente inovação e verde”, conclui.
O diretor de Desenvolvimento Indústria, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, José Luis Gordon, enfatiza que o Brasil tem uma janela de oportunidades com a agenda de sustentabilidade, mas é preciso pensar também no desenvolvimento da cadeia produtiva brasileira.
“O Brasil pode atrair um fluxo grande de investimento com sua matriz energética e capacidade de desenvolver tecnologias verdes e bioeconomia, mas não podemos apenas receber os investimentos, como a gente agrega valor à economia e como a indústria brasileira se incorpora nessa cadeia. Queremos atrair as indústrias, queremos que usem nossa matriz energética, mas que também aproveitem para desenvolver tecnologias aqui, tragam seus centros de pesquisa e utilizem a cadeia produtiva brasileira, que é muito forte”, afirma.
O powershoring reúne estratégias empresariais de localização de plantas industriais e de produção em países com potencial de oferta de energias limpas, baratas, seguras e em grande escala. Dessa forma, é possível atrair investimentos estrangeiros para países como o Brasil, que possuem uma matriz energética diversificada e abundante.
Para o vice-presidente do setor privado do Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF), Jorge Arbache, além do aumento do movimento de investimentos para o Brasil ao longo dos próximos anos, o powershoring deve trazer inúmeros benefícios para o país.
“O nosso maior desafio é o de acelerar e escalar esse processo de uma maneira ordenada de tal forma que se possa entregar o maior benefício possível para todos os envolvidos. E quem se beneficia do powershoring? A empresa que protege a sua competitividade, o país emissor ou de origem da empresa, o país receptor das plantas industriais, que se beneficia dos investimentos da tecnologia, das exportações e do impulso às cadeias de valor nacional e regional. A economia local em razão da geração de emprego, renda, impostos e o meio ambiente que se beneficia de uma mais rápida transição energética, do aumento da produção de produtos verdes e do mercado de créditos de carbono”, afirma.
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