Data de publicação: 30 de Junho de 2023, 03:45h, Atualizado em: 01 de Agosto de 2024, 19:32h
Roberto Dardis entrevista Haroldo da Silva, economista, após as quedas no dólar e uma manutenção nos juros para um bate papo sobre juros, reformas e economia em geral.
Roberto Dardis - Mesmo sabendo que precisamos de reformas gerais, muitos fogem desse vespeiro, qual a nossa saída?
Haroldo da Silva - Então meu caro, esse termo reformas para mim ele fica muito comprometido. Porque às vezes se diz reformas simplesmente para maquiar aquilo que de fato está sendo discutido.
Por exemplo, a gente teve a reforma trabalhista recentemente, era necessário fazer algumas mudanças na questão trabalhista. Para mim não tenho dúvida disso.
RD - Como você enxerga os juros de 13,75%? Culpar somente o BC por esses juros é certo?
HS - Eu enxergo a economia extremamente retraída, esses juros de 13,75% ao ano é muito acima do que seriam os padrões apropriados para o Brasil se a gente fizer a seguinte conta, né? Risco Brasil mais uma taxa de juros que a gente possa considerar neutra, né? Risco Brasil, mais inflação, você deveria estar com essa taxa de juros abaixo desse valor de 13,75%, por volta ali de uns 9%, 10%.
RD - Com uma dívida pública alta e sem o governo economizar, teremos aumento de impostos?
HS - Nunca vi nenhum governo em nenhum momento fazer uma mudança estrutural sem querer embutir alguma carga tributária adicional. Então a gente pode sim ter um aumento de impostos.
Mas nem sempre aumentos de tributos ou aumentos de impostos é ruim, ao contrário do que muita gente diz.
RD- Com crescimento baixo, inflação ainda fora da meta e juros altos, qual seria a saída para o governo voltar a ter superávit em suas contas?
HS - Eu acho que a gente tem que parar de discutir exclusivamente superávit primário. Porque o superávit primário é uma coisa muito discutida só no Brasil, no mundo todo a gente discute superávit ou déficit, mas do orçamento de uma forma geral, ou seja, nessa discussão está incluída aquilo que nós pagamos de juros de títulos da dívida.
RD - Intromissão política em nossa economia. Elas atrapalham muito ao país?
HS - Então a eu diria para você a intromissão política na economia é algo que eu vejo com muita naturalidade. O grande problema é que as decisões elas são políticas, mas elas têm que ser pautadas por aspectos técnicos, então o tomador de decisão ele tem que ter claro qual é a técnica que foi envolvida e colocar para ele. Olha, nós temos aqui uma análise de SWOT em relação a sua medida, as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças tendo em vista determinados caminhos que foram escolhidos.
Mas eu não vejo problemas de a política estar na economia e eu vejo que os debates eles são muito salutares.
RD -Conversamos com Haroldo da Silva, que buscou com suas experiências colocar suas perspectivas sobre nossa economia .