A doação de órgãos é um ato que pode representar recomeço e esperança para milhares de pessoas. O médico Álvaro Moreira, de 58 anos, sabe bem disso, pois é um exemplo de alguém que teve uma segunda chance. Morador de Paraíso do Tocantins, cidade a 75 km de Palmas, ele recebeu um novo fígado há dez meses. O órgão veio no dia 31 de dezembro, na virada de ano de 2018 para 2019. A máxima “ano novo, vida nova” resume bem o sentimento de Álvaro.
TEC./SONORA: Álvaro Moreira, médico obstetra
“A gente parece que vai nas nuvens, é muito boa aquela sensação. Às quatro horas da manhã me ligaram, tinha passado a noite em uma festa de final de ano. Um jovem faleceu em uma cidade de São Paulo, em Praia Grande, de 21 anos. Eu agradeço a Deus e a ele todos os dias.”
Álvaro contraiu Hepatite B exercendo a profissão. O agravamento da doença gerou 12 tumores cancerígenos no fígado e o levou até a lista de espera para o transplante, no ano passado. Após ficar entre a vida e a morte, o médico reforça a importância de se tornar um doador.
TEC./SONORA: Álvaro Moreira, médico obstetra
“Eu recomendaria que as pessoas doassem, porque, de qualquer jeito, quando esse órgão morrer ele vai desaparecer. Ele ficando em um ser humano, vai ficar vivo, e a pessoa vai ficar sempre agradecida para o resto da vida. Espero que as pessoas se solidarizem um com os outros para serem doadores, ajudar as pessoas que estão sofrendo a continuarem a viver”.
Segundo a Central de Transplantes de Tocantins, até setembro deste ano, 60 pacientes aguardavam na lista de espera para o transplante de córneas, único tipo de cirurgia realizada no estado. Pacientes que necessitam de transplantes para outros órgãos são encaminhados para estados mais próximos. Em todo o país, mais de 45 mil pessoas esperam por esse tipo de cirurgia, segundo o Ministério da Saúde.
Existem dois tipos de doadores de órgãos: o vivo, que pode doar um dos rins, parte do fígado, do pulmão ou da medula óssea sem prejudicar a própria saúde - e o doador falecido, pessoas que tiveram morte encefálica, vítimas de traumatismo craniano ou de um derrame cerebral (AVC).
Após a morte cerebral, um fator é decisivo para que pacientes da lista de espera tenham uma segunda chance, assim como Álvaro: a autorização dos familiares para a doação dos órgãos. Na média nacional, quatro em cada dez famílias dos possíveis doadores dizem ‘não’ à doação.
No Tocantins, essa taxa de recusa é de 50%. Esse é o principal fator que impede a diminuição da lista no estado. Esse fato, segundo a coordenadora da Central Estadual de Transplantes do Tocantins, Suziane Aguiar, eleva a importância do diálogo entre quem deseja doar órgãos e os familiares.
TEC./SONORA: Suziane Aguiar, coordenadora da Central Estadual de Transplantes do Tocantins
“Aquelas pessoas que são doadoras se manifestem em vida, para familiares, amigos, e que nos ajude também a divulgar essa informação, não só na identidade, e sim que converse com a família porque ela que é detentora dessa decisão. A doação não beneficia apenas aquele que fez o transplante, mas toda uma família que está envolvida no cuidado daquele paciente.”
O Brasil é referência mundial na área e possui o maior sistema público de transplantes do mundo. Atualmente, cerca de 96% dos procedimentos de todo o país são financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em números absolutos, o Brasil é o segundo maior transplantador do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Os pacientes recebem assistência integral, incluindo os exames preparatórios, a cirurgia, o acompanhamento e os medicamentos pós-transplante, financiados pela rede pública de saúde.
Se você vive no estado e quer saber como ser um doador, basta procurar a Central Estadual de Transplantes, localizada em Palmas, quadra 103 norte, alameda 05, ou pelo telefone: 0800 642 0484. Repetindo: (63) 0800 642 0484.
Todo o processo de doação de órgãos no Brasil é transparente e embasado por leis para que os familiares tomem uma decisão livre e segura antes de autorizar o transplante. A vida continua. Doe órgãos. Converse com sua família. Para mais informações, acesse: saude.gov.br/doacaodeorgaos.