Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

CNI: R$ 40 bilhões são necessários para descarbonização da indústria até 2050

Estudo apresentado na COP 28 mostra que mercado de carbono pode viabilizar neutralidade climática. Deputados discutem texto que oferece maior segurança jurídica, segundo o relator do projeto que tramita sobre o tema na Câmara

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Descarbonizar a indústria brasileira vai custar cerca de R$ 40 bilhões até 2050, de acordo com estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O levantamento mostra ainda que o mercado de carbono pode viabilizar a neutralidade climática brasileira até 2050 — ou seja, o equilíbrio entre emissão e absorção de gases de efeito estufa. O estudo foi apresentado nessa segunda-feira (4), na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28) em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. 

O gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo, afirma que a indústria tem trabalhado e investido em processos para reduzir a emissão de gases, a fim de contribuir com a transição para uma economia de baixo carbono e elevar o nível de competitividade das empresas brasileiras. Ele explica que a ideia do estudo é identificar o investimento necessário para atingir a neutralidade climática até 2050.

“Hoje é necessário R$ 40 bilhões para fazer essa transição, que vão ser aplicados em várias linhas tecnológicas, de combustíveis, de eficiência, para que todos os setores industriais possam fazer essa modernização. É claro que a gente precisa olhar também de uma forma mais conjunta. Precisamos   entender que, para descarbonizar, a gente precisa entender toda a parte de biocombustíveis, expansão de renováveis e também somar a questão do mercado de carbono”, ressalta. 

Segundo a CNI, o valor foi obtido a partir da revisão de estudos realizados nos últimos anos e com a participação de especialistas de cada segmento industrial. A entidade pontua  que “alguns setores não consideraram no cálculo os valores de investimentos indiretos para aumentar a oferta de energia renovável e alternativas, como portos, estradas e telecomunicações.” Isso significa que o investimento necessário pode ser maior do que o previsto. 

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Mercado de Carbono

O Brasil retomou a meta assumida no Acordo de Paris em 2015. Conforme o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, o objetivo é cortar as emissões em 48% até 2025 e em 53% até 2030. Para isso, especialistas, entidades privadas e os poderes Executivo e Legislativo concordam que o país precisa aprovar o projeto de mercado regulado de carbono em tramitação na Câmara dos Deputados. 

O PL 412/2022 cria o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE) com o objetivo de reduzir a emissão de gases. O texto foi aprovado por unanimidade na Comissão de Meio Ambiente do Senado e agora aguarda votação na Câmara. Para o relator da proposta, deputado Aliel Machado (PV-PR), o mercado de carbono é a principal agenda brasileira do ponto de vista ambiental. Segundo o parlamentar, estão em discussão alterações ao texto aprovado pelos senadores.

“A gente está discutindo um texto que traga mais previsibilidade, segurança jurídica e as mudanças estão acontecendo dentro do sistema de governança, onde a gente quer uma participação maior de todos os setores envolvidos por se tratar de um mercado novo, é uma coisa muito justa. Achamos também que tem que ter um protagonismo maior do Ministério da Fazenda nesse aspecto porque estamos tratando de mercado de carbono”, afirma o deputado. 

Aliel Machado disse ainda que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, está “muito focado” em votar o projeto. O relator espera que a votação da proposta ocorra ainda em 2023. O ano legislativo se encerra no dia 22 de dezembro.

Segundo estudo realizado pelo governo brasileiro em parceria com o Banco Mundial, o mercado regulado de carbono tem potencial para movimentar cerca de R$ 128 bilhões em receitas no Brasil. Além disso, a iniciativa mostra expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e redução do desemprego. O mercado de carbono é um sistema adotado por diversos países com o objetivo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa.  

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