LOC.: O cashback da reforma tributária — que é a devolução de parte do dinheiro pago em impostos às famílias de baixa renda — já está garantido. Mas o texto que se propõe a explicar como vai funcionar esse mecanismo não deixa claro de que forma os beneficiários vão receber o valor.
O que se sabe, por enquanto, é que nas contas de água, esgoto, luz e gás, o cashback virá apontado na fatura. Já no consumo de outros bens e serviços, como na compra de um computador, por exemplo, o texto não informa como o cashback será creditado.
Membro da Comissão de Estudos da Reforma Tributária no Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Fellipe Guerra propõe que a devolução seja imediata e não somente dias após a compra do bem ou serviço.
TEC./SONORA: Fellipe Guerra, membro da Comissão de Estudos da Reforma Tributária no Conselho Federal de Contabilidade (CFC)
"O texto fala que [têm direito ao cashback] as famílias com renda per capita de até meio salário mínimo, integrando-se ao Cadastro Único, porém, nós precisaremos saber como será a operacionalização disso, se será possível que, em vez da devolução, a família tenha o desconto na boca do caixa quando tiver fazendo uma compra. Esse ponto merece atenção do Congresso Nacional".
LOC.: Professora da FGV Direito Rio, Bianca Xavier explica que a forma como parte do valor pago em impostos será devolvida aos consumidores de baixa renda vai depender da capacidade tecnológica de pequenos empreendedores.
TEC./SONORA: Bianca Xavier, professora da FGV Direito Rio
"O governo está estudando a possibilidade de isso (cashback) ser diretamente na boca do caixa. E por que ele está com essa dúvida? Porque ele sabe que as grandes redes de supermercados vão conseguir fazer isso com facilidade, mas será que aquela quitanda da esquina vai ter tecnologia para fazer isso? Eles não querem fazer o desconto da baixa renda imediatamente na boca do caixa, a menos que tenham a segurança de que o pequeno e o grande podem fazer, porque senão a pessoa de baixa renda vai querer comprar nos grandes supermercados, onde vai ter o desconto, e eu vou acabar prejudicando a quitanda da esquina."
LOC.: Bianca diz que, se não for viável conceder o desconto no momento da compra em todos os estabelecimentos, a alternativa mais provável para a devolução seja o depósito dos valores em uma conta bancária dos beneficiários dias após o consumo do bem ou serviço.
Reportagem, Felipe Moura.