Plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília. Foto: Agência Câmara
Plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília. Foto: Agência Câmara

Reforma tributária avança na Câmara e pode ser votada até sexta-feira (7)

Presidente da Câmara, Arthur Lira, pretende votar o projeto em 1º e 2º turnos antes do fim de semana. Prefeitos demonstram preocupação com perda de receita


O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), prometeu que vai pautar nesta quinta-feira (6) a votação do projeto da reforma tributária pelo plenário da Casa. Segundo ele, “se tudo der certo”, a proposta terminará de ser votada na totalidade, em primeiro e segundo turnos, até a próxima sexta-feira (7). 

Ao participar de um encontro na sede da Confederação Nacional de Municípios (CNM) na última terça-feira (4), o relator do texto, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB),  anunciou que apresentaria oficialmente a proposta apenas na próxima sexta-feira (7). O movimento do presidente da Câmara, adiantando a tramitação da proposta, faz parte de um esforço concentrado  — em parceria com o governo federal — no sentido de cumprir o objetivo de aprovar a reforma antes do recesso parlamentar deste mês.

Aguinaldo Ribeiro conta com o apoio de Lira e de ministros do governo Lula para tentar diminuir a resistência de governadores e prefeitos, em relação às mudanças propostas. Muitos prefeitos temem a perda de receita de seus municípios.

Um dos pontos ainda sem entendimento é a definição sobre o funcionamento do Conselho Federativo e do Fundo de Desenvolvimento Regional. Em relação ao Conselho, que definirá as políticas fiscais e tributárias, a composição será mais detalhada, para dar paridade aos estados em relação à União. 

Também está em discussão um novo cálculo de transição para o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que poderá unificar o ICMS e ISS. 

Preocupações

Na sede da Confederação Nacional de Municípios (CNM), na última terça-feira (4), o relator Aguinaldo Ribeiro ouviu reclamações de alguns prefeitos. Eles afirmam que a reforma reduz a arrecadação dos municípios, concentra recursos tributários na União, fere o pacto federativo e aumenta os impostos de vários setores da economia. 

Uma das principais preocupações dos gestores municipais diz respeito à possibilidade de aumento de impostos, principalmente, no setor de serviços e no agronegócio. 

Prefeitos de 33 cidades brasileiras, sendo 15 capitais, e governadores de oito estados (principalmente do Sul e Sudeste) participam de reuniões em Brasília esta semana com objetivo de discutir a reforma tributária. 

Perda de receita

A possibilidade de perda de receita dos municípios é uma das principais preocupações de vários gestores municipais. É o caso do prefeito da cidade mineira de Ipatinga, Gustavo Nunes (PL-MG). “É lamentável que ainda há espaço para esse tipo de conversa hoje no Brasil”, reclamou. “A proposta é de fato retirar recursos dos municípios, que tanto necessitam, para encher ainda mais os cofres do governo federal, para colocar os municípios dentro ali do cabresto, vamos dizer assim do governo federal, para vir bater na porta e ficar mendigando dinheiro para os municípios”, protestou.

O prefeito de Ipatinga disse também que ficou “transtornado” depois de participar, recentemente, de um encontro com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad: “Em uma outra oportunidade nós tivemos também aqui em Brasília uma conversa promovida pela própria CNM, onde foram convidados os prefeitos de cidades acima de 100 mil habitantes. E nós saímos dessa conversa com o próprio Ministro Fernando Haddad transtornados, vamos dizer assim“, ressaltou.

“O ministro falou, falou e não falou nada; não explicou de onde seria essa reposição dos recursos para os municípios” — reclamou, esclarecendo que “talvez Ipatinga sofra um impacto negativo de cerca de R$ 150 milhões”. O prefeito lamentou que “onde o governo deveria colocar mais recursos, está indo na contramão”. Segundo ele, o projeto de reforma tributária estaria “justamente retirando recursos para colocar os municípios debaixo do balaio do governo federal — e isso é inadmissível”, criticou Gustavo Nunes.

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LOC: O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (do PP de Alagoas), prometeu que vai iniciar a votação do projeto da reforma tributária no plenário da Casa nesta quinta-feira (6). Lira informou que pretende aprovar a proposta, na totalidade, até a próxima sexta-feira (7). 

O relator do texto, deputado Aguinaldo Ribeiro, do PP da Paraíba, conta com o apoio de Lira e de ministros do governo Lula para diminuir a resistência de governadores e de prefeitos em relação às mudanças propostas.

Um dos pontos da reforma sobre o qual ainda não há entendimento é a definição sobre o funcionamento do Conselho Federativo e do Fundo de Desenvolvimento Regional. Em relação ao Conselho, que vai definir as políticas fiscais e tributárias, a composição será mais detalhada, para dar paridade (ou seja, igualdade de condições) aos estados em relação à União. Prefeitos de 33 cidades brasileiras, sendo 15 capitais, e governadores de oito estados (principalmente do Sul e do Sudeste) participam de várias reuniões em Brasília, esta semana, com objetivo de discutir o projeto. 

Muitos prefeitos temem a perda de receita de seus municípios. É o caso do prefeito Gustavo Nunes, de Ipatinga, Minas Gerais.  

SONORA: Gustavo Nunes, prefeito de Ipatinga

“É lamentável a gente ter a percepção de que ainda há espaço para esse tipo de conversa hoje no Brasil. É uma conversa onde a proposta é de fato retirar recursos dos municípios, que tanto necessitam, para encher ainda mais os cofres do governo federal, para colocar os municípios dentro ali do cabresto, vamos dizer assim, do governo federal, para vir bater na porta e ficar solicitando, mendigando dinheiro, mendigando recursos, para os municípios."


LOC: O prefeito de Ipatinga disse também que ficou “transtornado” depois de participar, recentemente, de um encontro com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. E ele explica por quê.

SONORA: Gustavo Nunes, prefeito de Ipatinga

"Nós saímos dessa conversa com o próprio ministro Fernando Haddad transtornados, vamos dizer assim, onde o ministro que falou, falou e não falou nada, não explicou de onde que seria essa reposição dos recursos para os municípios. O município de Ipatinga pode ser que sofra um impacto negativo de cerca de R$ 150 milhões e aonde o governo federal deveria entrar para colocar mais recursos nos municípios, o governo federal está indo na contramão. Está justamente retirando recursos para colocar os municípios debaixo do balaio do governo federal e isso é inadmissível."


LOC: Ao participar do encontro promovido pela Confederação Nacional de Municípios (a CNM) na última terça-feira (4), o relator do projeto da reforma tributária, deputado Aguinaldo Ribeiro, havia anunciado que apresentaria oficialmente a proposta apenas na próxima sexta-feira, dia 7 de julho. Mas, o movimento do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, que buscou adiantar a tramitação da proposta, faz parte de um esforço concentrado — em parceria com o governo federal  — no sentido de cumprir o objetivo de aprovar a reforma antes do recesso parlamentar deste mês de julho.

Reportagem: José Roberto Azambuja