Saúde
13/11/2019 12:02h

No estado, são realizados apenas transplantes de córnea.

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A doação de órgãos representa um recomeço aos que aguardam na lista de espera por um transplante. A história da dona de casa mato-grossense Danielle da Costa, de 34 anos, e da filha Ana Caroline, de 16 anos, ilustra bem isso. A jovem está na lista de espera por um fígado há dois anos, quando foi diagnosticada com uma doença autoimune que afetou o funcionamento do órgão. Desde então, mãe e filha vivem a agonia da espera, em uma rotina entre Mato Grosso e São Paulo.  

Sem familiares compatíveis para a doação e a falta de cirurgias de transplante de fígado no estado natal, as duas estão hospedadas em uma casa de apoio, na capital paulista. Até que um doador seja encontrado, Ana Caroline faz acompanhamento e exames diários, devido ao quadro emergencial que se encontra. Para a mãe Danielle, ver a filha aguardando por um novo órgão é “dolorido”. 

“Essa espera é uma agonia. É muito difícil para quem está na fila (lista), esperando. Tenho muito medo. Eu sei que é um momento difícil, a família [do possível doador] está perdendo um ente querido, mas é uma vida que vai estar revivendo, nascendo de novo, porque, para mim, o transplante é renascimento. Então, seja um doador, não só pós morte, mas também em vida, pois isso faz muita diferença para quem está sofrendo.”

Coração, pulmão, rim, fígado e pâncreas são os órgãos que podem ser doados. Além de tecidos, como as córneas e ossos. Em Mato Grosso, são realizados apenas transplantes de córnea, no Hospital de Olhos, em Cuiabá. Os pacientes que necessitam de outro tipo de órgão, como a Ana Caroline, são encaminhados para a lista de espera em outros estados. 

A coordenadora estadual da Central de Transplantes de Mato Grosso, Fabiana Regina de Sousa, afirma que a lista de espera atual para o transplante de córnea, no estado, reúne por volta de 310 pacientes, e que, por mês, são feitas de oito a 10 transplantes desse tipo, número insatisfatório para o estado. 

Para a coordenadora, a recusa das famílias dos pacientes com morte encefálica em doar o órgão dificulta a realização do procedimento. Segundo a gestora, neste ano, a taxa de autorização familiar é igual ao índice brasileiro, de 60% (Ministério da Saúde). Por isso, a conscientização da população é muito importante para mudar tal realidade. 

“Há mitos relacionados à doação. Um dos principais é o desconhecimento familiar de que o potencial doador tem o desejo de doar. A conversa entre as famílias possibilita manifestar o interesse da doação, deixar claro a posição, esclarecer dúvidas para que a família, no momento da perda, tenha segurança para decidir a favor da doação.”

O Brasil manteve o número de transplantes realizados no primeiro semestre de 2019 em comparação com o mesmo período de 2018, segundo o Ministério da Saúde. Foram 13.263 transplantes neste ano, contra 13.291 do ano passado. O balanço do período apontou crescimento de transplantes considerados mais complexos. Os de medula óssea aumentaram 26,8%, passando de 1.404 para 1.780. Já os de coração cresceram 6,3%, passando de 191 para 203. Também tiveram aumento os de pâncreas rim (45,7%), passando de 46 para 67; e pâncreas isolado (26,7%), que cresceu de 15 para 19 transplantes.

O país é referência mundial na área de transplantes e possui o maior sistema público de transplantes do mundo. Atualmente, cerca de 96% dos procedimentos de todo o País são financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

Se você deseja ser um doador de órgãos, converse com sua família e deixe bem claro o seu desejo de salvar a vida do próximo. Em caso de dúvidas entre em contato com a Central de Transplante de Mato Grosso pelo telefone: (65) 99983 5974. Repetindo: (65) 99983 5974. A vida continua. Doe órgãos. Converse com sua família. Para mais informações, acesse: saude.gov.br/doacaodeorgaos.

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