Saúde da Mulher

31/10/2024 14:00h

Segundo o presidente da ASBRAH, Luiz Paulo Pinto, a resolução teria sido “mal embasada” e deixou pacientes sem tratamento

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A Associação Brasileira de Hormonologia (ASBRAH) criticou a decisão da Anvisa de suspender o uso, a manipulação, a comercialização e a propaganda de implantes hormonais manipulados. A determinação foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União na última sexta-feira (18).

Segundo o presidente da ASBRAH, Luiz Paulo Pinto, a resolução deixou pacientes sem tratamento. Ele detalha as consequências para essas pessoas.

“Milhares de mulheres no Brasil utilizam implantes de gestrinona para controlar sintomas intensos de endometriose, transtornos menstruais, transtornos disfóricos pré-menstruais, por exemplo. E essas pacientes, com a interrupção abrupta do tratamento, perdem qualidade de vida. Muitas ficam incapacitadas de desempenhar as atividades do trabalho, atividades rotineiras do dia a dia, por alteração expressiva no humor, cólicas de intensidade elevadíssima, sangramento menstrual intenso, enxaqueca.”

A decisão da Anvisa foi tomada após denúncias apresentadas por entidades médicas, como a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), que aponta um crescimento do atendimento de pacientes com problemas devido ao efeito colateral do uso de implantes que misturam diversos hormônios. No entanto, para o representante da ASBRAH, a justificativa teria sido “mal embasada”.

“As falhas estão nos dados que foram entregues para a Anvisa, que a levou a tomar essa decisão. Dados de uma plataforma chamada Vigicom, que não tem critério nenhum de confirmação da veracidade dos fatos. Qualquer pessoa poderia cadastrar qualquer e-mail fazendo um relato sobre efeitos colaterais de uso de hormônio, e não necessariamente o uso de hormônio na forma de implante. Então fica tudo misturado na plataforma. Nada que pudesse ser auditado, nada que pudesse ser verificado.”

Segundo a análise de Luiz Paulo Pinto, qualquer pessoa poderia inserir informações na plataforma Vigicom, sem a necessidade de confirmação médica, prontuário, exames e prescrição. “São dados que inclusive podem ser fraudulentos, inventados e que misturam possíveis pessoas que utilizam hormônios de forma abusiva, não necessariamente na forma de implante, com casos de possível uso de implante”, explica o presidente da ASBRAH.

Até o fechamento da reportagem, a plataforma Vigicom estava fora do ar. 

O que são os implantes hormonais manipulados?

Os implantes hormonais manipulados contêm diferentes hormônios em cada tipo de implante  — como testosterona, gestrinona e oxandrolona — que são inseridos, geralmente, em região glútea ou lombar. Eles são prescritos para diversos tipos de tratamento, como menopausa, endometriose e melhora da libido.

A combinação também passou a ser receitada para fins estéticos, como ganho de massa magra, perda de peso e melhora do desempenho físico, e, por isso, ganhou o apelido de “chip da beleza”.

Segundo a doutora Daniela Gebrim, endocrinologista da Clínica SIM, o uso dos implantes hormonais manipulados pode provocar alguns efeitos colaterais.

“O colesterol ruim aumenta, o colesterol bom reduz, isso é um efeito do esteróide anabolizante, porque nos implantes, normalmente, existe testosterona e gestrinona, que acabam tendo um efeito anabolizante. Pode haver queda de cabelo, aumento de pelos e até clitoromegalia nas mulheres.”

A endocrinologista também destaca que a prescrição do tratamento hormonal para menopausa e endometriose já é consolidada por vários estudos, mas apenas por via oral ou tópica.

“Até o momento, não tem estudo publicado — randomizado ou controlado por placebo ou por outro medicamento — que mostra segurança e benefício desses implantes manipulados em comparação aos tratamentos que nós temos atualmente e que os estudos já foram publicados. A opinião, tanto minha particular como endocrinologista, é que tem que haver estudo de segurança que demonstre evidências científicas para podemos usar tais vias e tais hormônios.”

A recomendação da endocrinologista para os pacientes que estavam em tratamento com implantes hormonais manipulados, antes da suspensão da Anvisa, é que procurem o médico de referência para ajustar o uso para vias e hormônios que possuam estudos de segurança já publicados.

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18/10/2024 04:01h

Quase 90% das mulheres na menopausa se sentem instáveis emocionalmente, aponta pesquisa da Plenapausa

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Uma pesquisa da Plenapausa, femtech brasileira, mostra que 89% das mulheres se sentem instáveis emocionalmente durante a menopausa, enquanto 82% ficam deprimidas e ansiosas. Além disso, mulheres nesse ciclo da vida têm mais que o dobro de chances de desenvolver transtorno bipolar.

Neste 18 de outubro, dia Mundial da Menopausa, a psicóloga Elaine Lima, especialista em Gestalt-terapia e Terapeuta de Mulheres, chama atenção para os cuidados com a saúde emocional para melhorar a qualidade de vida.

“Emerge a necessidade de investirmos no nosso autocuidado. E quando eu falo de autocuidado, não é cuidar apenas da aparência, é cuidar dos aspectos emocionais, porque a gente também não pode romantizar a menopausa nem o processo de envelhecimento. É um processo desafiador, não é fácil. Então, [devemos] olhar para esses aspectos emocionais e cuidar da maneira como nós gerenciamos as nossas emoções, investir em um processo de autoconhecimento, porque isso nos empodera e nos prepara para gerenciar de maneira mais saudável as nossas emoções.”

Descontrole hormonal

A professora Alessandra Gomes, de 50 anos, moradora de Brasília (DF), está enfrentando a menopausa neste momento. Ela relata alterações de humor, ansiedade, irritabilidade, e, por isso, buscou acompanhamento com profissionais de saúde.

“É uma ansiedade em relação a tudo, ao trabalho, à família. Eu não consigo dormir à noite. Eu sinto medo de fazer as coisas que eu mais gostava. Em relação à tristeza, é uma depressão mesmo, mas não pelo fato de eu estar entrando na menopausa, é a parte hormonal mesmo que eu senti que afetou. Eu tenho acompanhamento psicológico e com psiquiatra. Eu estou indo em uma endócrino e fazendo a reposição hormonal e já estou melhorando.”

O doutor em endocrinologia clínica Flavio Cadegiani explica que a menopausa marca o fim da vida reprodutiva do sexo feminino, definida como a “última menstruação”. Segundo o endocrinologista, as mulheres precisam ter consciência de que a falta de cuidados ou até conhecimento sobre o assunto afetam de maneira significativa a saúde mental e física, com sintomas que podem incomodar bastante neste período. 

“Podem ocorrer ganho de peso, por haver uma queda abrupta no metabolismo; depressão; distúrbios do sono; asma pós-menopausa; secura vaginal, com dores no ato sexual; e até mesmo osteoporose.”

Além disso, segundo a psicóloga Elaine Lima, a própria mudança hormonal é capaz de provocar uma instabilidade emocional. 

“Além disso, contribui para quadros de depressão e ansiedade que muitas vezes já eram pré-existentes e estavam mascarados e, nesse período da vida, eles vêm a luz e ganham uma proporção maior, ou seja, não tem mais como negligenciá-los”, explica.

Tabu

Segundo um levantamento da empresa de higiene e saúde Essity, 70% das brasileiras não estão preparadas para a chegada da menopausa e 55% não gostam de falar sobre o assunto por ser ligado à velhice e à "deterioração" do corpo. 

A psicóloga Elaine Lima diz que observa esse comportamento no consultório. Na avaliação da especialista, na cultura ocidental, a menopausa está associada à velhice e à deterioração do corpo. 

“Na nossa sociedade ocidental, que é machista, patriarcal, consumista, capitalista, que valoriza a jovialidade e a beleza, envelhecer e entrar na menopausa vai ser algo muito mal visto. Existem muitas crenças distorcidas em relação à mulher mais velha, que ela é chata, seca, fria, mas a mulher que está envelhecendo enfrenta muitos desafios e talvez essa oscilação de humor, essa instabilidade emocional, é muitas vezes interpretada de forma negativa.”

“Existem muitos preconceitos, ainda é um tabu, na minha percepção, porque nós ainda não rompemos todas as barreiras no sentido de trazer essa temática para as nossas rodas de conversa, para o nosso dia a dia, para as reuniões em família.  Como combater esse tabu? Eu acredito que o primeiro passo é por meio da informação. Então, falar sobre essa temática, os espaços que estão dando abertura para inserir esse tema proporcionam a nós, mulheres, e aos homens também, a possibilidade de ampliar o nosso conhecimento sobre esse assunto”, orienta.

Quais são os tipos de câncer de mama?

Lipedema: mais de 10 milhões de brasileiras podem ter a doença e não sabem

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02/08/2024 18:00h

Neste episódio a mastologista, Gabriela Boufelli de Freitas, fala sobre os tipos de câncer de mama

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O câncer de mama é o principal problema de saúde da mulher, é o tipo de câncer mais comum nas mulheres do Brasil e do mundo. Por ano, mais de dois milhões de casos novos são diagnosticados no mundo. É importante saber que existem diferentes tipos de câncer de mama, com comportamentos e tratamentos específicos para cada um deles. 


Talvez você já tenha ouvido falar de câncer de mama receptor positivo, HER 2 positivo ou ainda outros termos, e isso é muito importante pois isso determina a agressividade e o tratamento.


Com o passar do tempo, a medicina está conseguindo cada vez mais entender que o câncer de mama tem diferentes tipos e que cada subtipo tem um comportamento e tratamento específico. Isso é definido pela análise no microscópio das características das células e também por uma análise molecular feita no laboratório que avalia o tipo de proteína que essa célula produz, que é a classificação molecular. 


Classificação Histológica e molecular


O câncer de mama apresenta dois subtipos histológicos frequentes ductal invasivo não especial, o mais comum que representa cerca de 80% dos casos, e o lobular invasivo, que corresponde a cerca de 15% dos casos. 


Além da classificação histológica, os tumores podem ser divididos em três tipos moleculares, sendo: 

  • Tumores receptores hormonais, também chamados de luminais, correspondem a cerca de 70% dos casos. Apresentam nas suas células receptores para estrogênio e ou progesterona, isso significa que na presença desses hormônios, esse tumor pode ser estimulado a crescer.

  • Tumores HER 2, ou seja, células que super expressam uma proteína chamada HER 2 na sua superfície. São tumores normalmente mais agressivos que crescem mais rápido e que geralmente acometem pacientes mais jovens. Correspondem a cerca de 15% dos casos;

  • Tumores triplo-negativo, são os que não expressam nem receptores hormonais e nem o HER 2, também atingem pacientes mais jovens, são mais agressivos e correspondem a 15% dos casos.


Outras duas informações também são muito importantes, a primeira é sobre qual é o tamanho do tumor, se ele se espalhou para o gânglios, linfonodos na axila ou se tem a doença em outros órgãos, as metástases. As pacientes que apresentam os caroços na axila com células do câncer, devem realizar tomografias de pulmão e abdômen em busca de outras lesões causadas pela doença. A segunda informação é sobre a paciente, qual a idade dela? Possui doenças associadas e se estão controladas? Isso é importante pois se a paciente tiver algum tipo de doença, isso pode contra indicar algum quimioterápico ou procedimento cirúrgico.


Tratamento


Cirurgia para remoção do tumor ou da mama por completo, em alguns casos a avaliação dos gânglios ou dos linfonodos da axila para saber se tem a presença de tumores e caso haja, pode ser indicada a retirada de vários gânglios;
Radioterapia, que é uma radiação focada na região da mama e nas vias de drenagem que é onde ficam os linfonodos, é normalmente realizada por uma período de 5 a 21 dias;
Quimioterapia, que pode ser um soro ou comprimido que pode ser realizada antes da cirurgia para diminuir o tumor ou depois para evitar que exista célula residual, ou até mesmo para as pessoas que não irão operar, pois pode ser utilizada para controlar a doença.


Lembrando que não são todos os casos que irão precisar dos tratamentos citados acima, isso vai ser avaliado em cada situação, além disso, existem tratamentos indicados para cada subtipo do câncer de mama.


Para os tumores lumiares, aqueles que apresentam o receptor para o estrogênio e/ou progesterona, além dos outros tratamento ainda existe a hormonoterapia, Já que esse subtipo pode ser estimulados pela a ação dos hormônios ou inibidos na falta deles, são utilizadas medicações que buscam bloquear a ação desses hormônios na mama, ao fazer isso, diminuem a duplicação das células evitando que apareça uma nova lesão, também podem ser usados antes da cirurgia para diminuir o tamanho do tumor. 


Já para tumores que superexpressam a proteína HER 2, existem medicações específicas chamadas anti-HER ou terapia alvo, e para os tumores triplo-negativo atualmente tem sido estudada a imunoterapia, tratamento que apresenta bons resultados.


Quanto antes for feito o diagnóstico, melhor as chances de sucesso com o tratamento, por isso, mulheres acima dos 40 anos não podem deixar de realizar a consulta com o ginecologista e a mamografia anualmente. Na presença de câncer de mama, não deixe de procurar um médico ginecologista.


Para mais informações, assista ao vídeo do Doutor Ajuda no youtube.

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01/06/2024 22:00h

Junho é mês de conscientização do lipedema. No mundo, 10% das mulheres são acometidas pela doença caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura no corpo. A estimativa é do Instituto Lipedema Brasil.

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Mais de 10 milhões de brasileiras podem ter lipedema e não sabem, segundo dados do Instituto Lipedema Brasil. No mundo, 10% das mulheres são acometidas pela doença — caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura no corpo, em especial, nas pernas. A enfermidade também provoca dor, inchaço, hematomas e sensação de peso nos membros inferiores.

A cirurgiã vascular e membra da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), Cristienne Souza, explica que a condição crônica é pouco conhecida e o diagnóstico é essencialmente clínico. Ela aponta que o lipedema não é causado por excesso de peso — e há um fator característico para o diagnóstico.

“Ele tem uma peculiaridade que é preservar pés e mãos, ou seja, geralmente esse acúmulo de gordura não acontece nos pés e nas mãos — o que pode ajudar a diferenciar de outras comorbidades como, por exemplo, obesidade e sobrepeso”, destaca a cirurgiã. 

Junho é mês de conscientização do lipedema. E chama atenção para o diagnóstico precoce e incentiva hábitos saudáveis. Na avaliação da especialista, a paciente diagnosticada precocemente pode frear a evolução da doença.

“Vai impedir o desenvolvimento dessa doença para as fases mais avançadas nas quais já tem uma certa limitação da capacidade funcional desses pacientes. E elas devem, a partir do diagnóstico, fazer um acompanhamento médico com o especialista”, diz. 

Diagnóstico e tratamento

O lipedema não tem cura e prejudica a qualidade de vida das mulheres, por exemplo, com a perda de peso — mesmo com atividade física constante aliada à boa alimentação. 

A saúde mental e psicológica das pacientes também pode ser acometida, como relata a empresária Grasiele Toledo, 36 anos, moradora de Arapongas (PR), diagnosticada em 2022. Há seis meses passou por uma cirurgia que mudou a sua qualidade de vida, mas conta as dificuldades enfrentadas. 

“O Lipedema mexe muito com o psicológico da pessoa e frustra um pouco a mulher, porque a gente tenta de todas as formas melhorar e é muito difícil ver melhora. As dietas, exercícios físicos, melhoram as dores, mas a gente vê que o tamanho da perna não diminui e o aspecto casca de laranja também não sai por inteiro”, expõe Grasiele.

O tratamento é contínuo e demanda dieta focada em alimentos anti-inflamatórios. A especialista Cristienne Souza orienta a busca por acompanhamento nutricional para auxiliar na perda de peso, além de atividades físicas regulares. Drenagem linfática e uso de compressão elástica também são indicados.

Moradora da cidade do Rio de Janeiro, a enfermeira Janaína Ponciana, 38 anos, realizou uma bariátrica em 2018. Porém, com exercícios físicos regulares, a perna não acompanhou o processo de emagrecimento. Em 2022 veio o diagnóstico de lipedema.

Janaína faz o chamado tratamento conservador, sem recorrer a medicamentos ou cirurgia, e relata melhora na qualidade de vida a partir da alimentação e da atividade física. Segundo ela, o tratamento é essencial em sua melhora. “Se eu passar por alguma situação de estresse ou comer algo que me inflama eu sinto dores. Isso é fato”, relata Janaína.

“Tenho dor nas pernas e muito inchaço. Por exemplo, eu pesei de manhã, 75 quilos, vou para o plantão, volto à noite, estou com 78. As pernas doem e sinto dor de não conseguir dormir de lado, e fica quente”, conta a enfermeira.

Sinais de alerta

O lipedema pode acometer mulheres em fases como a puberdade, por isso é importante se atentar aos sinais. Confira os sintomas mais comuns:

  • dor e a sensibilidade ao toque nas áreas afetadas
  • facilidade em desenvolver hematomas, 
  • uma sensação de peso e desconforto nas extremidades
  • dificuldade em perder peso na áreas afetadas
  • alteração na textura da pele
  • complicações associadas, como redução da mobilidade dificuldade em realizar atividades diárias

Progressão da doença

Segundo o Instituto Lipedema Brasil, o diagnóstico precoce colabora para evitar a progressão da doença ao longo dos anos — que é dividida em quatro estágios.

Estágio I – Pele com aparência normal e subcutâneo em forma de nódulos palpáveis. Drenagens e alimentação regrada podem aliviar alguns dos sintomas.

Estágio II – Apresenta pele irregular e endurecida, com acúmulo de gordura em forma de nódulos, e pode apresentar dores. E hematomas são frequentes.

Estágio III – Grande acúmulo de gordura, com deformidades da pele. Estágio em que dores e hematomas são frequentes.

Estágio IV – Pele com grandes deformidades e gordura associada à lesão do sistema linfático, causando edema nos pés. As dores são fortes na maioria dos casos e há dificuldade de deambular. Hematomas frequentes. 
 

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Ginecologista informa que a forma mais eficaz de prevenção contra o HPV é a vacina, capaz de evitar entre 70% e 90% dos cânceres de colo de útero

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A  taxa de infecção pelo HPV na região genital atinge 54,4% das mulheres sexualmente ativas e 41,6% dos homens no Brasil. Os números referem-se à modalidade de alto risco da doença. As informações são da pesquisa nacional sobre a doença, encomendada pelo Ministério da Saúde e conduzida através do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS).

A ginecologista Denise Yanasse explica que o HPV é a infecção sexualmente transmissível mais comum no mundo. “O HPV é um vírus sexualmente transmissível. Ou seja, você pega ele através da relação sexual, e é o grande causador do câncer de colo de útero em mulheres. Ele também tem associação com outros tumores em homens e mulheres, bem como as verrugas genitais.”

Segundo a ginecologista, a forma mais eficaz de prevenção contra o HPV é a vacina, que também é capaz de evitar entre 70% e 90% dos cânceres de colo de útero. Dados do Ministério da Saúde mostram que em 2023, foram aplicadas mais de 6,1 milhões de doses da vacina contra o HPV.  Esse número marca o maior índice desde 2018, que registrou 5,1 milhões de doses. Em 2022, pouco mais de 4 milhões de doses foram aplicadas.

Para aumentar a adesão à vacinação e eliminar o câncer de colo de útero como problema de saúde pública, o Ministério da Saúde adotou uma nova estratégia de vacinação contra o HPV. A partir de agora, o esquema de vacinação contra o HPV será em dose única, substituindo o antigo modelo de duas aplicações. Segundo a pasta, com essa mudança a capacidade de imunização dos estoques disponíveis no país praticamente dobra. 

O público-alvo da vacina contra o HPV é formado por:

  • Meninas e meninos de 9 a 14 anos;
  • Pessoas de 15 a 45 anos de idade imunocompetentes, vítimas de violência sexual e outras condições específicas.

O Ministério da Saúde recomenda que os estados e municípios realizem busca ativa para garantir que jovens brasileiros de até 19 anos tenham acesso à vacina contra o HPV. Nessas situações, todas as pessoas dentro dessa faixa etária que não tenham recebido uma ou duas doses do imunizante no período recomendado podem receber o esquema em dose única.

Sintomas

As primeiras manifestações da infecção pelo HPV geralmente aparecem entre aproximadamente 2 a 8 meses após a exposição ao vírus, embora possa levar até 20 anos para que algum sinal da infecção se manifeste. Essas manifestações tendem a ser mais comuns em gestantes e em pessoas com sistema imunológico comprometido. O diagnóstico do HPV é atualmente feito por meio de exames clínicos e laboratoriais, dependendo do tipo de lesão, seja clínica ou subclínica.

A social mídia Gabriela Vilhena, 29 anos, moradora de São Paulo, relembra que foi diagnosticada com HPV em 2017, após o aparecimento de lesões.

“Quando as primeiras lesões apareceram eu não sabia muito sobre a doença. Então quando eu pesquisava sobre, aparecia câncer de colo de útero; e  para mim já era uma coisa muito definitiva, como uma sentença. Porque a gente não ouve falar o suficiente sobre HPV, sobre os cuidados que a gente precisa tomar, tudo isso eu fui aprender basicamente quando eu fui na ginecologista”, explica.

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23/01/2024 04:35h

Endocrinologista alerta para como essas alterações podem levar a quadros de depressão e ansiedade

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Segundo a pesquisa Panorama da Saúde Mental, divulgada em janeiro de 2024, metade das pessoas que responderam o questionário de saúde mental afirmaram que estão se sentindo para baixo ou “deprimido”. Além disso, 54% apontaram que sentem pouco interesse ou prazer em fazer as coisas. No mês de conscientização da saúde mental e emocional, conhecido como Janeiro branco, o endocrinologista Flávio Cadegiani alerta sobre a importância de fortalecer o cuidado com a população brasileira.

O especialista informa que diversos fatores podem contribuir para o desenvolvimento de doenças mentais, entre eles, as alterações hormonais. De acordo com ele, os hormônios atuam diretamente no cérebro, modificando a conexão entre os neurônios e a produção de serotonina, dopamina e de noradrenalina, neurotransmissores que são comunicadores entre os neurônios do cérebro.

Flávio aponta que a baixa testosterona, principal hormônio sexual masculino, pode desencadear depressão. Já o principal hormônio sexual feminino, o estradiol, pode levar mulheres a sofrerem com sintomas depressivos, fadiga e ansiedade.

“As principais práticas que aumentam a desregulação hormonal, são as práticas que desregulam o metabolismo, que levam a disfunções metabólicas como diabetes tipo 2, obesidade,  problemas de colesterol”, informa.

O endocrinologista destaca a importância de evitar a automedicação na reposição hormonal. O uso inadequado de hormônios pode desencadear alterações que resultarão em diversos problemas de saúde.

Vera Lúcia, de 60 anos, relembra que começou a fazer reposição hormonal por volta de 52 anos, quando entrou na menopausa, após retirar o útero devido a presença de um mioma uterino.

“Começou libido zero, eu estava em uma relação e não conseguia que meu marido chegasse perto de mim. Vinha um calor subindo no pé da barriga até a cabeça, eu começava a suar e não tinha nada que fizesse isso parar. Minha relação acabou por causa disso [menopausa]”, recorda.

Na época, Vera explica que morava na Itália, e procurou por tratamentos de remédios naturais no país, já que os médicos não eram favoráveis à reposição hormonal. Quando ela voltou para  Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, realizou exames que mostraram que estava apta para realizar a reposição hormonal.

“No outro dia, quando comecei a fazer reposição de estradiol, eu já estava me sentindo bem. Eu tenho uma vida normal, agora tudo voltou ao normal, meu cabelo parou de cair, eu me sinto super bem”, afirma.

Vera destaca que, apesar de não ter desenvolvido uma doença mental, passar por isso pode prejudicar significativamente a saúde emocional de outras mulheres. 

Prevenção de alterações hormonais

O endocrinologista informa que a mudança de estilo de vida é um dos principais fatores de melhoria no balanço hormonal, como a prática da musculação, que aumenta os níveis de testosterona. 

“Um bom consumo alimentar também regula os níveis de insulina. Quando ela deixa de ficar uma montanha russa, por grandes incursões de açúcar, o corpo responde a movimentos de insulina — e você acaba também regulando todos os demais hormônios”, completa.

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05/09/2023 16:44h

Municípios vão começar a receber o contraceptivo injetável a partir deste mês

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A partir desse mês, municípios goianos vão oferecer contraceptivo injetável para mulheres. Conhecido no mercado como Cyclofemina, o medicamento foi incluído na lista de medicamentos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 2022.

Segundo a gerente de assistência farmacêutica da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás, Viviane de Cassia Troncha Martins, após o recebimento dos lotes pelo Ministério da Saúde, a distribuição do medicamento vai ser realizada pela SES-GO através das 18 regionais de saúde do estado.

“Essas regionais encaminham para os seus municípios jurisdicionais. E depois os municípios encaminham para suas unidades onde realizam o atendimento a essas mulheres do Programa da Saúde da Mulher”, diz.

A gerente ainda explica como as mulheres devem ser contempladas com o medicamento. “A mulher em idade fértil deve procurar uma unidade de saúde mais próxima da sua residência ou onde ela for referenciada. Tem alguns municípios que realizam o agendamento de consulta, nesse sentido ela vai até uma unidade ou fluxo estabelecido pelo município para ter acesso a uma avaliação, se ela pode ser inserida ou não na prescrição”, explica.

Para a médica ginecologista e obstetra Marcelle Domingues Thimot, a diversificação de opções podem ajudar a aumentar o uso de anticoncepcionais.

“Aumentar as opções dos métodos disponíveis automaticamente aumenta a adesão das mulheres da família à contracepção, prevenindo casos de gestações indesejáveis e promovendo, ainda, o planejamento familiar. É importante também lembrar que os métodos contraceptivos não têm apenas a função de evitar gestações, diversas doenças ginecológicas, seus sintomas, controle de sangramentos uterinos aumentados, controles de cólicas podem ser tratados e controlados por meio de métodos contraceptivos”, explica.

A médica ginecologista e obstetra destaca os benefícios do uso do anticoncepcional injetável.

“Os contraceptivos injetáveis são injeções aplicadas mensalmente ou a cada 3 meses. Eles agem como depósito de hormônio, então já ingere uma quantidade de hormônio que vai sendo liberado aos poucos na corrente sanguínea. Sem falar dos outros efeitos, como redução de eficácia pelo uso de outras medicações ou redução de eficácia por situações como diarreia e vômitos, não ocorrem quando em uso do método contraceptivo injetável. Então, é um método também muito bom, por exemplo, para mulheres que estão amamentando, meninas adolescentes, porque tem um fator de esquecimento e com o anticoncepcional injetável não teria essa questão”, afirma.

Segundo levantamento do Instituto Ipsos com a multinacional farmacêutica Organon, mostra que o método contraceptivo mais utilizado pelas brasileiras é a pílula oral (58%), seguido do preservativo (43%).  Na sequência, vem o DIU de cobre (8%) e a injeção mensal (6%). A contracepção natural —  tabelinha, coito interrompido e temperatura corporal  —  é o recurso de 6% das mulheres entrevistadas e a laqueadura, de 4%.
 

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04/09/2023 20:00h

Caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura no corpo, especialmente nas pernas, condição pode ser confundida com a obesidade

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Você já ouviu falar de Lipedema? O problema de saúde  atinge cerca de 12% das mulheres brasileiras. Ele é caracterizado pelo acúmulo anormal de gordura no corpo, especialmente nas pernas. A condição costuma surgir na puberdade, ainda não tem suas causas conhecidas pelos especialistas e chega a ser confundida com a obesidade. Entre os sintomas estão dor, inchaço e o surgimento de hematomas na região, além da redução da mobilidade quando está em um grau mais avançado.

A gordura do lipedema é diferente da obesidade, pois tende a formar nodulações no subcutâneo com fibrose em volta da gordura, além de ter componentes inflamatório e vascular importantes —  o que explica por que a gordura do lipedema dói e os vasos sanguíneos nas pernas rompem facilmente, causando hematomas.

Uma das características da condição é a dificuldade de perder essa gordura acumulada nas regiões afetadas, como explica a diretora do Departamento de Dislipidemia e Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a endocrinologista Cynthia Valério. “É um tecido adiposo que normalmente tem uma característica diferente da gordura dos outros locais, porque ele é infiltrado por uma matriz extracelular e tem mais tecido conjuntivo, e com isso, os adipócitos, as células de gordura, ficam presas lá e com uma maior dificuldade de resposta aos tratamentos clínicos de perda de peso”, elucidou.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico é clínico, e nem sempre é fácil. A advogada Laura Braga tem 49 anos e, desde a primeira menstruação, aos 12 anos, observou que suas pernas engrossaram de forma desproporcional. Com o passar do tempo, sintomas como dor, sensibilidade e hematomas a fizeram a buscar ajuda médica  — e só aos 48 anos recebeu o diagnóstico da condição. 

“É bem complicado você arrastar essa situação, você posteriorizar essa situação, pois ela pode trazer muitos malefícios, como a questão da mobilidade, a questão estética, porque você sempre está incomodado com aquilo, com aquelas pernas inchadas, com aquelas pernas desproporcionais, grossas demais, sempre doloridas”, conta.

No início deste ano Laura começou a tratar o problema e tem sentido melhoras. Embora a condição não tenha cura, encontrar o tratamento recomendado com a ajuda de um especialista pode colaborar muito para que o paciente tenha mais qualidade de vida, com o alívio dos sintomas. Esse tratamento é multifatorial, como explica o doutor em endocrinologia clínica, Flavio Cadegiani. 

“A dieta e atividade física são partes primordiais, mas são insuficientes, mas precisam fazer parte, sem os dois não tem como. Aí, drenagens, massagens constantes, porque precisa regular, porque é com o tempo que vai se desfazendo um pouco do lipedema secundário. Dieta anti-inflamatória, então uma dieta mais específica com alimentos anti-inflamatórios. Às vezes o uso de anti-inflamatórios naturais em doses mais elevadas e até vasodilatadores”, 

Para um tratamento completo, é recomendado o acompanhamento do paciente por clínico, cirurgião vascular, nutricionista, educador físico e fisioterapeuta.

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Saúde
12/08/2023 11:30h

Até agora, 90 municípios enviaram relatórios. E 50 já estão aptos receberem o reconhecimento

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Até o próximo dia 30 de agosto, estados brasileiros podem enviar relatórios para se candidatarem a receberem os certificados e selos de boas-práticas por atingirem a meta de eliminação da transmissão vertical de HIV e sífilis como problema de saúde pública. 

Os relatórios serão analisados pelo Ministério da Saúde, que criou um grupo de trabalho para acabar com a transmissão vertical tanto do HIV quanto da sífilis, hepatite B e doença de Chagas. Este grupo de trabalho inclui cinco órgãos e tem o objetivo de integrar e fortalecer as linhas de ação em todo o país. 

“A proposta principal é tentar reorganizar os serviços de saúde, ver onde estão as nossas lacunas. Uma vez que nós temos diagnóstico e tratamento para essas infecções para que possa ser evitada a transmissão vertical, porque elas ainda estão ocorrendo no país?” Questiona a diretora de Programa da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Angélica Espinosa Miranda. 

Segundo a gestora, esse processo ajuda a organizar a linha de cuidado das gestantes atendidas pela rede pública em todo o país, uma vez que — essa avaliação — pode mudar o processo e melhorar a qualidade de atenção que o SUS oferta.

Essa ação está entre as prioridades que o Ministério da Saúde assumiu, junto à Organização Mundial da Saúde (OMS), de eliminar doenças e agravos como problemas de saúde pública no Brasil até 2030, visando o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável — propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Como conseguir o selo

Os relatórios municipais precisam conter todas as medidas preventivas tomadas para a eliminação da transmissão vertical do HIV e sífilis, além de comprovar a implementação de comitê de investigação ou grupo técnico para prevenção da transmissão vertical de HIV e/ou sífilis para prevenção de mortalidade materna, infantil e fetal. 

Transmissão vertical

A transmissão vertical ocorre quando a doença passa da mãe para o feto no útero ou durante o parto. Mães que vivem com o HIV têm 99% de chance de terem filhos sem o vírus se seguirem as orientações e tratamentos recomendados durante o pré-natal, parto e pós-parto. 

O SUS fornece insumos para prevenção como preservativos, testes rápidos e exames de diagnóstico, bem como tratamentos capazes de prevenir a transmissão vertical  Quanto mais cedo o pré-natal começar, maior é a probabilidade de sucesso para evitar a infecção do bebê. 
Outras ações fundamentais para a prevenção e eliminação da transmisssão vertical de HIV, sífilis, hepatite B e doença de Chagas são:

  • Realizar o pré-natal desde o início da gestação, ou assim que descobrir a gravidez;
  • Realizar testagem, especialmente por meio dos testes rápidos, para o diagnóstico precoce;
  • Nos casos de infecção, realizar o tratamento adequado com profissional de saúde. E ter adesão às consultas do pré-natal para acompanhamento adequado e realização dos exames solicitados.

Segundo o infectologista do Sabin Diagnóstico e Saúde, Claudilson Bastos, é possível chegar a índices próximos a zero da transmissão vertical de HIV.

“As mães que têm a questão do HIV já tomam medicação, então esse controle é maior. Porque o pré-natal é periódico, a atenção nos postos de saúde é maior, e a própria gestante, muitas vezes, ela procura mais a assistência médica e a gente consegue controlar melhor.”

Cenário da Aids 

Dados do Ministério da Saúde estimam que cerca de 108 mil pessoas vivem com o vírus HIV em seu corpo e ainda não sabem, sendo a maioria jovens entre 15 e 24 anos. Entre 1980 e junho de 2022, foram identificados 1.088.536 casos de Aids no Brasil, segundo a Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde. 

De acordo com o boletim epidemiológico de HIV/Aids de dezembro de 2022, divulgado pelo Ministério da Saúde, em 2018 foram notificados 46.342 casos da doença no país. Quatro anos mais tarde, em 2022, essas notificações caíram para 16.704.

Cerca de 108 mil pessoas vivem com HIV, sem diagnóstico, no Brasil

Diagnóstico tardio e abandono de tratamento são principais causas de morte por HIV, alerta especialista

Sífilis e Hepatite B

O controle da transmissão vertical do HIV é algo que vem sendo trabalhado e está sob controle no país, graças ao protocolo de atendimento em nível de atenção especializada.
Já o controle da transmissão vertical da hepatite B ainda é mais difícil, segundo o Ministério da Saúde, pois faltam dados. “A gente acredita estar próximo da eliminação da transmissão vertical desse vírus, mas precisamos gerar informações que comprovem essa situação” , avalia a diretora de Programa da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Angélica Espinosa Miranda. 

Em relação à sífilis congênita, os dados — que são publicados anualmente — têm mostrado uma taxa ascendente da doença no país. “O que prova que é necessário fazer uma organização melhor da linha de cuidados, sobretudo na linha da atenção primária, onde os casos são identificados e acompanhados.” Explica a diretora.
 

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Saúde
11/08/2023 16:35h

Para especialistas, tratamento adequado é a principal forma de reduzir os sintomas e evitar problemas futuros

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Mesmo fazendo parte da vida de milhares de brasileiras, a menopausa ainda é um assunto pouco discutido. No Brasil, apenas 50% das mulheres na menopausa fazem o uso de algum tratamento, — aponta estudo conduzido por pesquisadores brasileiros. Segundo o doutor em endocrinologia clínica Flavio Cadegiani, as mulheres precisam ter consciência de que a falta de cuidados ou até conhecimento sobre o assunto afeta de maneira significativa a saúde mental e física com sintomas que podem incomodar bastante neste período. “Podem ocorrer ganho de peso, por haver uma queda abrupta no metabolismo; depressão; distúrbios do sono; asma pós-menopausa; secura vaginal, com dores no ato sexual; e até mesmo osteoporose”, pontua.

O médico lamenta que a maioria das brasileiras não faz o tratamento hormonal adequado e esclarece que as consequências podem ser graves como a osteoporose pós-menopausa, que costuma ser recorrente. “A descontinuação do contato do hormônio feminino provoca uma queda importante da massa óssea então você tem uma desmineralização, uma perda de minerais do osso levando a osteoporose”, alerta.

Na opinião do especialista, a menopausa deve ser encarada como um momento natural na vida de uma mulher. “A menopausa é o evento que marca o fim da vida reprodutiva no sexo feminino, podendo ser definida como a ‘última menstruação’. Neste período de transição, em que a mulher passa da fase reprodutiva para a fase de pós-menopausa, chamado de climatério, é bastante comum o surgimento de uma série de sintomas desagradáveis.” Mas, apesar de ser uma fase difícil, Cadegiani revela que é possível amenizar os sintomas do climatério e passar por este período com boa qualidade de vida.

Para ele, a principal forma de reduzir os sintomas do climatério é o tratamento hormonal adequado. “Até o início dos anos 2000, entendia-se que todas as mulheres tinham que repor hormônio na menopausa. Só que saíram dois estudos nessa época apontando aumento de risco de uma série de coisas e a reposição na menopausa caiu mais de 95% com isso. Agora, temos novos estudos que mostram a importância do tratamento em certos casos. Por isso, avaliamos caso a caso, entendendo que depende da mulher, da idade e se ela tem sintomas”, destaca.

O presidente da Associação Brasileira de Climatério, Rogério Bonassi Machado, diz que o tratamento mais fisiológico da menopausa é a terapia de reposição hormonal por meio de uso dos estrogênios. “A mulher quando ela perde esses hormônios nós repomos. É bem simples esse conceito. Pode fazer reposição também da própria progesterona, mas o ator principal é o estrogênio”. O médico explica que a terapia de reposição hormonal é recomendada para as mulheres que têm sintomas e existem objetivos claros para o uso da terapia: “Melhora dos sintomas, previne atrofia da vagina e prevenção da osteoporose”, revela.

Segundo Bonassi, os sintomas iniciais são as irregularidades da menstruação e isso se alonga até o momento em que a mulher para de menstruar. “Quando isso ocorre, a mulher tem os famosos fogachos, onda de calor que ocorre no período noturno, é uma onda súbita que ocorre na região do tórax, vai para a cabeça, podem aparecer placas avermelhadas e depois esse calor se dissipa e termina com uma onda de frio”, detalha.

Garben Hellen Ferreira da Silva, de 60 anos, é aposentada e conta que começou a fazer a reposição hormonal há cinco anos, após se sentir mal com as ondas de calor típicas da menopausa. “Eu comecei com os fogachos, minha pressão arterial subiu, comecei a ficar triste, a minha libido diminuiu bastante e quando eu fui na minha endocrinologista e fiz os meus exames hormonais, eles estavam baixos, minha progesterona, minha testosterona, meu estradiol”, cita.

Depois de iniciar o tratamento, ela conta que sua vida melhorou bastante. “Hoje eu não tenho mais aqueles fogachos, não tenho mais aquela depressão e, obviamente, tudo associado a uma academia, tomar vitamina D, tomar sol, é todo um conjunto porque, a partir desse momento, você pode ter uma série de outros problemas e a gente tem que prevenir com a reposição hormonal. Pra quem é indicado a reposição hormonal,eu indico que faça. Muitos dos sintomas acontecem pela falta do hormônio”, ressalta.

Menopausa precoce

O conhecimento dos sinais e sintomas permite cuidados individualizados e ainda melhora a qualidade de vida e o bem-estar das mulheres. A faixa etária média para a mulher entrar na menopausa é entre 48 e 52 anos. Quando esse processo ocorre antes dos 40 anos, o  doutor em endocrinologia clínica, Flavio Cadegiani, diz que é classificado como precoce. “A menopausa precoce é considerada quando é abaixo de 40 anos, mas abaixo de 45 a gente já considera que podem existir diversos problemas”. 

De acordo com o especialista, mulheres que entram na menopausa antes dos 45 anos e que não repõem os hormônios podem ter complicações. “Aumentam muito os riscos de doenças cardiovasculares, diabetes, doenças metabólicas em geral e, possivelmente, fora a parte da psiquiatria como doenças mentais, o alzheimer e a demência. Hoje, repor para mulheres com menos de 45 anos é mandatório — não repor é considerado uma negligência médica. E tem sido cada vez maior a incidência de mulheres com menopausa precoce”, relata.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Climatério, Rogério Bonassi Machado, cada caso precisa ser avaliado individualmente. “Tem mulheres que não vão ter sintomas e existem aquelas que não podem fazer a terapia hormonal”. Ele explica que existem contra indicações: “A mulher que já teve câncer de mama é contra indicado para a terapia de reposição hormonal,bem como as que mulheres que têm doenças cardiovasculares, doenças do fígado e cirrose hepática, por exemplo”, alerta.

O médico Cadegiani ainda acrescenta “É importante falar que os ovários não morrem por inteiro. Então, mulheres que tiraram os ovários, por exemplo, têm mais sintomas de menopausa e têm maior risco de problemas associados ao pós-menopausa do que mulheres que entram na menopausa, mas não retiraram os ovários”, completa.

Garben Hellen reforça que é preciso valorizar a vida das mulheres adultas e combater o preconceito de idade. ” É preciso se cuidar, se gostar e viver essa nova fase que não te impede de nada. Eu continuo com a mesma vaidade de sempre e a mesma disposição”, revela.

Os especialistas lembram que a terapia de reposição hormonal deve ser prescrita por um médico após avaliação individual. Já os benefícios e riscos dessa terapia podem variar dependendo da saúde, histórico clínico e preferências da paciente. 

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