A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que pretende alterar a jornada semanal de trabalho, reduzindo de seis para quatro dias úteis, reacendeu o debate sobre produtividade, bem-estar e impactos econômicos no Brasil. A medida, defendida pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP) por meio do movimento Vida Além do Trabalho (VAT), busca ampliar o tempo livre e de descanso, mas provoca divergências sobre a viabilidade no atual cenário do mercado de trabalho.
Para a empresária Geovana Cavalcante Bandeira, que comanda a Geo Sousa Moda em Maceió (AL), o projeto deve ser analisado com cautela. “Embora a ideia tenha como foco o bem-estar do trabalhador, precisamos analisar com profundidade os impactos econômicos e operacionais que isso pode gerar, principalmente em setores como o da moda, que envolvem uma cadeia longa de produção e muitas vezes prazos apertados”, alerta.
O economista e pesquisador da Unicamp, Sillas Souza, avalia que o trabalho, independentemente da profissão, representa algum tipo de sacrifício. “Mesmo que gostemos de nossas profissões e que nos sintamos felizes em nossos trabalhos, o ócio, sobretudo remunerado, é preferível. Portanto, sem exceção, o trabalho representará algum tipo de sacrifício, tanto a brasileiros quanto a quaisquer outras nacionalidades.”
Geovana destaca que, no segmento da moda, uma mudança brusca na jornada pode trazer custos adicionais e reduzir a competitividade. “Na minha marca, que trabalha com produção própria, coleções exclusivas e foco na sustentabilidade, uma redução da jornada de trabalho poderia afetar diretamente os prazos de produção, encarecer os custos e exigir reestruturações nos processos internos”, ressalta.
Já Sillas chama atenção para o fato de que a produtividade média brasileira é baixa e que experiências positivas em outros países dificilmente teriam o mesmo efeito por aqui. “Nosso mercado de trabalho é marcado por uma informalidade que chega a quase 40%, ou seja, para essas pessoas a mudança não significará nenhuma vantagem. E, a depender de como os custos trabalhistas adicionais serão repassados, é bastante razoável supor que essa informalidade cresça.”
A empresária também teme que a medida, sem contrapartidas, acentue problemas já existentes. “No setor de moda, que já lida com muitos desafios, como alta carga tributária, concorrência internacional e informalidade, a mudança brusca na jornada de trabalho, sem contrapartidas como incentivos fiscais ou linhas de crédito para readequação de empresas, pode pressionar ainda mais os pequenos e médios negócios e até levar à informalização ou demissões em algumas confecções”, afirma.
A Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) reforça essa preocupação. Para a entidade, mudanças estruturais como a proposta exigem amplo diálogo com o setor produtivo para evitar impactos negativos na geração de empregos. A CACB defende que eventuais alterações na jornada venham acompanhadas de medidas de compensação e políticas que aumentem a competitividade, garantindo equilíbrio entre a valorização do trabalhador e a sustentabilidade financeira das empresas.
Para o economista, setores como comércio e serviços seriam os mais afetados negativamente, já que dependem diretamente da presença dos trabalhadores para manter as vendas. “Nada sugere que as pessoas irão mudar a forma de fazer compras por conta da menor jornada dos funcionários. Isso obrigará o lojista a compensar a ausência de um vendedor com outro — e os custos, de uma forma ou outra, serão repassados aos preços, deixando todos, inclusive os funcionários, com menor carga de trabalho, mais pobres.”
Na visão de Geovana, o Brasil precisa investir mais em educação técnica, inovação e políticas para modernizar a indústria, em vez de focar apenas na carga horária. “Ficar discutindo apenas carga horária é limitar um debate que deveria ser mais estratégico. A produtividade não aumenta reduzindo horas sem investir em qualificação, processos eficientes e uso de tecnologia.”
Sillas acrescenta que ajustes mais simples, como a contratação por hora, poderiam trazer ganhos mais concretos. “Creio que se implementássemos no Brasil a contratação por hora de trabalho, ao invés de ‘por pacote mensal’ como é hoje, haveriam ganhos tanto para trabalhadores quanto para empresários. O mundo trabalha dessa forma e não me parece que estejam insatisfeitos.”
Enquanto o Congresso discute a PEC, empresários, especialistas e entidades como a CACB concordam em um ponto: a mudança na jornada de trabalho precisa considerar não apenas o tempo, mas as condições estruturais que garantam produtividade, competitividade e equilíbrio econômico.
Líderes entre 21 e 40 anos já são quase 28% dos sócios no setor e impulsionam inovação e crescimento
Jovens de 21 a 40 anos estão cada vez mais presentes no comando de indústrias brasileiras, redesenhando o perfil da liderança empresarial no país. Eles já representam 27,9% dos sócios no setor e foram responsáveis por 8,1% das contratações formais entre 2022 e 2023, quase o triplo das realizadas por empresas sem participação de jovens.
Os dados fazem parte do estudo Empreendedorismo Industrial – O perfil dos novos líderes, elaborado pelo Observatório Nacional da Indústria, em parceria com o Instituto Euvaldo Lodi (IEL). O levantamento mostra que essa nova geração chega com mentalidade mais digital, com foco em inovação e sustentabilidade, mesmo em empresas de cultura tradicional.
Segundo a gerente de carreiras e desenvolvimento empresarial do IEL, Michelle Queiroz, empresas com sócios jovens crescem mais e geram mais empregos por reunirem fatores como mentalidade mais arrojada, domínio de tecnologias emergentes, tolerância ao risco e capacidade de adaptação. “Os jovens líderes trazem energia, questionamento e propósito, enquanto os mais experientes oferecem visão estratégica e estabilidade. Quando bem conduzido, esse equilíbrio resulta em maior capacidade de geração de empregos, transformação cultural e impacto positivo no setor industrial”, destaca.
Um exemplo é Diana Castro, 39 anos, coordenadora nacional do Movimento Novos Líderes Industriais e sócia da Hebert Uniformes, empresa de sua família, com 63 anos de história na indústria de confecção da Bahia. Para ela, o preparo para assumir a liderança de uma empresa familiar exige maturidade, capacitação e visão estratégica. “Eu acredito que sucessão não é apenas sobre quem assume. É um compromisso que ele vai além da empresa. Quando a gente fala de empresa familiar, envolve todo um legado que foi construído, uma história de muitas pessoas, impacta a empresa, a comunidade, todo o setor. Essa transição de cargos é um compromisso que a gente tem com a história da empresa e com a história da nossa família”, afirma.
O estudo aponta que empresas industriais com mais de uma geração no quadro societário crescem três vezes mais. Nos próximos anos, mais de 100 mil indústrias brasileiras deverão passar por processos de transição de liderança. Para Diana, o segredo de uma sucessão bem-sucedida está na governança. “Não basta escolher alguém por um simples grau de parentesco. É preciso preparar essa pessoa, dar uma autonomia para essa nova geração. Então, quando existe governança, essas diferenças entre as gerações e essa missão da nova geração que está assumindo passa a ser realmente um diferencial estratégico para a empresa”, avalia.
Hoje, quatro gerações convivem nas empresas: Baby Boomers (1945-1964), Geração X (1965-1984), Millenials ou Geração Y (1985-1999) e Geração Z (a partir de 2000). Há 108 mil indústrias no Brasil com pelo menos um sócio de 61 anos ou mais, sinalizando uma transição gradual em que líderes experientes cedem espaço para novos perfis.
Ainda assim, a renovação no setor industrial é mais lenta que em outros segmentos, devido ao perfil técnico e à curva de aprendizado mais longa. Baby Boomers ainda ocupam 21,7% dos cargos de liderança na indústria, acima da média nacional.
“Ao apoiar lideranças jovens e sucedidas em todo o Brasil, o IEL contribui para que a transição deixe de ser uma ruptura e se torne uma alavanca de crescimento e longevidade empresarial no setor industrial”, reforça a gerente de carreiras do IEL.
A trajetória de Diana também foi moldada por sua participação em iniciativas do IEL. Sua empresa integrou a primeira turma do programa Inova Talentos, no qual ela atuou como mentora, e hoje ela lidera nacionalmente o Movimento Novos Líderes Industriais, que fomenta a troca de experiências entre jovens empresários.
“O IEL foi um catalisador muito importante na minha trajetória. Eu trabalho na indústria há 15 anos e a gente tem uma tendência inicial a ficar muito na operação. Então, ele me fez olhar para a empresa e para a indústria como um todo de uma forma mais estratégica. Na verdade, não só o IEL, como todo o sistema de indústria, eles ajudaram nesse olhar do ecossistema da indústria de forma mais ampliada”, destaca.
O IEL oferece programas para formar líderes desde o ensino médio, como o Projeto de Vida e Carreira, o IEL Carreiras, que desenvolve estagiários com perfil de liderança, e até capacitações executivas, como o Programa IEL Educação Executiva Global. A agenda inclui ainda fóruns, mentorias e projetos, como o Jornada de Sucessão Empresarial, que auxilia herdeiros e empresários no processo de transição.
Se não houver mudanças, proposta valerá retroativamente a partir do mês de maio deste ano
Trabalhadores com rendimentos mensais de até R$ 3.036, o equivalente a dois salários mínimos, não vão mais pagar Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), após os senadores aprovarem o projeto de lei 2.692/2025. A proposta, que amplia a faixa de isenção, agora depende de sanção presidencial para entrar em vigor. Se não houver mudanças, a isenção valerá retroativamente a partir do mês de maio deste ano.
Apresentada pelo deputado José Guimarães (PT-CE), a proposta repetiu o teor da medida provisória 1.294/2025, que perderia o prazo de validade. O relator no Senado foi Jaques Wagner (PT-BA), que construiu um acordo para a aprovação do texto sem alterações.
Vale lembrar que este projeto não é o que estabelece isenção para renda de até R$ 5 mil prometida pelo atual governo, que ainda tramita na Câmara dos Deputados e só depois chegará para análise dos senadores.
Termina no dia 8 de agosto o prazo para que empresas entreguem ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) as declarações da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). Empregadores que não declararem estarão sujeitos ao pagamento de multas. Entre os dados que a RAIS permite que sejam conhecidos, está a remuneração média do brasileiro, que em 2023 foi de R$ 3.679,97 e em 2024, de acordo com dados preliminares, R$ 3.706,90. A informação faz parte da publicação Relação Anual de Informações Sociais ano-base 2024 (parcial), do Ministério do Trabalho e Emprego.
Embora o Ministério já disponibilize os dados preliminares da RAIS 2024, a declaração que está sendo enviada ao órgão é referente aos anos-base de 1976 a 2022, para contemplar empregadores que ainda não tenham mandado as declarações de anos anteriores.
De acordo com o MTE, as informações de anos anteriores são fundamentais para que o governo identifique os trabalhadores com direito ao Abono Salarial PIS/PASEP.
Segundo o advogado Paulo Roberto Fogarolli Filho, Especialista em Direito Trabalhista, as informações fornecidas pela RAIS servem para a auxiliar na concessão de benefícios sociais, como abono salarial, seguro desemprego e para fins previdenciários em eventual demanda judicial. O jurista também destaca a importância da declaração correta e fornecida dentro do prazo, para que o documento auxilie o governo na formulação de políticas públicas.
“A RAIS conterá elementos destinados a suprir as necessidades de controle, de estatísticas e de informações das entidades governamentais da área social e subsidiar o pagamento do abono salarial. Então, os dados coletados pela RAIS, eles são extremamente importantes, justamente para a possibilidade de formulações de políticas públicas. Permitem que o governo mapeie o mercado de trabalho, identifique as áreas com mais ou menos oferta de emprego, salários médios, tipos de contratos, dentre outros benefícios possíveis, mediante a formulação de políticas públicas”, destacou.
A falta de envio dos dados da RAIS por parte dos empregadores pode impedir o recebimento de benefícios. A RAIS também é uma importante ferramenta para o controle da atividade trabalhista no país, subsidiando a elaboração de estatísticas e o acompanhamento do mercado de trabalho.
Além de ser uma obrigação trabalhista, a RAIS oferece ao MTE as informações necessárias para a fiscalização do trabalho. O estudo consolidou-se como uma importante fonte de informação estatística para os formuladores de políticas públicas, representações de trabalhadores e empregadores e todos os interessados em compreender a realidade do mercado de trabalho brasileiro.
O Instituto Euvaldo Lodi (IEL) está com 167 vagas abertas em todo o país para o programa Inova Talentos, iniciativa que conecta profissionais qualificados a empresas interessadas em desenvolver projetos de inovação e tecnologia. As bolsas podem chegar a R$ 12 mil mensais, dependendo do nível de formação e da complexidade do projeto.
A superintendente nacional do IEL, Sarah Saldanha, destaca a importância estratégica do programa Inova Talentos para aproximar a academia do setor produtivo. “O programa Inova Talentos é um dos principais mecanismos disponíveis à inovação no país. É utilizado por grandes empresas brasileiras que lideram o processo de inovação no Brasil. Os bolsistas trazem conhecimentos atuais, aplicam metodologias inovadoras, têm um olhar sobre o avanço tecnológico e podem contribuir para a competitividade da empresa”, ressalta.
As oportunidades são voltadas para técnicos, graduados, mestres e doutores das áreas de engenharia, administração, biotecnologia, ciência de dados, sistemas de informação, entre outras. O objetivo do programa é fomentar o ecossistema de inovação brasileira, ao mesmo tempo em que contribui para a formação prática de profissionais altamente qualificados. A seleção dos bolsistas é feita de acordo com os requisitos de cada projeto e o perfil técnico do candidato.
Ryan de Souza ingressou no programa Inova Talentos como estagiário do bacharelado em agronomia, há aproximadamente seis meses, e atua na Suprema Máquinas Concessionária Case IH, em Alta Floresta (MT). Ele é assistente e realiza todo o acompanhamento e monitoramento da frota de máquinas da concessionária.
O bolsista mostra como o programa impacta a sua trajetória profissional. “O Programa Inova Talentos é um projeto de grande importância, que tem sido fundamental. Tem dado todo o suporte e apoio necessário, oportunidade de estar ingressando em uma grande empresa e com uma grande responsabilidade de buscar novos talentos para o mercado de trabalho”, afirma.
Ele orienta aos novos participantes a aproveitarem a oportunidade que o programa oferece. “Criem um network e dediquem-se ao máximo. Isso pode ser o que vai transformar a sua vida no mercado de trabalho e na sua jornada futura”, aconselha.
Entre as empresas que oferecem oportunidades para bolsistas atuarem em projetos de inovação e tecnologia no programa, destacam-se a seguintes:
● General Motors do Brasil
Modalidade: Remoto
Perfil: Bacharel em Ciência da Computação, Engenharia de Software ou áreas correlatas
Projeto: Manufatura inteligente com foco em ingestão, transformação e integração de dados de chão de fábrica
Bolsas: De R$ 7 mil a R$ 12 mil, conforme a especialidade
Carga horária: 40h semanais
Duração: 12 meses
● Globe Química LTDA
Modalidade: Presencial
Perfil: Técnico em Química, graduado em Química ou Farmácia, mestre em Química Orgânica
Projeto: Otimização de produtos farmacêuticos, atualização regulatória, aumento de rendimento, redução de custos e expansão de mercado
Bolsas: De R$ 2 mil a R$ 4.200
Carga horária: 40h semanais
Duração: 12 meses
● Companhia Brasileira de Alumínio
Modalidade: Híbrido
Perfil: Doutores ou Doutores Tecnológicos em Ciência da Computação, Engenharias, Sistemas de Informação, TI ou áreas afins
Projeto: Revisão e implementação da arquitetura de dados 2.0
Bolsa: R$ 11 mil
Carga horária: 40h semanais
Duração: 12 meses
● Whirlpool S.A.
Modalidade: Híbrido
Perfil: Graduados em Engenharia
Projeto: Otimização dos processos logísticos externos, com foco na redução do lead time
Bolsa: R$ 3.500
Duração: 12 meses
O Inova Talentos é uma parceria entre o IEL, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), que já promoveu a inserção de milhares de profissionais em empresas de diversos setores. Os participantes atuam por tempo determinado em desafios reais do setor produtivo, com orientação de especialistas e supervisão técnico-científica.
As inscrições são gratuitas e podem ser feitas diretamente no site do programa. Para conferir as vagas disponíveis e se candidatar, acesse a página do Inova Talentos, no Portal da Indústria.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) está com 53.193 vagas abertas para jovens aprendizes, em todo o Brasil, no segundo semestre de 2025. As oportunidades, oferecidas de forma gratuita, abrangem diversas áreas industriais, como Logística, Análise de Dados, Construção Civil, Eletromecânica, Tecnologia da Informação, Têxtil e Vestuário. Os cursos têm foco na formação profissional aliada à experiência prática em empresas, permitindo que os jovens ingressem no mercado de trabalho com qualificação técnica.
“O SENAI sempre busca oferecer os seus cursos alinhados à demanda do setor produtivo e na aprendizagem não é diferente. As indústrias buscam o SENAI para a oferta de cursos customizados à necessidade da indústria”, explica Felipe Morgado, superintendente de Educação Profissional e Superior da instituição.
A iniciativa acontece em um momento histórico para a aprendizagem profissional no Brasil. Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego, entre janeiro e maio de 2025, foram contratados mais de 664 mil jovens aprendizes, o maior número registrado desde a última atualização na legislação em 2000. O SENAI contribuiu com esse avanço, com mais de 192 mil matrículas na aprendizagem industrial no período.
Para Morgado, o modelo da aprendizagem é “o estado da arte da educação profissional”, já que une formação técnica e vivência prática na indústria. “Além de estudar, ele [o aluno] está sendo remunerado para estudar e para trabalhar. Isso o ajuda a ter uma profissão, adquirir uma experiência e se destacar depois da conclusão do programa de aprendizagem”, afirma.
Desde o início da formação, os alunos têm acesso a metodologias modernas de ensino, com aulas realizadas em ambientes simulados e laboratórios de ponta, além de plantas didáticas que espelham os processos reais da indústria. O modelo alia teoria e prática e permite que o jovem se desenvolva com foco no trabalho e na carreira.
Segundo o especialista, cerca de 90% dos jovens que concluem o programa são contratados, o que evidencia o impacto positivo da iniciativa. “A aprendizagem profissional é um acesso rápido ao mercado de trabalho industrial e também um desenvolvimento da sua carreira e do seu projeto de vida, uma vez que ele se forma e ao mesmo tempo está se formando, ele está trabalhando”, pontua.
Jovem Aprendiz: destaques regionais
Alguns estados se destacam pelo número de vagas e pela diversidade de áreas de formação:
Outros estados também registram números expressivos de oportunidades: Santa Catarina (3.687 vagas), Minas Gerais (2.333), Rondônia (2.345) e Bahia (1.440).
Jovem Aprendiz: como participar
As vagas são direcionadas a jovens entre 14 e 24 anos, conforme previsto na Lei da Aprendizagem Profissional. Para participar, os interessados devem procurar o SENAI de seus respectivos estados, onde poderão obter informações sobre os cursos, os critérios de seleção e o início das turmas.
A iniciativa reforça o compromisso do SENAI com a formação de mão de obra qualificada, estimulando o ingresso dos jovens no mercado de trabalho formal e contribuindo para o desenvolvimento da indústria brasileira.
“O programa de aprendizagem pode ajudar tanto as empresas, na sua estratégia de desenvolvimento de capital humano, quanto também ajudar o jovem, na escolha da sua profissão. Então, é uma ótima oportunidade, uma alternativa de sucesso e de futuro”, destaca Morgado.
Para mais informações e inscrições, acesse o site ou entre em contato com o SENAI do seu estado.
O início da vida profissional costuma ser cercado de inseguranças e dúvidas, especialmente para quem busca o primeiro emprego. Mas existe um caminho que pode transformar esse desafio em oportunidade: o Programa Jovem Aprendiz, tema do episódio #59 do podcast Indústria de A a Z, da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
O episódio reuniu quatro convidados que vivem na prática tudo que o programa proporciona aos jovens e às empresas: o superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Felipe Morgado; o diretor de Políticas de Trabalho para a Juventude no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), João Vitor Mota; a ex-jovem aprendiz e hoje retificadora ferramenteira na Bosch, Thais Fischer; e o ex-aprendiz e atual coordenador da Escola de Aprendizes da Bosch em Curitiba, Fábio Silveira. Eles mostraram como o Jovem Aprendiz pode ser uma porta de entrada para o mundo do trabalho, além de ser também uma ponte para sonhos, oportunidades e conquistas.
O programa Jovem Aprendiz é uma política de Estado que busca integrar educação, capacitação técnica e inclusão social. No Brasil, mais de 400 mil jovens participam da iniciativa, sendo grande parte deles atendidos por instituições como o SENAI, referência na formação de mão de obra para a indústria.
A Aprendizagem Profissional é uma política prevista na legislação trabalhista que permite (em alguns casos, exige) que empresas contratem jovens de 14 a 24 anos. O objetivo é promover a formação profissional de forma integrada à prática no ambiente de trabalho. Nesse modelo, teoria e prática se complementam de maneira simultânea e contínua, garantindo aos jovens uma oportunidade estruturada de qualificação e crescimento. Para as empresas, o programa possibilita o desenvolvimento de trilhas de capacitação alinhadas às suas necessidades de médio e longo prazo.
Para o superintendente do SENAI, mais do que cumprir a cota exigida por lei, o programa Jovem Aprendiz pode ser uma ferramenta estratégica para atrair e desenvolver talentos. “As empresas que olharem a aprendizagem como um processo de formação dessa mão de obra, de uma maneira mais estratégica, elas vão ver que a produtividade delas vai crescer, e isso vai fazer com que todos ganhem. O jovem ganha uma oportunidade no mercado de trabalho, a empresa ganha produtividade e o Brasil ganha com desenvolvimento”, avalia Felipe Morgado.
O diretor de Políticas de Trabalho para a Juventude do MTE destaca a aprendizagem como uma política pública importante para oferecer formação técnica com qualidade. “Quando a gente pensa nas políticas públicas para a juventude, a aprendizagem é, na média, uma política pública muito conhecida. Então, é muito importante que a gente garanta esse conhecimento pleno e garanta também que as pessoas conheçam a boa aprendizagem, a aprendizagem que é feita com qualidade, que é feita com o pensamento de uma construção de um profissional de uma forma integral, que prepare ele para o mundo do trabalho da melhor forma possível”, pontua João Vitor Mota.
A Bosch conta com uma escola de aprendizes dentro da organização. Segundo Fábio Silveira, é um ambiente simulado, que conta hoje com mais de 100 aprendizes e a empresa dispõe de um espaço com máquinas, salas de aula e instrutores de aprendizagem, que são colaboradores da Bosch. Esses profissionais têm o trabalho exclusivo de proporcionar a continuidade do desenvolvimento dos jovens aprendizes, em parceria com o Senai.
Os ex-aprendizes que participaram do podcast abordaram a insegurança que costuma atingir os jovens no início da jornada profissional. Eles se lembraram como o medo de errar, a falta de experiência e a pressão para corresponder às expectativas podem gerar ansiedade e dúvidas sobre suas próprias capacidades.
“O que eu percebo é que o jovem se cobra demais. Então, ele muitas vezes coloca patamares de uma expectativa de atingimento de um resultado muito alto, que nós educadores, às vezes, não colocamos. A gente vê os erros como uma oportunidade de aprendizado maravilhosa. E na nossa escola, a gente valoriza também uma coisa muito importante, que é: cada jovem tem o seu tempo de aprendizagem”, ressaltou Fábio Silveira.
Para Thaís Fischer, o Jovem Aprendiz foi essencial para o seu crescimento profissional. “Participar do programa de aprendizado foi uma base pra mim, porque hoje eu atuo numa área muito técnica. Então, tudo que eu aprendi na aprendizagem, eu consigo aplicar hoje onde eu trabalho”, completa.
O Indústria de A a Z é uma produção quinzenal da Agência de Notícias da Indústria. O programa discute os principais temas da indústria brasileira, com convidados especialistas e histórias inspiradoras.
O podcast está disponível nos principais tocadores e no YouTube da CNI.
A Faculdade do Comércio (FAC) abriu as inscrições para o segundo semestre de 2025 com uma proposta que alia educação acessível, formação prática e conexão direta com o setor produtivo. Com mensalidades promocionais a partir de R$ 50 para cursos tecnológicos e ampla oferta de bolsas e descontos para associados ao sistema CACB (Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil), a FAC se destaca como uma opção para quem deseja se qualificar.
Mantida pelo Instituto Paulista de Ensino Superior do Comércio S/A, a FAC é resultado de uma iniciativa da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) em parceria com a CACB. A instituição oferece cursos de graduação e pós-graduação voltados à realidade do mercado, com ênfase em áreas estratégicas, como logística, marketing, comércio exterior, gestão financeira e recursos humanos — sempre com o olhar voltado para o mundo digital e o empreendedorismo.
Além disso, a faculdade está integrada a uma rede que representa mais de 2 milhões de empresários em todo o país, o que garante aos alunos um ambiente propício para networking, vivência empresarial e oportunidades reais de inserção no mercado de trabalho.
Segundo Wellington Luis, gerente de EAD da instituição, a conexão com a CACB fortalece ainda mais o propósito da faculdade: “Os cursos da FAC focam na geração de valor para o aluno, não apenas formar, mas também preparar para atuar e crescer no mercado de trabalho”, destaca o gerente.
Wellington destaca que os cursos, mesmo disponíveis na modalidade à distância, têm suporte local, com apoio dos pólos físicos nas associações comerciais, com acompanhamento presencial aos estudantes.
“A qualificação que a FAC proporciona é pensada justamente para fortalecer os pequenos e médios negócios, que representam mais de 90% das empresas brasileiras e são responsáveis por mais da metade dos empregos formais no país”, explica o gerente.
A formação estimula o uso de ferramentas digitais, redes sociais, plataformas de venda online e automação de processos, o que ajuda os negócios a se manterem competitivos num mercado em constante transformação.
SERVIÇO
INSCRIÇÕES ABERTAS PARA O SEGUNDO SEMESTRE 2025
Período de matrícula: até 31 de agosto
Início das aulas:
Modalidades disponíveis:
Áreas de formação:
E outros cursos voltados à gestão, inovação e liderança
Destaque nas condições:
Mais informações e inscrições: facsp.com.br
O relator da Proposta de Emenda à Constituição 8/2025, deputado federal Luiz Gastão (PSD-CE), fez um alerta direto sobre os impactos da proposta que pretende acabar com a escala 6x1 e instituir uma jornada de trabalho de quatro dias por semana. Segundo ele, os estudos preliminares indicam um aumento significativo no custo das empresas.
“Todo o setor produtivo está preocupado, porque os estudos que estão chegando ao nosso conhecimento mostram um aumento de até 30% no custo da mão de obra. No final das contas, quem paga essa conta é o consumidor”, afirmou o parlamentar.
A proposta, apresentada pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP), pretende reduzir a jornada semanal máxima para 36 horas, distribuídas em quatro dias, eliminando o modelo tradicional da escala 6x1 — seis dias de trabalho e um de descanso — previsto na Constituição Federal.
Para Luiz Gastão, além dos impactos econômicos, a proposta não traz, da forma como está, o retorno esperado em benefícios reais aos trabalhadores. “Há uma certeza de que esse projeto, da forma que ele está, traz aumento de custo para as empresas e não entrega o benefício esperado aos trabalhadores. Mas o que nós estamos querendo é que, através da discussão e do relatório, possamos apresentar alternativas para melhorar a relação capital e trabalho.”
A preocupação com os efeitos da medida é compartilhada pela Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), que representa mais de duas mil entidades em todo o território nacional. O presidente em exercício da confederação, Ernesto João Reck, defendeu cautela: “Não é hora de discutir redução de jornada de trabalho. Teremos problemas de aumento de custo, de elevação de despesas, e isso vem prejudicar a competitividade do nosso empresariado.”
Reck reforçou que o Brasil ainda enfrenta desafios estruturais que inviabilizam mudanças profundas nas regras do trabalho sem comprometer a formalização e a geração de empregos.
O debate sobre a PEC 8/25 ganha força ao mesmo tempo em que a sociedade e o Congresso analisam com atenção os rumos da economia brasileira. Pesquisa divulgada na última semana pelo Instituto Genial/Quaest, que ouviu 203 deputados federais entre maio e junho, mostra que 70% dos parlamentares são contra a mudança na escala 6x1, incluindo 55% dos deputados da base do governo. A rejeição à proposta é ainda mais expressiva entre parlamentares da oposição, alcançando 92%, enquanto 74% dos independentes também se posicionam contra a medida. Os dados revelam um Congresso atento aos sinais de instabilidade e às preocupações do setor produtivo.
Relator da matéria na Câmara, Luiz Gastão já articula uma audiência pública para a primeira semana de agosto, com o objetivo de ouvir empresários e trabalhadores. Ele reforça a importância do setor produtivo para o funcionamento da economia. “Quando se paga a folha, paga-se o salário. E esse salário vira renda, que alimenta o consumo, que gera arrecadação. Esses impostos sustentam saúde, educação, segurança. Temos que parar de tratar o empresário como vilão. O empresário é quem gera emprego e movimenta a economia do país”, afirmou.
Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego, o setor privado fechou 2024 com cerca de 46 milhões de empregos com carteira assinada — um aumento de quase 1,8 milhão em relação ao ano anterior. Os setores que mais cresceram foram Serviços, Comércio e Construção, com destaque para a abertura de milhares de novos estabelecimentos com empregados.
Hoje, o setor produtivo privado é o maior empregador do Brasil, responsável pela massa salarial que mantém a máquina pública em funcionamento por meio dos tributos gerados. “A grande massa salarial que existe no país vem do setor produtivo, não é do governo”, conclui Gastão. O deputado, que já prepara seu plano de trabalho como relator, defende que a discussão aconteça com base técnica, responsabilidade e ouvindo todos os lados — sem improviso nem imposição.
O mercado de trabalho vem apresentando sinais de recuperação e fortalecimento ao longo dos últimos trimestres. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, mostram que o país criou 1.051.244 postos com carteira assinada entre janeiro e maio de 2025. Só nos últimos três meses, foram mais de 1 milhão de novas vagas, somando trabalhadores CLT, autônomos e PJs.
O número de empregados com carteira assinada chegou a 48,2 milhões, enquanto o total de trabalhadores sob o regime CLT já atinge 39 milhões — o maior da série histórica. Além disso, o desemprego está próximo de sua mínima histórica, em 6,1%, índice que representa uma trajetória de forte queda desde o pico de 15% em 2020, durante a pandemia.
Segundo o economista André Galhardo, da consultoria Análise Econômica de São Paulo, o fortalecimento do mercado de trabalho está diretamente ligado a uma melhora geral nos indicadores macroeconômicos e a uma retroalimentação positiva do próprio emprego formal.
“O que tem sustentado esse movimento forte no mercado de trabalho é uma espécie de ciclo virtuoso. É o mercado de trabalho forte que aumenta a renda das famílias, que por sua vez traz um volume de consumo mais forte, que abre espaço para que os empresários contratem mais”, afirma Galhardo.
Ele explica que, embora existam outros vetores de crescimento, o próprio ambiente de contratações contribui para manter a engrenagem girando.
“É como se o próprio mercado de trabalho estivesse sustentando a melhora do mercado de trabalho. A renda das famílias tem subido – de forma tímida, dentro do trabalho CLT, é verdade –, mas isso melhora o ambiente de consumo, que por sua vez acaba permitindo novas contratações.”
Os setores de serviços e comércio foram os grandes responsáveis pelo bom desempenho do mercado formal de trabalho em maio. Juntos, eles criaram 93.397 vagas com carteira assinada no mês — 70.139 nos serviços e 23.258 no comércio — o que corresponde a 70% do total de 148.992 novos postos formais.
No acumulado do ano, de janeiro a maio, os dois segmentos também lideraram a geração de empregos: o setor de serviços criou 562.984 vagas, um crescimento de 2,44%, enquanto o comércio adicionou 56.708 postos, alta de 0,54% em relação ao mesmo período de 2024.
O economista André Galhardo destaca que a baixa taxa de desemprego também começa a revelar desafios para setores intensivos em mão de obra.
“Nós temos uma taxa de desemprego de 6,2% no trimestre encerrado em maio. Essa taxa é uma das mais baixas de toda a série histórica e indica uma possibilidade de estarmos próximos do esgotamento do mercado de trabalho. Alguns setores, como o da construção civil, já mostram dificuldade de encontrar funcionários para executar as funções.”
O levantamento mostra ainda que a renda real do trabalhador cresceu 3,1% na comparação com o mesmo período do ano passado, ou seja, acima da inflação acumulada. Isso significa um ganho efetivo no poder de compra das famílias, o que também retroalimenta o consumo e o próprio mercado de trabalho.
Galhardo explica que os dados de renda reforçam o momento de aquecimento, mas também alertam para uma possível limitação da capacidade de expansão do mercado:
“A renda tem crescido de forma consistente. Isso indica duas coisas: primeiro, um dado positivo, já que você está entregando mais salário na mão do trabalhador, o que se traduz em mais consumo. Mas indica também um mercado de trabalho sobreaquecido. Quando você tem menos trabalhadores à disposição, isso acaba fazendo com que o nível de renda e o salário suba.”
O economista, no entanto, pondera que o cenário pode mudar nos próximos meses:
“A gente espera, sim, uma desaceleração no segundo semestre. Isso acontece porque o período tem menos drivers de crescimento e porque vamos começar a sentir com mais força os impactos defasados da política monetária, especialmente da Selic elevada. Ainda assim, por ora, os números são muito positivos.”