A partir deste ano, o Rio Grande do Sul deverá ter uma infraestrutura naval mais moderna. É que a Ecovix, empresa especializada em estruturas destinadas a operações oceânicas, vai iniciar o processo de construção de quatro navios da classe Handy — estas embarcações serão utilizadas pela Petrobras para transportar derivados claros de petróleo, como gasolina, diesel e querosene. O projeto, financiado pelo Fundo da Marinha Mercante (FMM), custará R$ 1,6 bilhão e poderá gerar 640 empregos.
O Estaleiro Rio Grande, onde a companhia realiza reparos e opera como terminal portuário, tem previsão de entregar o primeiro navio Handy no primeiro semestre de 2026. Segundo a Transpetro, subsidiária da Petrobras, as novas embarcações garantem maior eficiência energética e menor emissão de gases de efeito estufa. A modernização da frota faz parte de um programa da estatal que prevê ainda a aquisição de 25 navios de cabotagem. O objetivo, com isso, é aumentar em 25% a capacidade logística.
Além dessa unidade, uma das mais importantes para o desenvolvimento do comércio internacional brasileiro, o Ministério de Portos e Aeroportos, responsável por administrar o FMM, aprovou outros 20 projetos que beneficiam a indústria naval nos estados do Amazonas, Amapá, Pará, Pernambuco, Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Juntos, os empreendimentos somam mais de R$ 10 bilhões, com perspectiva de geração de 8,8 mil empregos diretos.
“Vivemos uma nova fase de retomada da indústria naval brasileira, que prepara o país para o crescimento socioeconômico promovido pelo transporte aquaviário”, pontuou o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho. Acrescentou ainda que o governo federal tem priorizado o fortalecimento da indústria, o escoamento da produção nacional e o impulsionamento de setores essenciais. “Com isso, avançamos no desenvolvimento econômico e criamos oportunidades de emprego”.
No entendimento do Ministério de Portos e Aeroportos, a indústria naval tem potencial para ser aliada na transição energética do país, uma vez que a melhor distribuição dos modais de transporte já reduziria significativamente a emissão de carbono.
“Mas a indústria pode ir além. Estar na vanguarda de projetos inovadores com biocombustíveis para embarcações, torres eólicas, aproveitando todo o potencial de pesquisa e desenvolvimento no segmento naval”, diz trecho de nota enviada pela Pasta ao Brasil 61.
O ministério informou que o FMM, nesse aspecto, “já aprovou projetos de pesquisa e desenvolvimento de motores híbridos e de construção de embarcações que irão operar com combustíveis sustentáveis, em convergência com a nossa agenda ambiental”.
De acordo com o coordenador-geral de Fomento do Ministério de Portos e Aeroportos, Fernando Pimentel, o apoio ao setor, por meio do Fundo da Marinha Mercante, também diminui os custos logísticos, de combustível à manutenção.
“O Fundo da Marinha Mercante é o principal pilar da política de apoio à indústria naval brasileira. É essencial para a internalização da tecnologia, com enorme impacto na integração com as cadeias mundiais de comércio”, esclareceu.
A principal fonte de receita do FMM é uma contribuição paga no desembarque de mercadorias em portos brasileiros. No ano passado, o fundo destinou mais de R$ 30 bilhões, com foco nas indústrias de construção e reparação navais.
“[O fundo] Possui uma carteira de, aproximadamente, R$ 42 bilhões em projetos aprovados, que podem vir a se tornar contratos de financiamento para a navegação de longo curso, interior, cabotagem, apoio offshore a plataformas de petróleo, apoio portuário, navegação de passageiros e pesca, bem como para estaleiros e instalações portuárias”, finalizou Pimentel.
O Ministério de Portos e Aeroportos enviou, nesta segunda-feira (30), o projeto do Túnel de Santos para análise do Tribunal de Contas da União (TCU). A estimativa é de que sejam investidos mais de R$ 6 bilhões na obra, com 50% dos recursos provenientes do Governo Federal e os outros 50% dos cofres do Governo do Estado de São Paulo.
O empreendimento prevê que o túnel, instalado embaixo do mar, conecte as cidades de Santos e Guarujá, na Baixada Santista, com cerca de 870 metros de extensão e 21 metros de profundidade. É a primeira passagem desse tipo na América Latina, que deve beneficiar cerca de dois milhões de pessoas.
"Essa obra é fundamental para melhorar a mobilidade urbana e a qualidade de vida da Baixada Santista e, principalmente, contribuirá para o escoamento da produção do Porto de Santos, ajudando a segregar o tráfego portuário do urbano", afirmou o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, ao mencionar que a previsão é de início em 2025.
A futura empresa contratada será responsável pela construção, operação e manutenção do túnel, que permitirá o tráfego de veículos de passeio, transporte público, caminhões, bicicletas (ciclovia) e pedestres.
Costa Filho afirmou ainda que, além das obras do túnel, será realizada a concessão do Canal do Porto de Santos. A ideia, segundo ele, é fortalecer a infraestrutura e a atividade portuária, facilitando o escoamento da produção brasileira.
“O Porto de Santos representa 30% da corrente de exportação e importação do Brasil. É fundamental que ampliemos os investimentos nos próximos anos. Atualmente, o porto conta com calado de 15 metros, e, em 2025, faremos investimentos para 16 metros. Com a concessão, atingiremos 17 metros em curto prazo”, explicou.
O ministro lembrou que as melhorias são aguardadas pela população há mais de 100 anos e, agora, finalmente sairão do papel. “O túnel de Santos e a concessão da dragagem são obras de mobilidade urbana. Esse é o grande projeto de descarbonização dos nossos navios, e toda essa infraestrutura será primordial para o crescimento do Brasil”, destacou.
Sobre investimentos em outros portos do país, Costa Filho ressaltou que 2024 foi um ano importante para setores como o de logística, agronegócio e indústria naval. “Estamos trabalhando intensamente para fortalecer os portos do Brasil. Este ano, teremos um crescimento no setor portuário superior a 5%. Também esperamos a geração de mais de 60 mil empregos no setor, que hoje conta com quase R$ 30 bilhões em investimentos já contratados”, afirmou, ao mencionar que a ideia é conceder também os canais do Porto de Paranaguá (PR) e de Itajaí (SC).
“Estamos realizando mais de R$ 2 bilhões em investimentos, neste ano, em nossos portos públicos. Esses investimentos abrangem dragagem, requalificação de molhes, mobilidade urbana e acessibilidade, para que o Brasil possa se modernizar cada vez mais, com governança e, sobretudo, dialogando com o mercado internacional, que tem interesse crescente em investir no país”, concluiu.
Em março de 2024, o Ministério de Portos e Aeroportos, em parceria com o Governo de São Paulo, abriu consulta pública para o projeto do túnel imerso Santos-Guarujá. No mês de setembro, a pasta realizou uma sondagem de mercado com o objetivo de consultar investidores sobre a viabilidade de novas emissões ou propostas.
De acordo com o projeto apresentado, o túnel contará com uma área de circulação para ciclistas e pedestres, instalada entre as seis vias de pista, sendo que uma delas poderá receber o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).
Há cinco anos, o produtor agrícola Edson Luiz Ignacio decidiu diversificar os negócios. Em meio ao Cerrado Mineiro, mais especificamente no município de Tapira, ele adquiriu uma pedaço de terra para dar início à produção de cafés especiais. De 2019 para cá, a Fazenda São Pedro da Canastra já tem plantados cerca de 500 hectares de grãos arábicos.
Segundo Warley Oliveira, administrador da fazenda, desde o projeto inicial do empreendimento, o objetivo era exportar os grãos. “Cafés produzidos em elevadas altitudes oferecem uma qualidade melhor. Foi justamente por isso que teve essa escolha de se produzir café na Serra da Canastra. Então, o projeto já foi desenhado com foco na produção de cafés especiais, com foco na exportação”.
No ano passado, ocorreu a primeira safra da Fazenda São Pedro da Canastra e os cafés colhidos já encontraram destino no exterior graças ao apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). Em novembro de 2023, a Apex intermediou um encontro entre cafeicultores da Região do Cerrado Mineiro com um grupo de 12 potenciais compradores internacionais da África do Sul, Arábia Saudita, China, Índia, Moçambique, Polônia, Portugal e Rússia.
“O ano passado foi a primeira safra. Então, nós já estávamos de olho em várias ações e, quando teve a oportunidade de participar desse evento da Apex, nós buscamos apresentar os melhores cafés que tínhamos na safra. Então, vários compradores provaram, nós recebemos ótimos feedbacks e conseguimos concretizar esse negócio com clientes da China, que foi, no momento, um preço muito interessante para ocasião”, conta Warley Oliveira.
Os cafés produzidos na região do Cerrado Mineiro, incluindo os grãos da Fazenda São Pedro da Canastra, foram os primeiros no mundo a receberem o selo de Indicação Geográfica na modalidade Denominação de Origem. Isso significa que características naturais — como clima, solo, relevo, saber-fazer específico — só serão encontradas no café dessa região.
Para Warley Oliveira, ter o selo de Denominação de Origem garante vantagens competitivas no comércio internacional.
“Hoje praticamente todos os nossos cafés, que são para exportação, saem com o selo Cerrado Mineiro. O nosso importador exige que todos os cafés saiam com isso. Então, para a gente foi muito bom. Ele saiu na frente de vários outros países, outras regiões também.”
O administrador da Fazenda São Pedro da Canastra destaca a importância do trabalho da Apex ao trazer os compradores internacionais para conhecerem pessoalmente o diferencial dos grãos do Cerrado Mineiro.
“Acho super importante, super válido estar trazendo o pessoal para conhecer, porque ninguém sabe produzir café como nós sabemos. Ninguém tem a tecnologia e a expertise que nós temos para produzir café de altíssima qualidade e com consistência e volume. Então, o cliente vendo isso, de forma indireta, a gente acaba tendo um ganho.”
Além da venda para a China, hoje o café São Pedro da Canastra também exporta para a Polônia, Holanda, Austrália, Alemanha, Nova Zelândia e já está em fase avançada de negociação com clientes nos Estados Unidos.
A exportação do café São Pedro da Canastra para a China vai ao encontro da assinatura de um Protocolo de Intenções entre o governo brasileiro e a Luckin Coffee, uma das maiores redes chinesas de café. O acordo prevê a compra pela rede de aproximadamente 120 mil toneladas de café brasileiro, em uma transação avaliada em cerca de US$ 500 milhões.
A ação faz parte do programa Brasil na Vitrine, da Apex, que oferece oportunidades aos empreendedores de se inserirem no mercado internacional, por meio da promoção subsidiada e estruturada de produtos brasileiros em redes de varejo no mundo todo.
Para saber mais sobre outros programas e soluções da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, acesse www.apexbrasil.com.br.
Uma planta com pequenas flores brancas se destaca por suas reluzentes hastes douradas, no cerrado tocantinense. O capim-dourado é parte da cultura das mulheres quilombolas da região do Jalapão e, também, matéria-prima para a confecção de artesanato, como bolsas, brincos e chapéus.
Peças feitas a partir do "ouro do Cerrado" já conquistaram seu espaço em lojas no Brasil e até mesmo no exterior, mas a jovem empresária Maria Tereza Castro queria ir além quando fundou a Yetu Biojoias, que fabrica joias a partir do capim-dourado.
Yetu, no idioma iorubá, significa "ancestralidade", história que a empreendedora quer contar por meio do próprio negócio.
"Eu percebi que existe a exportação desse produto, só que indireta. As pessoas vêm aqui no estado, compram as peças de capim-dourado e revendem. Elas não contam a história do produto. Esse capim não é plantado, ele tem que ser colhido, ele nasce naturalmente no Jalapão. Tem a época certa da colheita. As mulheres quilombolas que fazem as peças de capim-dourado. O diferencial que eu pensei foi criar uma empresa e contar essa história", diz.
A Yetu Biojoias nasceu em junho de 2023, na capital do estado, Palmas. O negócio foi projetado, desde o início, para a exportação. Formada em relações internacionais pela Universidade Federal do Tocantins (UFT), Maria Tereza já sabia a quem recorrer para encurtar o caminho de entrada no comércio exterior.
Tendo trabalhado como voluntária e depois como técnica na Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), ajudando empresários a exportarem pela primeira vez, a jovem agora estava do outro lado, buscando se qualificar para o comércio internacional.
Ela se inscreveu no Programa de Qualificação para Exportação (Peiex) e confirmou, na própria pele, o que já havia garantido a outros empreendedores: a iniciativa faz mesmo a diferença.
"Além desse network, contatos e pontes que a Apex faz, porque é um órgão já estabelecido no Brasil e no mundo — a Apex tem vários escritórios no exterior —, eles prestam muito bem esse auxílio para pessoas que não têm nenhuma experiência ou falam: 'ah, eu quero exportar, mas eu não sei como exportar'. Tem o Peiex para fazer isso", afirma.
Em um evento promovido pela Apex, apenas alguns meses depois da Yetu Biojoias surgir, Maria entendeu como a rede de contatos da agência é um diferencial para os pequenos empreendedores.
"Em uma rodada de negócios em São Paulo, eu conheci o Maurício, que é um dos gerentes da Casa Brasiliana, que é uma loja colaborativa que tem em Lisboa, em Portugal, e aí no evento ele me falou: 'me manda o catálogo, que a gente não tem peça de capim- dourado'. Eu mandei o catálogo, a gente conversou e, em janeiro, eu mandei as primeiras peças para a Brasiliana. Eles vão revender as minhas peças", conta.
O Peiex tem como objetivo qualificar os empreendedores brasileiros para inserirem suas empresas no comércio internacional. O programa é implementado em todas as regiões do país por meio de parcerias da ApexBrasil com instituições de ensino ou federações de indústria.
Elas constituem os chamados núcleos operacionais do Peiex. Por meio do núcleo operacional, o empreendedor recebe um diagnóstico sobre o seu negócio e um plano de exportação personalizado, com etapas a serem adotadas até que ele se torne apto às exportações. A participação é gratuita.
Desde 2021 até 2023, 827 das 5.334 companhias que passaram pelas mãos do programa já começaram a exportar, o que lhes rendeu, ao todo, US$ 3,16 bilhões de dólares.
Para mais informações sobre o Peiex, clique aqui. Se quiser saber mais sobre outros programas da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, acesse www.apexbrasil.com.br.
Sem formação em administração nem experiência como empreendedora, a designer de jóias Larissa Moraes se viu em apuros quando potenciais clientes internacionais bateram à porta em busca de suas premiadas jóias.
"Eu comecei a receber e-mails de pessoas super importantes querendo trabalhar comigo. Eu não me preparei para esse momento. Eu não sabia como fazer exportação", lembra.
Por indicação de uma amiga, Larissa conheceu a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) — que possui diversos programas de apoio a empreendedores brasileiros que desejam vender seus produtos para outros países, como o Programa de Qualificação para Exportação.
O suporte dado pela agência foi fundamental para que a empreendedora desse conta da demanda crescente. "Tenho certeza de que eu não teria conseguido sem a ajuda da Apex. Eu estava me sentindo órfã, porque não tinha a quem recorrer. Eu fiz o Peiex e a Renata [técnica da Apex] me deu o telefone dela, me pegou na mão. Foi uma coisa impressionante", pontua.
Hoje, a empreendedora tem parceria com lojas da Europa e dos Estados Unidos e, agora, ela se prepara para lançar uma nova coleção de joias, com o apoio da agência.
"A gente já começou a trabalhar a segunda coleção. A Apex está proporcionando isso. Ela vai colocar a gente para conversar com lojistas muito importantes e temos chance de vender nessas lojas. Isso é fantástico."
Quando ainda era advogada, Larissa tinha o hobby de desenhar, até que um desses desenhos — que esboçava uma coleção de jóias — abriu um novo mercado à sua frente.
"Eu fui produzindo aos poucos e me chamaram para uma feira de joalheria e outra feira de design. Eu levei um susto quando eles me procuraram, porque eu não tinha nenhuma formação. Era uma brincadeira", afirma.
Depois de se inscrever e vencer um dos prêmios mais importantes da joalheria internacional, Larissa abandonou a carreira e resolveu apostar na produção de jóias de alto padrão, mesmo com poucos recursos. A aposta não poderia ter dado mais certo.
A designer não só conseguiu vender as joias que ela própria desenha para o exterior, como alcançou clientes impensáveis. "Várias celebridades já usaram minhas joias. Usaram um brinco meu no Oscar do ano passado. No Emmy de 2022, eu fiquei na lista das melhores joias do tapete vermelho. Essa história é muito incrível. Se não tivesse acontecido comigo, eu acho que não acreditaria", conta.
O Peiex tem como objetivo qualificar os empreendedores brasileiros para inserirem suas empresas no comércio internacional. O programa é implementado em todas as regiões do país por meio de parcerias da ApexBrasil com instituições de ensino ou federações de indústria.
Eles constituem os chamados núcleos operacionais do Peiex. Por meio do núcleo operacional, o empreendedor recebe um diagnóstico sobre o seu negócio e um plano de exportação personalizado, com etapas a serem adotadas até que ele se torne apto às exportações. A participação é gratuita.
Desde 2021 até 2023, 827 das 5.334 companhias que passaram pelas mãos do programa já começaram a exportar, o que lhes rendeu, ao todo, US$ 3,16 bilhões de dólares.
Para mais informações sobre o Peiex, clique aqui. Se quiser saber mais sobre outros programas da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, acesse www.apexbrasil.com.br.
Formada em Direito, Larissa Moraes já não sentia mais prazer na advocacia. Para aliviar a tensão do trabalho, recorria ao hobby de desenhar quando chegava em casa. Mal sabia ela que de um desses momentos de relaxamento viria uma obra que mudaria sua vida para sempre.
"Desenhei uma coleção de jóias e guardei na gaveta. Não tinha pretensão com ela. Alguém falou: 'coloca no Instagram'. Fui produzindo [as jóias] aos poucos, até que uma designer de Brasília viu os meus desenhos e perguntou se eu sabia que estava desenhando alta joalheria", lembra Larissa.
Vendo que ali se apresentava uma oportunidade de empreender, Larissa deixou o emprego e gastou todas as economias para fabricar as jóias que havia desenhado. "A coleção ficou pronta em janeiro de 2020. O evento ia ser em abril, mas a pandemia chegou em março", conta.
Desempregada e sem saber o que fazer com o monte de jóias que havia produzido para vender, Larissa recebeu de uma amiga a sugestão para se inscrever em alguns concursos. "Eu achei ótimo. Na minha cabeça, eu ia me inscrever só para colocar: 'participou do concurso tal'. Procurei os dez melhores concursos de jóias do mundo e alguns estavam com inscrições abertas", diz.
Mais uma vez, um ato pouco pretensioso da advogada trouxe uma reviravolta surpreendente, daquelas que só se veem nas telas de cinema.
"O que começou como um hobby virou meu mundo de cabeça para baixo. Com essa coleção de joias, eu consegui 13 prêmios internacionais. No prêmio mais importante, eu ganhei o ouro, a prata e o bronze. No concurso de pérolas nos Estados Unidos, eu fui a escolha do presidente, que é o máximo que você pode ter. Eu fui publicada na Forbes duas vezes e uma revista de referência de joalheria fez uma matéria sobre mim. Eu fui publicada em 20 países diferentes. Foram mais de 200 publicações, sem dinheiro para marketing, nunca paguei um tráfego. É uma história de cinema e eu estou estrelando. Acho isso fantástico", celebra.
A ascensão meteórica da designer de joias brasileira passou a chamar a atenção de grandes marcas do exterior, que a procuravam em busca de parcerias. Mas, sem conhecimento sobre comércio internacional e com poucos recursos para atender a demanda crescente, ela resolveu pedir ajuda. "Eu estava presa em casa, sem saber o que fazer, mas uma amiga do design falou: 'o Peiex pode te orientar nisso'," recorda.
Larissa se inscreveu no Programa de Qualificação para Exportação (Peiex) da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) — iniciativa que capacita empreendedores nacionais a vender seus produtos para outros países.
"Imagina você começando uma empresa, vivendo tudo isso, você precisa de apoio. É muito difícil seguir sozinho. Eu não paguei nada pelo Peiex. Me pegaram pela mão, me ajudaram. Eu sinto muita gratidão pela Apex", afirma.
Em seguida, a designer participou do Programa Mulheres e Negócios Internacionais, iniciativa da agência que oferece mentoria para que empresas lideradas por mulheres conquistem seu espaço no comércio exterior.
"A gente tem muitas aulas, palestras e material de conhecimento. Eu estou fazendo a minha parte e estudando para transformar a Larissa Moraes Jewelry na Cartier brasileira. Eu vou chegar lá", projeta.
Desde que participou dos programas da Apex, Larissa assinou contrato com duas lojas no exterior para vender seus produtos, sendo uma na Europa e outra nos Estados Unidos. Agora, ela desenha uma segunda coleção que, com o apoio da agência brasileira, será apresentada para lojistas importantes.
Idealizado pela Apex em junho de 2023, o programa tem como objetivo fazer com que as empresas de liderança feminina comecem a exportar ou exportem ainda mais, por meio de cursos, rodadas de negócios e outras oportunidades.
Em um ano de iniciativa, a ApexBrasil promoveu mais de 30 ações, que resultaram em um crescimento de 33,4% no número de empresas apoiadas e na chegada de mais de 70 parceiros.
Se quiser saber mais sobre outros programas da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, acesse www.apexbrasil.com.br.
O mais novo relatório de Acompanhamento Conjuntural relativo ao 1º semestre de 2024 revela uma crise na indústria química brasileira. A produção nacional de químicos caiu 1,14% e as exportações tiveram redução de 27,5% desde 2023. Números revelam a dificuldade do setor em competir tanto em nível interno, quanto internacional.
Por outro lado, cresceram os indicadores de volume. De janeiro a junho deste ano, as vendas internas tiveram incremento de 4,39% e o consumo aparente subiu 0,4%. Apesar disso, analistas do setor avaliam que esses aumentos não traduzem de forma fiel o cenário crítico que a indústria química vive hoje.
Para o economista Paulo Gaia, essa queda demonstra um resultado preocupante, já que o setor recuou mais de 1% enquanto o país cresceu quase 3%.
“A gente sabe que é um dos setores mais complexos e sofisticados da economia brasileira, portanto com capacidade de pagar salários mais altos, assim como a grande capacidade arrecadatória. Uma nova contração preocupante, haja vista o ano passado — quando o setor também contraiu num momento em que as importações aumentam muito.”
Sobre o aumento das vendas crescentes no mercado interno, o economista explica: “são vendas abastecidas pelas importações.”
Sobre a queda de 27,5% nas exportações, Gaia elenca os possíveis motivos.
“Diferenças de custo de produção doméstico muito mais elevado, custo da matéria prima — como o gás, por exemplo — cinco vezes mais caro no Brasil quando comparado aos Estados Unidos e até 50% mais caro do que o custo do gás na Europa.”
O economista ainda alerta para a tributação excessiva sobre a indústria brasileira. Enquanto o setor industrial representa 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, paga 30% da carga tributária total — sendo o setor químico um dos mais onerados nesse sentido.
A análise do economista ainda mostra uma triste realidade: de que enquanto o país cresce e se expande, um dos setores que pagam os melhores salários e exige uma mão de obra especializada e qualificada, retrai pelo segundo ano consecutivo.
Para tentar equilibrar a política comercial externa, o setor químico propôs ao governo a inclusão de 63 produtos químicos na Lista de Elevações Transitórias da Tarifa Externa Comum do Mercosul. A medida prevê o aumento de impostos de entrada no Brasil para estes itens para, assim compensar parcialmente os desequilíbrios de competitividade das matérias primas na Ásia em relação ao Brasil.
O empreendedor Jorge Klotz não pretendia fazer do hobby de produzir chocolates um trabalho, mas a demanda pelo produto — antes restrita a amigos e familiares — cresceu tanto que ele reconsiderou a ideia. "Começaram a surgir pedidos, eu refiz os cálculos e falei: 'talvez dê'. Veio a pandemia e eu mergulhei de cabeça."
Descendente de suíços — cujo país é reconhecido internacionalmente pela qualidade do chocolate — Klotz planejava ir à Europa para aprender mais sobre o produto, mas a esposa recebeu uma proposta de emprego na Bahia, e eles se mudaram justamente para o estado brasileiro famoso pela produção de cacau.
Na Bahia, ele fechou parceria com cacauicultores e fornecedores que o ajudaram a dar forma à Kaê Chocolates. Com o cacau em mãos, Klotz cuidava, sozinho, desde a fabricação do chocolate até a venda, mas tinha na esposa o principal suporte. Em 2022, no entanto, ela faleceu, e o empreendedor teve a dura missão de continuar o negócio sem sua maior apoiadora.
"Minha esposa faleceu, eu fiquei sozinho, com um menino de dois anos e uma bebê recém-nascida. Então eu migrei para Minas Gerais, para poder ter ajuda com as crianças. A família dela é daqui. Recomecei", lembra.
Ao mudar de estado, a Kaê Chocolates também mudou o público-alvo. Se na Bahia a maior parte das vendas era para comerciantes, em Minas Gerais passou a ser para o consumidor final. "Agora, a gente vende cerca de 80% para o consumidor, pelos nossos próprios canais, e só 20% é para lojistas", conta Klotz.
Segundo o empreendedor, a reabertura da fábrica em Minas Gerais trouxe outra novidade que viria para impulsionar a empresa: o apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).
Por meio da Agência, o empresário afirma que recebeu suporte para exportar seus chocolates. "Por meio da Apex, a gente consegue alcançar novos mercados, ganhar mais visibilidade e levar chocolate para mais pessoas."
A Kaê Chocolates é uma das mais de cinco mil empresas brasileiras que participaram do Programa de Qualificação para Exportação, o Peiex, oferecido pela Apex. Klotz afirma que a iniciativa contribuiu para que o negócio não só alcançasse mercados estrangeiros, como também se tornasse mais profissional.
Mesmo depois de se capacitar pelo Peiex, Klotz lembra que contou com o apoio especializado da Apex para profissionalizar ainda mais o negócio.
"Depois de ter acabado o curso inicial, eu pedi ajuda também. Eu falei: ‘gente, eu estou com uma dúvida, vocês podem me ajudar?’ E eu tive essa ajuda. Para mim, me dá uma segurança saber que existe a Apex. A Apex me ajudou não só na exportação; ajudou na profissionalização. Tem áreas que eu não entendo, que eu precisava melhorar e, com a Apex, eu consegui ver isso", pontua.
Hoje, a Kaê vende chocolates para o Japão e está com as exportações para a Rússia suspensas em função da guerra com a Ucrânia.
Além do Peiex, a ApexBrasil oferece uma série de cursos e treinamentos, especialmente para os empreendedores de pequeno porte que querem começar a expandir os negócios para fora do país, como é o caso de Klotz.
Entre essas soluções está o Curso a distância em e-commerce Internacional, voltado para empresas e startups de diferentes portes e setores que pretendem internacionalizar seus produtos e serviços por meio de plataformas digitais.
Para mais informações sobre essas iniciativas, acesse: www.apexbrasil.com.br.
As exportações do agronegócio brasileiro atingiram US$ 15,44 bilhões em julho de 2024, um recorde histórico para o mês. Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), foi registrado um crescimento de 8,8% em comparação ao mesmo mês do ano passado.
Exportações de cobre e níquel ultrapassam 100 mil t no semestre
De acordo com o Mapa, os principais setores que contribuíram para esse patamar foram o complexo de soja, carnes e café, bem como complexo sucroalcooleiro e produtos florestais que, juntos, representaram 82,5% das exportações do agronegócio no mês de julho.
As exportações de soja em grãos para a China ganham destaque no somatório, dando continuidade ao posto de maior mercado para o produto brasileiro. As exportações de carnes também tiveram crescimento expressivo de 19,2%, com ênfase na carne bovina e suína.
A China também se destacou como o principal destino da carne bovina brasileira, responsável por mais da metade do volume exportado, seguida pelos Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos e Filipinas. As exportações de carne bovina em julho de 2024 atingiram US$ 1,14 bilhão, com 265,7 mil toneladas exportadas – um recorde, com crescimento de 43,9% em comparação a julho de 2023.
No acumulado de janeiro a julho de 2024, as exportações do agronegócio totalizaram US$ 97,80 bilhões, outro recorde histórico para o período.
Já as importações de produtos agropecuários também registraram um crescimento expressivo no último mês, de 25,4%, alcançando US$ 1,74 bilhão. Houve, ainda, aumento de importações de insumos para o agronegócio, como fertilizantes e de nutrição animal.
A engenheira agrônoma Renata Pignatta poderia se contentar em apenas dar continuidade à empresa fundada pelo avô, em 1950, mas decidiu que, assim como ele, daria um passo ousado. João Pignatta havia investido o pouco dinheiro que tinha na compra de uma ambulância usada e de uma pequena torrefação em Jundiaí para vender café em pó e em grãos de porta em porta. Sua ousadia foi herdada pela neta, que começou a abrir mercados para o Café Caiçara no comércio exterior.
"Meu avô se aventurou em um ramo que ele enxergou que futuramente poderia trazer algo para a família. E acho que hoje, vendo o Café Caiçara buscar novos mercados, o legado que ele quis deixar para a família está acontecendo", destaca.
Ao propor, em 2016, que a empresa passasse a exportar os tipos de café e outros produtos, Renata já sabia a quem recorrer em busca de apoio para internacionalizar o negócio. A engenheira agrônoma conhecia o suporte que a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) oferece a empreendedores nacionais que buscam se aventurar no comércio internacional.
Segundo ela, a agência não apenas orientou a empresa a se adequar às exigências dos compradores internacionais, como ajudou a atrair o interesse deles para o Café Caiçara, por meio de rodadas de negócios do programa Exporta Mais Brasil.
"A Apex representa as empresas brasileiras no mercado exterior, como um grande parceiro. Além de trazer conhecimento sobre esse setor de exportação, a Apex também traz os clientes no mercado exterior, fazendo as rodadas de negócios, para que a gente possa realmente efetuar a exportação. Eu tenho clientes que estão trabalhando com alguns produtos nossos devido a essa rodada de negócios que a Apex patrocinou", diz.
Renata afirma que, agora, já não tem mais receio de pôr em prática o desejo de exportar os produtos do Café Caiçara. "Eu espero que, como o meu avô começou sendo pioneiro em um setor que ele acreditou, eu esteja fazendo a mesma coisa que ele e sendo pioneira aqui na nossa empresa buscando um mercado novo que a gente pouco tem conhecimento, mas que a Apex vem tirando esse medo, e já tirou."
HISTÓRIAS EXPORTADORAS: amor pelo café impulsiona planos ambiciosos do Café Caiçara
Assim como outras inúmeras empresas brasileiras, o Café Caiçara participou do Exporta Mais Brasil. Trata-se de um programa da ApexBrasil que tem o objetivo de conectar empreendedores de todo o país a compradores internacionais.
Todos os anos a agência promove rodadas de negócios entre as empresas nacionais e aqueles que vêm ao país em busca de produtos e serviços ligados a setores específicos. No ano passado, a ApexBrasil realizou 13 edições do Exporta Mais Brasil. Quatrocentos e oitenta e sete negócios foram conectados a 143 compradores internacionais — o que gerou R$ 275 milhões em operações.
Em 2024, a ApexBrasil pretende realizar 14 edições do Exporta Mais Brasil. Cada região do país receberá ao menos um desses encontros.
Para mais informações sobre empresas que internacionalizam suas vendas e programas de incentivo à exportação, acesse: www.apexbrasil.com.br.