importação

02/09/2025 04:55h

O índice de confiança das empresas exportadoras caiu 4,6 pontos e entrou em terreno negativo, nos últimos dois meses

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A confiança da indústria exportadora brasileira desabou após a entrada em vigor do tarifaço imposto pelos Estados Unidos sobre produtos nacionais. De acordo com levantamento inédito da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) do setor exportador caiu de 50,2 pontos, em junho, para 45,6 pontos em agosto, sinalizando a mudança do otimismo para o pessimismo.

O ICEI varia até 100 pontos, sendo que valores abaixo de 50 indicam falta de confiança. A queda foi puxada principalmente pelo Índice de Expectativas, que mede a percepção em relação aos próximos seis meses, e recuou de 52,2 pontos para 47,2 pontos no período.

“As taxas de juros elevadas penalizam o consumo dentro do país. Mas as empresas exportadoras, com a opção de vender para o exterior, contornavam a queda da demanda no mercado doméstico e, por isso, mostravam confiança superior à média da indústria”, explica Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI.

Além da queda de confiança, um outro estudo da entidade mostra a dimensão do problema. Atualmente, 77,8% da pauta exportadora brasileira destinada aos Estados Unidos enfrenta tarifas extras, algumas chegando a 50%. Os setores mais impactados são vestuário e acessórios (14,6%), máquinas e equipamentos (11,2%) e produtos têxteis (10,4%).

Segundo a CNI, caso as sobretaxas sejam ampliadas, o efeito pode representar um impacto negativo de R$ 20 bilhões no PIB brasileiro e a perda de cerca de 30 mil empregos na indústria.

Missão empresarial aos EUA

A CNI está à frente de uma missão empresarial, em Washington (EUA), nos dias 3 e 4 de setembro, voltada a abrir canais de diálogo e buscar a redução das tarifas extras impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. A comitiva reúne cerca de 130 empresários e representantes de entidades industriais.

O presidente da CNI, Ricardo Alban, destaca que a entidade busca diálogo e equilíbrio na relação bilateral. “A proposta eminentemente de empresários para buscarmos lá nos Estados Unidos, a busca de uma relação tão longeva que é a relação bilateral, comercial, cultural, social e econômica entre o Brasil e os Estados Unidos, há mais de 200 anos. Esperamos poder chegar e encontrar um ambiente favorável, onde toda essa questão possa ser feita em uma mesa de negociação e que possamos sensibilizar não só os Estados Unidos, mas mesmo o Brasil nessa complementariedade que nós temos, que é o setor industrial, que é a exportação e importação de produtos manufaturados”, afirmou.

A entidade já apresentou ao governo federal um conjunto de propostas para reduzir os efeitos da crise, entre elas linhas de crédito subsidiadas, postergação de tributos e medidas trabalhistas para preservar empregos.

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21/08/2025 23:30h

Atrasos de até 40 dias no embarque de cargas reforçam a necessidade de ampliar a infraestrutura portuária e melhorar acessos terrestres e dragagens

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O superintendente de Infraestrutura da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Wagner Cardoso, chamou atenção para o colapso nos portos brasileiros. Ele destacou que a falta de áreas para armazenagem de contêineres representa um dos principais gargalos nas exportações brasileiras. A declaração foi feita durante audiência pública da Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados, na terça-feira (19), conduzida pelo deputado federal Leônidas Cristino (PDT-CE), ex-ministro dos Portos, que reuniu representantes do setor portuário e outras autoridades.

Segundo Cardoso, em 2024, a movimentação de contêineres no Brasil aumentou 20% em relação a 2023. “Nossos portos de contêiner estão congestionados. A carga vem aumentando e o espaço para movimentação de carga aumentou muito pouco. Nossos terminais de contêiner são altamente eficientes, mas não cabe a um terminal de contêiner aumentar o espaço do porto”, declarou.

Dados apresentados indicam que 77% dos embarques foram afetados por cancelamentos ou atrasos. Para Cardoso, os terminais deveriam operar a 65% de sua capacidade para garantir eficiência. “Está sendo comum no Brasil um contêiner ficar 30, 40 dias no terminal para ser exportado. Isso não existe lá fora. No país industrializado, isso só existe em tempo de guerra, em tempo de covid”, enfatizou.

O superintendente da CNI frisou a urgente necessidade de avançar nas licitações de novos terminais, citando o Tecon Santos 10 e o Terminal de Contêineres de Fortaleza (MUC04) como “fundamentais” para destravar o escoamento de cargas.

Portos congestionados: contexto legislativo e setorial

O debate foi promovido pela Comissão de Viação e Transportes, presidida pelo deputado Leônidas Cristino (PDT-CE). Ele ressaltou a relevância estratégica dos portos para o comércio exterior e a necessidade de modernização para garantir competitividade, reduzir custos logísticos e aprimorar a infraestrutura multimodal.

Outros participantes, como o presidente da Federação Nacional das Operações Portuárias (Fenop), Sérgio Aquino, destacaram a falta de acessos adequados, seja ferroviário ou rodoviário, como problema crítico. “Quando fala de acessos terrestres, imaginar que nós temos portos no Brasil que nem acesso ferroviário dispõem. Isso é um absurdo, pensar num país que queira ser competitivo”, ressaltou. E o diretor do Instituto Brasileiro de Infraestrutura (IBI), Mário Povia, alertou que o gargalo muitas vezes está fora dos terminais portuários, em seus acessos.

Além disso, foi cobrada a retomada das dragagens, para assegurar a navegabilidade e a segurança dos canais, especialmente em Santos, onde já se acumula mais de uma década sem intervenção significativa.

O Projeto de Lei 733/2025, que trata da atualização da legislação portuária e irá substituir a Lei 12.815/13, também foi criticado pelo superintendente da CNI. “Nós temos sérias restrições sobre esse PL. Ele enfraquece, justamente, um artigo muito importante, que é da modicidade tarifária, que é o artigo que o exportador ou importador consegue entrar na justiça quando o operador portuário faz preço de monopólio”, avalia. Para ele, a legislação que está em vigor não precisaria ser revogada, mas adaptada.

A CNI defende que a construção de mais terminais de contêineres poderá desafogar os portos brasileiros e recuperar a eficiência do sistema logístico. Parlamentares, especialistas e o setor industrial concordam que esse avanço precisa seguir com melhorias nos acessos terrestres e atualizações legislativas para garantir competitividade e sustentabilidade do setor portuário nacional.

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21/08/2025 02:00h

Em manifestação enviada ao governo norte-americano, entidade afirma que não há base para sanções e pede solução por meio de cooperação bilateral

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A Confederação Nacional da Indústria (CNI) apresentou, na segunda-feira (18), um documento formal em defesa do Brasil no processo aberto pelo governo dos Estados Unidos, com base na Seção 301 da Lei de Comércio norte-americana. A manifestação, assinada pelo presidente da CNI, Ricardo Alban, foi enviada ao Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR) e busca contestar alegações de que o país adota práticas comerciais injustificáveis, discriminatórias ou restritivas.

A investigação foi aberta em julho e reúne seis pontos de preocupação apontados pelos EUA: comércio digital e serviços de pagamento eletrônico, tarifas preferenciais, aplicação de leis anticorrupção, propriedade intelectual, mercado de etanol e desmatamento ilegal. Se confirmadas, as alegações poderiam justificar a aplicação de tarifas adicionais ou outras medidas restritivas contra exportações brasileiras.

No documento, a CNI argumenta que não há base jurídica ou factual para que sejam impostas medidas contra o Brasil. A entidade destaca que o comércio bilateral é mutuamente benéfico, com superávit para os EUA, tarifas baixas e empresas norte-americanas operando em condições de igualdade.

Segundo a gerente de Comércio e Integração Internacional da CNI, Constanza Negri, a manifestação tem respaldo amplo do setor produtivo. “A CNI apresenta uma contribuição endossada por mais de 40 entidades empresariais com suas próprias manifestações e mostramos com dados concretos e evidências que o Brasil não adota práticas injustificáveis ou que discriminam as operações das empresas americanas e o nosso relacionamento comercial com os Estados Unidos. Reforçamos que medidas restritivas só podem trazer prejuízos a uma relação que é historicamente de benefícios mútuos e entendemos que o caminho certo é o do diálogo, da cooperação entre Brasil e Estados Unidos e continuaremos trabalhando nesse sentido”, afirmou.

Entre os pontos questionados, a CNI defendeu:

  • Comércio digital e PIX: a legislação brasileira está alinhada a padrões internacionais e o sistema de pagamentos não cria vantagem indevida, sendo semelhante ao FedNow norte-americano.
  • Tarifas preferenciais: acordos seguem regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e não prejudicam exportações dos EUA, que já têm mais de 70% de seus produtos entrando sem tarifas no Brasil.
  • Leis anticorrupção: o país tem marco legal robusto, com crescimento expressivo de sanções aplicadas entre 2020 e 2024.
  • Propriedade intelectual: houve avanço na redução do prazo de análise de patentes, hoje próximo ao dos EUA e da União Europeia.
  • Etanol: tarifas não restringem o comércio, e a cooperação deveria se concentrar na abertura de mercados por meio da Aliança Global pelos Biocombustíveis.
  • Desmatamento: o Brasil tem um dos marcos legais ambientais mais rigorosos do mundo, com dados recentes mostrando queda no desmatamento.

A CNI também indicou o embaixador Roberto Azevêdo como representante da instituição na audiência do processo, marcada para setembro.

O que é a investigação da Seção 301

A Seção 301 da Lei de Comércio dos Estados Unidos, de 1974, autoriza o governo norte-americano a investigar práticas de outros países consideradas injustas ou discriminatórias em relação ao comércio com os EUA.

No caso do Brasil, o processo foi aberto em 15 de julho de 2025. Caso se confirme a existência de práticas desleais, o governo norte-americano pode adotar medidas que vão de negociações bilaterais à imposição de tarifas adicionais e sanções comerciais.

Confira a íntegra do documento apresentado pela CNI ao USTR.

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20/08/2025 04:00h

Crescimento do PIB segue em 2,3%, puxado pelo agro e mercado de trabalho, apesar do tarifaço

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Com a indústria impactada pelos juros elevados e pelas incertezas externas, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) revisou a projeção do PIB industrial em 2025, no Informe Conjuntural do 2º trimestre, reduzindo de 2% para 1,7%. Em contrapartida, a agropecuária ganhou ainda mais peso no desempenho da economia, a estimativa de crescimento do setor passou de 5,5% para 7,9%, consolidando o campo como principal motor da atividade no próximo ano.

Segundo a CNI, o desempenho do mercado de trabalho também deve ajudar a sustentar o crescimento de 2,3% do PIB, mesmo diante do impacto das tarifas americanas sobre as exportações brasileiras.

Para o diretor de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles, a manutenção da projeção geral do PIB esconde um cenário mais preocupante. “Quando a gente abre os números, aí sim a gente identifica um problema e uma composição pior. Para a indústria, realmente está decepcionando. A composição não é tão positiva, a indústria está sofrendo muito, cada vez com projeção de crescimento menor e a projeção de crescimento para o PIB não se altera, porque a safra agrícola se mostrou até um pouco maior do que nós estávamos imaginando”, afirma.

Telles destaca ainda que as tarifas impostas pelos Estados Unidos, embora relevantes, não são hoje o principal entrave ao setor industrial. “O que tem impactado realmente são as taxas de juros, principalmente, e o volume enorme de importações”, disse.

Cenário da indústria: exportações sob pressão

O cenário externo também adiciona incertezas. Embora o volume exportado tenha subido 2% entre janeiro e julho, a queda de preços no mesmo período reduziu o valor em dólares. Com isso, a CNI revisou para baixo a previsão de exportações brasileiras em 2025, de US$ 347,3 bilhões para US$ 341,9 bilhões, uma queda de US$ 5,4 bilhões em relação ao primeiro trimestre.

O tarifaço imposto pelos Estados Unidos deve agravar a situação. A CNI alerta que a taxa de 50% sobre parte das vendas brasileiras para o mercado norte-americano pode reduzir de forma significativa o fluxo da indústria de transformação.

Cenário da indústria: avanço moderado

A indústria de transformação, que cresceu 3,8% em 2024, terá um avanço mais modesto neste ano, com expectativa de 1,5%. O resultado reflete juros elevados, aumento das importações e queda prevista nas exportações.

“Quase toda essa redução da projeção de crescimento para a indústria se deve à redução da projeção de crescimento da indústria de transformação. É um segmento que precisa ser muito olhado, porque tem uma concorrência muito grande com produtos importados. As importações estão crescendo enormemente e, mesmo com todas as políticas acertadas, como a nova indústria Brasil, o plano Brasil mais produção, depreciação acelerada, uma série de medidas, ainda assim o crescimento da indústria de transformação está se reduzindo muito em relação ao de 2024”, ressalta Telles.

Já a construção deve crescer 2,2%, puxada pela continuidade de obras lançadas no ano passado e pelo programa Minha Casa, Minha Vida. A indústria extrativa também deve ganhar força, com expectativa de alta dobrada de 1% para 2%, impulsionada pela produção de petróleo.

Cenário da indústria: agro e trabalho no comando

Com clima favorável, produção recorde e forte demanda externa, a agropecuária deve liderar a economia em 2025, crescendo 7,9%. O setor de serviços, por sua vez, terá expansão modesta de 1,8%, sustentada pelo mercado de trabalho aquecido e pela elevação da massa salarial.

A taxa de desocupação deve cair para 6%, o menor nível histórico pelo segundo ano consecutivo, enquanto a massa de rendimento real deve crescer 5,5%.

Cenário da indústria: juros e inflação

A inflação deve encerrar o ano em 5%, acima dos 4,8% de 2024, mas em trajetória de desaceleração. Diante desse cenário e das incertezas externas, a CNI prevê que o Banco Central manterá a taxa Selic em 15% ao ano até o fim de 2025.

Cenário da indústria: contas públicas

A CNI projeta que o governo vai cumprir a meta fiscal. O déficit primário deve ficar em R$ 22,9 bilhões, equivalente a 0,2% do PIB, abaixo do limite estabelecido de R$ 31 bilhões. Ainda assim, a dívida pública continuará em trajetória de alta, passando de 76,5% para 79% do PIB em 2025.

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24/07/2025 00:00h

São Paulo, Goiás e o governo federal articulam medidas emergenciais para mitigar os efeitos da tarifa de 50% imposta pelos EUA sobre produtos brasileiros

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Diante da entrada em vigor, no próximo dia 1º de agosto, da tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros, estados e o governo federal estão se mobilizando para conter os danos à economia e proteger suas empresas exportadoras. As medidas buscam preservar a competitividade dos produtos nacionais e dar fôlego financeiro ao setor produtivo, especialmente em estados fortemente exportadores, como São Paulo e Goiás.

São Paulo: crédito emergencial e articulação diplomática

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) anunciou um pacote emergencial que inclui a criação da linha de crédito “Giro Exportador”, com R$ 200 milhões em recursos disponibilizados pela Desenvolve SP. A linha terá juros subsidiados a partir de 0,27% ao mês mais inflação, prazos de até 60 meses e carência de até um ano. Cada empresa poderá acessar até R$ 20 milhões.

“Estamos disponibilizando ao empresariado paulista um conjunto de medidas para preservar a operação das empresas e os empregos gerados por elas”, disse Tarcísio.

Ele também afirmou que o governo avalia liberar créditos acumulados de ICMS e ampliar o Fundo Garantidor para facilitar o acesso ao crédito, principalmente às pequenas e médias empresas.

Além das ações econômicas, o governo paulista tem investido em articulações diplomáticas. Tarcísio reuniu empresários com representantes da embaixada americana e busca construir pontes com governadores e empresas dos Estados Unidos para mostrar que a tarifa prejudica também a economia americana.

Goiás: apoio setorial com uso de fundos estaduais

No Centro-Oeste, o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) também reuniu empresários para discutir os impactos do tarifaço. Ele anunciou a proposta de usar três fundos estaduais para socorrer os setores mais atingidos, como a pecuária, mineração e pescados — com destaque para a utilização de créditos de ICMS como instrumento de apoio financeiro.

“Eu tenho que cuidar do meu estado, é essa minha responsabilidade, tenho que cuidar da sobrevivência da empresa. Eu tenho que cuidar para que não desestruture a economia do estado de Goiás, de maneira que estou buscando ações concretas por parte do governo. Nós não vimos nenhuma iniciativa dessa partindo do governo federal. Goiás saiu na frente”, declarou Caiado. 

Novas reuniões setoriais estão previstas para os próximos dias, com foco em ajustar medidas de socorro às especificidades de cada segmento.

Governo federal: plano de contingência e ofensiva política

No âmbito nacional, o governo Lula prepara um plano de contingência liderado pelo Ministério da Fazenda. Segundo o ministro Fernando Haddad, a proposta é desenhar uma linha emergencial de apoio que tenha impacto fiscal controlado, mas que ofereça suporte aos setores mais atingidos.

Em paralelo, o governo avalia o envio de uma comitiva formada por empresários e representantes do governo federal para os Estados Unidos, em uma tentativa de reabrir o canal de negociação com a Casa Branca. Uma delegação de oito senadores embarca nesta semana para Washington, onde já há encontros marcados com parlamentares americanos — embora o foco não seja diretamente negociar as tarifas, mas sim fortalecer o diálogo bilateral.

Apesar dos esforços, fontes do governo admitem que a probabilidade de Trump recuar da medida é baixa. O Brasil ainda aguarda resposta à carta enviada à Casa Branca em maio. Enquanto isso, planos alternativos seguem sendo preparados.

Além de São Paulo e Goiás, outros governos estatuais, como os do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Bahia, Pará e Rio Grande do Sul também têm realizado encontros com empresários para definir estratégias de mitigação.

Entenda o que está em jogo:

  • Tarifa de 50% dos EUA sobre produtos brasileiros entra em vigor em 1º de agosto.
  • São Paulo lançou pacote com R$ 200 milhões em crédito e articulação internacional.
  • Goiás propõe uso de fundos estaduais para apoiar pecuária, mineração e pesca.
  • Governo federal discute linha emergencial e prepara ofensiva diplomática em Washington.
  • Estados como RJ, ES, PR, BA, PA e RS também avaliam medidas locais.
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10/06/2025 13:45h

Concessão bilionária permitirá navios maiores e deve ampliar exportações e importações no segundo maior terminal da América Latina

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O leilão do canal de acesso ao Porto de Paranaguá (PR) deverá ocorrer em agosto de 2025. A previsão foi anunciada pelo ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, durante agenda oficial na França, juntamente com o presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva. O terminal é o segundo maior porto do Brasil e da América Latina, atrás apenas do Porto de Santos (SP).

Os documentos técnicos, com solicitação para agendamento do leilão, já foram encaminhados à Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). Segundo Costa Filho, a ideia é que, em seguida, sejam tomadas providências para dar início a leilões de outros terminais situados no Brasil.

“Essa parceria é muito saudável para o Brasil. Será um marco para o setor portuário brasileiro. Depois do leilão de Paranaguá, que pode chegar a R$ 1 bilhão, vamos fazer o leilão do canal do Porto de Santos, do Porto da Bahia e do Porto de Itajaí. Isso vai dar previsibilidade ao setor produtivo, sobretudo na rota do desenvolvimento do setor portuário do país”, afirmou o ministro.

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A partir do leilão, o calado do canal passará de 13,5 metros de profundidade para 15,5 metros. Na prática, essa medida aumenta a capacidade do terminal para receber navios de maior porte, o que, consequentemente, também amplia a movimentação de cargas.

O Secretário Nacional de Portos do MPor, Alex Ávila, explica que cada centímetro a mais no calado do canal de acesso corresponde a um aumento de 60 toneladas de carga no porão do navio. Na avaliação dele, a concessão vai colocar o terminal em outro patamar em relação ao comércio internacional.

“Estamos bastante confiantes nesse modelo de leilão, que seguramente terá muita competição. A concessão vai elevar o Porto de Paranaguá a um patamar de 15,5 metros, então teremos um ganho substancial. Além do ganho de escala que virá com o aumento do número de navios”, afirmou.

Movimentação no Porto de Paranaguá

Dados divulgados pela Portos Paraná mostram que o terminal de Paranaguá movimentou, em 2024, 66.769.001 toneladas. O resultado representa um salto de 2,1% em relação ao ano anterior. O volume corresponde a 80% da produção de grãos de toda a região Sul do Brasil. (https://www.portosdoparana.pr.gov.br/Noticia/Porto-de-Paranagua-mostra-eficiencia-e-bate-recorde-de-movimentacao-em-2024)

No ano passado, foram registradas 40 milhões de toneladas em exportação e 26,7 milhões em importação. Os tipos de cargas mais enviados a outros países foram:

  • Soja (13.265.751)
  • Contêineres (9.049.796)
  • Açúcar a granel (6.412.716)

Já as principais cargas trazidas ao Brasil por Paranaguá foram:

  • Fertilizantes (11.140.049)
  • Contêineres (7.276.868)
  • Derivados de petróleo (4.912.767)

Atualmente, o Porto de Paranaguá recebe 2,6 mil navios por ano. O destaque é para cargas de granéis sólidos, como soja e proteína animal. Para o governo federal, a concessão vai proporcionar mais eficiência à operação portuária, inclusive com ampliação da quantidade de embarcações.
 

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01/05/2025 00:01h

. De acordo com o levantamento da Nexus - Pesquisa e Inteligência de Dados, no ano passado, 7 itens estavam nessa situação

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A maior parte dos 10 produtos mais importados pelo Brasil veio de apenas um ou dois países, entre 2015 e 2024. É o que revela novo estudo divulgado pela Nexus - Pesquisa e Inteligência de Dados. De acordo com o levantamento, no ano passado, sete itens estavam nessa situação. Desse total, cinco vieram dos Estados Unidos. O país norte-americano lidera a concentração desses importados na última década. 

Os dados foram elaborados a partir de informações do Comex Stat, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Para classificar os produtos mais importados foi levado em conta o valor em dólares e não o volume de importações. 

O top 10 corresponde entre 8% e 22% do total de importações brasileiras por ano, a depender do ano. Em 2024, por exemplo, a taxa foi de 16,6%. Todos os produtos com mais de 60% vindos de apenas um ou dois países foram considerados com alta concentração. Ao longo de todo o período analisado, pelo menos 6 itens estavam nessa condição. O indicador chegou a 9 nos anos de 2021 e 2022.

Importações de óleo diesel

Ao longo dos 10 anos analisados, 28 produtos se apresentam no top 10. De acordo com o levantamento, somente 3 estão presentes todos os anos: diesel, óleos brutos de petróleo e outros cloretos de potássio, insumo para fertilizantes e outros usos industriais.

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Desses, apenas o óleo diesel teve mais de 60% vindo de um ou dois países no período analisado. Trata-se do principal item importado, em 1º lugar entre 2016 e 2023. Os Estados Unidos são o principal vendedor para o Brasil, responsável por pelo menos 74% de todo óleo diesel importado por ano entre 2016 e 2020. 
 

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04/04/2025 00:02h

Entre os objetivos do projeto está a criação de instrumentos para o Brasil se proteger de tarifas unilaterais impostas pelos Estados Unidos

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O Projeto de Lei 2088/2023, que resguarda as exportações brasileiras de barreiras comerciais abusivas, aguarda sanção do presidente da República. A proposta – conhecida como projeto da reciprocidade – foi aprovada pela Câmara dos Deputados na quarta-feira (2). Entre outros pontos, a matéria permite que o governo adote contramedidas sobre países que criarem medidas de restrição às exportações brasileiras. 

Entre os objetivos do projeto está a criação de instrumentos para o Brasil se proteger de tarifas unilaterais impostas pelos Estados Unidos. O tema veio à tona em meio à expectativa de que o presidente norte-americano, Donald Trump, pudesse implementar uma série de tarifas sobre produtos de outros países. 

Na quarta-feira (2), Trump, anunciou tarifas que ele chamou de recíprocas para 59 nações. Em relação ao Brasil, a cobrança adicional foi de 10%. Essa taxa é considerada linear para a maioria dos países com os quais os americanos têm relação comercial. 

Outras tarifas para itens específicos já tinham sido anunciadas, como, por exemplo, 25% para aço e alumínio, assim como para automóveis e suas peças. De acordo com a governo dos Estados Unidos, esses 10% não serão cumulativos com a taxa específica desses setores.

Atualmente, o Brasil não possui um acordo comercial de tarifas diferenciadas com os Estados Unidos. Mas, pelos termos da proposta aprovada, o Brasil poderá adotar taxas maiores de importações vindas daquele país ou de blocos comerciais, como a União Europeia, ou ainda suspender concessões comerciais e de investimento.

Setor agro

O projeto foi apresentado em 2023 pelo senador Zequinha Marinho (Podemos-PA). O intuito era autorizar o uso do princípio da reciprocidade quanto a restrições ambientais que a União Europeia tenta aprovar para produtos do agronegócio brasileiro. 

Porém, durante os debates sobre o tema, a senadora Tereza Cristina (PP-MS), relatora do projeto no Senado Federal, entendeu que a proposta deveria ser mais abrangente, incluindo, inclusive, aspectos sociais e trabalhistas.

No que diz respeito ao setor agro, Brasil e Estados Unidos são concorrentes quanto a alguns produtos, como é o caso da soja. Em outros itens, porém, as duas nações são parceiras comerciais. O país norte-americano é considerado um dos maiores destinos das exportações do agronegócio, de acordo com dados do Ministério da Agricultura.

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Somente no ano passado, 9,43 milhões de toneladas de produtos foram enviadas, o que resultou em uma receita de US$ 12,09 bilhões.

Segundo o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Pedro Lupion (PP-PR), o Brasil precisa estar preparado para reagir a retaliações de concorrentes. Para ele, a aprovação da medida significa uma conquista para o setor. 

“Criamos uma legislação que nos permite enfrentar desafios impostos por outros países. É a valorização do setor produtivo e a garantia de segurança para nossos produtores rurais. “Tenho certeza de que o Itamaraty e os diplomatas conduzirão as negociações internacionais com foco em minimizar impactos no agro, mas precisávamos de uma garantia vinda do Congresso”, destacou.

Setores do agro mais afetados por tarifas de Trump

Apesar de o Brasil não ter ficado entre os países que receberam tarifas mais elevadas dos Estados Unidos, ainda assim o país deverá sentir os impactos das medidas no setor agro, com alguns segmentos mais afetados que outros.  

O café é um dos principais. Dados divulgados pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) apontam que Brasil tem os Estados Unidos como o principal cliente. O país norte-americano foi o destino de mais de 16% do volume embarcado do produto em 2024. As remessas aumentaram 34% em relação a 2023.

As carnes também entram nesse grupo. O sistema Agrostat revela que, no agregado, houve embarques de 248,5 mil toneladas, ou 2,63% do volume exportado para os Estados Unidos.  Ao todo, foram registrados US$ 1,4 bilhão em receita.  

Outro produto que preocupa o setor agro é o etanol. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Comércio e Indústria Exterior, no ano passado, o Brasil destinou 313.341 metros cúbicos do produto para os Estados Unidos. O volume resultou em mais de US$ 180 milhões em vendas.
 

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23/08/2024 03:00h

Produção nacional recuou 1,14% em relação a 2023; números mostram dificuldade de competição no Brasil e no exterior

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O mais novo relatório de Acompanhamento Conjuntural relativo ao 1º semestre de 2024 revela uma crise na indústria química brasileira. A produção nacional de químicos caiu 1,14% e as exportações tiveram redução de 27,5% desde 2023. Números revelam a dificuldade do setor em competir tanto em nível interno, quanto internacional. 

Por outro lado, cresceram os indicadores de volume. De janeiro a junho deste ano, as vendas internas tiveram incremento de 4,39% e o consumo aparente subiu 0,4%. Apesar disso, analistas do setor avaliam que esses aumentos não traduzem de forma fiel o cenário crítico que a indústria química vive hoje. 

Falta de competitividade

Para o economista Paulo Gaia, essa queda demonstra um resultado preocupante, já que o setor recuou mais de 1% enquanto o país cresceu quase 3%. 

“A gente sabe que é um dos setores mais complexos e sofisticados da economia brasileira, portanto com capacidade de pagar salários mais altos, assim como a grande capacidade arrecadatória. Uma nova contração preocupante, haja vista o ano passado — quando o setor também contraiu num momento em que as importações aumentam muito.”

Sobre o aumento das vendas crescentes no mercado interno, o economista explica: “são vendas abastecidas pelas importações.” 

Sobre a queda de 27,5% nas exportações, Gaia elenca os possíveis motivos.

“Diferenças de custo de produção doméstico muito mais elevado, custo da matéria prima — como o gás, por exemplo — cinco vezes mais caro no Brasil quando comparado aos Estados Unidos e até 50% mais caro do que o custo do gás na Europa.”

O economista ainda alerta para a tributação excessiva sobre a indústria brasileira. Enquanto o setor industrial representa 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, paga 30% da carga tributária total — sendo o setor químico um dos mais onerados nesse sentido. 

A análise do economista ainda mostra uma triste realidade: de que enquanto o país cresce e se expande, um dos setores que pagam os melhores salários e exige uma mão de obra especializada e qualificada, retrai pelo segundo ano consecutivo. 

Medidas

Para tentar equilibrar a política comercial externa, o setor químico propôs ao governo a inclusão de 63 produtos químicos na Lista de Elevações Transitórias da Tarifa Externa Comum do Mercosul. A medida prevê o aumento de impostos de entrada no Brasil para estes itens para, assim compensar parcialmente os desequilíbrios de competitividade das matérias primas na Ásia em relação ao Brasil. 
 

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23/05/2024 00:05h

Com a perda de vendas para importações menos tributadas, a indústria e o comércio nacionais deixam de empregar 226 mil pessoas

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Apenas 18% da população com renda de até dois salários mínimos realizou compras online internacionais de produtos com isenção de até US$ 50. Na faixa de renda acima de cinco salários mínimos, esse percentual aumenta para 41%. Os dados foram divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Segundo as informações, 24% das pessoas  afirmaram ter efetuado compras internacionais, através de sites ou aplicativos, de produtos que vieram de outros países em 2023 e 73% disseram que não realizaram.

Nesse cenário, o presidente da CNI, Ricardo Alban, destaca que é evidente que a isenção de tributos em compras de até US$ 50 não favorece as pessoas de renda mais baixa, e por consequência, elas são as que "sofrerão" mais  com desemprego e a falta de oportunidades com as perdas dos negócios no Brasil.

Atualmente, as compras de até US$ 50 estão isentas do Imposto de Importação de 60%, pagando apenas 17% de ICMS para os estados brasileiros.

Desemprego

Com a perda de vendas para importações menos tributadas, a indústria e o comércio nacionais deixam de empregar 226 mil pessoas.

Segundo a CNI, os setores da indústria e do comércio que enfrentam os maiores impactos no emprego são aqueles cujos produtos são mais comprados nas importações até US$ 50 dólares.

“Estes setores incluem a fabricação de produtos têxteis, confecção de artefatos do vestuário e acessórios, fabricação de calçados e de artefatos de couro, fabricação de produtos de limpeza, cosméticos, perfumaria e higiene pessoal, e fabricação de móveis e produtos de indústrias diversas”, aponta a CNI.

Além disso, os dados mostram que mais de 80% dos trabalhadores empregados nos setores mais impactados pela isenção da tributação recebem até dois salários mínimos. As mulheres representam 65% da força de trabalho nesses setores, em comparação com a média nacional de 40%. Portanto, os principais afetados pela redução de empregos nesses setores são aqueles com rendimentos mais baixos, especialmente as mulheres.

Pesquisa

Os dados são da Pesquisa inédita da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com o Instituto de Pesquisa em Reputação e Imagem (IPRI), da FSB Holding. O estudo ouviu duas mil pessoas em todo o país entre 17 e 20 de maio.

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