O Plano Safra da Agricultura Familiar 2024/2025 trará redução das taxas de juros para 10 linhas de financiamento. De acordo com o governo, o crédito vai ficar mais barato para os pequenos produtores rurais em duas linhas de custeio e oito de investimento.
Segundo Evandro Grilli, advogado especialista em agronegócio, a medida vai facilitar o acesso ao crédito por esses produtores, o que é importante em um cenário de juros elevados.
"Isso é relevante em um país que tem a Selic (taxa básica de juros) de 10,5%, que orienta o valor da taxação dos empréstimos pelo mercado financeiro, em geral. Quando você tem uma sinalização de taxas de juros mais suaves para um determinado setor, acaba facilitando para quem tem menos capacidade financeira de se autofinanciar", explica.
No âmbito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), o governo promete disponibilizar R$ 76 bilhões em linhas de crédito para os pequenos produtores rurais, durante o ano agrícola 2024/2025. O montante é 6,2% maior do que o disponibilizado para a safra de 2023/2024.
Por meio das linhas de crédito para custeio, os pequenos agricultores e pecuaristas podem financiar a compra de defensivos agrícolas, fertilizantes, sementes, rações, vacinas e outros itens necessários para produzir.
Pecuarista de leite e produtor de milho para silagem, Mirgon Jung, morador de Salgado Filho (PR), diz que todo ano busca financiamento via Plano Safra. "A gente usa o crédito para comprar semente, adubo, herbicidas, inseticidas, para que a gente possa produzir e, também, combustível para poder usar no trator", afirma.
Segundo o produtor rural, ter o recurso de uma vez nas mãos traz vantagens na hora de negociar com fornecedores. "A gente usa o crédito para, talvez, produzir com menor custo; pega o crédito e compra à vista, conseguindo um preço um pouco melhor", indica.
O governo reduziu de 4% para 3% ao ano a taxa de juros para os agricultores familiares que precisarem de crédito para custear a produção de alimentos para o consumo interno, como arroz, feijão, leite, mandioca, frutas e verduras.
Grilli lembra que a agricultura familiar é responsável por boa parte dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros e que, por isso, é importante ter políticas públicas de apoio a esse segmento. "Aquilo que vai para a mesa do brasileiro acaba vindo em maior parte da agricultura familiar. Ela é bastante relevante no dia a dia do Brasil. Ela é menos uma commodity para ser exportada, mas é estratégica até para segurança alimentar da população", avalia.
O mesmo vale para quem quiser custear a produção de itens da chamada sociobiodiversidade, como babaçu, castanha do Brasil, jambu e licuri, por exemplo, cuja taxa de juros anual caiu de 3% para 2%.
Já as linhas de crédito para investimentos possibilitam aos agricultores familiares implantar, ampliar ou modernizar a estrutura produtiva, adquirindo armazéns, colheitadeiras e tratores, por exemplo.
Este ano, oito linhas de crédito voltadas para investimentos tiveram redução nas taxas de juros. É o caso dos do Pronaf Floresta, Pronaf Semiárido e Pronaf Mulher, em que os juros caíram de 4% para 3% ao ano.
Uma das novidades do Plano Safra para o ciclo 2024/2025 é a linha voltada para a compra de máquinas e implementos agrícolas de pequeno porte, como microtratores, motocultivadores e roçadeiras, no âmbito do Programa Mais Alimentos.
Destinada para famílias com renda anual de até R$ 100 mil, a linha permitirá o financiamento de equipamentos de até R$ 50 mil, a juros de 2,5% ao ano. O objetivo do governo é modernizar a agricultura familiar.
Plano Safra 24/25 vai disponibilizar cerca de R$ 400 bilhões para produtores rurais empresariais
Montante servirá para ações de custeio, comercialização e investimento
Em cerimônia no Palácio do Planalto, o governo anunciou, nesta quarta-feira (3), que vai disponibilizar cerca de R$ 400 bilhões aos produtores rurais por meio do Plano Safra 2024/2025. De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária, o valor é 10% superior em relação ao montante do plano anterior, estabelecendo novo recorde.
Os recursos servirão para fomentar a produção rural da agricultura empresarial, ou seja, proprietários de médio e grande porte. Para custeio e comercialização, o Plano Safra 2024/2025 vai ofertar pouco mais de R$ 293 bilhões. Para a modalidade de investimento, serão cerca de R$ 107 bilhões.
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, destacou que os incentivos à agricultura brasileira vêm crescendo ano a ano, o que, somado à queda nos custos de produção, vai gerar impacto positivo sobre o campo.
"404 bilhões de reais. 40% mais que os dois planos anteriores. E aqui um 'x' muito importante que mostra a eficiência desse futuro plano safra. O custo de produção, numa média ponderada dos produtos agrícolas, caiu 23% nesses últimos dois anos, portanto este plano safra terá uma eficiência 63% maior que o último plano safra do governo passado. É o governo estimulando cada vez mais as políticas públicas chegarem nos produtores", disse.
De acordo com o Mapa, as taxas de juros para os produtores enquadrados no Pronamp que financiarem ações de custeio e comercialização serão de 8% ao ano. Já para quem pretende investir em máquinas, equipamentos e outros itens, as taxas variam de acordo com a finalidade.
Para o Programa de Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), os juros serão de 7% até 8,5% ao ano. Já para o Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota), os juros serão de 11,5%. O PCA e o Moderfrota fazem parte de uma lista de 13 programas que serão abrangidos pelas linhas de financiamento.
Fávaro também anunciou que, a exemplo da edição anterior do Plano Safra, o governo continuará premiando os produtores rurais que adotarem práticas sustentáveis. A recompensa prevista para o ciclo produtivo de 2024/2025 é uma redução de até um ponto percentual na taxa de juros de custeio.
Mais cedo, o governo já havia anunciado que a próxima edição do Plano Safra para os pequenos agricultores vai disponibilizar cerca de R$ 76 bilhões em linhas de crédito, valor 6,2% maior do que o observado no ciclo 2023/2024.
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Em maio, a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas estimada para 2024 deve alcançar 296,8 milhões de toneladas, 5,9% menor que a obtida em 2023 (315,4 milhões de toneladas). Esse resultado mostra que houve uma redução de 18,6 milhões de toneladas. Os dados são do Levantamento Sistemático da Produção Agropecuária (LSPA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A área destinada à colheita é de 78,3 milhões de hectares, representando um aumento de 0,6% em comparação com a área colhida em 2023, o que equivale a um crescimento de 454.502 hectares. Em relação a abril, houve um aumento de 0,6%, correspondendo a 445.140 hectares adicionais.
O arroz, o milho e a soja, que são os três principais produtos, juntos representam 91,5% da estimativa de produção e são responsáveis por 87,2% da área destinada à colheita.
Carlos Alfredo Guedes, gerente de agricultura do LSPA de maio 2024, aponta que o Brasil foi atingido por "muitos" problemas climáticos em maio, como a falta de chuvas na região Centro-Oeste, além de temperaturas altas.
"Encurtaram o ciclo de algumas lavouras e, consequentemente, diminuíram a produtividade. Alguns produtores tiveram que fazer replantio para cultura da soja, por exemplo. Outros acabaram optando por aumentar as áreas de algodão. Inclusive, estamos batendo recorde na produção de algodão. Este ano nossa estimativa é de 8,5 milhões de toneladas, um crescimento de quase 10% em relação ao ano passado, que também foi recorde", informa.
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Guedes explica que devido aos problemas climáticos, a safra de milho deve ser menor este ano, com uma estimativa de 114,5 milhões de toneladas. Também houve uma redução da área plantada, pois o preço do milho não estava "muito atrativo" para o produtor.
O gerente de agricultura também aponta que apesar dos eventos climáticos que ocorreram no Rio Grande do Sul, parte das lavouras já estavam colhidas.
"Tivemos um pequeno decréscimo de 1,6% na produção do Rio Grande do Sul neste mês, que é o maior estado produtor de arroz, mas que foi compensado por um aumento de produção em outros estados, como Minas Gerais, onde está sendo cultivado o arroz irrigado com pivô central. Compensou um pouco essa queda no Rio Grande do Sul", pontua.
Segundo o levantamento, a estimativa de produção de cereais, leguminosas e oleaginosas registrou variação anual positiva em duas regiões: Sul (5,0%) e Norte (8,5%). No entanto, ocorreu uma variação anual negativa nas demais regiões: Centro-Oeste (-12,8%), Sudeste (-8,5%) e Nordeste (-2,8%).
Em termos de variação mensal, as regiões que registraram crescimento foram Nordeste (0,2%), Norte (0,8%) e Sudeste (2,3%), enquanto as demais apresentaram declínio: Sul (-3,0%) e Centro-Oeste (-0,7%).
Mato Grosso mantém a liderança como o maior produtor nacional de grãos, contribuindo com 29,2% do total, seguido pelo Paraná (13,4%), Rio Grande do Sul (12,7%), Goiás (10,6%), Mato Grosso do Sul (7,3%) e Minas Gerais (5,9%). Em conjunto, esses estados representaram 79,1% da produção total.
A safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas em 2024 é estimada em 299,6 milhões de toneladas, aponta o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) de abril, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso representa uma redução de 5,0% em comparação com o ano anterior. Em relação à estimativa de março, houve um leve aumento de 0,4%.
O gerente do levantamento, Carlos Barradas.destaca que a produção de soja, considerada a principal commodity do país, aumentou 0,9% em relação à estimativa de março, alcançando a marca de 148,3 milhões de toneladas. No entanto, esse número ainda representa uma queda de 2,4% em comparação com a produção total do ano passado.
“Para o milho, a previsão é de 115,8 milhões de toneladas, uma queda de 0,3% em comparação ao mês anterior — e uma redução de 11,7% em relação ao que produzimos em 2023. Problemas climáticos durante a safra de verão reduziram o potencial da safra brasileira de grãos de 2024, principalmente com relação às produções de soja e de milho”, informa Barradas.
Segundo o levantamento, os efeitos do fenômeno climático El Niño, caracterizado pelo excesso de chuvas nos estados da Região Sul e pela escassez de chuvas regulares e altas temperaturas no Centro-Norte do Brasil, resultaram em uma limitação no potencial produtivo da leguminosa em muitas das unidades da federação produtoras.
O consultor de agronegócios João Crisóstomo, da BMJ Consultores Associados, ressalta que o El Niño foi um desafio na safra 2023/2024, provocando um atraso nas chuvas. “O fenômeno climático provocou um atraso nas chuvas — o que consequentemente atrasou a semeadura e a colheita, sobretudo no Centro-Oeste, que foi onde foi observado esse atraso nas chuvas no Mato Grosso”, explica.
Ele aponta que o El Niño também evidenciou problemas logísticos que acontecem no Brasil, como na infraestrutura com escoamento de produção.
“A armazenagem e escoamento, inclusive nos portos, tem um gargalo provocado pelas rodovias e ferrovias do país, e toda vez quando chega na época de colheita ele fica cada fica muito evidente. Mesmo em um ano como esse, em que provavelmente teremos uma produção menor em relação ao ano passado, vamos acabar observando como vai ser o gargalo na produção ”, ressalta.
Apesar dos desafios, o consultor de agronegócios destaca que esse é um setores mais importantes para economia brasileira — e contribui significativamente para o PIB brasileiro.
O IBGE mostra que a estimativa da produção de cereais, leguminosas e oleaginosas apresentou variação anual positiva para duas regiões: a Sul (8,3%) e a Norte (7,6%). Houve variação anual negativa para as demais: a Centro-Oeste (-12,2%), a Sudeste (-10,5%) e a Nordeste (-3,1%).
Mato Grosso lidera como o maior produtor nacional de grãos, com participação de 28,0%, seguido pelo Paraná (13,4%), Rio Grande do Sul (13,3%), Goiás (10,6%), Mato Grosso do Sul (8,3%) e Minas Gerais (5,6%), que, somados, representaram 79,2% do total.
O levantamento mostra que, para o arroz, a produção estimada foi de 10,5 milhões de toneladas — um crescimento de 2% em relação ao que foi produzido em 2023. Para o feijão, a previsão é de 3,3 milhões de toneladas — um aumento de 11% em relação ao que foi produzido no ano anterior.
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Pagamento do benefício ocorre desde a última quarta-feira (17), de acordo com o governo
O Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar autorizou na última quarta-feira (17) o pagamento do Garantia-Safra a agricultores familiares que vivem nos nove estados do Nordeste e em Minas Gerais.
Criado em 2002, o benefício social é concedido aos produtores rurais que moram em municípios nos quais tenha havido perda de produção por estiagem ou excesso de chuvas.
Para receber o auxílio financeiro, que é de R$ 1.200, o produtor rural deve ter perdido pelo menos 50% do conjunto da safra 2022/2023 (a penúltima), de feijão, milho, arroz, algodão ou mandioca.
O especialista em orçamento público Cesar Lima diz que o Garantia-Safra assegura uma renda mínima aos agricultores familiares que vivem em municípios localizados na área de atuação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Ele lembra que é preciso estar com toda a documentação exigida em dia.
"Ele tem que estar com a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) ativa, e vai receber R$ 1.200 como uma complementação de renda devido à quebra de safra, que ele colheu menos do que ele esperava", explica.
De acordo com a portaria, o governo vai pagar o Garantia-Safra em parcela única já a partir deste mês, nas mesmas datas que a Caixa Econômica Federal definiu para o pagamento de benefícios sociais, como o Bolsa Família.
Confira o calendário de pagamento de acordo com o último número do Número de Identificação Social (NIS).
1 – 17 de abril
2 – 18 de abril
3 – 19 de abril
4 – 22 de abril
5 – 23 de abril
6 – 24 de abril
7 – 25 de abril
8 – 26 de abril
9 – 29 de abril
0 – 30 de abril
Já os produtores rurais que aderiram ao programa, mas tiveram a concessão do benefício bloqueada, precisam consultar o cadastro de inscrição no sistema informatizado de gerenciamento do Garantia-Safra, no site do governo federal, para descobrir o motivo.
Entre as principais causas para o bloqueio do pagamento, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária, estão a não identificação do CPF para a safra selecionada; propriedade de área maior do que 4 módulos fiscais; renda bruta familiar superior ao teto do programa, que é de 1,5 salário-mínimo, entre outros.
O prazo para isso vai acabar 30 dias após a publicação da portaria que liberou os recursos, ou seja, 17 de maio.
Confira se o seu município está entre aqueles para os quais a verba foi liberada.
Ministério da Agricultura e Pecuária estuda ampliar recursos para o Seguro Rural
Mais R$ 1,4 bilhão estará ao alcance dos produtores rurais a partir desta quinta-feira (11) por meio do Plano Safra 2023/2024. O montante disponível para operações de crédito foi anunciado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Advogado especialista em agronegócio, Evandro Grilli comenta o impacto da injeção de recursos na produção rural brasileira. "Significa uma maior disponibilidade de crédito, que acaba de uma certa forma melhorando os mecanismos de produção, insumos, equipamentos e ajuda o país a aumentar a sua produtividade na questão do agro", explica.
Os produtores rurais que têm acesso aos recursos podem usá-los para cobrir os custos de produção, investir em novos equipamentos e tecnologias, construir ou ampliar armazéns, entre outras finalidades.
João Batista Ramos, pecuarista e produtor de soja e milho em Campos Novos (SC), diz que usa os recursos do programa com frequência. Ele pede que o governo amplie o valor ofertado por meio do programa, bem como diminua as taxas de juros das linhas de crédito.
"O Plano Safra é importantíssimo para nós produtores. Só vejo que temos que aumentar os recursos e a questão dos juros. O ganho dentro da agricultura está achatado, e o produtor está tendo problemas para cumprir com vários compromissos", diz.
O produtor diz que o financiamento permite a ele custear o negócio e investir em melhorias que garantam ganhos de produtividade.
"A gente usa para custeio e para investimento em equipamentos. A agricultura é muito dinâmica — e o produtor rural precisa renovar os seus equipamentos para produzir mais e, para isso, os recursos do Plano Safra são importantíssimos."
O Plano Safra é um programa de incentivo financeiro de fomento à produção agrícola brasileira. A edição atual ofertou cerca de R$ 435,8 bilhões, dos quais R$ 319,2 já haviam sido desembolsados até o fim de março — conforme atualização mais recente do Ministério da Agricultura e Pecuária.
Plano Safra 23/24: produtores tiveram acesso a quase R$ 320 bilhões em crédito rural
Abertura de mercados para o agro bate recorde histórico e cria oportunidades para novos produtos
Produtores rurais de todo o país tiveram acesso a R$ 319,2 bilhões em crédito nos últimos nove meses por meio do Plano Safra 2023/2024. O mais recente balanço do programa foi divulgado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), nesta quinta-feira (4).
O montante já liberado é 14% superior àquele dos nove meses do Plano Safra anterior. Os R$ 319,2 bilhões em crédito rural para custeio, investimento, comercialização e industrialização do campo correspondem a 73% do que o governo disponibilizou para os produtores nesta edição do programa.
Advogado especialista em agronegócio, Evandro Grilli lembra que o Plano Safra é uma política brasileira de incentivo financeiro à produção rural, pois permite aos agricultores o acesso ao crédito.
"Isso nos ajuda no sentido de proteger um segmento da economia que é essencial para o país em termos de reflexo interno e reflexo externo da balança comercial, que é o agronegócio", destaca.
Grilli ressalta que o valor do Plano Safra 2023/2024 é o maior da história, recorde que vem sendo batido ano a ano. A expectativa dele e dos produtores rurais é de que a próxima edição do Plano Safra seja ainda maior, como o próprio ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, destacou na última segunda-feira (1º) em entrevista ao Canal Rural.
"É compromisso do presidente Lula fazer planos Safra sucessivos maiores do que os passados. Batemos recordes no maior plano Safra da história em 23/24 — e estamos trabalhando para fazer um ainda maior em 24/25."
Caso isso se concretize, o país só tem a ganhar, destaca o especialista em agro. "Este ano, a expectativa é de cifras mais elevadas em toda a história dessa iniciativa. Significa uma maior disponibilidade de crédito, que acaba, de uma certa forma, melhorando os mecanismos de produção, insumos, equipamentos e ajuda o país a aumentar a sua produtividade", aponta.
Quem trabalha na ponta junto aos produtores rurais reforça que essa política pública – em vigor desde o início do século – é crucial para a agricultura do país. É o caso de Evandro Oliveira, consultor de Safras & Mercado, especialista nas culturas de arroz e feijão.
"O Plano Safra é uma ferramenta de grande importância para os produtores, principalmente para os pequenos, porque permite acesso ao crédito. Muitos produtores não têm capital suficiente para investir nas operações agrícolas, seja para aquisição de tecnologia ou para redução dos custos", destaca.
Oliveira pontua que, além de garantir recursos para o plantio, a política pública é importante para impulsionar a adoção de novas tecnologias nas lavouras.
"O Plano Safra inclui recursos para investimento em infraestrutura, tecnologia, modernização das propriedades rurais, — o que é crucial para os pequenos produtores, para que não haja uma estagnação. Muitas vezes eles encontram dificuldades enormes para investir em melhorias que poderiam aumentar a produtividade e a competitividade no longo prazo. Essa questão do investimento é crucial", diz.
Segundo o Mapa, as contratações de crédito para investimentos por meio do programa totalizam R$ 75 bilhões. Para custeio, o subsídio do governo chegou a R$ 177 bilhões, enquanto para comercialização foram R$ 40 bilhões; e para industrialização, R$ 25 bilhões.
Engenheiro agrônomo e produtor rural de soja, milho, cana de açúcar, bovinocultura, entre outros cultivos, Ênio Jaime Fernandes diz que o crédito facilitado foi fundamental para ele, quando ainda era um pequeno agricultor, há 30 anos.
"A gente era um produtor extremamente pequeno, e o apoio do governo federal, tanto financeiro, como com informações de pesquisa da Embrapa, foram fundamentais para que a gente crescesse", destaca.
Ele diz que, mais do que aumentar os recursos ano a ano, é importante que o Mapa busque a diminuição das taxas de juros para acesso ao crédito do Plano Safra, sobretudo para os pequenos produtores.
"A maioria dos empregos não está nas grandes companhias. Está no pequeno e médio produtor e na pequena e média empresa. Interessante é que quando ele apoia a pequena e média empresa, gera desenvolvimento para o Brasil, do interior para as capitais. É um ciclo positivo", afirma.
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Fávaro destaca recorde na abertura de mercados para o agro e projeta maior Plano Safra da história
Em entrevista exclusiva ao Canal Rural, nesta segunda-feira (1), o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, destacou que a pasta vem batendo recordes de abertura de mercados para o agronegócio brasileiro, incluindo a habilitação de 38 novas plantas frigoríficas para exportação junto à China e outras 27 junto às Filipinas, em março. Ele também disse que o governo pretende anunciar o maior Plano Safra da história ao fim do primeiro semestre deste ano.
Fávaro explicou que o esforço da pasta para a criação de laços comerciais tem gerado bons resultados para os produtores brasileiros. "O Brasil, nesses 15 meses do presidente Lula, abriu 104 mercados. Um recorde absoluto. Passamos a ter relações comerciais com 49 países que nós não tínhamos relações com produtos do agro", disse.
O ministro ressaltou que a abertura de novos mercados para a agropecuária brasileira foi acompanhada da ampliação de relações comerciais com parceiros estratégicos. "Tivemos reunião com o setor de carnes, preocupados com abertura maior de mercado e, imediatamente, o presidente Lula acionou o vice-presidente e — ao final da negociação com a China — olha o resultado: 38 novas plantas num dia só. No mesmo dia, Filipinas [habilitaram] 27 plantas brasileiras", enfatizou.
Segundo o ministro, há um diálogo bem encaminhado com o Ministério da Fazenda no sentido de disponibilizar o maior volume de recursos da história do Plano Safra — política pública de fomento à produção rural brasileira. Para a safra da temporada 2023/2024, o governo disponibilizou cerca de R$ 364 bilhões, entre recursos para custeio, comercialização e investimentos.
"Estamos trabalhando para fazer um [Plano Safra] ainda maior em 24/25. É claro que isso depende da capacidade orçamentária, mas tem estratégias sendo montadas pelo nosso ministro Fernando Haddad. Nós estamos muito confiantes, ouvindo a sociedade civil organizada e, na medida, em que a gente vai colhendo as propostas, dialogando com o Ministério da Fazenda, tenho certeza que anunciaremos, na virada do semestre, o maior plano safra da história do Brasil", projetou.
A limitação orçamentária foi apontada pelo ministro como um entrave para o desejo do Mapa de ampliar o valor destinado ao seguro rural, que está em torno de R$ 950 milhões. O seguro rural é um instrumento que permite aos produtores se protegerem contra perdas decorrentes, principalmente, de fenômenos climáticos adversos, como chuvas em excesso ou estiagens prolongadas.
Representantes dos produtores estimam que seriam necessários cerca de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões para o seguro rural. "Há necessidade de mais, afinal de contas as intempéries climáticas viraram realidade e estão causando bastante danos às lavouras. As apólices estão mais caras, o custo de produção mais caro — e isso requer que o governo esteja participando mais. Eu já pleiteei, no ano passado, um bilhão a mais com o ministro Haddad, mas entre precisar e ter o recurso disponível há uma lacuna", lamentou.
Uma das alternativas em estudo, disse Fávaro, é remanejar parte dos recursos do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) para a ampliação do seguro rural.
As dificuldades climáticas e a queda no preço das commodities agropecuárias — como a soja e o milho —, prejudicaram as contas de diversos produtores pelo país. Durante a entrevista, Fávaro destacou decisão recente do Conselho Monetário Nacional (CMN) que autoriza os produtores rurais de 16 estados a renegociarem dívidas do crédito rural, com vencimento este ano.
"Você produtor ou produtora que teve problema climático e teve problema de preço, não teve renda e não consegue pagar os seus custeios, faça um laudo agronômico com seu engenheiro, com a assistência técnica, procure as agências bancárias o mais rápido possível e peça a renegociação desse custeio", orientou.
Os produtores precisam pedir a renegociação das dívidas até 31 de maio.
O ministro dos Transportes, Renan Filho, disse nesta terça-feira (6) que o governo deve investir R$ 4,7 bilhões na melhoria de rodovias e ferrovias por onde a safra de grãos de 2023/2024 vai escoar.
Se a projeção se confirmar, o aporte público nos chamados corredores logísticos do agronegócio será mais de um bilhão de reais superior ao registrado no ano passado e quase três bilhões acima do investido em 2022, destacou o ministro.
"Em 2022, o Ministério dos Transportes investiu R$ 1,98 bilhão nesses corredores do agro. Em 23, investimos R$ 3,6 bilhões, ou seja, o dobro do volume anterior, e este ano a gente espera investir R$ 4,7 bilhões. Esses são os investimentos públicos em rodovias e ferrovias para os corredores do agro", afirmou em entrevista coletiva que detalhou o Plano Nacional para o Escoamento da Safra de Grãos de 2023/2024.
O Ministério dos Transportes vai direcionar os investimentos para as duas principais rotas logísticas existentes no país: o Arco Norte, que receberá R$ 2,66 bi em recursos; e o Arco Sul-Sudeste, que receberá R$ 2,05 bi.
Em 2024, a pasta pretende melhorar a conservação da malha rodoviária. Para isso, vai intensificar ou concluir obras em rodovias e ferrovias. O ministro Renan Filho disse que a meta é chegar a 80% das rodovias em boas condições até o fim do ano.
Além do investimento público, ele destacou que o governo quer fazer 13 leilões para a concessão de rodovias, das quais 10 se relacionam com o escoamento de grãos produzidos no interior do país. A estimativa é que os certames atraiam R$ 95 bilhões em investimentos privados somente em 2024.
Segundo o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, a melhoria da infraestrutura para o escoamento da produção é o fator que mais contribui para a competitividade do agronegócio brasileiro.
"Nenhuma nova tecnologia, seja semente, variedade ou produto desenhado pela ciência no Brasil traz mais competitividade ao agro do que infraestrutura logística. Tudo ajuda, mas infraestrutura logística, quando a gente tem transporte mais eficiente, com modais integrados, com portos dando fluidez, isso se reverte em renda, em capacidade de ganhar mercados cada vez mais exigentes e cada vez mais competitivos."
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, detalhou os esforços da pasta para melhorar a infraestrutura portuária, responsável por exportar 95% da produção do agro brasileiro. "Os três maiores portos do Brasil estão passando por grandes investimentos, que vão desde investimentos em dragagem, em recuperação de moles, em estacionamentos, para poder dar mais conforto para quem vai de caminhões. Miramos um planejamento estratégico para poder potencializar porto por porto".
Silvio Costa Filho disse que entre 2023 e 2026, a carteira de investimentos no setor portuário deve chegar aos R$ 78,5 bilhões, entre novos arrendamentos de terminais, renovações e prorrogações de contratos existentes e novas autorizações.
Para este ano, estão previstos cinco leilões com impacto sobre o escoamento em áreas do Arco Norte, como nos portos de Barcarena, no Pará, e Santana, no Amapá.
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Fávaro afirmou que a quebra da safra 2023/2024 está "consolidada", mas que ainda é preciso dimensionar o tamanho das perdas em relação à temporada 2022-2023.
Segundo o último boletim da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção brasileira deve cair 4,2% ou 13,5 milhões de toneladas, sobretudo por conta das condições climáticas instáveis, como as chuvas escassas e mal distribuídas aliadas a altas temperaturas na região central do país — ou as chuvas volumosas que ocorreram no Sul.
Apesar da queda na produção e, portanto, menor oferta, o preço do grãos no mercado internacional continua em baixa, reduzindo o ganho dos produtores rurais, o que, segundo Fávaro, explica-se pela maior produção no Sul do país e também na Argentina.
"Eu trago uma mensagem de muito otimismo. Apesar das crises climáticas, dos preços achatados, estamos ao lado desse setor importante da economia brasileira para garanti-lo tendo competitividade e gerando oportunidades e empregos no Brasil."
A oferta de mais R$ 3 bilhões para operações de crédito no âmbito do Plano Safra 2023/2024 – anunciada pelo BNDES na última semana – é uma boa notícia para os produtores rurais em meio às expectativas de quebra das safras da soja e do milho, principais itens da pauta agrícola do país. A análise é de Charles Dayer, especialista em agronegócio.
"A gente teve um problema de chuvas irregulares. Ano que vem, talvez a gente continue enfrentando esse problema. Se o agricultor tem recurso para planejar melhor o seu plantio, isso pode favorecer que a quebra de safra seja menos impactada, porque ele se preparou para isso investindo em mais tecnologia ou na qualidade dos grãos", avalia.
Dayer lembra que produtores rurais de todos os portes têm acesso aos recursos do Plano Safra. Os agricultores podem usar as linhas de crédito para suprir diferentes demandas da produção, como o custeio de atividades periódicas da lavoura ou o investimento em máquinas, equipamentos e armazéns, por exemplo.
Se bem usados, os recursos impactam positivamente a produtividade da agricultura brasileira, isto é, consegue-se colher mais sem aumentar o espaço de plantio. "A grosso modo, o Plano Safra atua em toda a cadeia, do berço ao túmulo, desde a aquisição da semente e todos os setores envolvidos na produção de agrotóxicos, fertilizantes, máquinas agrícolas, até o produto final acabado, que seria o grão em si ou o legume", explica o engenheiro agrônomo.
O economista Luigi Mauri destaca que o agronegócio tem sido cada vez mais importante no desempenho da economia brasileira. O crescimento observado no ano passado, segundo ele, deve-se, em boa parte, aos resultados obtidos pelo setor, especialmente no primeiro trimestre, período em que o PIB brasileiro mais cresceu em 2023.
Mauri acredita que o acréscimo de recursos para o Plano Safra é parte de uma tentativa do governo de se aproximar mais do setor depois de alguns desencontros no início de mandato do presidente Lula.
"Existe uma preocupação do governo em ter um bom relacionamento com esse setor, haja vista que não é o forte, digamos assim, da atual gestão que está no governo. Então, planos como esse que incentivem o agro, subsidiem o agro, são estrategicamente importantes para a economia brasileira, para que o setor do agro, que é o setor em que nós somos mais naturalmente favorecidos, tenha um bom desempenho e influencie os resultados positivos na economia", afirma.
Adotado em 2003, o Plano Safra tem como principal objetivo fomentar a produção rural brasileira. A oferta de recursos que podem ser tomados pelos produtores por meio de linhas de crédito acompanha o calendário da agricultura brasileira, que começa em julho de um ano e se encerra em junho do ano seguinte.
Para a safra 2023/2024, o governo disponibilizou cerca de R$ 364 bilhões, dos quais R$ 272 bilhões para custeio e comercialização, enquanto R$ 92 bilhões para investimentos.