O mais recente Boletim InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostra um aumento dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) associados à Covid-19, principalmente em São Paulo e Goiás. Por conta da grande circulação de pessoas no estado paulista e que vão para as demais regiões do país, os pesquisadores da Fiocruz alertam para o risco de aumento de Covid-19 em outros estados nas próximas semanas.
Segundo a pesquisadora do Programa de Computação Científica da Fiocruz (Procc) e do Boletim InfoGripe Tatiana Portella, a maioria das hospitalizações por Covid-19 em Goiás são de pacientes idosos e, em São Paulo, já se observa internações de pacientes adultos também.
Diante desse cenário, a pesquisadora da Fiocruz reforça os cuidados de proteção contra a Covid-19.
“A gente reforça que todas as pessoas dos grupos de risco estejam em dia com a vacinação contra o Covid-19. Nós também reforçamos a importância do uso de máscaras em locais fechados, com menor circulação de ar e maior aglomeração de pessoas, e também dentro dos postos de saúde. Em caso do aparecimento de sintomas, o ideal é ficar em isolamento em casa.”
O boletim também revela que os casos de SRAG associados ao vírus sincicial respiratório (VSR) e à Influenza A apresentaram uma tendência de queda na maior parte do território nacional. Por outro lado, ainda há um aumento de SRAG por rinovírus, especialmente entre crianças e adolescentes de até 14 anos, em muitos estados da Região Nordeste, Centro-Sul e alguns estados da Região Norte. Inclusive, o rinovírus e o VSR são as principais causas de internações e óbitos de crianças de até dois anos de idade em todo o país.
Na tendência de longo prazo, 17 unidades federativas apresentam crescimento de SRAG: Alagoas, Amapá, Amazonas, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe.
Entre as capitais, os indícios de aumento dos casos foram observados em Aracaju (SE), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Cuiabá (MT), João Pessoa (PB), Manaus (AM), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Teresina (PI) e Vitória (ES).
Em 2024, já foram notificados 123.082 casos de SRAG. Desses, 59.410 (48,3%) deram positivo em testes laboratoriais para algum vírus respiratório e 7.692 (6,2%) estão aguardando resultado. Dentre os casos positivos, 18,7% são influenza A, 0,6% são influenza B, 41,6% são VSR, e 18% são Covid-19.
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O número de casos da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) associados à Covid-19 subiu nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul do Brasil. Os estados que mostraram crescimento nas hospitalizações por Covid-19 e necessitam de vigilância reforçada são: Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo — e ainda o Distrito Federal. Os dados foram divulgados pelo Boletim InfoGripe desta quarta-feira (11).
Em relação aos casos gerais de SRAG no Brasil, observou-se uma tendência crescente nas últimas seis semanas e estabilidade nas últimas três. Enquanto isso, para os vírus influenza A e Vírus Sincicial Respiratório (VSR) a situação é de estabilidade ou declínio na maioria dos estados. A situação do rinovírus também indica uma diminuição na maior parte do território nacional.
Os estados que apresentaram sinal de crescimento de SRAG na tendência de longo prazo foram:
No Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo nota-se uma prevalência em casos de Covid-19 na população adulta. Assim como no Distrito Federal, há um crescimento nas ocorrências tanto em adultos quanto em idosos.
O infectologista Julival Ribeiro orienta que as pessoas idosas em grupo de risco devem, usar máscara, fazer higienização das mãos, sobretudo ao se dirigir para locais fechados, sem ventilação e com aglomeração.
“A essas pessoas, que são o maior grupo de risco, além de manter a sua vacinação em dia, eu recomendo o uso de máscara e não esquecer, também, de fazer a higienização das suas mãos”, explica.
De acordo com o boletim, nos estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo, como no Distrito Federal, a elevação nos casos de Covid-19 é notável, principalmente entre adultos e idosos. Goiás também mostra um aumento nos diagnósticos positivos em pessoas acima dos 65 anos. Enquanto isso, no Amazonas, Acre e Sergipe, o aumento anteriormente percebido parece ter sido uma oscilação.
Ribeiro enfatiza a importância de que pessoas com síndrome gripal, que tenham tosse, febre e dor de cabeça, procurarem por uma unidade de saúde para ver se está com a covid-19 ou mesmo influenza ou outros vírus respiratórios.
“Porque a pessoa pode desenvolver a Síndrome Respiratória Aguda Grave, ou seja, aí já há acometimento do sistema respiratório inferior, a pessoa começa a ter tosse mais contusa, mais dispneia e ela pode estar realmente em quadro de síndrome respiratória aguda grave”, avalia.
Nas capitais Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, a tendência de crescimento é mais evidente entre os mais idosos, porém o Rio de Janeiro já sinaliza uma possível diminuição nessa alta. Em contraste, Aracaju tem um aumento notório em crianças e pré-adolescentes. Tanto Curitiba quanto Goiânia demonstram padrões que sugerem flutuações nos registros.
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A população brasileira mantém o hábito de usar máscaras no dia a dia mesmo com a redução dos casos de Covid-19 no país e com 33% da população vacinada com três doses contra a doença. De acordo com uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), 55% da população ainda adota a peça de proteção nos transportes coletivos.
É o caso da faxineira Elis Martins, de 42 anos, que não dispensou o item nem após ter tomado as quatro doses da vacina contra a Covid-19. “Mesmo vacinados temos que nos prevenir, ainda mais em lugares fechados, com muito movimento de gente”, conta a profissional da limpeza. “Eu trabalho no Detran-DF, tem hora que lá fica cheio, tem hora que está vazio, então tem que usar, é importante”, ensina.
A servidora pública Maristela Queiroz, de 52 anos, pega ônibus todos os dias para ir ao trabalho. Apesar de protegida pela vacina, ela se preocupa por ter comorbidade, e garante que a máscara é uma ferramenta importante para evitar novas contaminações. “A Covid-19 não acabou, com a máscara me sinto mais segura e, além da Covid-19, tem aí a varíola dos macacos”, observa.
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A pesquisa ainda aponta que 49% da população não abre mão da máscara em supermercados. Já em outros espaços, como os comércios de rua e os shoppings, a realidade é diferente. Para aqueles que frequentam bancas de feiras ao ar livre ou camelôs, o percentual de quem usa máscara é de 34% e, em shoppings, 33%. No ambiente de trabalho, 31% dos funcionários usam máscaras.
Para Luiz Solano, diretor da Associação Comercial do Distrito Federal (ACDF), que tem aproximadamente seis mil associados, a melhora na situação da pandemia aliviou o cotidiano das pessoas, mas não se pode descuidar. Segundo ele, em muitos comércios, além dos funcionários, os próprios clientes fazem questão de frequentar os espaços de máscara.
“O que nós estamos vendo aí é que muita gente ainda usa máscara em todo o Distrito Federal, o que é muito bom. Agora nos shoppings, nas rodovias, nós estamos vendo os ônibus estão, inclusive os passageiros, estão usando máscara”, conta.
Entre abril e julho deste ano, o percentual de brasileiros que disseram usar máscaras apenas em locais fechados se manteve estável, em aproximadamente 52%.
Por outro lado, o número de cidadãos que abandonou de vez as máscaras no dia a dia aumentou de 17% para 32%, entre abril e julho deste ano. Uma em cada três pessoas parou de usar máscaras em qualquer local, segundo a pesquisa.
De acordo com o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, a queda no do uso de máscaras se deve à confiança na vacinação. “A população vê que a pior fase ficou para trás, vê o avanço da vacinação e se sente mais protegida”, defende. “E aos poucos, vem abandonando o uso de máscara”, completa o analista. Do total de entrevistados, 95% dizem ter tomado, pelo menos, uma dose da vacina. E a maioria informou já ter tomado três ou quatro doses (62%), enquanto 5% afirmaram que não tomaram a vacina.
A Covid-19 esteve próxima da maioria dos brasileiros: 62% disseram que conhecem alguém que foi internado por causa da doença, e 5% da população diz ter tido Covid-19 nos últimos três meses. Quando questionados sobre a nova variante BA-5, mais da metade (54%) nunca ouviu falar, e 28% disseram que o medo é grande ou muito grande.
Antônio de Almeida Santos, de 43 anos, se assustou ao fazer o teste no mês de julho. “Fiquei surpreso porque já tinha tomado duas vacinas e, segundo o médico, foi o que me protegeu”, conta. “Como não tenho nenhuma comorbidade, só tive sintomas leves, mas agora vou reforçar o uso de máscara”, explica.
Cenário epidemiológico leva a mudanças nas medidas sanitárias da Anvisa
O índice da Síndrome Respiratória Aguda (SRAG) é o mais baixo desde o início da epidemia de Covid-19 no Brasil, segundo Boletim InfoGripe publicado pela Fiocruz esta semana (17).
O estudo mostra queda na tendência de longo prazo, últimas seis semanas, e estabilidade na tendência de curto prazo, últimas três semanas. De acordo com os dados, a Covid-19 continua predominante na população adulta.
Das 27 unidades federativas (UF), apenas Roraima apresenta sinal de crescimento na tendência de casos da SRAG de longo prazo até a semana 32. A situação é estável no Acre e no Amapá, e a tendência de longo prazo está em queda nos demais estados. Entre as capitais, Belém, Boa Vista e Vitória apresentam indícios de crescimento. Nas demais há predomínio de queda, com indicador estável em nove capitais.
A Síndrome Respiratória Aguda (SRAG) é uma infecção respiratória viral grave, e requer internação do paciente. Tosse, dor de garganta e dificuldades respiratórias são sintomas comuns da doença.
De acordo com a infectologista Larissa Tiberto, as altas taxas de vacinação contra Covid-19 associadas à informação sobre os cuidados preventivos contribuíram para a queda dos casos de SRAG. “Pessoas com comorbidade passaram a ter o cuidado redobrado, fazer adequadamente o isolamento social, lavagem das mãos e uso de máscara”, informa.
Nas últimas quatro semanas epidemiológicas a prevalência entre os casos com resultado positivo para vírus respiratórios foi de 2,0% para influenza A, 0,2% para influenza B, 5,9% para vírus sincicial respiratório (VSR) e 78,2% para Covid-19. O calendário epidemiológico divide os 365 dias do ano em 52 ou 53 semanas epidemiológicas.
CADERNETA DE VACINAÇÃO: Pais devem manter documento atualizado
O cenário epidemiológico de queda nos novos casos redução no número de mortes por Covid-19 alterou medidas sanitárias vigentes no país. Esta semana (17), a Anvisa declarou o fim da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin), e acabou com a obrigatoriedade do uso de máscaras em aeroportos e aeronaves.
O diretor da Anvisa, Alex Campos, observa que as máscaras ainda são eficazes para proteção coletiva contra a Covid-19. “Contudo, as análises realizadas consideraram o contexto epidemiológico atual da doença no Brasil e no mundo, e demonstraram que o avanço da vacinação permite a flexibilização das medidas restritivas coletivas adotadas com foco na contenção dessa doença”, explica.
A infectologista Larissa Tiberto também explica que, apesar do avanço das taxas de vacinação contra a doença, algumas faixas etárias ainda não estão totalmente imunizadas. Por isso, o uso de máscaras é recomendado para conter a circulação de novas variantes que possam prejudicar o combate contra o coronavírus.
Cleusson Jansen, 39, está imunizado com as três doses da vacina contra Covid-19, e está atento às medidas de proteção. “Eu irei continuar utilizando a máscara. Em viagens que farei, não só eu mas toda minha família, porque é uma forma de se proteger, ainda mais em ambientes fechados”, conta.
Tais Souza, 30, trabalha com pesquisa clínica em São Paulo (SP), e viaja a trabalho todos os meses. Assim como Cleusson, ela pretende continuar se protegendo. “Eu particularmente não vou deixar de utilizar máscaras porque acaba sendo uma decisão individual, né. Então, na minha opinião, a gente tá praticamente se cuidando né. É minha recomendação pros amigos e parentes, que a gente continue utilizando, né”.
O uso de máscaras em ambientes de trabalho não é mais obrigatório. Uma portaria publicada no Diário Oficial na última sexta-feira (1º) liberou a exigência do uso e fornecimento de máscaras pelas empresas em estados ou municípios que não exigem mais a utilização em ambientes fechados.
Segundo o Governo Federal, a atualização se deve à melhora do cenário epidemiológico, mas a medida pode ser reavaliada em caso de aumento de casos da Covid-19. Isso ocorre em locais que registrarem nível de alerta considerado alto ou muito alto, ou seja, a partir de 151 casos a cada 100 mil habitantes.
O uso de máscaras era obrigatório desde abril de 2020. Depois de dois anos usando, a servidora pública Deborah Achcar não se sente confortável ainda para abandonar a proteção. Ela é moradora do Distrito Federal, uma das unidades da federação onde a máscara deixou de ser obrigatória para a circulação em ambientes fechados.
“No meu trabalho já não é mais obrigatório usar máscara, mas todos da minha sala usam e ninguém está pensando em tirar porque ainda não tem certeza absoluta da falta de necessidade da máscara”, relata a servidora.
Nada muda para os profissionais de saúde, que devem receber máscaras PFF2 e demais equipamentos de proteção individual. Também estão na portaria outras medidas para evitar o contágio, como ambientes com distanciamento e afastamento dos infectados. Profissionais com suspeita ou confirmação de Covid-19 devem ser afastados por dez dias, prazo que pode ser reduzido para sete, de acordo com as regras definidas pelo Ministério da Saúde.
Por mais que saibamos o que pensa Jair Bolsonaro sobre, por exemplo, a pandemia da Covid-19, sempre nos surpreende quando faz discursos em eventos, nas viagens ou em conversa com seus apoiadores. Foi o que aconteceu nessa quinta-feira ao usar o microfone numa cerimônia sobre novos projetos do Ministério do Turismo no Palácio Planalto.
Disse que encareceu ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, uma medida que libere do uso de máscaras as pessoas que já receberam vacinas contra o coronavírus.
As reações à iniciativa de Bolsonaro foram imediatas e partiram de médicos especialistas no assunto, principalmente os infectologistas. Asseguram que, bem ao contrário do que deseja o senhor que preside o país, o uso das máscaras é fundamental para não contrair o vírus corona. Ainda mais nesse momento, quando a possibilidade da onda indiana chegue ao Brasil e aumente ainda mais o número de mortos da pandemia, que já beira 480 mil.
Após mais de um ano de pandemia, é consenso que o uso de máscaras é um importante aliado no combate ao novo coronavírus. Mas estudos vêm mostrando diferenças consideráveis de proteção em alguns tipos de máscaras. Uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, avaliou a eficiência de filtração de 227 modelos vendidos no Brasil e percebeu que ela pode ser de 15%, como percebido em certos tipos de máscaras de tecido, até 98%, como avaliado em máscaras cirúrgicas e as do tipo PFF2/N95.
Para detalhar esse estudo e elucidar sobre os melhores tipos de proteção contra a Covid-19, o portal Brasil61.com conversou com Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da USP e coordenador da pesquisa. Paulo cita que um dos principais pontos das conclusões é que a eficiência de proteção pelos diferentes tipos de máscaras tem uma grande variação, mas que as melhores são as chamadas N95, embora custem mais.
“Elas têm eficiência de coleção de partículas muito boa, mas custam muito caro. Em segundo lugar, vieram as chamadas máscaras cirúrgicas. São essas máscaras que você compra na farmácia, feitas de tecido não tecido, chamado de TNT, um plástico polipropileno que tem altíssima eficiência de retenção do vírus e tem uma boa respirabilidade. Essas máscaras têm uma eficiência de 80% até 90% de retenção do vírus. E, por último, ficaram as máscaras de pano.”
Os estudos conduzidos por Paulo Artaxo foram apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Eles utilizaram um equipamento que produz partículas de aerossol a partir de uma solução de cloreto de sódio e, após o jato de aerossol ser lançado no ar, mediu a concentração de partículas antes e depois de cada máscara.
“As máscaras de pano, dependendo de como você faz – se você faz com uma, duas ou três camadas –, têm eficiência de proteção da sua saúde que varia muito. Algumas máscaras de pano, muito porosas, têm eficiência baixa, só de 20% de coleta do vírus. Outras, feitas com tecido com trama mais fechada, têm uma eficiência maior, às vezes na ordem de 60% a 70%”, numera o físico.
Esse tipo de máscara começou a ser deixado de lado com o passar da pandemia. Porém, Paulo lembra que quem não tem condições financeiras de custear os produtos mais profissionais, não deve abandonar a já tradicional proteção de pano. “Agora, cuide para que o ajuste da máscara no seu rosto seja o melhor possível. De preferência, use aqueles clipes metálicos no nariz, porque, obviamente, em qualquer buraco que possa ter, o ar vai passar por ali sem ser filtrado.”
O tecido também deve ser reforçado. Segundo o professor, três camadas são essenciais. Mais ou menos do que isso pode ser prejudicial, ou atrapalhar a respiração ou deixar com baixa eficiência. “Mas você não dobra a eficiência da máscara se usa duas máscaras. Elas têm que ser confortáveis para o seu uso. E, às vezes, o uso de duas, uma em cima da outra, prejudica a respirabilidade”, lembra.
Paulo também ressalta que a pessoa que está de máscara em um ambiente fechado, sem circulação de ar, pode ser contaminada, independentemente do tipo de proteção que utilizar. “Sem dúvida nenhuma. O ambiente tem que ser o mais ventilado possível para diminuir a propagação do vírus. Muitos exemplos no exterior foram feitos de pessoas contaminadas que vão para o restaurante, por exemplo, e acabam contaminando cinco ou dez pessoas nas mesas próximas”, cita.
Assista agora à entrevista completa e exclusiva com Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da USP:
É preciso ficar atento à qualidade da máscara, para que ela realmente proteja contra a Covid-19
O Brasil ultrapassou o número de 358 mil mortes por causa da Covid-19 e mais de 13 milhões de pessoas que ficaram doentes pela doença. Com a disseminação do coronavírus por todos os estados do país, o uso de máscaras é uma forma de reduzir as chances de contaminação pela doença.
A grande procura pelo equipamento de proteção individual nas farmácias e lojas especializadas, fez com que os modelos produzidos industrialmente com materiais específicos e descartáveis ficassem escassos no mercado, mesmo para os profissionais de saúde.
Por conta do aumento das dúvidas sobre a correta utilização das máscaras de proteção, qual o melhor tecido ou material de fabricação e como funciona o reuso da máscara, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) desenvolveu um documento normativo de referência para orientar a sociedade.
A ABNT PR 1002/2020 contém recomendações de fabricação, design, desempenho e uso para as máscaras de proteção respiratória de uso não profissional, que podem ser reutilizáveis ou descartáveis. De acordo com o presidente da ABNT, Mario William Esper, as máscaras de proteção respiratória de uso não profissional podem ser produzidas a partir de diversos tecidos e disponibilizadas em diferentes formas. É recomendado atentar-se à qualidade, bem como aos requisitos mínimos de filtração e respirabilidade do produto.
“Temos alguns tipos mais utilizados para prevenir contra a Covid-19. As mais simples e eficazes, quando usadas corretamente, são máscaras cirúrgicas e a não profissional de tecido ou malha. Mas é preciso tomar cuidado para não escolher máscaras com respirador e que permita a entrada de ar, pois esse ar pode estar contaminado”, afirmou Mario Esper.
Além disso, as máscaras devem ser utilizadas pela população no dia a dia, com objetivo de proteger, evitando a contaminação pelo vírus da Covid-19. Mas não adianta apenas ter a máscara, é preciso fazer o uso da forma correta para que ela seja eficaz na proteção da pessoa. E é isso o que explica o médico infectologista, Francisco Bernardino, chefe da Unidade de Vigilância em Saúde do Hospital Universitário Lauro Wanderley, que faz parte da Rede Ebserh, em João Pessoa (PB).
“A forma correta de utilizar as máscaras, é sempre proteger de maneira completa a boca e o nariz. E na medida do possível evitar o contato com a superfície externa dessa máscara, que provavelmente é a parte que fica contaminada. É importante sempre evitar esse contato das mãos com a superfície externa. E, se porventura, acontecer esse contato deve-se higienizar as mãos com água e sabão ou álcool 70%”, destacou o profissional de saúde.
É importante lembrar que a utilização de máscara não invalida a necessidade das ações de distanciamento social e a adoção de medidas de proteção e higiene recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Ministério da Saúde e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Regras entraram em vigor nesta quinta-feira (25), sendo mais rígidas
As regras de utilização de máscaras em aviões e aeroportos ficaram mais rígidas. Aprovadas pela Anvisa nesta quinta-feira (25), as normas levam em consideração o agravamento da pandemia em todo o território nacional e o surgimento de novas cepas da Covid-19.
A partir de agora, os passageiros não podem mais utilizar lenços, bandanas e máscaras de acrílico ou com válvulas. Os protetores faciais, face shield, podem ser usados, desde que a pessoa esteja com uma máscara por baixo.
As máscaras de tecido devem ter camadas de tripla proteção. A norma também informa que aquelas de uso profissional, como as cirúrgicas e as N95/PFF2, são ideais, e que todas as proteções devem cobrir nariz e boca.
Para menores de três anos de idade e pessoas com deficiências que impeçam o uso adequado, as máscaras são facultativas.
As aulas estão de volta em vários municípios pelo País, com novas regras para proteger alunos, educadores e demais profissionais do novo coronavírus. Uma das principais recomendações é o uso da máscara. Mas você sabe como é a utilização correta para cada idade?
Cristina Albuquerque, chefe de saúde do UNICEF no Brasil, explica que a máscara é um aliado importante no combate à pandemia, mas deve ser introduzida no cotidiano das crianças com cuidado.
“Em geral, crianças de até cinco anos não devem usar máscaras também no ambiente escolar, mas isso depende das circunstâncias locais, como, por exemplo, uma determinação da autoridade sanitária local. Para as crianças de seis a 11 anos, as máscaras podem ser utilizadas, desde que supervisionadas sempre por um adulto. Para os adolescentes a partir de 12 anos, vale toda e qualquer recomendação para o adulto. Em média, nós precisamos trocar as máscaras, no mínimo, de três em três horas ou quando elas estiverem sujas ou úmidas.”
Nessa volta às aulas, cada um faz a sua parte. Use máscara, lave sempre as mãos, mantenha a distância e siga as orientações da escola.
Saiba mais em unicef.org.br.