31/07/2025 16:30h

Os atendimentos no local vão estar disponíveis até o dia 29 de agosto

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A primeira unidade móvel automatizada da Caixa Econômica Federal no país foi inaugurada nesta quinta-feira, 31 de julho. Ela está instalada no Centro Olímpico Parque da Vaquejada, na comunidade de Sol Nascente, em Ceilândia, no Distrito Federal.

Os serviços vão ser oferecidos de segunda a sexta-feira, das 10 da manhã às três da tarde até o dia 29 de agosto. A unidade conta com dois guichês de atendimento e oferece os mesmos serviços de uma agência tradicional, com exceção de movimentação de dinheiro em espécie.

Para o presidente da CAIXA, Carlos Vieira, a iniciativa visa expandir a presença do banco pelo país e fortalecer a inclusão financeira da população. 

“A agência tem o propósito de levar os serviços da caixa e do governo federal onde a população está. Então, nada mais simbólico do que chegar com esse primeiro modelo na comunidade de Sol Nascente, com todo esse aspecto vinculado a uma população que precisa dos serviços bancários, mas muitas vezes precisa se deslocar à região central de Brasília.”

O presidente da CAIXA destaca, ainda, que a ideia é atender as peculiaridades de cada comunidade, com apoio à população, inclusive com base na orientação financeira.

“Uma comunidade como essa tem uma economia própria e muitas vezes não precisa nem se deslocar para outros locais. Mas, às vezes, precisa de uma instituição que traga os conceitos bancários, de inclusão bancária, de orientação para o crédito, de orientação ao uso do serviço bancário.”

Além da unidade inaugurada nesta quinta-feira, a caixa conta ainda com 11 caminhões que percorrem o país, com oferta de atendimento para produtos e serviços do banco.

Depois de Brasília, a nova unidade vai atender a população de Simplício Mendes, no Piauí, onde ficará até a inauguração da nova agência, prevista para janeiro de 2026.


 

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30/07/2025 14:55h

Levantamento da CNI mostra impactos significativos mesmo nos estados que têm menor comércio exterior com os EUA

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O aumento das tarifas de importação anunciado pelos Estados Unidos, com previsão de entrar em vigor em 1º de agosto, pode provocar perdas superiores a R$ 19 bilhões para os estados brasileiros. As Unidades Federativas do Sudeste e do Sul deverão registrar as maiores perdas.

Os dados são de levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), com base no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), divulgados nesta terça-feira (29). O estudo mostra ainda os impactos nos estados com as maiores dependências do mercado norte-americano. Em 2024, os Estados Unidos representaram 44,9% das exportações do Ceará. No Espírito Santo, a participação foi de 28,6%. Em outros estados, como Paraíba (21,6%), São Paulo (19,0%) e Sergipe (17,1%), a dependência também é significativa.

Em pelo menos 11 estados brasileiros, os EUA respondem por 10% a 20% das vendas externas. A maior parte desses embarques é composta por produtos da indústria, o que reforça a vulnerabilidade do setor às mudanças nas políticas comerciais norte-americanas.

"A imposição do expressivo e injustificável aumento das tarifas americanas traz impactos significativos para a economia nacional, penalizando setores produtivos estratégicos e comprometendo a competitividade das exportações brasileiras. Há estados em que o mercado americano é destino de quase metade das exportações. Os impactos são muito preocupantes",  avalia Ricardo Alban, presidente da CNI.

Para Frederico Lamego, superintendente de Relações Internacionais da CNI, a repercussão é ainda mais árdua ao considerar o volume de mais de 10 mil pequenas, médias e grandes empresas que atuam nos Estados Unidos. 

“São diversos estados impactados, mas destaco São Paulo em função do peso da indústria paulistana, onde projetamos uma perda da ordem de R$ 4,4 bilhões. Em seguida, Rio Grande do Sul e Paraná, depois Santa Catarina e Minas Gerais, com impactos da ordem de quase R$ 2 bilhões. Além desses estados, há casos específicos como o Ceará, com mais de 45% das exportações direcionadas para o mercado americano”, disse o superintendente. 

Entre os números nacionais, o estudo mostra que, em 2024, a cada R$ 1 bilhão exportado ao mercado americano foram gerados 24,3 mil empregos, R$ 531,8 milhões em massa salarial e R$ 3,2 bilhões em produção.

Os Estados Unidos têm sido, ao longo da última década, o principal destino das exportações da indústria de transformação brasileira. No período, a indústria de transformação representou, em média, 82,0% das exportações brasileiras para os Estados Unidos e 90,3% das importações vindas do parceiro norte americano. As economias brasileira e americana são complementares. Isto é, o comércio bilateral é composto por fluxos intensos de insumos produtivos. Entre 2015 e 2025, esses bens representaram, em média, 61,4% das exportações e 56,5% das importações brasileiras.

Acesse na íntegra o levantamento Relações Econômicas entre Brasil e EUA: Destaques Nacionais e Estaduais.

Ceará

Estado com maior dependência do mercado americano, o Ceará exportou US$ 659,1 milhões, especialmente bens da indústria de transformação, que respondeu por 96,5% das exportações estaduais destinadas aos EUA. O setor mais relevante foi o de metalurgia, que respondeu por US$ 441,3 milhões, seguido pelos setores de alimentos (US$ 112,2 milhões, 17%) e de couros e calçados (US$ 52,6 milhões, 8%). A tarifa de 50% pode representar perdas de R$ 190 milhões ao estado.

Espírito Santo

Em 2024, os Estados Unidos foram o principal destino das exportações do Espírito Santo, com um valor total de US$ 3,1 bilhões, representando 28,6% de todas as vendas externas do estado. A indústria de transformação teve papel central nesse fluxo, respondendo por 80,9% das exportações destinadas ao mercado norte- americano. Os principais setores exportadores foram a metalurgia (US$ 1,14 bilhão, 37,2%), minerais não metálicos (US$ 680,1 milhões, 22,2%), celulose e papel (US$ 559,8 milhões, 18,2%) e a extração de minerais metálicos (US$ 387 milhões, 12,6%). O tarifaço pode representar perdas de R$ 605 milhões ao estado.

Paraíba

Com um total de US$ 35,6 milhões, que corresponde a 21,6% das exportações do estado, os EUA foram o segundo principal destino das exportações da Paraíba. A indústria de transformação teve papel dominante nesse comércio, respondendo por 96,9% das exportações para o mercado norte-americano. Os principais setores exportadores foram o de alimentos, com destaque absoluto (US$ 30,5 milhões, 85,5%), e o de couro e calçados (US$ 3,6 milhões, 10,2%). O impacto negativo para o estado pode ser de mais de R$ 101 milhões.

São Paulo

Segundo o estudo, em 2024, os EUA foram o principal destino das exportações de São Paulo, com um valor total de US$ 13,5 bilhões, o que representa 19% de tudo que o estado exportou no ano. Além disso, 92,1% do que o estado vendeu ao país americano veio da indústria de transformação, ou seja, de produtos que passaram por algum tipo de processamento (e não apenas matérias-primas). Para a maior economia brasileira, o prejuízo com as tarifas pode ultrapassar R$ 4,4 bilhões, representando uma queda de 0,13% do PIB do estado.

Em volume, prejuízo é maior e bilionário para Sul e Sudeste

Em termos de impacto financeiro, os estados do Sudeste e do Sul serão os mais prejudicados, apesar de contarem com maior diversificação de mercados na pauta exportadora.

Depois de São Paulo, que acumula maior perda financeira, Rio Grande do Sul e Paraná são os estados mais afetados, com base em dados da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Ocupando o segundo lugar de estado com maior impacto com o tarifaço, com potencial de retração de R$ 1,917 bilhão no PIB, o Rio Grande do Sul teve os Estados Unidos como 3º maior destino de exportações, que totalizaram US$ 1,8 bilhão, representando 8,4% do total exportado. Os principais setores exportadores do estado são produtos de metal (US$ 322 mi, 17,4%), fumo (US$ 237 mi, 12,8%), couro e calçados (US$ 188 mi, 10,1%).

No caso do Paraná, os EUA também aparecem como o 3º principal destino comercial. Em 2024, o estado exportou US$ 1,5 bilhão ao mercado americano, o que corresponde a 6,8% do total exportado no ano, sendo 97,5% provenientes da indústria de transformação. Madeira (US$ 614 mi, 38,7%), alimentos (US$277, 14,3%) e máquinas e equipamentos (US$ 217 mi, 13,7%) estão entre os principais setores exportadores. O PIB estadual pode perder R$ 1,914 bilhão com o tarifaço de Donald Trump.

Santa Catarina aparece em quarto lugar na lista de maior prejuízo financeiro (R$ 1,7 bi), mas é o estado com a segunda maior queda no PIB prevista: -0,31%. Quase tudo que o estado vende aos EUA vêm da indústria (99%): madeira (US$ 650,7 milhões, 37,2%), automóveis (US$ 258,6 mi, 14,8%) e máquinas e materiais elétricos (US$ 232,5 mi, 13,3%).

Em 5º lugar, Minas Gerais pode ter perdas de R$ 1,6 bilhão (-0,15% no PIB). A participação da indústria nas exportações aos EUA foi de 66,1% em 2024. No total, Minas exportou US$ 4,6 bi aos americanos no ano passado, com destaque para metalurgia (US$ 1,7 bi, 37,6%); produção vegetal, animal e caça (US$ 1,5 bi, 33,6%) e alimentos (US$ 276 mi, 6%). OS EUA são o 3º maior destino das vendas externas do estado.

Amazonas e Pará também terão perdas bilionárias

Puxado pela exportação do Polo Industrial de Manaus, o estado do Amazonas pode sofrer o sexto maior impacto em volume financeiro: R$ 1,1 bilhão, uma queda de 0,67% do PIB. A indústria respondeu por 96,1% das vendas aos EUA no ano passado, com destaque para equipamentos de transporte (US$ 28 mi, 28%); coque, derivados do petróleo e biocombustíveis (US$ 25 mi, 25,1%) e máquinas e equipamentos (US$ 24,4 mi, 24,4%).

No caso do Pará, o impacto de novas tarifas pode chegar a R$ 973 milhões, uma queda de 0,28% no PIB. Apesar de os EUA corresponderem por 3,6% das exportações do estado (US$ 835,4 milhões em 2024), a indústria responde por 95,2% dos bens vendidos aos americanos. Os setores de destaque são metalurgia (US$ 420 mi, 50,3%), químicos (US$ 156 mi, 18,8%) e alimentos (US$ 118 mi, 14,2%).

Centro-Oeste, Nordeste e Norte são menos dependentes, mas impactos são significativos

No Centro-Oeste, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul acumulam prejuízos superiores a R$ 1,9 bilhão. Já no Nordeste, as perdas são menores, mas ainda relevantes: Bahia (R$ 404 mi), Pernambuco (R$ 377 mi) e Ceará (R$ 190 mi) lideram na região.

Já os cinco estados menos impactados financeiramente são: Roraima (R$ 13 milhões), Sergipe (R$ 30 mi), Acre (R$ 31 mi), Piauí (R$32 mi) e Amapá (R$ 36 mi).

Em relação à dependência das exportações americanas, os estados brasileiros de Roraima, com apenas 0,3%, seguido por Mato Grosso (1,5%), Distrito Federal (2,6%), Piauí e Tocantins (ambos com 3%), Goiás (3,3%) e Rondônia (4,7%), somam perdas financeiras de R$ 1,87 bilhão.

 

Infográfico: Juliana Bezerra/Agência de Notícias da Indústria
 

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29/07/2025 04:00h

Alta carga tributária e custo de trabalhador também desafiam os empresários, segundo Sondagem Indústria da Construção

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As taxas de juros elevadas foram o principal desafio da indústria da construção no 2º trimestre de 2025. O entrave foi citado por 37,7% dos empresários do setor, contra 35,3% no 1º trimestre do ano, segundo Sondagem Indústria da Construção, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), nesta segunda (28). 

De acordo com Isabella Bianchi, analista de Políticas e Indústria da CNI, as taxas de juros elevadas afetam o setor da construção por diferentes canais. 

“Pelo lado da oferta, se o industrial da construção precisar tomar crédito para adquirir capital de giro e começar um novo projeto, por exemplo, ele vai ser impactado pela elevação do custo do crédito, reflete esse aumento na Selic. E de forma similar, ocorre do lado da demanda: para o consumidor adquirir um bem do setor da construção, ele precisa tomar crédito, o que também acaba sendo encarecido pela elevação das taxas de juros”, explica a analista.

Lembrada por 30,5% dos empresários, a alta carga tributária segue como o segundo principal problema da indústria da construção. No 1º trimestre, 27,8% dos empresários haviam mencionado a questão. A terceira posição do ranking é ocupada pela falta ou alto custo de trabalhador qualificado. No 2º trimestre, o problema foi reportado por 24,6% dos industriais, enquanto, no 1º, por 27,1%.

Há 10 anos no setor da construção, Mayara Serra, diretora de Desenvolvimento da Maso Engenharia e Consultoria, diz que as três primeiras posições do ranking juntas “pesam bastante”. 

“Os juros altos são os que mais impactam no dia a dia. Com juros altos, tudo fica mais difícil. A carga tributária e a mão de obra qualificada também exigem atenção, só que, no final das contas, é um combo que complica tudo. Mas com planejamento e equipe certa, a gente consegue ir equilibrando”, explica a diretora.

Para Mayara, o cenário não é pior por causa da desaceleração nos preços de insumos e matérias-primas. O índice que mede a evolução do preço médio desses itens recuou 3,7 pontos, para 60,9 pontos, na passagem do 1º para o 2º trimestre.

“A desaceleração nos preços de insumos ajuda a garantir o planejamento da obra. Se a gente tiver uma alta muito grande desses insumos, acontece um desvio do planejamento, que faz com que a gente tenha que trabalhar para que cheguemos lá na frente sem prejuízos”, afirma.

Condições financeiras pioram

O índice de satisfação com a situação financeira caiu 1,4 ponto, fechando o 2º trimestre em 45 pontos. Abaixo da linha de 50 pontos, o indicador reflete maior insatisfação dos empresários com as finanças de seus negócios.

Os índices de satisfação com o lucro operacional e de facilidade de acesso ao crédito também caíram, de 42,8 para 42,5 pontos e de 37,4 para 35,5 pontos, respectivamente. Isso indica maior insatisfação com os lucros e dificuldades crescentes para obter crédito.

Atividade avança, mas emprego e UCO recuam

Em junho, o índice de evolução do nível de atividade da indústria da construção ficou em 48,8 pontos, após avançar frente a maio. O resultado foi inferior ao registrado no mesmo mês em 2024 e em 2023, quando o indicador marcou 49,9 pontos. Vale lembrar que, quanto menor o índice, pior o desempenho do setor.

Já o índice de evolução do número de empregados caiu de maio para junho. O indicador registra 48,3 pontos, abaixo do patamar visto no mesmo mês em 2024 e em 2023, quando registrou 48,8 pontos e 50 pontos, respectivamente.

Depois de sete meses consecutivos em 67%, a Utilização da Capacidade Operacional (UCO) da indústria da construção caiu 1 ponto percentual, para 66%. A UCO está dois pontos percentuais abaixo do nível visto em junho de 2024 (68%) e 1 ponto percentual abaixo de junho de 2023 (67%).

Confiança e intenção de investimento em queda

Em julho de 2025, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) da Construção caiu 0,4 ponto, para 47,1 pontos. Ao se afastar da linha divisória de 50 pontos, o indicador revela que a falta de confiança se intensificou entre os industriais do setor.

O índice de intenção de investimento caiu 2,4 pontos de junho para julho. Agora, o indicador registra 40,4 pontos, 2,3 pontos percentuais acima da média histórica.

Segundo a analista de Políticas e Indústria da CNI, a confiança da construção recuou principalmente por uma pior avaliação das condições atuais por parte dos empresários do setor. “Essa avaliação de condições atuais piores do que a dos últimos seis meses é percebida tanto para as próprias empresas quanto para a economia brasileira”, expõe Isabella.

Expectativas oscilam, mas continuam positivas

Apesar do momento negativo, os empresários seguem otimistas para o segundo semestre de 2025. O índice de expectativa de número de empregados avançou 1,9 ponto frente a junho, chegando aos 52,9 pontos. O índice de expectativa de compras de insumos e matérias-primas subiu 1,1 ponto, para 52,2 pontos.

Por outro lado, o índice de expectativa de novos empreendimentos e serviços recuou 0,8 ponto, para 50,5 pontos, enquanto o de nível de atividade permaneceu em 53,1 pontos.

Todos os indicadores continuam acima dos 50 pontos, revelando que os industriais têm perspectivas positivas para os próximos seis meses.

A diretora Mayara confirma os dados. “Às vezes, me sinto insatisfeita com todo o cenário do mercado. Mas vejo melhora, principalmente por conta da queda dos preços do insumo. Isso faz a diferença no caixa de qualquer construtora e acaba ajudando a garantir que o orçamento não saia do planejado. Então, temos desafios. Mas essa desaceleração dos preços da matéria-prima permite que a gente organize melhor as contas. Isso dá mais fôlego e confiança. A gente consegue manter os projetos, pensar em novas vendas e novos projetos”, conclui.

Amostra

Para esta edição da Sondagem Indústria da Construção, foram consultadas 305 empresas: 118 pequenas, 123 médias e 64 grandes, entre 1º e 10 de julho de 2025.
 

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28/07/2025 03:00h

Brasil tem segunda maior reserva mundial; já em operação, iniciativa do CTI-SENAI tem potencial de entrega global

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A crise comercial entre Brasil e Estados Unidos, em função das novas tarifas anunciadas pelo governo Trump às importações de produtos brasileiros, ganhou novos contornos. Em meio às tentativas de negociação por parte do governo brasileiro, os EUA demonstraram interesse nas reservas de Elementos Terras Raras (ETRs) presentes em solo brasileiro. 

Na quinta-feira (24), o encarregado de negócios dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, se reuniu com representantes do setor de mineração, incluindo empresários, agentes do governo e do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), para sugerir um plano entre os dois países para a exploração dos minerais.  

Além das reservas de ETRs, o Brasil tem abundância de nióbio, grafite, níquel, lítio, cobre e cobalto, também considerados estratégicos para os rumos da economia global. 

O que são os Elementos Terras Raras 

Apesar do nome, as terras raras são abundantes. A expressão está mais relacionada ao processo de extração e separação do que à escassez. 

Essenciais na fabricação de turbinas eólicas, motores de veículos elétricos e equipamentos eletrônicos, ETRs são um conjunto de 17 elementos químicos encontrados em baixas concentrações, que demandam um complexo processo de extração e separação até se tornarem ligas e ímãs permanentes – produto final mais utilizado pela indústria na transição energética.  

No caso das Terras Raras, a China detém cerca de 40% das reservas e 70% da produção, hegemonia conquistada a partir dos anos 2000, mas com investimentos que começaram há 40 anos. Quando se trata da fabricação de ímãs a partir de ETRs, especificamente, o monopólio asiático ultrapassa 90%.

O Brasil tem a segunda maior reserva (19%), mas apenas 0,02% da produção mundial: 80 toneladas das 350 mil produzidas em todo o mundo. Projeções da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) apontam que a demanda pelos ETRs no país deve crescer 6 vezes entre 2024 e 2034, saltando de cerca de 1 mil toneladas para mais de 6 mil.

“O mundo começou a olhar mais para esses elementos por questões geopolíticas, de garantia do fornecimento de matéria prima, e por causa da mobilidade elétrica e das energias renováveis. Com o Acordo de Paris, a eletrificação da frota e a energia eólica passaram a ser vistas como estratégias para redução das emissões”, explicou André Pimenta de Faria para a Agência de Notícias da Indústria. Faria coordena o laboratório-fábrica de ímãs de terras raras, que integra o Instituto SENAI de Inovação em Processamento Mineral, em Minas Gerais. 

Iniciativas brasileiras

Em operação no laboratório de Lagoa Santa (MG), a maior planta-piloto de produção de ímãs permanentes da América do Sul tem potencial para produzir 100 toneladas por ano. A fábrica vai processar a liga de neodímio  – um dos elementos terras raras –, ferro e boro para produção dos ímãs. 

O Instituto SENAI e outras seis instituições de pesquisa e tecnologia se juntaram a 28 empresas para implementar o ciclo completo de produção nacional, da extração e refino dos elementos até a produção final e reciclagem de ímãs. 

O MagBras foi um dos três projetos aprovados na última chamada de Projetos Estruturantes do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) com a Fundação de Apoio da Universidade Federal de Minas Gerais (Fundep), no escopo do Programa Mover. O investimento é de R$ 73,3 milhões, sendo R$ 60 milhões do Mover e R$ 13,3 milhões de contrapartida das empresas.  

Das 28 empresas, participam startups e companhias de diferentes setores, incluindo WEG, Stellantis, Iveco Group, Vale, Mosaic e Schulz; além do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT); o Centro de Tecnologia Mineral (Cetem); a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); e os Institutos SENAI de Inovação em Processamento Mineral (MG), Processamento a Laser (SC), Sistemas de Manufatura (SC) e Manufatura Avançada (SP). Reunir diferentes atores da cadeia e instituições de pesquisa referência na área é considerado um grande diferencial do projeto. 

Além da concorrência com outros países que dominam a tecnologia e os investimentos, André Pimenta de Faria destacou a contratação de profissionais como um dos maiores desafios. O conhecimento ainda está concentrado na academia, com mestres e doutores, e são necessários especialistas e técnicos para trabalhar na operação na planta.

Como ímãs de terras raras impulsionam a transição energética

Segundo José Luciano de Assis, gerente de Tecnologia e Inovação do CIT-SENAI, os ímãs de terras raras são importantes produtos na transição energética pelo forte poder de magnetismo. São ímãs especiais que compõem motores elétricos, aerogeradores para a energia eólica e outros componentes eletrônicos, como, por exemplo, sensores, microchips e placas eletrônicas. Isso explica o motivo de integrarem a cadeia de descarbonização. 

“Os ímãs são parte importante de um motor elétrico. Um motor elétrico está dentro de um carro elétrico ou de algum equipamento estacionário que gera energia a partir de motores elétricos. Então, por exemplo, um carro elétrico hoje tem de 30, 50 quilos de ímãs permanentes de terras raras na sua composição. É importante as pessoas entenderem que esse imã tem propriedades muito mais poderosas, diferente daquele ímã de geladeira”, explica José Luciano.

De acordo com o gerente de TI, como primeiro produtor de ímãs permanentes no Hemisfério Sul, o MagBras tem potencial amplo e global. 

“A gente tem condição de mostrar para o mundo que somos capazes de produzir um elemento e um produto importante para o processo de transição energética. Isso vai abrir um leque de política industrial, de negociações de outras naturezas que não técnicas para oportunidades de negócio no Brasil. Você imagine no futuro nós termos investidores industriais produzindo aqui no Brasil esses ímãs e vendendo para o mundo inteiro?”, diz o gerente.
 

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25/07/2025 02:00h

Bahia lidera em número de oportunidades, com 587 vagas; Goiás tem 502 vagas abertas. Modelo de atuação regional do instituto facilita seleção de perfis alinhados às necessidades das empresas

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O Instituto Euvaldo Lodi (IEL) está com 1.739 vagas de estágio abertas em todo o Brasil, aponta levantamento realizado pela Agência de Notícias da Indústria, divulgado nesta quinta-feira (24). Entre outras áreas, há oportunidades em engenharias, logística, administração, artes plásticas, biblioteconomia, design gráfico, direito, educação física, farmácia, fisioterapia, gastronomia, geologia, nutrição e psicologia. 

As oportunidades são para estudantes de graduação, cursos técnicos e ensino médio. Todas as vagas são remuneradas: as bolsas variam entre R$ 320 e R$ 2 mil, mais auxílio transporte.

Os estados com maior número de vagas são Bahia, com 587 vagas; Goiás, com 502; e Pernambuco, com 250. A seguir estão Alagoas, com 78 oportunidades; Maranhão, com 70; Distrito Federal, com 66; Rio Grande do Sul, com 59; e Minas Gerais, com 57.  

Por fim estão Ceará, com 28; Tocantins, com 25; e Rio Grande do Norte com 17 vagas. Detalhes das vagas por estado podem ser conferidos aqui.

A gerente de Carreiras e Desenvolvimento Empresarial do IEL, Michele Queiroz, explica que os estados líderes em número de vagas concentram importantes polos industriais, administrativos e educacionais. Além disso, a oferta é reflexo da forte atuação regional do IEL nesses territórios, o que facilita a articulação e a conexão entre universidade e indústria.

De acordo com a gerente, a atenção do IEL tanto com os estudantes estagiários, quanto com as empresas contratantes, está presente em todas as etapas do vínculo. Quando a empresa identifica a necessidade de vaga, o Instituto auxilia a desenhar o perfil de estagiário mais adequado à oportunidade. A seguir, o IEL vai até a instituição de ensino para identificar os perfis que estão sendo formados. Só então ocorre o processo de seleção e recrutamento. 

“Nós fazemos um encontro entre a empresa e o candidato. Uma vez contratado, seguimos com o processo de acompanhamento, de desempenho, contato com supervisores de estágio, suporte pedagógico e apoio à instituição de ensino”, disse. 

Michele também destaca o diferencial do IEL em dispor de uma plataforma de aprendizagem virtual que permite ao estagiário o aprimoramento profissional e pessoal, além de orientações e de mentorias ao longo do contrato: o IEL Carreiras

“Ao final, ainda temos uma oportunidade muito interessante. Estagiário e empresa podem ter o seu trabalho reconhecido pelo Prêmio IEL de Talentos”, afirma a gerente. Com periodicidade anual, em 2025 a premiação teve recorde de inscritos - mais de 100% em relação ao ano anterior.

Os estudantes interessados nas oportunidades de estágio devem acessar o site do IEL em seu estado ou o portal nacional para consultar as vagas disponíveis e realizar o cadastro. Outra opção é cadastrar o currículo diretamente no Banco de Talentos

IEL

Criado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em 1969, segundo Michele, o IEL iniciou as atividades com uma proposta considerada muito avançada para a época: aproximar os estudantes das linhas de montagem via estágios supervisionados. Atualmente em 25 estados brasileiros, a entidade opera nos eixos de desenvolvimento de talentos, gestão empresarial, educação executiva e inovação e pesquisa.

“Hoje, o IEL tem como missão desenvolver talentos, preparar líderes empresariais na gestão de seus negócios e oferecer soluções inovadoras para as empresas. Temos um papel muito importante na questão da conexão de talentos às empresas, buscando atender as necessidades e as prioridades da política Nova Indústria Brasil, bem como preparar a mão de obra do futuro”, apontou a gerente.

O Programa IEL de Estágios já intermediou mais de 1,5 milhão de estágios. Apenas no primeiro semestre de 2024, a rede inseriu mais de 50 mil estagiários no mercado de trabalho.

Mais sobre o IEL Carreiras

Em 2025, o IEL lançou o IEL Carreiras, uma plataforma para conectar estudantes, instituições de ensino e empresas. 

A ferramenta concentra, em um só ambiente, as vagas de estágio de todo o Brasil. Há filtros por estado, curso, modalidade e tipos de vagas que facilitam a busca pela melhor oportunidade. As empresas têm acesso a um banco nacional de candidatos, também com função de filtros. É possível realizar testes de perfil para unir o estudante à empresa ideal. Tanto estudantes quanto empresas podem fazer login para se manter conectados com todas as novidades.
 

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24/07/2025 04:00h

Primeiro ciclo tem vagas abertas para municípios do Maranhão, Paraná, Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso; o objetivo é capacitar 6 mil pessoas em 157 cidades nos próximos três anos

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Pessoas que almejam carreira no setor agroindustrial podem inscrever-se gratuitamente no programa Inspirar Agro. A qualificação profissional em manutenção de máquinas agrícolas tem duração de quatro meses e oferece bolsa-auxílio de até R$ 3.330. A iniciativa é do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), em parceria com a empresa de tecnologia agrícola John Deere.

Com abrangência de 25 estados brasileiros, ao longo de três anos, o programa pretende capacitar 6 mil pessoas em 157 cidades. Neste primeiro ciclo, as inscrições estão abertas até o dia 8 de agosto com vagas nos municípios de Balsas, no Maranhão; Cascavel, no Paraná; Uberaba, em Minas Gerais; Piracicaba, em São Paulo; Querência, Sorriso e Tangará da Serra, no Mato Grosso

“A John Deere está há mais de 46 anos no Brasil, e há 23 anos o SENAI desenvolve atividades em conjunto com essa gigante do agronegócio mundial. É uma parceria sólida, que agora ganha ainda mais força com o Inspirar Agro”, destaca Gustavo Leal, diretor-geral do SENAI Nacional.

De acordo com Carlos Braguini, diretor regional do SENAI/MT, o curso é inclusivo: se destina a todos que buscam uma qualificação de excelência na área. Os únicos requisitos são ter, no mínimo, 18 anos e ter concluído o Ensino Fundamental. Não há limite máximo de idade e o programa acolhe tanto homens quanto mulheres, bem como pessoas que sequer tenham tido experiência no setor. 

“Admitiremos jovens talentos que queiram iniciar no mundo do trabalho, construir uma carreira sólida e promissora dentro do segmento agroindustrial brasileiro. Assim como também admitiremos profissionais que já têm outra carreira e queiram fazer uma transição, se requalificar e colher frutos dessa oportunidade que hoje temos disponível”, assegura o diretor. 

Braguini afirma que a oferta de turmas será dinâmica e novas oportunidades serão constantemente inseridas no site oficial do programa.

Com carga horária de 420 horas (124 EAD e 296 presenciais), o curso é diretamente conectado à rede de concessionárias da John Deere, ampliando as chances de contratação. Os participantes vão receber kits personalizados. E a capacitação será dividida em três módulos:

- Manutenção de sistemas mecânicos, hidráulicos e eletroeletrônicos de máquinas agrícolas;
- Normas e Procedimentos, com foco em segurança, meio ambiente e regulamentações técnicas;
- Desenvolvimento Comportamental, voltado para habilidades como trabalho em equipe, comunicação e resolução de problemas.

Para garantir a aderência entre aluno e empresa, o SENAI vai mapear a cultura organizacional de cada concessionária John Deere, indicando os candidatos mais alinhados a cada realidade.

Programa Inspirar Agro  

Ainda segundo o diretor regional do SENAI/MT, o programa Inspirar Agro surgiu a partir de uma necessidade das empresas por profissionais capacitados, é estratégico, e visa reduzir um descompasso entre a tecnologia e a qualificação técnica. 

“Sabemos que as máquinas agrícolas, hoje em dia, são indústrias sob rodas. Nessas máquinas estão embarcadas muitas tecnologias, sejam elas básicas, já dominadas e executivas; sejam tecnologias inovadoras, com o uso de inteligência artificial. E a capacitação das pessoas não acompanhou a evolução desses equipamentos ao longo do tempo, gerando, portanto, uma demanda muito grande”, disse Braguini. 

Alta demanda por mão de obra qualificada no campo

A manutenção de máquinas pesadas é uma das áreas com maior demanda no país. De acordo com o Mapa do Trabalho Industrial 2025-2027, elaborado pelo SENAI, serão necessários pelo menos 37 mil novos profissionais nesta especialidade nos próximos dois anos. A remuneração nacional média para esse cargo é de cerca de R$ 4,8 mil por mês.

A expansão da formação acompanha a alta no setor de máquinas agrícolas, que chegou a 422 mil empregos em abril de 2025, marcando o nono mês consecutivo de crescimento. Em comparação com o ano anterior, foram mais de 33 mil novos postos de trabalho, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

“Precisamos de profissionais altamente qualificados para garantir a experiência que a empresa oferece aos clientes. O Inspirar Agro se encaixa na nossa estratégia de crescimento sustentável, apoiando a excelência da nossa rede de concessionários com profissionais preparados e alinhados com nossos valores”, ressalta Marcelo Lopes, diretor de Desenvolvimento de Concessionários da John Deere para a América Latina.

Ainda de acordo com a Abimaq, fabricantes de máquinas agrícolas, de construção e para bens de consumo somaram quase R$ 25 bilhões em receita em abril, um avanço de 9% sobre o mesmo mês de 2024. Já a produção agropecuária nacional cresceu 12,2% no primeiro trimestre de 2025, segundo dados do IBGE.
 

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23/07/2025 04:00h

Movimento da CNI e do Sebrae tem apoio da FIESC e vai conectar atores do setor produtivo e tecnológico locais; confira datas e locais

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A Jornada Nacional de Inovação da Indústria chega aos municípios de Joinville e de Criciúma nos próximos dias 29 e 30 de julho, respectivamente. Iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o evento busca mapear desafios, revelar soluções e impulsionar conexões em torno das transições ecológica e digital. A meta é percorrer todas as regiões do país ao longo de nove meses e apresentar o resultado do trabalho no 11º Congresso de Inovação da Indústria, previsto para março de 2026. 

De forma gratuita, estão convidados a participar lideranças empresariais regionais, gestores de Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) e de Parques Tecnológicos, empresas de base tecnológica, investidores, assim como governo local e organizações nacionais ou internacionais. O objetivo é promover a articulação do ecossistema de inovação em torno dos temas inteligência artificial, economia circular, transição energética e deep techs – startups baseadas em descobertas científicas com alto potencial de impacto.

O diretor de Desenvolvimento Industrial, Tecnologia e Inovação da CNI, Jefferson Gomes, explica que a Jornada foi criada para conhecer inovações tecnológicas com identidade regional, promover diálogos e experiências inspiradoras e, com isso, tecer uma grande rede de inovação brasileira. “O diferencial do movimento está na capacidade de mapear e articular, de forma integrada e colaborativa, os diversos atores do ecossistema em cada território, conectando desafios reais da indústria a soluções concretas.”

Para José Eduardo Fiates, diretor de Inovação e Competitividade da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC), é hora de refinar as práticas de inovação e sustentabilidade. “A inovação, apesar de ter se tornado muito popular nos últimos anos, ainda não foi totalmente compreendida pelas empresas e pela sociedade. A popularização simplificou o conceito. Inovação não é simplesmente uma novidade. É uma vantagem competitiva nos mercados nacional e internacional, por meio do uso intenso de conhecimento de ciência e tecnologia”, afirmou o diretor.

Deep techs, transições ecológica e energética, sustentabilidade e inteligência artificial são temas contemporâneos, fundamentais para a internacionalização das indústrias brasileiras, na avaliação de Fiates. “Já estamos na fase de superar o porquê e partir para o que tem que ser feito, como tem que ser feito”, disse o diretor da FIESC.

Entre o público integrante da Jornada de Inovação da Indústria, Fiates destaca as empresas, como grupo finalístico estratégico. “O processo de inovação acontece nas empresas, são elas que levam esse conhecimento científico-tecnológico aplicado na forma de produtos e serviços que são competitivos resultando em arrecadação, receita, PIB.”

Jornada Nacional de Inovação da Indústria em SC

- 29/07 - Joinville - Instituto SENAI-SC de Inovação em Sistemas de Manufatura, Rua Arno Waldemar Döhler, 308 - Santo Antônio;
- 30/07 - Criciúma - Centro de Inovação de Criciúma (CRIO), Rua Henrique Lage, 666, Centro.

Considerada a capital brasileira da agroindústria, Chapecó foi a primeira parada da Jornada em Santa Catarina. O encontro ocorreu no último dia 14 de julho. Representantes das empresas WEG, Kellanova, Zagonel e Aurora Coop compartilharam experiências de inovação e sustentabilidade

Além dos encontros locais, o estado catarinense também sediará o Encontro Regional Sul, nos dias 11 e 12 de setembro, em Florianópolis. A capital será ponto de convergência das iniciativas dos três estados da região.
 

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21/07/2025 00:10h

BR do Mar, deve atrair investimentos; inclusão de requisitos vinculados à sustentabilidade são ponto forte

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A Confederação Nacional da Indústria (CNI) se posicionou a favor do Marco Legal de Cabotagem, uma vez que a ação prioriza a ampliação do transporte de cargas entre os portos brasileiros com potencial de estimular a indústria naval brasileira. O decreto que normatiza a legislação foi publicado na quinta-feira (17), no Diário Oficial da União.

Desde a aprovação da lei 14.301, em janeiro de 2022, o setor aguardava o ato do Poder Executivo, fundamental para definir regras e procedimentos para a execução do programa BR do Mar, de estímulo ao transporte de cabotagem. O decreto regulamenta algumas partes da lei e integra o BR do Mar.

Para o diretor de Relações Institucionais da CNI, Roberto Muniz, a regulamentação cria condições para maior desenvolvimento da navegação.

“O BR do Mar inaugura um novo momento para a infraestrutura do país. Teremos maior segurança jurídica com o estabelecimento de regras claras para as operações de transporte de cargas por cabotagem no Brasil, o que vai estimular o crescimento do setor”, afirmou Muniz.

A navegação de cabotagem é o transporte de pessoas e cargas entre portos de um mesmo país, tanto por mar, quanto por rios. Atualmente, representa 11% da matriz de transportes brasileira. Com a regulamentação do novo Marco Legal da Cabotagem, a expectativa é ampliar o uso do modal no transporte doméstico de cargas, de forma a alcançar maior aproveitamento dos 8 mil km de faixa litorânea do país. 

Ramon Cunha, especialista em Políticas e Indústria da CNI, diz que a indústria naval é um setor extremamente relevante para a economia brasileira, com histórico de tradição e inovação. 

“Estamos falando de um setor estratégico tanto para segurança, quanto para a transição energética do país. E o governo federal tem realizado esforços para a ampliação dos investimentos nesse setor, como, recentemente, os que foram anunciados com os recursos do fundo da Marinha Mercante, que giram em torno de R$ 22 bilhões”, explicou Cunha. 

Atenção ao Meio Ambiente

Na cerimônia de assinatura do decreto, no último dia 16 de julho, em Brasília, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, destacou o caráter sustentável da regulamentação do Marco Legal da Cabotagem.

“Esse programa vai reduzir os custos logísticos de 20% a 60%, potencializando ainda mais o setor portuário brasileiro e ajudando na agenda de descarbonização, na agenda da sustentabilidade. Isso vai fazer com que o setor cresça, possa se desenvolver, gerar emprego, renda e fortalecer os cofres públicos brasileiros”, disse Costa Filho. 

Na avaliação da CNI, a grande inovação trazida pelo decreto foi a inclusão de requisitos vinculados à utilização de embarcações sustentáveis nas hipóteses de afretamento. Contudo, o governo anunciou que os requisitos para definição do que seria uma “embarcação sustentável” serão definidos posteriormente, via portaria ministerial.

Segundo Ramon Cunha, a CNI entende como importante a integração da indústria ambiental e social, com ênfase na promoção de práticas sustentáveis e na contribuição para a economia de baixo carbono. No entanto, os  parâmetros a serem definidos na portaria para a política de sustentabilidade não podem comprometer a necessária ampliação do uso do modal e o desenvolvimento da indústria naval brasileira, tampouco serem mais restritivos do que em outros países. 

“Nossa preocupação é que se forem impostos critérios rígidos na portaria ministerial, dentro da definição do conceito de embarcação sustentável, pode ser que a opção do usuário continue ali no modal mais poluente. E aí, cabe destacar que a cabotagem já é seis vezes menos poluente do que o transporte rodoviário, quando a gente considera a distância e o volume transportado”, disse Cunha.

Crescimento do Setor Portuário

Durante a cerimônia de lançamento do BR do Mar, o ministro Costa Filho também afirmou que o setor de contêineres teve crescimento de mais de 18%, em 2024. Além disso, o país registrou crescimento de 7% relativos aos portos públicos e de 5% no setor portuário em geral. 
 
Entre 2013 e 2022, o Brasil realizou 41 leilões no setor, com investimentos de cerca de R$ 6 bilhões. Até 2026, o governo federal pretende fazer mais de 60 leilões, que representam mais de R$ 30 bilhões de investimentos no país. Antes do final de 2025, deve ocorrer o leilão do Tecon Santos 10, com o objetivo de dobrar a capacidade de operações de contêineres no Porto de Santos. Segundo o ministro, será o maior leilão da história do setor portuário brasileiro. 
 

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19/07/2025 23:00h

Queda no índice de satisfação reflete dificuldades com crédito e lucro operacional; empresários industriais apontam juros altos e carga tributária como principais entraves

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O índice de satisfação dos empresários com as finanças dos negócios caiu 0,4 ponto, no segundo trimestre de 2025: passou de 48,8 pontos para 48,4 pontos. O número é da Sondagem Industrial, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta sexta-feira (18). De acordo com a CNI, mais distante da linha de 50 pontos, o indicador aponta maior insatisfação dos industriais em relação ao primeiro trimestre. 

No mesmo período, o índice de satisfação com o lucro operacional recuou 1 ponto: foi de 43,8 para 42,8 pontos, indicando aprofundamento da insatisfação dos empresários. De forma semelhante, o índice de facilidade de acesso ao crédito foi para 39,9 pontos, registrando diminuição de 0,5 ponto. O resultado sugere maior dificuldade para a indústria obter financiamento.

Conforme Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI, a piora das condições financeiras das empresas reflete a desaceleração da economia e os juros altos. “Essa combinação prejudica o faturamento e aumenta alguns custos para a indústria, o que faz com que os empresários sintam um aperto financeiro cada vez maior”, avaliou. 

Entre as causas da insatisfação, os empresários apresentaram três principais fatores: alta carga tributária, com 36,7%; taxas de juros elevadas, com 29,5%; e demanda interna insuficiente, com 28,3%. 

Segundo Azevedo, a combinação dos fatores reduz o faturamento, aumenta os custos e gera impacto sobre os investimentos. O padrão, já observado anteriormente, é motivo de preocupação. 

“Outras pesquisas da CNI já mostram que os recursos próprios são a maior fonte de investimentos das empresas brasileiras e, com esse aperto das condições financeiras, os investimentos acabam sendo comprometidos. No limite, com o agravamento dessa dificuldade financeira, isso pode chegar a comprometer o capital de giro e ocasionar o fechamento da própria empresa em situações mais extremas”, afirmou.

A sondagem mostra ainda que todos os índices de expectativa da indústria registraram queda em julho. O índice de exportação recuou 0,8 ponto; os de demanda e de compras de insumos e matérias-primas caíram 0,2 ponto; e o de número de empregados, 0,1 ponto. Apesar das retrações, os indicadores seguem em campo positivo, o que indica que os empresários ainda mantêm expectativas de crescimento nas exportações, na demanda, nas aquisições de insumos e no nível de emprego para os próximos seis meses.

Peso da taxa de juros

Para André Galhardo, economista-chefe da consultoria Análise Econômica, a perda de confiança da indústria brasileira se dá, sobretudo, pela taxa de juros. “O Brasil tem uma das mais altas taxas reais de juros do mundo, isso acaba impactando a capacidade da indústria e também alguns segmentos do comércio varejista. Não por acaso, o aumento da taxa de juros foi uma das principais explicações para o número expressivo de pedidos de recuperação judicial em 2023 e em 2024”, disse o economista. 

Contudo, Galhardo destaca que, mesmo diante da percepção de que a economia poderá desacelerar no segundo semestre, ao analisar a Sondagem da CNI junto com o nível de utilização da capacidade instalada medida pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o setor industrial demonstra resiliência. 

“A utilização da capacidade instalada mostrou o nível mais alto desde o começo de 2011. A pesquisa da FGV também mostra uma perda de confiança do empresário industrial. Mas, por outro lado, com mais uso do maquinário, com mais pessoas empregadas. Então, o nível de confiança está caindo, mas ainda não sabemos a extensão. Diante dessas incertezas, a indústria emite sinais ambíguos, uma queda no nível de confiança, mas uma resiliência relativa, empurrada principalmente pelo bom desempenho do mercado de trabalho”, explica.

Para esta edição da Sondagem Industrial, a CNI consultou 1.486 empresas: 607 de pequeno porte; 529 de médio porte; e 350 de grande porte, entre 1º e 10 de julho de 2025.
 

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18/07/2025 04:00h

Estudo da UFMG mostra perdas mundiais; no Brasil, estados das regiões Sul e Sudeste podem ser os mais afetados

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Caso entrem em vigor, as barreiras tarifárias impostas pelo governo dos Estados Unidos causarão impacto negativo mundial. A elevação das tarifas sobre importações dos EUA pode resultar em queda de 0,12% no PIB global. O comércio internacional pode ter redução de 2,1%, equivalente a US$ 483 bilhões. A estimativa é de estudo econômico da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), divulgado no dia 11 de julho

Segundo a publicação, em 12 meses, os EUA serão os maiores prejudicados, com redução de 0,37% no PIB. China e Brasil teriam diminuição de 0,16% no PIB. No Brasil, o percentual equivale a R$ 19,2 bilhões. 

As exportações brasileiras podem ter queda de R$ 52 bilhões e as importações podem ser reduzidas em R$ 33 bilhões. O emprego pode cair 0,21%, cerca de 110 mil postos de trabalho. 

Os setores industrial e o agropecuário devem ser os mais afetados em exportação e produção, estima o estudo. Tratores e outras máquinas agrícolas apresentariam a maior redução nas exportações, -23,61%. A produção desse tipo de maquinário recuaria 1,86%. 

De acordo com Ricardo Alban, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o volume de impacto mais significativo pode acontecer em empresas que importam e exportam, como fundição Tupy, WEG e Embraer, cujo percentual de 40% das exportações são para os EUA. Aeronaves, embarcações e outros equipamentos de transporte aparecem no estudo da UFMG com redução de 9,19% na produção e queda de 22,33% nas exportações.

A projeção dos impactos das medidas tarifárias no emprego brasileiro aponta redução de 40 mil ocupações na agropecuária, 31 mil no comércio e 26 mil na indústria. 

Somadas às repercussões nas grandes empresas brasileiras, o presidente da CNI alerta para as consequências regionais do tarifaço, a partir do efeito em pequenas e médias empresas

“Temos que dar atenção também aos setores que não têm essa dimensão de volume, mas têm uma representatividade muito grande para as exportações daquele segmento. Por exemplo, calçados ou hortifrutigranjeiros, como as frutas do Ceará. Das exportações cearenses, cerca de 45% são para os Estados Unidos. Então, para aquele estado, a relatividade do impacto seria muito grande”, disse Alban.

Impactos regionais no Brasil

Na projeção econômica da UFMG, os cinco estados mais afetados serão São Paulo, com queda de R$ 4,4 bilhões no PIB estadual; Rio Grande do Sul, com menos R$ 1,9 bilhão; Paraná, com baixa de R$ 1,9 bilhão; Santa Catarina com declínio de R$ 1,74 bilhão; e Minas Gerais com perda de R$ 1,66 bilhão.

A intensidade dos impactos setoriais varia entre os estados, destacando Minas Gerais com impactos mais expressivos na Agropecuária e Indústria Extrativa, e São Paulo, especialmente afetado nas Indústrias de Transformação, Comércio e Transporte. 

No setor Agropecuário, Minas Gerais registraria a maior queda percentual, de 1,15%, seguida por São Paulo, com menos 0,73%.

Na Indústria Extrativa, Minas Gerais também pode ter retração mais acentuada, de 0,35%, em comparação a São Paulo, com 0,12%, e ao Brasil, com 0,29%.

Já nas Indústrias de Transformação, São Paulo pode apresentar a maior redução, de 0,31%, enquanto Minas Gerais pode ter queda de 0,22%.

Retomada do diálogo

A embaixada do Brasil em Washington protocolou, na quarta-feira (16), uma carta junto ao governo dos Estados Unidos pedindo a retomada do diálogo técnico sobre a suspensão das tarifas de 50% impostas às exportações brasileiras. 

O documento foi assinado pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. Ainda sem respostas por parte de Washington.

Ainda nesta semana, a U.S. Chamber of Commerce e a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) divulgaram nota conjunta na qual solicitam ao presidente Trump a suspensão das tarifas. No documento, as Câmaras de Comércio pedem que os governos dos dois países se engajem em negociações de alto nível. 

As instituições afirmam que mais de 6,5 mil pequenas empresas nos Estados Unidos dependem de produtos importados do Brasil e que 3,9 mil empresas norte-americanas têm investimentos no país. 

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