Deputado Nilto Tatto (PT - SP)

03/12/2025 04:20h

Matéria prevê prioridade e celeridade em projetos definidos pelo governo como “estratégico”

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O relatório que institui a Licença Ambiental Especial (LAE) foi aprovado, nesta terça-feira (2), na Comissão Mista responsável pela análise da Medida Provisória 1.308/2025. A norma prevê simplificação e prioridade na análise, de no máximo 1 ano, para empreendimentos definidos por Conselho do Governo Federal como estratégicos.

O parecer do deputado Zé Vitor (PL-MG) manteve grande parte do texto elaborado pelo Palácio do Planalto em agosto, quando destacou a LAE do restante da Lei Geral do Licenciamento Ambiental. Dispositivos como o processo monofásico, alterado pelo governo, seguiram de fora, enquanto foram incluídas a obrigatoriedade de audiência pública com comunidades tradicionais que podem ser impactadas por uma obra e a necessidade de relatório para a mineração social, como a extração de areia, cascalho e brita.

Segundo o parlamentar, as críticas que a proposta tem recebido, de afrouxamento das regras ambientais, não condizem com a realidade. “Todos os requisitos necessários para se ter uma boa licença e ter garantida a preservação ambiental estão sendo assegurados aqui. Tem muito discurso que não está baseado no projeto, tem muito discurso e narrativa que estão sendo sustentados por uma questão ideológica, não com base na técnica e não com base no que está escrito nos nossos projetos de lei e na medida provisória”, defendeu Zé Vitor.

Após a aprovação na comissão especial, o relatório foi encaminhado para análise nos plenários da Câmara e, na sequência, do Senado. O prazo de vigência de uma medida provisória é de 120 dias. Se nesse período não for apreciada pelo Congresso Nacional, a MP perde a validade. No caso da licença ambiental especial, esse prazo termina nesta sexta-feira, dia 5. A expectativa é que as duas casas aprovem o relatório antes disso.

Alterações na LAC

O relator aproveitou o relatório para listar as atividades e empreendimentos que não podem solicitar a licença ambiental por adesão e compromisso, a LAC. A autorização autodeclaratória vai estar disponível para projetos de pequeno e médio potencial poluidor, exceto para aqueles que removam ou realoquem populações em áreas de preservação permanente (APP), em áreas declaradas contaminadas ou de mineração.

Zé Vitor vê a medida como mais um passo para a segurança e previsibilidade de investimentos essenciais de melhoramento da infraestrutura no país e rechaçou as críticas de afrouxamento da proteção ambiental. “Licença por adesão e compromisso é com base nas normas. Conhecedor das normas e ciente que todas as medidas de controle ambiental precisam estar instaladas, ciente de que deve conhecer todos os impactos ambientais, ciente que os riscos devem ser calculados, então o empreendedor recorre a esse a essa licença”, afirmou.

Judicialização

O coordenador da Frente Parlamentar Mista Ambientalista tentou frear os pontos que o grupo considera mais sensíveis. Foi a atuação de Nilto Tatto (PT-SP) que garantiu a compulsoriedade das reuniões com comunidades originárias afetadas pelas obras, acordo firmado após interrupção de uma hora na sessão da comissão.

Para o deputado, a aprovação do relatório da MP é uma derrota menor do que uma eventual derrubada dos vetos desses itens, como o Congresso fez com o restante da Lei Geral do Licenciamento Ambiental na semana passada. O político defende ainda que o governo questione no Supremo Tribunal Federal os 52 dispositivos cujos vetos do presidente Lula foram revertidos pelos parlamentares.

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16/10/2023 00:50h

Segundo o especialista da Secretaria Nacional de Mudança do Clima, Carlos Alexandre Principe Pires, o Brasil vai desempenhar um papel importante na transição energética global, como fornecedor do hidrogênio de baixa emissão de carbono.

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A implantação de uma cadeia de valor do hidrogênio verde no Brasil é necessária para acelerar a neoindustrialização da economia do país. Essa é a avaliação do especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental da Secretaria Nacional de Mudança do Clima, Carlos Alexandre Principe Pires. Para ele, o Brasil vai desempenhar um papel importante na transição energética global, como fornecedor do hidrogênio de baixa emissão de carbono.

“Nós devemos internalizar toda a cadeia de valor do hidrogênio para colocar em nosso país condições de uma neoindustrialização ou uma industrialização de baixo carbono para que nós não apenas exportemos o hidrogênio de baixo carbono, mas exportemos produtos industrializados com altíssimo valor agregado. Esse valor agregado nada mais é do que a própria baixa emissão de carbono que está sendo muito valorizada em todo o mundo”, afirma.

O especialista da Secretaria Nacional de Mudança do Clima ainda ressalta que o hidrogênio verde é uma alternativa para a mitigação de gases de efeito estufa dos setores que são de difícil abatimento. “Ele tem essa capacidade de resolver algumas questões de setores muito complicados, como siderurgia, cimento, fertilizantes e transporte”, diz.

As declarações foram feitas durante debate realizado pela Comissão Especial de Transição Energética e Produção de Hidrogênio Verde da Câmara dos Deputados, no final de setembro.

Avaliação de impactos

Na ocasião, o coordenador de Licenciamento Ambiental do Ibama, Eduardo Wagner Da Silva, defendeu a aplicação da  Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) previamente para tipologias de geração de energia como eólica offshore e hidrogênio verde. O papel da AAE é fornecer instrumentos de planejamento para avaliar impactos ambientais, auxiliando na formulação de políticas, planos ou programas.

“Ao aplicar Avaliação Ambiental Estratégica para determinada tipologia de geração de energia ou cadeia produtiva, você consegue identificar previamente problemas, pontos negativos ou positivos que podem muitas vezes impactar no licenciamento ambiental e no desenvolvimento desses projetos por si só”, explica.

Para ele, a AAE como instrumento de planejamento prévio é necessária para o desenvolvimento de uma cadeia produtiva do hidrogênio verde no país.

"Você conseguiria identificar, previamente, quais ações que estão envolvidas com a implantação desse empreendimento no local. Pode quantificar toda a cadeia produtiva, o que está relacionado, o que é que você vai conseguir gerar de novas oportunidades de negócios, geração de emprego, assim como você também consegue identificar atração populacional. Onde essas pessoas vão pressionar mais a saúde pública, a educação ou até prováveis áreas de desenvolvimento de novas áreas residenciais”, afirma.

O deputado federal Nilto Tatto (PT-SP), que integra a Comissão Especial de Transição Energética e Produção de Hidrogênio Verde, reforçou a importância da avaliação estratégica do impacto que a expansão da cadeia produtiva de energias renováveis causará.

“O onde, o como e o tamanho têm que sempre se considerar, no processo de implementação do empreendimento, mesmo que ele dialogue perfeitamente com a necessidade do enfrentamento da crise climática. Eu acho que isso vai acumulando para a gente aprofundar e aperfeiçoar cada vez mais o marco legal”, enfatizou. 

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11/09/2023 02:14h

Comitê Técnico da Indústria de Baixo Carbono (CTIBC) criou quatro grupos de trabalho para tratar do tema. Mercado regulado de carbono é uma das medidas defendidas por Executivo, Legislativo e iniciativa privada

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O governo federal e a iniciativa privada buscam um solução conjunta para reduzir a emissão de gases do efeito estufa. O Comitê Técnico da Indústria de Baixo Carbono (CTIBC) — formado por 14 representantes da iniciativa privada e 14 do poder público — criou quatro grupos de trabalho para tratar sobre transição energética e descarbonização.

Recriado por meio de decreto, no início de junho deste ano, o Comitê tem como objetivo promover a articulação dos órgãos e das entidades, públicas e privadas, para implementar, monitorar e revisar políticas públicas, iniciativas e projetos que estimulem a transição para a economia de baixo carbono no setor industrial do país.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) é uma das entidades que faz parte do Comitê. A CNI defende a regulamentação do mercado de carbono como um ponto importante para o Brasil fazer uma transição para uma economia sustentável. O gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da entidade, Davi Bomtempo, argumenta que, além dos impactos ambientais positivos, o mecanismo vai contribuir para reduzir o desemprego, gerar renda e aumentar o Produto Interno Bruto (PIB). Bomtempo explica como funciona este mercado. 

“Estabelece o teto de emissões de uma determinada empresa, aqueles que superarem esse teto vão precisar ir ao mercado comprar essa diferença. E aquelas empresas que ficarem  abaixo do teto de emissão vão poder negociar esse excedente e conectar via mercado com quem está precisando”, destaca.

O mercado regulado de carbono tem potencial para movimentar cerca de R$ 128 bilhões em receitas no Brasil, segundo estudo realizado pelo governo brasileiro em parceria com o Banco Mundial. Além disso, a iniciativa mostra expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e redução do desemprego. O mercado de carbono é um sistema adotado por diversos países com o objetivo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Congresso Nacional, governo federal, entidades e especialistas concordam que o Brasil precisa regulamentar o mercado de carbono para o desenvolvimento social, ambiental e econômico do país. O tema é objeto de proposta do Executivo e de projetos em tramitação no Legislativo.  O deputado federal Nilto Tatto (PT-SP) é membro titular da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Para ele, o crédito de carbono é um instrumento necessário para reduzir a emissão de gases do efeito estufa.

“O instrumento do crédito de carbono, do mercado, é um dos instrumentos importantes para a gente enfrentar a crise climática que é planetária. É importante que o Brasil tenha uma legislação e que tenha o poder público com capacidade de acompanhar, de monitorar, de fiscalizar esse possível comércio que pode ser uma oportunidade para o Brasil, mas precisa ter seriedade nesse aspecto”. 

Projetos em discussão

Tramita na Câmara dos Deputados o PL2148/2015 que, entre outros pontos, estabelece a redução de tributos para produtos adequados à economia verde de baixo carbono. Apensado a ele está o PL 528/2021. A proposta regulamenta o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE), previsto na Política Nacional sobre Mudança do Clima (Lei 12.187/2009)

O projeto prevê a criação de um Sistema Nacional de Registro, com o objetivo de estabelecer uma governança climática. Isso permitiria que as alterações dos mercados de carbono sejam melhor acompanhadas, tornando mais transparentes e participativas as oportunidades que o país possa identificar.

No Senado, o PL 412/2022 regulamenta o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões. O texto prevê mecanismos de mercado que permitam alcançar metas de redução de emissões de carbono.

O mercado de crédito de carbono é um sistema de compensação de emissões de gases de efeito estufa. Funciona assim: cada empresa tem um limite determinado: as que emitem menos ficam com créditos, que podem ser vendidos àquelas que passaram do limite. O crédito de carbono equivale a 1 tonelada de gás carbônico (CO²) ou outros gases que deixou de ser emitida para a atmosfera.
 

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Meio Ambiente
04/07/2023 04:00h

A regulamentação do mercado de crédito de carbono no Brasil tem potencial para financiar a proteção de toda a área da floresta amazônica, de acordo com o especialista em direito ambiental Alessandro Azzoni

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A regulamentação do mercado de crédito de carbono no Brasil tem potencial para financiar a proteção de toda a área da floresta amazônica. É o que afirma o especialista em direito ambiental Alessandro Azzoni. Ele argumenta que a implementação desse mercado é uma ferramenta também para a preservação de outros biomas brasileiros, como o Cerrado e a Mata Atlântica. O mercado de crédito de carbono é um sistema para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. 

“O Brasil poderia se monetizar sem ter que receber doações de países europeus para preservar a Amazônia, por exemplo.  A própria emissão dos créditos de carbono da própria Amazônia poderia financiar não só a proteção como toda a recuperação da área. E aquele produtor que tinha uma área praticamente desmatada vai reflorestar para poder tirar crédito de carbono, porque vai ser muito mais rentável do que ele manter um pasto, com um certo número de gado, ou uma plantação de soja,” explica. 

O especialista destaca que utilizar metas para a redução de gases de efeito estufa nas indústrias e empresas é um dos principais pontos para a rentabilidade e para a preservação ambiental. Azzoni afirma que a governança é fundamental neste processo. 

“Governança é justamente passar a transparência dos seus atos de forma concisa para o mercado, que aquelas políticas ambientais, ou até na questão das reduções de emissões de gases de efeito estufa, elas são verídicas”, pontua. 

O potencial de geração de receitas com créditos de carbono até 2030 para o Brasil subiu de US$100 bi para até US$120 bi, segundo estudo da Câmara de Comércio Internacional (ICC Brasil), em parceria com a WayCarbon. A estimativa é que o país consiga gerar 8,5 milhões de empregos até 2050.

Propostas do Legislativo

Projetos para a regulação do mercado de carbono também estão em discussão no Congresso Nacional. Dentre eles, está o PL 2148/2015, em análise na Câmara dos Deputados. A proposta, entre outros pontos, estabelece a redução de tributos para produtos adequados à economia verde de baixo carbono. 

Segundo o deputado federal Nilto Tatto (PT-SP), membro titular da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, o crédito de carbono é um instrumento necessário para enfrentar a crise climática no planeta. O parlamentar acredita que o Brasil está atrasado na regulamentação interna desse mercado e defende uma legislação que permita ao poder público ter capacidade de acompanhar, monitorar e fiscalizar esse comércio. 

“Uma oportunidade para os países em desenvolvimento ter recursos para trilhar um caminho de desenvolvimento que seja de baixa emissão de gases de efeito estufa. E, assim, contribuindo para melhorar a qualidade de vida da sua população sem precisar seguir o mesmo caminho que os países desenvolvidos trilharam ao longo dos últimos 250 anos, que levou a essa situação de crise climática que coloca em risco a vida do próprio planeta”, defende o parlamentar. 

Já o PL 528/2021 regulamenta o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE), previsto na Política Nacional sobre Mudança do Clima (Lei 12.187/2009). A proposta prevê a criação de um Sistema Nacional de Registro, com o objetivo de estabelecer uma governança climática. A matéria permite que as alterações dos mercados de carbono sejam melhor acompanhadas, tornando mais transparentes e participativas as oportunidades que o país possa identificar. O PL 528 tramita apensado ao PL 2148/2015 na Câmara dos Deputados. 

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Executivo e setor produtivo

O secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Rodrigo Rollemberg, ressaltou que a proposta de regulamentação do governo pode sair antes mesmo da Conferência do Clima, prevista para dezembro, nos Emirados Árabes.

A afirmação foi feita em evento promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) para apresentar ao governo federal uma proposta para a implementação de um sistema regulado de comércio de emissões de carbono no Brasil. Na ocasião, Rollemberg destacou que a proposta da CNI está em consonância com o projeto elaborado pelo governo, com base no segundo substitutivo do PL 528/2021

A CNI defende a criação e implementação de um mercado regulado de carbono na forma de um sistema de comércio de emissões, seguindo a modalidade Cap and Trade. Ou seja, definir uma quantidade máxima de emissões de gases de efeito estufa aos agentes regulados e emitir permissões de emissão equivalentes. o documento é uma estratégia para o sistema de comércio de emissões baseada em três componentes: Plano Nacional de Alocação; Programa de Monitoramento de Emissões de GEE; e Mercado Regulado de Emissões. 

A proposta divulgada foi desenvolvida a partir de experiências internacionais, com sugestões para a implementação do mercado regulado de carbono, que é um sistema de compensação de emissão de gases de efeito estufa (GEE). Cada empresa tem um limite determinado: as que emitem menos ficam com créditos, que podem ser vendidos àquelas que passaram do limite.  
 

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24/06/2022 04:45h

O dado é de estudo da Organização Mundial da Saúde. Diante desse quadro, o Congresso Nacional avança no debate sobre a instituição da Política Nacional de Qualidade do Ar, prevista no projeto de lei 10521/2018

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Um estudo divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que, em média, 7 milhões de pessoas morrem por ano em decorrência da poluição do ar. De acordo com o relatório, a estimativa é de que 90% da população mundial esteja exposta a pelo menos um agente poluente grave.

Diante desse quadro, o Congresso Nacional avança no debate sobre a instituição da Política Nacional de Qualidade do Ar, prevista no projeto de lei 10521/2018. Entre outros pontos, o PL adota conceitos modernos de gestão da qualidade do ar. 

Segundo o deputado federal Nilto Tatto (PT-SP), a proposta foca na preservação da saúde pública, do bem-estar e da qualidade ambiental. Segundo ele, isso se dará por meio de incentivo à pesquisa, do monitoramento da qualidade do ar e da redução das emissões de poluentes atmosféricos.

“Esse projeto sustenta em sólidos instrumentos que pretendem conferir maior sistematização e fluidez nos assuntos sobre a qualidade do ar, para tomada de decisão do poder público, quando da formulação de políticas e da fixação de regras de gestão territorial e ambiental. Esse projeto trará um salto substancial no aprimoramento da gestão da qualidade do ar em todo o território nacional”, destaca. 

Pelos termos da proposta, a ideia é criar instrumentos que estabeleçam padrões e monitoramento da qualidade do ar. O intuito também é criar programas e projetos setoriais, além de planos nacionais e estaduais de gestão da qualidade do ar e de controle da poluição por fontes de emissão.  

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Os programas públicos criados a partir da política deverão, ainda, considerar o impacto ambiental associado às emissões de poluentes. Medidas como essa, segundo o especialista em meio ambiente Charles Dayer, são essenciais não apenas para questões ambientais, mas também de saúde pública. 

“É uma medida de controle de saúde, porque existem várias doenças cardiorrespiratórias e questões de alergias, por exemplo. Isso, se tivermos falando de um cenário de exposição aguda, mas imagine os efeitos disso ao longo dos anos, no caso de algo crônico. E se pensarmos em relação ao meio ambiente, teremos uma dinâmica funcionando bem, e os serviços ecossistêmicos, prestados pela fauna e flora, vão ser bem feitos”, considera.   

Sistema de Informações

O projeto de lei também determina a criação do Sistema Nacional de Informações de Qualidade do Ar. Trata-se de um sistema de coleta, tratamento, armazenamento, recuperação, interpretação e divulgação sistemática de dados sobre emissões atmosféricas e qualidade do ar. Esse canal será criado a partir de informações repassadas por órgãos integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente. 

As regras previstas a partir da aprovação do PL devem ser observadas por pessoas físicas e as empresas responsáveis pela emissão de poluentes, que ficam proibidas de ultrapassar os limites determinados pelo poder público em regulamento. Quem descumprir as normas fica sujeito a punição com base na Lei de Crimes Ambientais, por exemplo.  
 

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18/05/2021 03:00h

Tecnologias como os carros autônomos e a telemedicina devem avançar com sua implementação

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A nova geração de internet móvel, que promete uma revolução, está prestes a chegar ao Brasil. O 5G tem conexão com velocidade ultrarrápida, trazendo uma evolução nos sistemas da Internet das Coisas (IoT), o que deve facilitar ainda mais a conectividade das máquinas, melhorando as formas de interação e aumentando a velocidade e a segurança na troca de dados.
 
Já adotada em alguns países, a tecnologia é 20 vezes mais rápida do que o 4G. Além de ter um tempo muito menor entre um clique e a resposta, seu alcance também é um fator determinante.


 
Segundo o deputado federal Nilto Tatto (PT-SP), membro da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, a tecnologia terá impacto extraordinário quando chegar a toda a população. “Vai propiciar evidentemente a produção de novos produtos, de novos processos de produção, favorecendo e muito todos os setores produtivos, todas as cadeias, seja da indústria ou nos serviços”, avaliou.
 
Regiões remotas do País, ribeirinhos e os moradores do campo tendem a ser muito beneficiados com a cobertura da nova tecnologia. Mas é principalmente o setor produtivo (indústria e agronegócio, por exemplo) que está prestes a viver uma revolução.
 
O parlamentar destacou, ainda, a importância de ter logo uma regulamentação que faça o Brasil aproveitar ao máximo as vantagens da tecnologia. “É fundamental que haja uma negociação transparente, que seja pública e que leve em consideração aquilo que é melhor estrategicamente para o País”, frisou Tatto.
 
No edital do leilão, que foi aprovado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), está previsto que o 5G deve funcionar nas 26 capitais do Brasil e no Distrito Federal em julho de 2022. Para todas as cidades do Brasil com mais de 30 mil habitantes, o prazo é julho de 2029.


 
Para o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Igor Nogueira Calvet, a população deve ser muito beneficiada pela nova tecnologia, sobretudo por meio das empresas. “Terá um impacto, creio eu, até muito maior para as empresas. Porque o 5G é uma tecnologia que vai permitir a comunicação não somente entre as pessoas, mas sobretudo, entre máquinas. É máquina conversando com máquina, é máquina conversando com a infraestrutura”, disse.
 
Atualmente, as operadoras conectam, por exemplo, máquinas de cartão, monitoram caminhões e veículos, mas não vão muito além disso. A ideia é que o 5G ofereça ferramentas para conectar outros produtos e a custos mais baixos. Tecnologias como os carros autônomos e a telemedicina devem avançar com sua implementação, bem como a "indústria 4.0", com toda a linha de produção automatizada.

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Rede privada

Uma portaria do Ministério das Comunicações com as diretrizes do leilão para o 5G, que basearam o edital, exigiu a criação de uma rede privada do governo. O objetivo é que ela funcione como um canal seguro para a comunicação estratégica das autoridades.
 
As redes privadas não são concorrentes das públicas; ao contrário, juntam-se ao esforço de dar mais celeridade para o sistema. As configurações desses sistemas podem variar segundo as necessidades específicas de cada setor ou empresa, com níveis próprios de segurança.
 
A indústria também vê necessidade de assegurar uma frequência privada para o segmento, a exemplo do que acontece em países como Alemanha, Estados Unidos e Japão. A preocupação é assegurar que o Brasil tenha as mesmas condições de custos, cobertura e rapidez na implantação de que dispõem os concorrentes no mercado internacional.

Leilão de frequências

O leilão das frequências é o pontapé inicial para o processo de implementação do 5G no Brasil. As regras do edital (exigências, metas e contrapartidas daqueles que comprarem as faixas) foram aprovadas pela Anatel e ainda passarão pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
 
O prazo regimental para essa análise do TCU é de 150 dias, mas o governo pediu para que o período fosse encurtado para 60 dias. Segundo o ministro das Comunicações, Fábio Faria, a expectativa é de que o leilão ocorra até o meio deste ano. 
 
No leilão, serão ofertadas quatro faixas de frequência: 700 MHz; 2,3 GHz; 26 GHz; e 3,5 GHz. A faixa de 3,5 GHz é a que desperta mais interesse das empresas de telefonia, por exigir menos investimentos para a implantação da tecnologia. A expectativa de arrecadação da Anatel é de R$ 35 bilhões. A maior parte desse valor será destinada para obrigações de investimentos pelas empresas vencedoras, ou seja, não deve ir para o caixa da União.

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17/05/2021 06:00h

País não votou projeto que vai de encontro a um acordo internacional para diminuição de gases potentes ao efeito estufa, e pode deixar de receber US$ 100 milhões de Fundo Multilateral caso texto não saia da gaveta

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Iniciativas que unem economia e preservação do meio ambiente são cada vez mais buscadas no mundo, como ocorreu quando a população brasileira trocou as lâmpadas incandescentes, de luz amarela, com venda proibida em 2012, por fluorescentes, mais sustentáveis e econômicas. Mas uma nova adequação internacional semelhante tem sido esquecida no Brasil.
 
O País está ficando de fora de um acordo mundial de redução de gases potentes ao efeito estufa, que, em síntese, incentiva a troca de aparelhos de refrigeração que utilizam hidrofluorcarbonetos (HFCs), gases nocivos para o meio ambiente. Além do aspecto ambiental, a medida de diminuição desses produtos também geraria acesso a US$ 100 milhões do Fundo Multilateral e poderia reduzir tarifas de energia do consumidor brasileiro.
 
É esse o tema do Projeto de Decreto Legislativo 1100/2018, que trata da Emenda de Kigali. O texto está parado na Câmara dos Deputados, mesmo classificado no regime de tramitação de urgência. A emenda traz um cronograma de redução gradual no consumo de hidrofluorcarbonetos, que contribuem para o aquecimento atmosférico e são utilizados em equipamentos como geladeira, ar-condicionado, aerossóis e solventes, por exemplo.

Histórico

A emenda leva o nome da capital de Ruanda, Kigali, pois foi aprovada em 2016 durante reunião realizada na região. Ela faz parte do tratado internacional chamado Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio, que entrou em vigor em 1989 e atualmente apresenta adoção universal, com 197 Estados Partes.


 
De acordo com o Observatório do Clima, o hidrofluorcarboneto passou a ser adotado com mais intensidade pelo setor industrial a partir dos anos 1990, em substituição aos clorofluorcarbonetos (CFCs), que estavam sendo banidos pelo Protocolo de Montreal devido ao impacto na camada de ozônio.  
 
“O HFC não afeta essa camada, mas tem um impacto ainda maior sobre o efeito estufa, com um potencial de aquecimento global que pode ser de 120 a 12.000 vezes superior ao do dióxido de carbono. O HFC pode ficar na atmosfera por até 400 anos”, explica a coalizão. 
 
Neste ano, o PDL da Emenda de Kigali chegou a ser solicitado duas vezes para inclusão na pauta de votações da Câmara, nos dias 20 e 26 de abril, pelos deputados Ted Conti (PSB/ES) e Alessandro Molon (PSB/RJ), respectivamente, mas ainda segue sem atualizações. 

Urgência

Para o deputado federal Nilto Tatto (PT/SP), o Brasil precisa incentivar o debate sobre temas ambientais dando a importância que eles merecem. “O debate sobre o aquecimento global e a contribuição dos hidrofluorcarbonetos para o efeito estufa precisa ser feito nas escolas, nas igrejas, enfim, em todos os espaços, como um compromisso de todos os indivíduos, de todos os países, do mundo todo”, levanta o parlamentar.
 
Nilto classifica a implementação de novas tecnologias para reduzir a emissão de gases de efeito estufa como essenciais e urgentes, mas critica deputados que não enxergam da mesma forma por não ouvir a voz da ciência. 
 
“É fundamental enfatizar o debate para buscar novas tecnologias, recursos e apoio internacional, em especial dos países desenvolvidos, para que os países em desenvolvimento possam ter as condições de fazer as mudanças necessárias nas cadeias produtivas, gerando emprego e renda para a sua população”, define. 

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Economia

Em campanha a favor do texto, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) pontou cinco benefícios principais da Emenda de Kigali para o Brasil, caso aprovada. São eles a modernização da indústria brasileira, a ampliação de recursos para a transformação da indústria, os benefícios para o setor elétrico, a contribuição para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e o menor custo para o consumidor.
 
“Os consumidores brasileiros teriam acesso a produtos que consomem menos eletricidade, com impactos positivos nas contas de luz. Segundo o Lawrence Berkeley National Laboratory, somados os ganhos de todos os consumidores brasileiros, poderíamos chegar a uma economia nacional de cerca de R$ 28 bilhões em 2035, recurso esse que a sociedade brasileira poderia investir em demandas mais urgentes”, aponta o Idec.

Defesa ao meio ambiente 

Alessandro Azzoni, advogado e especialista em Direito Ambiental, explica que a Emenda de Kigali ratifica o protocolo de Montreal sobre essas substâncias, lembrando que ela já vem sendo substituída em quase todos os sprays, como produtos de desodorante ou para o cabelo, por exemplo.
 
“A importância de transformar isso em texto constitucional é justamente você não ter mais a soltura desses gases na atmosfera, que são nocivos à camada de ozônio, que abrem os buracos na camada de ozônio e provocam os efeitos devastadores na natureza e também no ser humano, pela exposição de raios ultravioletas de forma mais intensiva”, detalha o especialista.
 
O advogado também cita que o processo de uma emenda constitucional é mais lento. “A retificação de acordos internacionais tem que passar, primeiro, por um controle constitucional, pela CCJ, para verificar se esse acordo internacional não fere a constituição e se a Constituição acolhe esse acordo.” Para Alessandro, é preciso um esforço parlamentar para que o tema seja colocado em pauta.

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