Brics

23/08/2023 10:30h

Na África do Sul, presidente afirma que o “dinamismo da economia está no sul global” e ressalta colaboração entre os setores público e privado

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a entrada de novos países no Brics — que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul —, nesta terça-feira (22), em Joanesburgo, na África do Sul. No Fórum Empresarial do Brics, Lula destacou o potencial do bloco para o desenvolvimento econômico global e a importância da atuação conjunta entre os setores público e privado. O fórum é uma das agendas do setor privado que acontece antes da cúpula geral do Brics, que vai até o dia 24 de agosto. 
 
“O dinamismo da economia está no sul global e o Brics é sua força motriz. O Brics tem uma chance única de moldar a trajetória do desenvolvimento global. Vocês, empresários, fazem parte desse esforço. Nossos países reunidos representam um terço da economia mundial. Essa relevância vai crescer com a entrada de novos membros plenos e parceiros no diálogo. A colaboração entre os setores público e privado é vital para aproveitar esse potencial de alcançar resultados duradouros.”, afirmou o presidente brasileiro. 

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Lula lembrou ainda que, em dezembro, o Brasil assumirá a presidência do G20 — grupo que reúne as principais economias do mundo — e que isso pode ser uma oportunidade para o avanço em temas de interesse do sul global. O chefe do Executivo ressaltou ainda a importância do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o chamado banco do Brics, comandado atualmente pela ex-presidente Dilma Rousseff, para a colaboração entre as economias emergentes. 

“Nosso banco conjunto deve ser um líder global do financiamento de projetos que abordam os desafios mais urgentes do nosso tempo. Ao diversificar fontes de pagamento e moedas locais, expandir sua rede de parceiros e ampliar seus membros, o NDB constitui uma plataforma estratégica para promover a cooperação entre os países em desenvolvimento”, pontuou. 

Segundo o governo federal, em 2022 o volume de transações entre o Brasil e os parceiros do Brics chegou a US$ 177,7 bilhões, sendo US$ 99,4 bilhões em exportações brasileiras para China, Índia, Rússia e África do Sul e US$ 78 bilhões em importações de produtos vindos desses países. De janeiro a julho de 2023, o volume já atingiu US$ 102,3 bilhões (US$ 63,2 bilhões em exportações e US$ 39 bi em importações).

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Confederação Nacional da Indústria discute atuação conjunta com o Banco do Brics

Cebrics

Esta é a segunda vez que a África do Sul é sede da Cúpula do Brics. A primeira foi há 10 anos, em Durban, quando foi criado o Conselho Empresarial do Brics (Cebrics). O conselho tem como objetivo assegurar que as principais prioridades do setor privado sejam efetivamente comunicadas aos líderes dos governos do Brics durante a cúpula.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) é a secretária-executiva do mecanismo no Brasil. De acordo como o presidente-eleito da entidade, Ricardo Alban, as discussões giram em torno de uma convergência para ações e políticas públicas. Ele acredita que existe uma janela de oportunidades para a indústria brasileira e para o Brasil no mundo. 

“Se neste momento estamos todos tão conscientes da necessidade da neoindústria, temos a responsabilidade e a obrigação de aproveitar essas oportunidades, traçar políticas públicas convergentes, priorizar para que tenhamos focos e garantir as verdadeiras entregas. E dentro dessas entregas, o Brasil tem a oportunidade de voltar para o mercado internacional com indústria de manufaturas, com produtos verdes, descarbonizados, já que nós vamos ser um grande produtor de energia verde e sustentável”, afirma o presidente-eleito da CNI. 

Para Alban, a adoção de uma moeda única no Brics ainda é algo “questionável”, mas acredita que, durante as conversas entre os governantes dos cinco países, seja possível a construção de um meio de pagamento único. Ele defendeu que qualquer decisão seja tomada com cautela para que não haja equívocos de ordem monetária ou financeira. 

A estrutura do Cebrics é formada por nove grupos de trabalho que contam com mais de 90 representantes brasileiros, que têm como objetivo a formulação de recomendações por temas. 
 

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21/08/2023 19:55h

No encontro com a presidente do banco, Dilma Rousseff, o presidente-eleito da CNI, Ricardo Alban, defendeu a cooperação com mecanismos internacionais para o desenvolvimento econômico sustentável do país

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Infraestrutura, energias limpas e projetos de impacto social foram tema de diálogo entre o presidente-eleito da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, e a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) — o chamado banco do Brics — Dilma Rousseff. Na reunião, eles concordaram sobre a necessidade de revitalizar a indústria da construção pesada. O encontro aconteceu nesta segunda-feira (21) em Joanesburgo, na África do Sul. A cidade vai sediar a Cúpula do Brics entre os dias 22 e 24 de agosto. 

De acordo com a CNI, Dilma Rousseff ressaltou a importância de proporcionar condições para que as indústrias brasileiras consigam aumentar investimentos e atender demandas de infraestrutura e inovação. Ricardo Alban destaca que, apesar do potencial brasileiro, especialmente no agronegócio, a participação internacional do Brasil ainda é pequena. 

“Nós também temos que encontrar junto a instituições internacionais como NDB forma de buscar recursos e funding suficientemente competitivos para estimular o comércio internacional. Dentro desse processo, sabemos que existem 30 projetos lá no NDB, 21 aprovados e nove ainda em tramitação”, afirma.

O presidente-eleito da CNI defende que não existe forma de garantir desenvolvimento social sustentável sem desenvolvimento econômico. Para ele, organismos internacionais como o Cebrics (Conselho Empresarial do Brics) e o B20 — braço empresarial do G20 — são fundamentais para o crescimento econômico e sustentável do Brasil. Alban enxerga o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado recentemente pelo governo federal, como uma oportunidade para estimular a indústria nacional. 

“Estamos coordenando o Brics no Brasil, as cinco empresas, e pretendemos ter os melhores resultados possíveis e trazer aqui uma equipe de trabalho, temos conversado com algumas empresas de consultoria, para que nós possamos não só iniciar e dar continuidade a um trabalho mais aguerrido e de entregas para a indústria nacional e que ele possa estar também conectado com o B20”, pontua. 

Anunciado no último dia 11, o Novo PAC prevê investimento de R$ 1,7 trilhão em infraestrutura até 2026. O programa está organizado em nove eixos de investimento: cidades sustentáveis e resilientes; transição e segurança energética; transporte eficiente e sustentável; inovação para indústria da defesa; educação, ciência e tecnologia; saúde; água para todos;  inclusão digital e conectividade; e infraestrutura social  inclusiva. O governo estima a geração de 4 milhões de empregos vinculados às obras. 

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Novo Banco de Desenvolvimento

Criado em 2014, o NDB mobiliza recursos para projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável nos países membros do Brics. De acordo com a CNI, ao todo já foram aprovados 94 projetos em operações de crédito nos cinco países do grupo, em um total de US$ 32 bilhões. A entidade afirma que a presença do banco no território brasileiro desde 2019 foi essencial para aumentar a carteira de projetos no país. Em 2018, havia US$ 600 milhões e, atualmente, são US$ 6,2 bilhões.

Ainda segundo a CNI, durante a pandemia de Covid-19, o NDB atuou excepcionalmente na área social e de saúde, por meio de linha especial de crédito, que alocou US$ 2 bilhões para pagamento do auxílio emergencial em 2020 e para repor recursos do fundo garantidor de crédito de auxílio emergencial em 2023.

Brics

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está em Joanesburgo para participar da XV Cúpula do Brics —  bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Em uma rede social, Lula declarou que “é fundamental a cooperação entre os países do Sul Global no enfrentamento das desigualdades, da crise climática e por um mundo mais equilibrado e justo.”

O bloco representa mais de 3 bilhões de habitantes, que correspondem a 40% da população mundial; e US$ 25 trilhões em PIB, ou cerca de um quarto do PIB global. O grupo se reúne desde 2009. Esta é a segunda vez que a cúpula será em território sul-africano. A primeira aconteceu há 10 anos, em 2013, em Durban. 

A ocasião ficou marcada pela criação do Conselho Empresarial do Brics (Cebrics),  com o objetivo de assegurar que as principais prioridades do setor privado sejam efetivamente comunicadas aos líderes do governo no Brics durante a cúpula. A CNI é a secretária-executiva do mecanismo no Brasil. 

B20

A CNI representa o país também no Business 20 (B20), um mecanismo de diálogo oficial do G20 com a comunidade empresarial global. Criado em 2010, o B20 é um dos principais grupos do G20 e possui papel estratégico no crescimento econômico mundial e tem a missão de fornecer recomendações de relevância para a formulação de políticas sobre as prioridades de cada presidência. 

Ainda em 2023, o Brasil assumirá a presidência do grupo, assim como do principal fórum de cooperação econômica internacional, o G20. Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, República da Coreia, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Turquia, Reino Unido, Estados Unidos e União Europeia compõem o grupo. 

O Brasil vai presidir o G20 e o B20 do dia 1º de dezembro de 2023 a 30 de novembro de 2024. Em 2023, a Cúpula do G20 vai acontecer nos dias 9 e 10 de setembro na capital indiana, Nova Delhi. 
 

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20/08/2023 17:45h

Segundo o presidente-eleito da Confederação Nacional da Indústria, Ricardo Alban, é preciso fortalecer os laços econômicos e comerciais e ampliar os investimentos entre as comunidades do bloco econômico

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Cerca de 30 empresários brasileiros estão trabalhando pelo fortalecimento da integração econômica entre os países que formam o Brics — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A comitiva integra o Conselho Empresarial do Brics (Cebrics) e vai participar do encontro anual do bloco que ocorrerá entre os dias 22 e 23 de agosto, em Joanesburgo, na África do Sul.

A comitiva empresarial é liderada pelo presidente-eleito da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, que assume o cargo oficialmente no fim de outubro, mas já está realizando duas missões empresariais no exterior: a Cúpula do Brics, na África do Sul, e a reunião dos empresários do B20, braço empresarial do G20, em Nova Delhi, na Índia.

Em uma primeira reunião do setor privado dos países do Brics, realizada no último sábado (19), o presidente-eleito da CNI destacou o interesse dos empresários em aumentar a participação no mercado indiano.

“A Índia deverá apresentar um desenvolvimento e um crescimento econômico bastante vigoroso nos próximos anos. Então seria muito interessante que nós possamos compartilhar desse crescimento e fazermos com que tenhamos uma maior amplitude não só comercial, como de investimentos mútuos. Já tem muitas indústrias que estão localizadas dentro da Índia e certamente deste novo nível de crescimento econômico deverá surgir muitas oportunidades, principalmente no que diz respeito a aproveitar encadeamentos produtivos e essa movimentação das cadeias globais de valor.”

Alban ainda destaca a importância do diálogo do mundo com o Brics que, segundo ele, é fundamental.

“O Brics reúne os países como Brasil, África do Sul, China, Índia e Rússia. Eles representam 42% da população mundial e 25% do PIB mundial. Isso por si só justifica a importância e o quanto nós temos que dedicar atenção para que esse processo possa ser efetivo e que nós possamos garantir, sim, o que é mais importante para toda a economia e para o nosso Brasil: as entregas. E as entregas são capital, investimentos. As entregas são melhorar o nosso poder de competitividade”, afirma.

Para o presidente-eleito da CNI, é preciso estar próximo dos países correlatos, principalmente no atual momento, em que se cogita a possibilidade da agregação de outros países ao bloco. Segundo ele, o Brasil precisa ampliar as oportunidades de interação comercial.

“A participação internacional do Brasil ainda é muito pequena e, com o potencial que nós temos no agronegócio, com a capacidade que nós podemos ter de agregar valor a esse agronegócio, já mitigando com a reforma tributária uma boa parte da falta de competitividade da agregação de valor, nós também temos que encontrar junto com o Brics uma forma de buscar foco, recursos suficientemente competitivos para estimular o comércio internacional”, diz.

Segundo Alban, após a reunião da cúpula em Joanesburgo, os empresários irão se reunir com o B20, em Nova Delhi, para traçar planos e estratégias complementares. O encontro pretende maximizar as ações e garantir mais entregas, efetividade e oportunidade no mercado internacional.

O Cebrics possui 25 empresas, cinco de cada país. Durante o encontro, a CNI vai defender uma nova estratégia para desenvolver a indústria brasileira, com propostas aderentes às áreas de atuação do banco, como descarbonização industrial; energia limpa e eficiência energética; infraestrutura de transporte; e infraestrutura digital.

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18/08/2023 19:55h

Agenda do Conselho Empresarial do Brics (Cebrics) começa antes da cúpula entre Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, entre dias 22 e 24 de agosto

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O Conselho Empresarial do Brics (Cebrics) se reúne na África do Sul neste sábado (19). A ideia é que o conselho tenha uma agenda consolidada para entregar aos chefes de Estado com as recomendações dos setores privados dos países participantes do Brics.

O encontro anual do bloco ocorrerá entre os dias 22 e 23 de agosto, em Joanesburgo, na África do Sul. O Brics reúne cinco países em desenvolvimento  —  Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A atuação do setor privado no bloco se consolidou em 2013, quando o Cebrics foi criado. 
O ex-secretário de Comércio Exterior e presidente do Instituto Brasileiro de Comércio Internacional e Investimentos, Welber Barral, explica a relevância do Cebrics.

“O conselho empresarial dos Brics é composto por vários empresários relevantes que têm negócios em mais de um dos países dos Brics, então, é um mecanismo de diálogo entre líderes empresariais e os líderes políticos dos países componentes dos Brics. Os conselhos empresariais são relevantes como forma de propor soluções operacionais para facilitar os negócios. Essas propostas vão desde acordos na área de investimentos, por exemplo, até facilitação de vistos para negócios”, pontua.

O presidente eleito da CNI, Ricardo Alban, que lidera a missão empresarial brasileira para o evento na África do Sul, destacou a importância do Brics, que reúne 42% da população mundial (3,2 bilhões de pessoas) e representa 25% do PIB mundial (US$ 25,8 trilhões).

“Esses são argumentos que por si só já justificam que o Brics e também o Cebrics, que é formado pelas empresas privadas, são 25 empresas privadas, cinco de cada país, possam estar em conjunto ajudando a somar e a dar objetividade e pragmatismo a todos os entendimentos governamentais para que as economias possam refletir aquelas decisões, aquelas ações estratégicas governamentais necessárias para estimular quer seja o desenvolvimento econômico local, como também as atividades internacionais, que envolvem esses países.”

O comércio entre os países do Brics com o Brasil é de US$ 177,8 bilhões, sendo a China a primeira parceira comercial. Índia, Rússia e África do Sul ficam, respectivamente, em 5º, 14º e 42º no ranking. Em 2020, quase 400 empresas do bloco econômico operavam no Brasil. 

O que é o Cebrics

O Cebrics é formado por 25 empresas, cinco membros de cada país do grupo econômico. A presidência é anual e rotativa. Em 2023, a África do Sul preside o conselho e sedia a cúpula do grupo. A seção brasileira do Cebrics é formada pela Vale, pela WEG, pelo Banco do Brasil, pela BRF e pela Embraer, que se reúnem uma vez por ano para definir as prioridades estratégicas.

No Brasil, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) é secretária-executiva do mecanismo. A entidade busca facilitar a atuação dos membros brasileiros e coordena as tratativas com as outras seções, contribuindo para a construção dos posicionamentos brasileiros.

Prioridades

O grupo elencou uma lista de dez prioridades que estão em discussão pelo setor privado:

  1. Estabelecimento de acordo multilateral de serviços aéreos, considerando que os acordos bilaterais que já existem são restritivos para o transporte aéreo;
  2. Colaboração para o desenvolvimento de fertilizantes inteligentes, biofertilizantes e fertilizantes minerais, e de padrões para certificação de fertilizantes ecoeficientes;
  3. Desenvolvimento de padrões para 50 qualificações futuras, permitindo unificar critérios para competições internacionais e programas de treinamento entre os países;
  4. Criação de um fundo para financiar projetos de energia limpa no Novo Banco de Desenvolvimento (NDB);
  5. Cooperação para o desenvolvimento de infraestrutura digital que aumente a conectividade, inclusive em áreas remotas dos países do Brics; 
  6. Desenvolvimento de programas de competências digitais para meninas e mulheres;
  7. Elaboração de carteira de projetos prioritários de infraestrutura nos países do Brics para aumentar a visibilidade de financiamento; 
  8. Desenvolvimento de rotas comerciais com investimentos em portos de pequeno porte, ferrovias e transporte marítimo de curta distância, para diminuir a pegada de carbono; 
  9. Criação de plataforma de colaboração entre governo, setor privado e academia para buscar soluções para novos problemas de infraestrutura;
  10. Harmonização de padrões de regulação para produtos manufaturados, para facilitar a incorporação nas cadeias de valor.
     
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18/08/2023 04:45h

Rússia e China querem expansão mais ampla para aumentar campo de influência, enquanto o Brasil defende entrada de novos membros de maneira mais lenta, segundo especialista

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O ingresso de novos países deve ser a principal pauta a ser discutida na XV Cúpula do Brics, marcada para acontecer entre os dias 22 e 24 de agosto na maior cidade sul-africana, Joanesburgo. O grupo de economias emergentes é formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Segundo o  embaixador sul-africano no bloco, Anil Sooklal, mais de 40 nações manifestaram interesse em fazer parte do Brics.

Entretanto, os membros divergem sobre os critérios a serem seguidos para a admissão de outras nações. A China é a principal interessada na expansão do Brics para ampliar seu campo de influência em meio ao aumento das tensões com o seu principal adversário econômico, os Estados Unidos. Os dois maiores parceiros comerciais do Brasil travam uma guerra comercial há anos. Americanos e chineses disputam o primeiro lugar no ranking de maiores economias globais, hoje liderado pelos EUA.

No início do mês, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o ingresso de novos participantes no bloco. O mandatário brasileiro afirmou que a entrada da Argentina, Emirados Árabes e Arábia Saudita é “extremamente importante”. Mas o ex-secretário de Comércio Exterior e presidente do Instituto Brasileiro de Comércio Internacional e Investimentos, Welber Barral, explica que o Brasil defende uma ampliação mais lenta. 

“No caso da expansão dos Brics ainda há um debate em vigor. Vários países manifestaram interesse em ingressar nos Brics e o Brasil tem defendido uma expansão lenta, iniciando com talvez Argentina, Arábia Saudita e Emirados Árabes, que são países com os quais o Brasil tem excelente relação e poderia apoiar alguns dos problemas indicados pelo Brasil no âmbito do Brics. Evidentemente, a China e outros querem uma expansão mais rápida até para incluir países que estão sob sua área de influência”, afirma. 

Brics

Segundo o governo federal, o grupo representa mais de 3 bilhões de habitantes, que correspondem a 40% da população mundial; e US$ 25 trilhões em PIB, ou cerca de um quarto do PIB global. Para o professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília Thiago Gehre, a participação do Brasil no Brics é muito importante para ampliar o volume de comércio brasileiro e diversificar a fonte de recursos externos para o país.  

“O Brasil esteve, durante muito tempo, preso basicamente à influência do capital ou da Europa ou dos Estados Unidos. E o  advento do Brics dá ao Brasil essa chance de recursos provenientes desses países também possam, de alguma forma, serem aproveitados para a construção da economia brasileira”, afirma Thiago Gehre. 

O senador Irajá (PSD-TO) é presidente da Frente Parlamentar de Relacionamento com o Brics. Ele defende ampliar as relações entre os membros do bloco e acredita que a proximidade do Brasil com Rússia e China via Brics não prejudica o relacionamento com EUA e União Europeia, mesmo com as crescentes tensões entre as potências. O parlamentar destaca os ganhos que o país pode ter na agenda ambiental, por exemplo. 

“São ações complementares e convergentes. O fato de você participar de um bloco como o Brics, de fortalecimento dessas nações, que já são nações amigas, que têm relações comerciais intensas. Isso não é excludente de poder aproximar o Brasil de outros blocos. Eu acho que nós podemos ter ganhos em várias áreas. E nós podemos ampliar isso, na medida em que  tivermos mais projetos de investimentos de grupos desses países, essa posição do Brasil vai ampliar”, afirma o senador.  

Histórico do Brics

Segundo o Ministério das Relações Exteriores (MRE), a coordenação entre Brasil, Rússia, Índia e China (Bric) iniciou–se informalmente em 2006, com reuniões entre os chanceleres em paralelo à Assembleia Geral das Nações Unidas. O bloco passou a ser um mecanismo de cooperação em áreas que tenham o potencial de gerar resultados concretos aos brasileiros e às populações dos demais países membros. Em 2009, na Rússia, foi realizada a primeira cúpula entre os chefes de Estado e de governo dos quatro países.

Somente em 2011 a África do Sul passou a fazer parte do grupo, quando foi acrescentado o S — South Africa — ao acrônimo. Já em 2013 o mais novo membro sediou a V Cúpula, em Durban. Dez anos depois, o país volta a receber os líderes do Brics, com exceção do presidente russo, Vladimir Putin, que deve enviar um representante devido a um mandado de prisão por supostos crimes de guerra emitido pelo Tribunal Penal Internacional. 

Também em 2013, na Cúpula de Durban, foi criado o Conselho Empresarial do Brics (Cebrics), com o objetivo de assegurar que as principais prioridades do setor privado sejam efetivamente comunicadas aos líderes do governo no Brics durante a cúpula, como explica Welber Barral. 

“O conselho empresarial dos Brics é composto por vários empresários relevantes que têm negócios em mais de um dos países dos Brics, então, é um mecanismo de diálogo entre líderes empresariais e os líderes políticos dos países componentes dos Brics”, explica.

No Brasil, a Confederação Nacional da Indústria é a secretária-executiva do Cebrics. De acordo com a CNI, a estrutura do mecanismo é formada por nove grupos de trabalho que contam com mais de 90 representantes brasileiros, que têm como objetivo a formulação de recomendações por temas.

Dez prioridades em discussão pelo setor privado, segundo a CNI: 

  • Estabelecimento de acordo multilateral de serviços aéreos, considerando que os acordos bilaterais que já existem são restritivos para o transporte aéreo;
  • Colaboração para o desenvolvimento de fertilizantes inteligentes, biofertilizantes e fertilizantes minerais, e de padrões para certificação de fertilizantes ecoeficientes;
  • Desenvolvimento de padrões para 50 qualificações futuras, permitindo unificar critérios para competições internacionais e programas de treinamento entre os países;
  • Criação de um fundo para financiar projetos de energia limpa no Novo Banco de Desenvolvimento (NDB);
  • Cooperação para o desenvolvimento de infraestrutura digital que aumente a conectividade, inclusive em áreas remotas dos países do Brics; 
  • Desenvolvimento de programas de competências digitais para meninas e mulheres;
  • Elaboração de carteira de projetos prioritários de infraestrutura nos países do Brics para aumentar a visibilidade de financiamento; 
  • Desenvolvimento de rotas comerciais com investimentos em portos de pequeno porte, ferrovias e transporte marítimo de curta distância, para diminuir a pegada de carbono; 
  • Criação de plataforma de colaboração entre governo, setor privado e academia para buscar soluções para novos problemas de infraestrutura;
  • Harmonização de padrões de regulação para produtos manufaturados, para facilitar a incorporação nas cadeias de valor.
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24/07/2023 00:45h

Bloco de países emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul corresponde a 40% da população e cerca de um quarto do PIB mundial

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Brasil, Rússia, Índia e China contribuirão com quase 35% do crescimento global até 2028, segundo estudo conduzido pela agência Bloomberg. O Brics — acrônimo usado para se referir ao bloco que conta ainda com a África do Sul — vai superar a contribuição do G7. O grupo formado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido deve representar 27,8% da economia global em cinco anos. Em 2020, os dois blocos contribuíram igualmente para o crescimento econômico mundial.

O bloco de países emergentes, formado em 2009, por Brasil, Rússia, Índia e China teve a adesão da África do Sul em 2011. O grupo  atua como um mecanismo de cooperação em áreas que tenham o potencial de gerar resultados concretos aos brasileiros e às populações dos demais países membros. Segundo o governo federal, o grupo representa mais de 3 bilhões de habitantes e US$ 25 trilhões em PIB, ou 40% da população mundial e cerca de um quarto do PIB global.

O grupo tem chamado a atenção de outros países. De acordo com a Bloomberg, mais de 40 nações indicaram interesse em ingressar no bloco Brics. A declaração foi feita pelo embaixador da África do Sul no bloco, Anil Sooklal. O país vai sediar a próxima cúpula do Brics, prevista para acontecer entre os dias 22 e 24 de agosto em Joanesburgo. Os critérios para uma eventual expansão devem ser uma das principais pautas da reunião. O professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília Thiago Gehre destaca a importância da participação do Brasil no bloco.  

“Para o Brasil é muito importante estar dentro desse clube, um seleto grupo de países, economicamente muito potentes, que tem uma dinâmica própria econômica. E possibilita para o Brasil, obviamente, ampliar tanto a sua pauta comercial de exportação, de importação, seu volume de comércio, como também no âmbito financeiro fazer os recursos brasileiros circularem, assim como capturar outros recursos provenientes de fontes não tradicionais”, afirma.

Em 2022, o volume de comércio exterior entre o Brasil e a África do Sul ficou em US$ 2,6 bilhões, sendo US$ 1,7 bilhão em exportações brasileiras e US$ 900 milhões em exportações sul-africanas. Os produtos brasileiros mais exportados foram petróleo (16% do total), frango (12%) e veículos (7,2%). Nas importações vindas da África do Sul, a prata e platina ficaram no topo (33%), seguidas pelo carvão (11%) e o alumínio (10%). Os dados são do governo federal.  

Contexto atual

China e Estados Unidos, os dois maiores parceiros comerciais do Brasil, travam uma guerra comercial há anos. Americanos e chineses disputam o primeiro lugar no ranking de maiores economias globais, hoje liderado pelos EUA. Outro ponto complexo no atual cenário internacional é a guerra no leste europeu entre Rússia e Ucrânia, que tornou a Rússia pária internacional. Potências ocidentais condenam a invasão ao território ucraniano com a imposição de sanções à Moscou. 

Além disso, esses países têm dado apoio bélico à Ucrânia, o que faz do confronto uma espécie de guerra indireta entre as duas maiores forças bélicas do mundo, EUA e Rússia, com participação também da União Europeia. Nesse contexto, o Brasil deve adotar uma postura de neutralidade nas relações internacionais, segundo Thiago Gehre. Para o professor, trata-se de um momento delicado e a política externa brasileira deve encontrar um equilíbrio para, ao estreitar a relação com China e Rússia, não se afastar de outros importantes parceiros, como EUA e União Europeia. 

“A política externa brasileira já tem uma tradição justamente de conhecer como jogar com as extremidades dos polos de poder mundial. Isso vem muito da tradição, por exemplo, na Segunda Guerra Mundial, quando o Brasil adota uma postura que a gente chama de equidistante e pragmática. Então eu vejo muito isso se repetindo de uma maneira nova no século XXI, uma espécie de equidistância pragmática entre os polos tradicionais de poder ccidental, com o qual o Brasil se identifica. Por outro lado, isso não impede que o Brasil mantenha boas relações com países como Índia, China e Rússia”, afirma. 

Frente Parlamentar do Brics 

O Senado instalou a Frente Parlamentar de Relacionamento com o Brics no último mês de maio. A iniciativa tem como objetivos acompanhar a legislação e as políticas que envolvam o bloco, promover o intercâmbio com parlamentos dos demais países membros e acompanhar a tramitação no Parlamento brasileiro de matérias que tratem de assuntos de interesse do Brics.

O presidente do colegiado, senador Irajá (PSD-TO), ressalta a representatividade econômica, social e política dos países do bloco. Ele afirma que a frente parlamentar pretende criar uma agenda legislativa que seja convergente com o fortalecimento do país e dos demais membros e que facilite as relações comerciais. O que na visão dele, pode render ganhos na área ambiental e também nas exportações brasileiras.

“Se a gente criar uma agenda que facilite as relações comerciais de importação e exportação com esses países, a nossa balança será mais superavitária do que é hoje. Então essa é a ideia: ter uma relação ainda mais próxima com países já parceiros. E a frente do Brics tem esse objetivo de estar sempre facilitando o ambiente de negócios com os países parceiros”, pontua.  
 

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04/07/2023 04:15h

André César acredita que a frente fortalece a defesa dos interesses do bloco. Formado por Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul, o Brics representa cerca de um quarto do PIB mundial

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Intensificar as relações do Brasil com os demais países do Brics é importante, mas é preciso ter cuidado para não se isolar de outros grupos. É o que aponta o cientista político André César. O especialista destaca a parceria comercial entre Brasil e China, segunda maior potência econômica mundial, dentro do bloco. No entanto, lembra que a Rússia se tornou um pária no cenário internacional em função da guerra na Ucrânia. 

Formado por Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul, o Brics atua como um  mecanismo de cooperação em áreas que tenham o potencial de gerar resultados concretos aos brasileiros e às populações dos demais países membros. De acordo com o governo federal, o grupo representa mais de 3 bilhões de habitantes e US$ 25 trilhões em PIB, ou 40% da população mundial e cerca de um quarto do PIB global.

A cúpula do Brics está prevista para acontecer entre os dias 22 e 24 de agosto em Johanesburgo, na África do Sul. No último dia 22 de junho, o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, em Paris, na França, para falar sobre a cúpula. 

Em 2022, o volume de comércio exterior entre os dois países ficou em US$ 2,6 bilhões, sendo US$ 1,7 bilhão em exportações brasileiras e US$ 900 milhões em exportações sul-africanas. Os produtos brasileiros mais exportados foram petróleo (16% do total), frango (12%) e veículos (7,2%). Nas importações vindas da África do Sul, a prata e platina ficaram no topo (33%), seguidas pelo carvão (11%) e o alumínio (10%). Os dados são do governo federal. 

Frente Parlamentar dos Brics

Com o objetivo de aperfeiçoar a participação brasileira no bloco, foi instalado o Grupo Parlamentar dos Brics no Senado Federal. O senador Irajá (PSD-TO) foi quem sugeriu a criação do grupo, proposta que foi aprovada em plenário pelos demais senadores no mês de maio (PRS 11/2023). Entre os objetivos da Frente Parlamentar de Relacionamento com os Brics estão acompanhar a legislação e as políticas que envolvam o bloco, promover o intercâmbio com  parlamentos dos demais países membros e acompanhar a tramitação no Senado Federal e no Congresso Nacional de matérias que tratem de assuntos de interesse dos Brics

Segundo o senador Irajá, que preside o grupo, a Frente Parlamentar dos Brics será um veículo importante para promover a convergência de interesses e a busca por soluções conjuntas. 

“Através de um diálogo constante e colaborativo, vamos identificar oportunidades de negócios, promover integração, fomentar investimentos bilaterais, estimular inovação, a troca de tecnologias e a cooperação científica. Ao estreitar nossos laços com essas nações, fortalecemos a nossa capacidade de enfrentar desafios globais, como as mudanças climáticas”, afirma. 

O especialista André César avalia que a medida pode fortalecer a participação do Brasil. 

“É mais um elemento para dar mais, digamos assim, consistência para a posição do Brasil dentro dos Brics. Para falar: olha, temos inclusive no âmbito do Congresso Nacional, temos um frente que trata exclusivamente das questões referentes ao bloco. Então é importante, ela ajuda o debate, realizar seminários, trazer autoridades dos países que integram o Brics. Acho importante isso”, pontua. 

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