Retomada econômica

02/06/2023 04:00h

Fortalecimento da indústria de defesa e segurança está entre as prioridades do Plano de Retomada da Indústria, elaborado pela CNI

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Investir em defesa e segurança nacional é importante não apenas para garantir soberania ao Brasil, mas também para o desenvolvimento de tecnologias que podem impulsionar o crescimento econômico do país. Nesse sentido, o fortalecimento da defesa e da segurança nacional está entre as quatro missões que compõem o Plano de Retomada da Indústria, elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O documento evidencia os gargalos que atrapalham a produtividade e competitividade do setor produtivo e, ao mesmo tempo, aponta quais caminhos governo e iniciativa privada podem trilhar para que a indústria volte a ser protagonista na economia brasileira. Vice-presidente executivo da CNI e presidente do Conselho Temático da Indústria de Defesa e Segurança, Glauco José Côrte destaca os benefícios que o Brasil terá se priorizar avanços em defesa e segurança nacional.

"A indústria de defesa e segurança tem um vetor transformador no campo da tecnologia e inovação, que é a aplicação dual das soluções. Esse setor vai muito além da visão bélica, que é importante para a soberania de qualquer país, mas a indústria de defesa está e estará cada vez mais presente na agricultura, nos serviços e no comércio", acredita. 

Professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e especialista em indústria espacial e de defesa, Marcos Barbieri explica que o Brasil passa por um processo de desindustrialização desde a década de 80. Esse fenômeno é marcado não apenas pela diminuição da participação do setor no Produto Interno Bruto (PIB), como também pela perda de competitividade de alguns segmentos industriais que se destacavam há algumas décadas e pelo atraso de outros segmentos nacionais na comparação com países desenvolvidos. 

Barbieri afirma que mesmo países com uma indústria mais avançada, como os Estados Unidos e a França, por exemplo, estão redesenhando suas estratégias para o setor, em especial para integrar as novas tecnologias. E, nesse contexto, o segmento de defesa é fundamental.

"O setor de defesa passa a ser um setor chave. São duas faces de uma mesma moeda. De um lado, a defesa é fundamental para levar avanços tecnológicos a setores chaves da economia. Por outro, esse desenvolvimento tecnológico é essencial para garantir a segurança e defesa de um país. Para o Brasil, a questão da defesa e segurança nacional é essencial", pontua. 

Soberania

Os especialistas alertam que o Brasil deve perseguir o fortalecimento da indústria de defesa e segurança também para garantir a própria soberania. Segundo a CNI, o ambiente internacional é caracterizado por incerteza e instabilidade. Exemplos não faltam, como a guerra que surgiu após a invasão russa à Ucrânia no início de 2022. 

O acirramento das disputas comerciais envolvendo as grandes potências, principalmente Estados Unidos e China, além do avanço de regimes autoritários, tornam a busca por tecnologias no campo militar uma questão fundamental para garantir a capacidade de defesa dos países, afirma o Plano de Retomada da Indústria. 

"No que diz respeito à questão geopolítica, a soberania nacional tem sido uma temática mundial. No entanto, torna-se necessário reconhecer a capacidade de dissuasão sem necessariamente usá-la", diz Glauco. 

A capacidade de dissuasão no meio militar se refere à capacidade de um país desencorajar um adversário de realizar ataques ao demonstrar que tem força e capacidade de se defender e até retaliar de maneira efetiva. 

Barbieri explica que mesmo para manter a posição de neutralidade ou menor alinhamento possível que a diplomacia brasileira adotou ao longo da história é preciso ter força militar. 

"É fundamental que tenhamos capacidade de nos defendermos autonomamente. Senão nós vamos estar sob jugo de alguém. Para que possamos ter neutralidade e falar 'eu não vou entrar nesse conflito' e, não só ser neutro, mas fazer valer os seus interesses, precisa ter poder e autonomia." 

"O Brasil é um país continental, com uma fronteira com dez países, uma fronteira marítima colossal. Nós temos os nossos interesses. E quanto mais nós formos desenvolvendo, mais nós vamos incomodar os outros. Quando um país das dimensões do Brasil cresce, ele incomoda e isso daí faz com que o Brasil tenha que ter autonomia para defender os interesses", completa. 

DIA DA INDÚSTRIA: Plano de Retomada propõe quatro missões para impulsionar o setor

Pandemia mostrou importância de investir na cadeia produtiva de saúde e segurança sanitária

Mão de obra qualificada é um dos grandes desafios para a indústria brasileira

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28/05/2023 16:24h

Na última semana, o governo federal anunciou redução de impostos de veículos que custam até R$ 120 mil. Mudanças devem começar a valer em 15 dias

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O economista Hugo Garbe defende uma reforma estrutural, com redução da carga tributária, como medida de longo prazo para reduzir o preço dos veículos no Brasil. Ele explica que, atualmente, os impostos representam metade do preço de um carro vendido no país. Na última semana, o governo federal anunciou uma série de medidas transitórias com o objetivo de estimular a indústria automobilística, dentre elas a redução de impostos de carros que custam até R$ 120 mil. No entanto, para Garbe, a medida não resolve o problema do setor. 

“Reforma estrutural, o primeiro ponto, é aumentar a competitividade bancária no Brasil, uma vez que nós temos só cinco ou seis bancos grandes competindo e aí sim diminuiria o spread bancário, diminuindo o spread bancário diminui o custo do financiamento. Os juros ficam mais baratos para o consumidor final. Outro ponto importante é diminuir o peso do Estado na economia, a carga tributária como um todo, 50% de imposto tem um veículo no Brasil, é muita coisa”, argumenta o economista.

Jorge Lucas de Oliveira, especialista em direito tributário, explica que a indústria brasileira tem sido muito afetada pela taxa básica de juros da economia, a Selic, atualmente em 13,75%. Ele argumenta que de cada 100 carros produzidos no Brasil, apenas 50 são vendidos. De acordo com o especialista, a redução dos impostos anunciada deve durar apenas alguns meses devido a expectativa do governo de aprovação no Congresso do novo arcabouço fiscal.

“O que gerará, por consequência, a queda da taxa de juros e a facilitação da obtenção de crédito para que as pessoas possam voltar a financiar em maior escala a compra de veículos, visando a retomada do fôlego dessa indústria. Portanto, é uma medida importante, com mais caráter de urgência e transitoriedade, a situação conjuntural, do que ser algo estrutural”, pontua. 

Segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o Brasil produziu 714,9 mil veículos entre janeiro e abril de 2023. Em todo o ano de 2022, quase 2,4 milhões carros, vans, ônibus e caminhões foram produzidos. 

Redução de impostos

De acordo com o governo, o foco das medidas de incentivo aos fabricantes de veículos é retomar o setor, aumentar a produção e gerar empregos. Os descontos nos preços variam entre 1,5% e 10,96%, observando os critérios preço, eficiência energética e densidade industrial. Veículos com preços mais acessíveis, com menor emissão de gases prejudiciais ao meio ambiente e com componentes nacionais terão um maior percentual de desconto, como explica o vice-presidente da República Geraldo Alckmin. 

“O primeiro item é social, atender essa população que está precisando mais. O segundo é eficiência  energética, é quem polui menos. Então você premia, estimula a eficiência energética. Carros que poluem menos, com menor emissão de CO2. E o terceiro é densidade industrial, o mundo inteiro hoje busca fortalecer a sua indústria. Então se tenho uma indústria que 50% do carro é peças e feito no Brasil e outro é 90%, isso vai ser levado em consideração

O benefício incluirá redução de PIS, Cofins e IPI de veículos com preços de mercado até R$ 120 mil, envolvendo, ao todo, 33 modelos de 11 marcas.  A implementação dos incentivos será feita por meio de Medida Provisória, que deve ser publicada após estudo do Ministério da Fazenda sobre os aspectos fiscais. O prazo previsto para a publicação da MP é de 15 dias. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirma que a renúncia fiscal deve ser de R$ 2 bilhões. 

Também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Alckimin destaca que os estímulos são temporários para atender a um momento de ociosidade da indústria e lembra que benefícios não incidem em veículos com valor acima de R$ 120 mil. Em nota, a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) declarou que aguarda a publicação das medidas para aumentar a venda de carros novos e que apoia um programa voltado às pessoas físicas que perderem o poder de compra. 

“A Federação, que participou das tratativas junto ao Governo, espera que o projeto expanda a base de consumo de carros zero km no país, por meio do repasse da redução tributária, que será obtida pelas montadoras, aos consumidores, além de uma possível ampliação do crédito. Para isso, a entidade afirma que a comercialização dos veículos deve ser realizada, exclusivamente, por meio das Concessionárias de Veículos existentes no Brasil, a fim de garantir que o benefício fiscal chegue, efetivamente, ao consumidor final”, diz a Fenabrave.
 

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Saúde
26/05/2023 04:45h

Confederação Nacional da Indústria defende universalização do acesso à saúde e desenvolvimento da cadeia produtiva, em plano de retomada do setor industrial

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A pandemia de Covid-19 reforçou a necessidade de mais investimentos em pesquisa e inovação na área da saúde. A doença matou quase 703 mil brasileiros e evidenciou a importância do complexo econômico-industrial da saúde. A avaliação é da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que apresentou um plano de retomada do setor com quatro missões: descarbonização da economia; transformação digital; defesa e segurança nacional; saúde e segurança sanitária. 

DIA DA INDÚSTRIA: Plano de Retomada propõe quatro missões para impulsionar o setor

O objetivo destacado na missão saúde e segurança sanitária é universalizar o acesso à saúde e promover o desenvolvimento competitivo da cadeia de produção e exportação de medicamentos, vacinas, testes, protocolos, equipamentos e serviços. A gerente de Política Industrial da CNI, Samantha Cunha, afirma que a pandemia mostrou pontos fortes e fracos do Brasil relacionados à saúde. 

“A pandemia mostrou as potencialidades que temos, mas também algumas fragilidades, como a alta dependência de insumos farmacêuticos ativos importados, como o nosso crescente déficit comercial em equipamentos e dispositivos médicos. Por outro lado, o Brasil possui o maior sistema de saúde pública e de caráter universal do mundo. Portanto, temos oportunidades para criar soluções de universalização do acesso e do desenvolvimento competitivo dessa cadeia produtiva”, destaca. 

De acordo com o Plano de Retomada da Indústria apresentado pela CNI, o Brasil é responsável por apenas 5% do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) — ingrediente fundamental para a produção de medicamentos — utilizado pela indústria farmacêutica. Entre 90% e 95% do IFA é importado da China ou da Índia, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi). 

Norberto Prestes, presidente-executivo da Abiquifi, defende que o Brasil poderia ser uma referência de produção de IFA na América Latina. Ele ressalta a importância de investimentos em pesquisas e lembra que, durante a pandemia, o país ficou refém do mercado externo. 

“O projeto da CNI pode reforçar a importância de tratar temas como IFA de extrema importância, de manter essa autonomia do país. Acho que dois pontos que são destaques é definição de prioridades e investimento maciço em desenvolvimento e tecnologia para que as empresas possam usufruir desse ecossistema e trazer resultados melhores para a saúde pública e para a segurança da saúde aqui no Brasil”, pontua. 

Saúde e Segurança Sanitária 

A terceira missão do plano de retomada do setor industrial da CNI gira em torno de seis programas considerados providenciais: desenvolvimento e produção de vacinas; produção de insumos farmacêuticos; produção de medicamentos; prestação de serviços para a indústria farmacêutica; produção de materiais e equipamentos médicos; e assistência farmacêutica. De acordo com o documento, com a implementação desses programas, é possível garantir saúde de qualidade à população. 

“A saúde pode ser vista também como um sistema que envolve ações de assistência, de diagnóstico, de promoção e de prevenção, aliadas aos serviços de comunicação e de conectividade, integrando-se a atividades industriais com temas como regulação sanitária, política de ciência e tecnologia e regulação da oferta de atendimentos, entre outros, o que demonstra sua relevância econômica e social.” 

Benefícios esperados

  • Reduzir a dependência nacional por importações de insumos, bens e serviços de saúde.
  • Aumentar a produção industrial de medicamentos, insumos, materiais e equipamentos de saúde.
  • Estruturar os encadeamentos produtivos do Complexo Econômico-Industrial da Saúde dentro dos propósitos das políticas de desenvolvimento regional.
  • Aumentar a produção de bens e serviços médicos e laboratoriais no Brasil, incluindo a assistência hospitalar.
  • Incentivar o desenvolvimento, a pesquisa, a capacitação científica e tecnológica e a inovação.
  • Garantir o acesso da população brasileira à saúde de qualidade.
  • Fortalecer a gestão em saúde e a articulação nacional para a qualificação das compras públicas.
     
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Economia
26/05/2023 04:00h

Alta carga tributária do Brasil é apontada como um dos fatores que aumentam custos e retiram competitividade das empresas, segundo o Plano de Retomada da Indústria, elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI)

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O Custo Brasil é uma expressão usada para definir os problemas burocráticos e estruturais que prejudicam o crescimento do país. De acordo com estudo do Movimento Brasil Competitivo em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e a Fundação Getulio Vargas (FGV), o custo para se fazer negócio no Brasil é cerca de R$ 1,7 trilhão maior que a média dos países que fazem parte da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

A complexidade do sistema tributário brasileiro aumenta o preço de produtos e reduz o investimento, segundo o diretor-adjunto da Comissão de Direito Tributário da OAB-GO, Guilherme Di Ferreira. O especialista afirma que a quantidade de impostos prejudica o crescimento do país. A excessiva carga tributária do Brasil é apontada como um dos principais fatores do chamado Custo Brasil.

“Quanto mais as empresas gastam com os impostos, os produtos ficam mais caros e param de investir até mesmo no próprio país ou em suas empresas ou em melhorias. Por essa razão, acaba prejudicando, sim, o crescimento do país, porque o país necessita das empresas privadas também para o seu crescimento”, destaca Di Ferreira. 

O deputado federal Vitor Lippi (PSDB-SP), membro do grupo de trabalho que analisa a reforma tributária na Câmara (PEC 45/2019), acredita que o maior desafio para o crescimento do país é a simplificação do atual sistema tributário. O parlamentar defende a medida como fundamental para a geração de emprego e renda. 

“Quanto mais gente tiver emprego, mais a gente tem renda nas famílias, mais essas pessoas gastam no comércio, nos serviços. Isso movimenta toda a economia brasileira. Além do que nós acreditamos que com isso nós poderemos não apenas ajudar as indústrias que já estão no Brasil, mas atrair empresas do mundo que desde que a gente tenha um bom sistema tributário certamente poderão escolher o Brasil para fazer seus novos investimentos”, pontua. 

Reforma tributária

O atual sistema tributário brasileiro retira a competitividade das empresas, inibe investimentos e limita a inserção internacional, segundo o Plano de Retomada da Indústria, elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A tributação do consumo é apontada no documento como um dos principais desafios para o crescimento da economia brasileira.  

De acordo com estudo da CNI, “os resíduos tributários (ligados a PIS/Cofins, IPI, ICMS e ISS) representaram, em média, 9,7% da receita líquida das empresas em 2021. Entre os setores, o acúmulo de resíduos varia: 12%, na Agropecuária; 11,6%, nos Serviços; e 7,4%, na Indústria (todos em proporção da receita líquida).”

Há propostas maduras de reforma em tramitação nas duas casas do Congresso. A PEC 45/2019, da Câmara, propõe substituir cinco impostos — PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS — por um único imposto sobre bens e serviços (IBS). 

No Senado, a PEC 110/2019 pretende extinguir nove tributos: sete federais — IPI, IOF, PIS/Pasep, Cofins, Salário-Educação e CIDE Combustíveis; o ICMS estadual; e o Imposto sobre Serviços (ISS) municipal. O texto prevê a substituição desses tributos por dois novos impostos: um sobre o valor agregado sobre bens e serviços; e outro voltado para determinadas atividades, o Imposto Seletivo, em substituição ao IPI.

De acordo com o Ministério da Fazenda, um tributo sobre valor agregado permite às empresas pagar somente sobre o valor agregado ao produto ou ao serviço. A pasta afirma que a unificação dos impostos traz mais transparência, já que incide sobre a receita bruta e não em todas as receitas. Além disso, a simplificação da tributação com adoção do IVA geraria mais eficiência na organização da atividade econômica, o que estimula a concorrência entre as empresas e beneficia o consumidor.

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10/05/2023 04:00h

Segundo a CNI, as quatro medidas descritas no Plano de Retomada da Indústria são ações essenciais para o crescimento econômico sustentável do país

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Uma política industrial voltada para atingir metas de avanços da sociedade e na prestação de serviços. É o que propõe a Confederação Nacional da Indústria (CNI) ao estruturar quatro grandes eixos no Plano de Retomada da Indústria, compartilhado com o governo brasileiro. A diretora de Desenvolvimento Industrial da CNI, Lytha Spíndola, acredita que a política industrial brasileira precisa observar a tendência do mundo de uma industrialização com novas bases.

“A política industrial moderna hoje, que existe e funciona em todo o mundo, nas principais economias do mundo, é uma economia focada em resultados, focada em sustentabilidade, descarbonização, meio ambiente, digitalização, investimento em tecnologia, muita inovação, mas também em competitividade e bons preços.” Para a representante da CNI, o país precisa trabalhar uma industrialização que seja voltada para o bem-estar social e para resolver problemas da sociedade. Ela ressalta a necessidade de melhorar a assistência à saúde e a inclusão de pequenas e médias empresas no esforço tecnológico e de inovação. 

O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, afirma que “a ausência de uma política industrial clara, com objetivos e benefícios que transbordam a indústria, é uma das razões de o Brasil ter perdido relevância nas últimas décadas. Neste momento, as principais economias do mundo estão se empenhando em ações de desenvolvimento voltadas à inovação, à sustentabilidade e à competitividade internacional. Responder a esses desafios é uma urgência para todos nós, do poder público e do setor privado”.

Quatro missões da indústria

Para implementar a estratégia, a CNI destaca medidas que podem melhorar o ambiente de negócios. De acordo com Lytha Spíndola, são metas que podem contribuir para obter resultados positivos no desempenho do mercado. Segundo a diretora de Desenvolvimento Industrial da CNI, essas missões consideradas prioritárias são realmente aquelas que atendem os anseios da sociedade.

“A seleção das missões prioritárias levou em conta consultas a todas as bases, representações de diversos segmentos da indústria e elegeu quatro missões prioritárias, neste momento, que são a descarbonização da economia; a digitalização das empresas; segurança sanitária, como produção de vacinas, medicamentos, equipamentos médicos e serviços nessa área; e defesa e segurança nacional, que também são estratégicos neste momento”.

O desenvolvimento econômico e social do país depende da superação dos antigos obstáculos associados ao Custo Brasil e pela atenção a temas contemporâneos, como a digitalização e a sustentabilidade, de acordo com a CNI. Lytha Spíndola reforça que o país precisa adotar um plano consistente de descarbonização da economia.

“Hoje em dia, se a produção não é sustentável, os consumidores lá fora já não aceitam aqueles produtos, preferem consumir os produtos que tenham um selo de sustentabilidade, que tenham contribuído para a questão do clima, a preservação do clima, então nós temos metas de descarbonização que vamos cumprir, o Brasil está muito à frente de outros países nesta matéria, mas ainda temos um grande dever de casa em algumas cadeias, principalmente.”

A proposta estruturada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e detalhada no Plano de Retomada da Indústria é um roteiro para o Brasil aproveitar a janela de oportunidades abertas pela necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e pela disseminação das tecnologias digitais na economia. As missões são estratégias transversais que buscam trazer respostas aos grandes desafios da sociedade. 

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09/05/2023 21:15h

Jackson De Toni defendeu que o setor industrial é essencial na geração de emprego e renda, durante audiência pública na Câmara dos Deputados, para discutir a reindustrialização do Brasil

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O economista Jackson De Toni afirmou que o setor industrial é essencial na geração de emprego e renda e para o desenvolvimento econômico do país. A afirmação foi feita durante audiência pública na Comissão da Indústria, Comércio e Serviços da Câmara dos Deputados, para discutir a reindustrialização do Brasil diante da nova economia e da descarbonização da matriz.

“A indústria, comparando com agronegócio e com a área de serviços, ela gera proporcionalmente mais tributos, investe mais em inovação, gera empregos mais qualificados, contribui com um perfil distributivo de renda mais equitativo e, portanto, nós não podemos desistir de um projeto de reindustrialização”, afirma De Toni. 

Para o economista,  “a indústria sempre é alavanca do crescimento econômico porque está mais encadeada, gera mais experiências de investimento, oportunidades e transformações estruturais melhorando, impactando na qualidade de vida.” De Toni defende a necessidade de uma política estratégica para a retomada da indústria brasileira, com uma estrutura de coordenação na qual os setores público e privado possam dialogar e trocar experiências. 

Na audiência, a gerente de Política Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Samantha Ferreira e Cunha, apresentou o Plano de Retomada da Indústria, que propõe quatro missões de políticas voltadas ao setor para retomada do crescimento do Brasil: descarbonização; transformação digital; saúde e segurança sanitária; e defesa e segurança nacional. Samantha Cunha argumenta que o país necessita de um plano de desenvolvimento industrial construído com bases modernas. 

“O Brasil precisa ter um plano de desenvolvimento industrial que leve em conta todas essas tendências, que seja construído em bases modernas para que o país não fique ainda mais atrás na corrida pela competitividade, para que ele consiga reduzir a distância para os países desenvolvidos para que a gente consiga reduzir as desigualdades sociais e aumentar o crescimento econômico”, destaca.  

No documento, a CNI defende temas como a aprovação da reforma tributária; a garantia de financiamento à inovação; desburocratizar, facilitar e modernizar o comércio exterior brasileiro; garantir o fornecimento e reduzir o preço do gás natural; a modernização do setor elétrico; acelerar o processo de acessão do Brasil à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE); dentre outros pontos.  Samantha Cunha destaca que o país precisa de um ambiente de negócios mais competitivo. 

“Para que a gente consiga ter uma maior integração nas cadeias globais, a gente precisa criar um ambiente de negócios mais competitivo. A gente precisa reduzir a distância que temos, os nossos problemas institucionais e econômicos para citar o mais importante deles no momento, que é o nosso sistema tributário complexo, oneroso e distorcivo. São problemas econômicos institucionais que geram desvantagens para as nossas empresas, que encarecem os nossos produtos”, pontua.  

Crescimento Sustentável

De acordo com o secretário adjunto da Secretaria de Desenvolvimento Industrial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Felipe Augusto Machado, o Brasil não pode ficar para trás em relação ao crescimento sustentável. Ele destaca a extensão territorial e as riquezas naturais do país e diz que, no próximo Dia da Indústria (25 de maio), o governo começará as discussões com o setor privado para definir a política industrial que vai vigorar nos próximos anos. 

“No final deste mês, a gente vai ter o pontapé inicial do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial, no dia 25 de maio, onde a gente vai começar a discutir e elaborar, junto com a sociedade civil, setor privado, o que será a nova política industrial para os próximos anos. A ideia é trabalhar com políticas orientadas por missões e pensar a indústria a partir dessas políticas para tentar resolver os maiores desafios da sociedade brasileira”, ressalta. 

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08/03/2023 20:15h

Em relação à taxa mensal do mês anterior, houve uma desaceleração de 4,20%

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Em fevereiro deste ano, o Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (IVAR) teve uma variação de 1,6%. Isso significa que houve uma desaceleração em relação à taxa mensal de 4,20%, no mês anterior. De acordo com esses resultados, a taxa acumulada em 12 meses passou de 10,74% em janeiro de 2023 para 8,73% em fevereiro de 2023. Foi o que mostrou os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV).
 
Ainda de acordo com os dados divulgados, entre janeiro e fevereiro, metade das cidades analisadas pelo IVAR acompanharam a tendência do índice médio e registraram desaceleração. Estes são os casos de São Paulo (de 2,84% para 2,10%) e Porto Alegre (de 10,15% para -4,71%). Já no Rio de Janeiro e Belo Horizonte houve alta na variação do aluguel residencial. A primeira passou de 1,45% para 3,11% e a segunda de 0,72% para 5,97%.

O economista Newton Ferreira da Silva explica que esses resultados podem ser ocasionados por ser um mês festivo e as pessoas costumam adiar a procura por aluguéis. 

“Fevereiro é um mês de férias, de carnaval. Talvez as pessoas não procurem tanto alugar imóveis nessa época, além disso, também existe uma mudança todas as vezes que larga um período que teve um forte aumento, a variação no mês seguinte em geral mostra alguma queda, principalmente no início de ano. Então é normal observar isso sazonalmente”,  enfatiza o economista. 

Na comparação das taxas interanuais entre Fevereiro de 2022 e Fevereiro de 2023, houve uma desaceleração em duas das quatro cidades componentes do IVAR: São Paulo (de 8,20% para 7,91%) e Porto Alegre (de 16,79% para 7,42%). Já as cidades de Belo Horizonte (de 9,82% para 12,12%) e Rio de Janeiro (de 8,51% para 9,10%) registraram avanços em suas taxas interanuais.

Com os resultados das taxas interanuais, Newton Ferreira afirma que é importante observar as variações sofridas ao longo do ano, já que o resultado anual mostrará o que de fato está acontecendo na economia. 

“Tem que observar é em relação ao ano, que a gente vê que a taxa acumulada tem um resultado compatível com o que acontece com os demais índices da economia, de variação.  Precisamos observar se isso vai continuar, pois se continuar, é sinal de que há uma pressão muito grande ainda por alugar imóveis. Existiu um momento em que as pessoas compravam imóveis e não procuravam outros  para alugar”, afirmou o especialista em setor público. 

Além disso, o economista fala sobre a necessidade da redução de taxas de juros para que as pessoas possam voltar a comprar imóveis e aponta uma expectativa de que isso possa acontecer com o novo governo. 

O que pode acontecer com relação ao futuro é que se não houver uma mudança na economia por exemplo, uma redução drástica das taxas de juros, as pessoas não tendem a comprar imóveis, então tudo vai ser observado com relação ao que a política econômica do novo governo vai fazer para retomar a atividade econômica. Se as pessoas tiverem uma retomada de suas rendas e houver um aumento da massa salarial como está sendo previsto com o pagamento da bolsa família e suas consequências, a gente acredita que pode haver no final do ano algum tipo de pressão sobre esses aluguéis”, concluiu Silva. 

O Índice de Variação de Aluguéis Residenciais foi criado para medir a evolução mensal dos valores de aluguéis residenciais do mercado de imóveis no Brasil. A próxima divulgação do indicador está prevista para o próximo dia 5 de abril.
 

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19/02/2023 21:40h

Quando comparada a 2021, a economia brasileira apresentou desaceleração

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O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) registrou alta de 2,9% em 2022. O levantamento, divulgado pelo Banco Central, reflete as atividades da indústria, dos serviços e da agropecuária. 

O economista Hugo Garbe explica que a redução nas restrições impostas pela pandemia de Covid-19 contribuíram para o crescimento registrado pelo IBC-Br em 2022. 

“Em 2022 nós tivemos menos restrições com relação à pandemia. Houve uma abertura econômica. Comércios, serviços começaram a funcionar menos que parcialmente. Houve também uma grande geração de emprego. As pessoas começam a consumir mais e isso influencia positivamente no resultado econômico e consequentemente justifica esse incremento de 2,9% em 2022”, afirma.

Cláudio Monteiro, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), destaca o desempenho do setor de serviços. Ele afirma que o segmento foi prejudicado pela pandemia e impulsionou a economia com o fim das restrições. 

“O que explica a recuperação em 2022 é o setor de serviços, que havia sido muito prejudicado durante a pandemia, mas com o fim das restrições as pessoas passaram a ir em hotéis, bares, restaurantes, alimentação fora da residência, teatro, cinema. Coisas que estavam totalmente fechadas anteriormente. Então os serviços explicam a melhoria”, pontua.

Apesar do crescimento, os números mostram uma desaceleração da economia na comparação com 2021, quando o Produto Interno Bruto cresceu 4,6%, o que representa R$ 8,7 trilhões, e recuperou as perdas da economia causadas pela pandemia de Covid-19.

Segundo os economistas ouvidos pelo Brasil 61, o crescimento registrado em 2021 é reflexo da retomada econômica após a recessão de 2020, ano marcado por medidas restritivas adotadas para conter a disseminação do coronavírus em um dos piores momentos causados pela doença no país. Houve queda de 3,3% no PIB em 2020.
 

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16/02/2023 04:00h

Pesquisa Industrial Mensal mostra que houve variação nula em dezembro. Setor está abaixo do patamar pré-pandemia

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A produção industrial se manteve estável em dezembro de 2022, segundo  a Pesquisa Industrial Mensal (PIM). Os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a indústria brasileira registrou variação nula no último mês do ano passado, após o índice de produção ter caído de 0,3%, em outubro, para -0,1% em novembro. 

De acordo com a pesquisa, o setor está 2,2% abaixo do patamar de fevereiro de 2020, período pré-pandemia da Covid-19 e 18,5% abaixo do recorde da série histórica. No acumulado, a queda foi de 0,7% em 2022, um grande contraste com o ano anterior, que registrou alta de 3,9%. O gerente da PIM, André Macedo, explica que o ano passado começou bem para o setor, mas terminou com saldo negativo. 

“Embora a produção industrial tenha mostrado alguma melhora no início do ano de 2022, uma vez que marcou resultados positivos por quatro meses  em sequência, nos últimos meses o total da indústria marca um comportamento de predominância negativa, já que nos últimos sete meses, em quatro oportunidades, observa-se queda na produção. Permanecendo, dessa forma,  longe de recuperar as perdas do passado recente”, afirma. 

A queda atingiu os setores de indústrias extrativas (-3,2%); produtos de metal (-9%); metalurgia (-5%); máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-10,7%); e produtos de borracha e de material plástico (-5,7%). No segmento de produtos derivados do petróleo e biocombustíveis houve alta de 6,6%.

Ainda segundo o IBGE, no primeiro semestre do ano passado a indústria respondeu às medidas adotadas pelo governo, como a antecipação do 13º para aposentados e pensionistas, liberação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), estímulos ao crédito, Auxílio Brasil e outros. Entretanto, ao longo do segundo semestre, a resposta do setor diminuiu e os resultados caíram. 

Entre os principais problemas enfrentados destacam-se as taxas de juros elevadas e a inflação, que registrou alta de 5,79% em 2022, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Além disso, o aumento das taxas de inadimplência e de endividamento também contribuíram para o resultado negativo. Para o conselheiro do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP), Carlos Eduardo Oliveira, a indústria brasileira precisa voltar a crescer. O economista prevê uma melhoria da economia do país em todos os segmentos em 2023.

“A perspectiva para 2023 é de melhoria da nossa economia, de todos os segmentos. Seja ele agrícola, porque, esse ano, a princípio até por causa das chuvas não vai ter problema de entressafra. Todo o setor de serviço continua a se valorizar muito, o setor de comércio também e o setor de indústria está se reorganizando e tende a melhorias contínuas”, afirma. 

A indústria responde por 23,6% do Produto Interno Bruto (PIB) e emprega cerca de 10,3 milhões de trabalhadores, além de pagar os melhores salários. O setor também é responsável por 71,8% das exportações brasileiras de bens e serviços e por 34,4% da arrecadação de tributos federais, com exceção de receitas previdenciárias.  
 

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Economia
22/12/2022 04:00h

Dados do IBGE também apontam crescimento no rendimento médio e número de carteiras assinadas. Economista indica otimismo para 2023

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O Brasil registrou a menor taxa de desemprego desde 2014 no terceiro trimestre deste ano. De agosto a outubro, a taxa de desocupação foi de 8,3%, um total de nove milhões de pessoas desempregadas. O número representa um recuo de 0,8 ponto percentual frente aos três meses anteriores. Em comparação ao mesmo período do ano passado, a redução foi de 3,8 pontos percentuais. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, Pnad Contínua, divulgada no fim de novembro pelo IBGE.

A população ocupada no trimestre é o recorde da série iniciada em 2012. O país conta com 99,7 milhões de pessoas empregadas. Segundo a coordenadora da Pnad, Adriana Beringuy, “este momento de crescimento de ocupação já vem em curso desde o segundo semestre de 2021. Com a aproximação dos últimos meses do ano, período em que historicamente há aumento de geração de emprego, a tendência se mantém”. 

Para o economista, professor e presidente do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal (Corecon-DF), José Luiz Pagnussat, os números indicam uma retomada da economia após o período turbulento causado pela pandemia.

“Os dados divulgados pelo IBGE sobre o mercado de trabalho, dados até outubro, mostram um bom desempenho da economia. A retomada das ocupações é o  melhor indicador de retomada do crescimento da economia e isso é bastante significativo do ponto de vista de que só nos últimos 12 meses geramos mais de 5,7 milhões de ocupações”, pontua. 

A pesquisa aponta ainda um aumento de 2,3% no número de empregados com carteira assinada no setor privado, somando um total de 36,6 milhões, sem contar os trabalhadores domésticos. São 822 mil pessoas a mais que o registrado no trimestre anterior. Por outro lado, a taxa de informalidade caiu de 39,8%, entre maio e julho, para 39,1%, de agosto a outubro. Segundo a Pnad, o Brasil possui 39 milhões de trabalhadores informais. 

A massa de rendimento real habitual também foi recorde da série histórica, que, conforme a pesquisa, chegou a R$ 269,5 bilhões, um crescimento de 4% no trimestre e 11,5% na comparação anual. Pagnussat explica que o crescimento da quantidade de trabalhadores influencia na elevação do salário médio da população. De acordo com ele, esses indicadores mostram um bom desempenho econômico do país em relação ao resto do mundo. 

“O impacto desses números na economia brasileira significa que o Brasil está tendo um desempenho diferenciado em relação ao resto do mundo. Quando nós olhamos que a economia brasileira está a cada mês tendo os números revisados para cima, o resto do mundo tem revisado seus dados para baixo em termos de crescimento, em termos de preocupação com a inflação. Enquanto a nossa inflação está em queda há mais tempo, o resto do mundo ainda sofre com o enfrentamento da inflação”, ressalta o presidente do Corecon-DF.

Para o professor de Finanças e Controle Gerencial do COPPEAD/UFRJ, Rodrigo Leite, os dados apresentados na Pnad Contínua mostram que a economia está se recuperando e que o próximo ano pode ser ainda melhor. 

“De modo geral, os resultados do IBGE foram positivos e demonstram que  a economia brasileira está se recuperando após esse período de pandemia, e que podemos ver um 2023 melhor. Mas aí vai depender muito de como teremos a inflação, gasto público, taxa de juros, isso tudo que nós veremos com mais propriedade, com mais profundidade e com mais certeza no ano que vem”, analisa.

Diante da tramitação da PEC da transição no Congresso Nacional, que amplia o teto de gastos do novo governo, a deputada federal Celina Leão (PP-DF) destaca a importância da responsabilidade fiscal para a retomada econômica do país. 
 
“Os números refletem a política econômica do governo atual. O menor desemprego desde 2014, a economia sendo retomada e responsabilidade fiscal. E é esse o medo do mercado financeiro, quando se fala em furar teto, em gastar mais do que nós temos. Então, eu acredito que uma política econômica rígida, conservadora, trouxe todos esses índices, trazendo segurança jurídica para quem quer investir no Brasil”, defende Celina Leão. 

Destaque para o setor de serviços

De acordo com a pesquisa, o grupamento “comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas”, que faz parte do setor de serviços, foi o principal responsável pela geração de empregos no trimestre, com quase 19,3 mil postos de trabalho. O economista da Diretoria de Economia e Inovação da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fabio Bentes, afirma que os números não chegam a ser uma surpresa. 

“Do ponto de vista do mercado de trabalho, enquanto o nível de ocupação cresce 6% nos últimos 12 meses, no setor de serviços, esse avanço é de quase 9%. Por ser um setor altamente dependente de mão de obra, quando você tem uma reativação do nível de atividade, isso acaba se traduzindo em um volume maior de contratações”, destaca Bentes.

De acordo com o IBGE, a Pnad Contínua é o principal instrumento para monitoramento da força de trabalho no país. Segundo o instituto, a amostra da pesquisa por trimestre corresponde a 211 mil domicílios pesquisados. Cerca de 2.000 entrevistadores trabalham na pesquisa, em 26 estados e no Distrito Federal, integrados à rede de coleta de mais de 500 agências do IBGE.
 

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