No episódio desta semana, o podcast Giro Brasil 61 traz informações sobre o novo Bolsa Família que começa os pagamentos em 20 de março; PIB cresceu 2,9% em 2022; Receita Federal divulga regras para declaração do IR em 2023; Brasil perde 7,5% de superfície de água em 31 anos. Alckmin espera votação da reforma tributária ainda no primeiro semestre deste ano.
Aperte o play e confira!
Com boas projeções de investimentos pelos próximos anos, o setor de óleo e gás vai ofertar mais de 500 mil novas vagas de trabalho até 2025. É o que aponta relatório publicado pela Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Petróleo, a ABESPetro. Responsável por representar 13% do PIB Industrial do país, esse é um dos setores mais relevantes da economia brasileira.
Somente o Rio de Janeiro, que abriga a Bacia de Campos, um dos principais pontos de exploração e produção dessa indústria, pode receber mais de R$ 110 bilhões em investimentos para o setor de gás natural. A estimativa é da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, a Firjan.
De acordo com o especialista de Petróleo, Gás e Naval da Firjan, Savio Bueno, o estado fluminense responde por 85% das novas plataformas de produção que entrarão em operação no país nos próximos três anos. Bueno estima que isso deverá gerar cerca de 10 mil empregos diretos e indiretos.
O especialista explica a relevância do setor na fomentação da economia local e na geração de empregos.
“É uma indústria de alta tecnologia, gerando emprego de alto valor e cujas demandas são capazes de movimentar diversos elos da cadeia de fornecimento de bens e serviços. Que vão desde serviço de engenharia, apoio aéreo e marítimo, até demanda por produtos manufaturados, mais complexos, e serviço de capacitação de mão de obra.”
As atividades do setor de óleo e gás são divididas em três fases: a upstream, que é a fase de exploração e produção, a midstream, que compreende transporte e armazenagem, e a downstream, que é a fase de refino e produção de combustíveis e derivados.
Cada etapa envolve direta e indiretamente uma complexa cadeia que abrange empresas de diversos segmentos. A Ocyan, por exemplo, é uma prestadora de serviços para o mercado de óleo e gás em operação no país desde os anos 1970. A empresa tem base de apoio logístico em Macaé (RJ).
O diretor de Contratos de Manutenção e Serviços Offshore da Ocyan, Vinicius Castilho, relata que o mercado de óleo e gás passa por um novo ciclo de investimentos em 2023. Na avaliação de Castilho, a área de manutenção e serviços offshore, ou seja, os serviços realizados nas plataformas em alto mar, é uma das que mais precisa de profissionais no momento.
“O mercado de manutenção é intensivo em mão de obra. A gente precisa, o tempo inteiro, formar novas frentes de trabalho, novos integrantes, para estarmos preparados para novos contratos. É um mercado cíclico que está vivendo um ciclo de alta neste momento. Nós temos cerca de quatro a cinco projetos em andamento e devemos chegar ao pico de quase três mil pessoas até o final do ano.”
Seguindo o ritmo de expansão do setor, a Ocyan está, atualmente, com mais de 140 vagas abertas para atividades na área de manutenção e serviços offshore. Entre as posições em aberto estão as de montador de andaime, caldeireiro convencional, caldeireiro escalador N1, inspetor de solda e delineador/técnico de planejamento de atividades industriais.
Para quem deseja aproveitar essa oportunidade, basta fazer o cadastro no site da empresa www.ocyan-sa.com, na aba “Nossa Gente”, no campo “Faça Parte da Nossa Equipe”.
No início dos anos 1990, um grupo de trabalhadores de Irecê (BA), impactados pelos consecutivos aumentos das mensalidades escolares, achou no cooperativismo a solução para proporcionar uma educação de qualidade às crianças da cidade, com preços acessíveis, e comprometida com a cooperação e com o desenvolvimento da comunidade.
Criaram então a Cooperativa Educacional de Irecê (Coperil), que cresceu e se tornou uma das maiores cooperativas de ensino do estado da Bahia. Com os serviços de 58 cooperados, entre professores e gestores, e 35 funcionários, a escola atende, atualmente, 800 alunos dos municípios da microrregião de Irecê.
“As pessoas acreditaram na proposta”, conta Alaerte Arônia, presidente do Conselho de Administração da Coperil e conselheira administrativa do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado da Bahia - Sescoop/BA. “A Coperil iniciou da Educação Infantil a oitava série, na época. Depois, foi evoluindo até chegar ao Ensino Médio. E hoje, além do ensino regular, temos outros serviços, a exemplo, do cursinho pré-vestibular e outros serviços voltados para área da educação. É uma escola cooperativista que só tem crescido desde quando surgiu", completa.
A Coperil é um dos exemplos de cooperativas educacionais espalhadas no estado da Bahia. Essas entidades fazem parte dos Ramos Trabalho, Produção de Bens e Serviços, e Consumo do cooperativismo. “Na cooperativa de Trabalho, Produção de Bens e Serviços, os cooperados são os profissionais da educação. [A cooperativa educacional] É basicamente formada por professores. Na cooperativa de consumo, são os pais que contratam o serviço”, explica Alaerte Arônia.
Com 30 anos no ramo, a cooperativa baiana se consolidou e conquistou o Prêmio SomosCoop Excelência em Gestão, em 2021, por sua gestão e dedicação na prestação dos serviços educacionais. A premiação é promovida pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo e acontece a cada dois anos, com objetivo de reconhecer as cooperativas que fortalecem e promovem o modelo cooperativista de negócio.
No Ramo Trabalho, Produção de Bens e Serviços, são cerca de 138 cooperativas educacionais ativas no país. Já no Ramo Consumo, a participação dos serviços educacionais representa 27% do total de cooperativas. Os dados são do Anuário do Cooperativismo 2022. Na Bahia são 14 cooperativas educacionais registradas no Sistema Oceb.
Assim como as escolas convencionais, as cooperativas educacionais cumprem as normas do Ministério da Educação (MEC), segundo Alaerte Arônia. Para alem disso ela diz que um dos diferenciais curriculares é o ensino dos valores e práticas do cooperativismo. “Temos a disciplina Cooperativismo, onde se trabalha nossa filosofia e nossos valores”. Como exemplo ela cita a ‘cooperativa mirim’, que é uma prática da Coperil. “É uma cooperativa formada por alunos. É [abordado na prática] o funcionamento de uma cooperativa, onde se forma o conselho administrativo, o conselho fiscal. E os alunos têm toda uma autonomia de realizar assembleias, reuniões, o registro de ata, cada conselho atuando com a sua independência”, relata.
Na avaliação da coordenadora pedagógica da Coperil, Jaqueline Medeiros, o trabalho conjunto entre coordenação, professores e psicólogos no preparo e formação dos estudantes é o fator responsável pelos bons desempenhos dos alunos da escola no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e em eventos como a Olimpíada Brasileira de Matemática (Obmep) e na Olimpíada Brasileira de Astronomia (Oba).
“A Coperil tem tido um resultado bem expressivo. Esse ano nós entendemos que deveríamos participar da Olimpíada de Astronomia, a Oba. E tivemos alunos medalhistas de ouro, de prata e também muitas menções honrosas”, conta. “Durante o ano, a escola prepara os alunos para as olimpíadas, através de aulas, com simulados e atividades. Nos anos em que participamos da Olimpíada de Matemática, houve um avanço muito grande na disciplina e, consequentemente, na de Ciência. Então, a gente pensa nas olimpíadas também como um avanço dos alunos na área do conhecimento”, completa Jaqueline Medeiros.
Os estudantes do Ensino Médio também recebem preparação especial para o ENEM, em simulados anuais, simulados avaliativos semanais por área de conhecimento, além das aulas de repertório e argumentação, focadas em melhorar a escrita. Segundo Jaqueline Medeiros, no exame realizado em 2021, mais de 20 alunos da escola tiraram notas acima de 900 na redação. “Esperamos que esses resultados só melhorem”, almeja a coordenadora pedagógica.
Além de proporcionar um ensino de qualidade, outro foco das cooperativas educacionais é a formação de cidadãos comprometidos com as questões sociais e com sua comunidade. E a Coperil vem fomentando isso com o Dia de Cooperar – Dia C, criado pelo Sistema OCB. “Um dia do ano em que todas as cooperativas do Brasil, legalmente constituídas, realizam projeto social dentro da comunidade em que está inserida. Isso é uma forma da gente desenvolver essa habilidade do social e do respeito para com o nosso aluno, é o sétimo princípio do cooperativismo ‘interesse pela comunidade’”, explica Alaerte Arônia.
Na visão de Alaerte Arônia, as cooperativas educacionais formam cidadãos mais conscientes. “Sem sombra de dúvida, permitem uma formação cidadã mais plena, voltada para os valores do cooperativismo, como a questão da Democracia, do interesse pela comunidade, da intercooperação, do respeito e da solidariedade”, completa.
Para mais informações sobre esse e outros segmentos que compõem o cooperativismo, acesse somoscooperativismo-ba.coop.br e as redes sociais do Sistema Oceb.
O cooperativismo de saúde brasileiro é o maior do mundo, segundo o Sistema OCB. Com 767 cooperativas e mais de 318 mil cooperados espalhados pelo país, o Ramo Saúde se tornou referência para países que desejam avançar, a partir do modelo cooperativista.
Para o conselheiro diretor representante do Ramo Saúde no Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado da Bahia - Oceb, Silvio Porto, as cooperativas conseguiram se destacar, ainda mais, durante o período de pandemia. “Realmente, as cooperativas deram um show, no sentido de encarar essa grande pandemia. Tivemos grandes exemplos em todo o Brasil de que o sistema cooperativo realmente é diferente, pois tem um olhar social muito intenso. A cooperativa não trabalha só por valores econômicos, tem princípios”, destaca.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida dos brasileiros aumentou para, em média, 77 anos, em 2021. Silvio Porto, que também é médico, alerta que para esse número continuar crescendo, é necessário serviços de saúde de qualidade, mas também é preciso que os brasileiros se cuidem.
“Hábitos saudáveis, principalmente em relação a boa alimentação e a prática de exercício, é o que vão ditar a qualidade de vida. É importante viver muito, mas viver com boa qualidade. Existem fatores modificáveis e não modificados. Doenças que são hereditárias, que são congênitas, essas você não tem como modificar. Mas as outras doenças, como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, diabetes, obesidade, são doenças que a gente pode modificar através de uma prevenção, uma prevenção primária”, explica.
E foi pensando no bem-estar dos trabalhadores brasileiros que a Unifisio, cooperativa de trabalho dos fisioterapeutas da Bahia, se consolidou na área. “É uma cooperativa que tem quase 30 anos de mercado. Começou apenas com assistência hospitalar e, a partir da sua ampliação, foram crescendo os serviços. E, desde 2009, também começou a fazer a fisioterapia empresarial, atendendo as organizações, tanto empresas, quanto cooperativas”, explica Sandra Cohim, diretora de Relações e Serviços da Unifisio.
Oferecendo recursos terapêuticos e orientações a nível educacional e vivencial relacionados à promoção da saúde e qualidade de vida no trabalho, a Unifisio conta com quase 350 cooperados que atuam nas diferentes áreas da fisioterapia na Região Metropolitana de Salvador e de cidades do interior do estado. Na visão de Sandra Cohim, promover a saúde dos trabalhadores é fundamental para o crescimento das empresas e, especialmente das cooperativas. “Cooperativas são organizações feitas por pessoas, com princípios e valores do cooperativismo. E essas pessoas precisam estar saudáveis para que a sua organização, o seu trabalho, o seu ambiente também sejam saudáveis”, ressalta.
Além da Unifisio, outra cooperativa de trabalho baiana consolidada na área da saúde é a Lifecoop, fundada em 2015, por enfermeiros e técnicos de enfermagem. Esses profissionais tinham o desejo de atuar de forma autônoma, onde pudessem negociar carga horária, remuneração e local de atuação. Desde então, a cooperativa cresceu e se especializou no segmento de Home Care. A diretora presidente, Carine Leal, destaca que a pandemia de Covid-19 foi um momento desafiador para os negócios. Ela conta que mesmo diante das dificuldades, a cooperativa conseguiu se manter firme.
“Durante a pandemia, vivemos um misto: 50% da sociedade decidiu não atuar no mercado de saúde. Em contrapartida, tivemos o aumento dos hospitais de campanha, que trouxe a oportunidade de trabalho temporário e muitos cooperados optaram por ofertar seus serviços a esse tipo de empreendimento. E tivemos o ingresso também de muitos novos cooperados, que enxergaram na cooperativa a oportunidade de ofertar seu trabalho, diante da demanda e dentro dos princípios e valores cooperativistas”, lembra.
Contando com 830 associados ativos, entre enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, e terapeutas ocupacionais, a Lifecoop conseguiu atender 1,4 mil famílias e seis instituições, como clínicas e hospitais, em 2021. De janeiro a novembro de 2022, mais de 1,9 mil famílias foram atendidas pelos profissionais da cooperativa.
Ao todo, 59 cooperativas de saúde estão ativas na Bahia. São 31 mil cooperados e 1,1 mil empregados no estado. Nacionalmente, as cooperativas do ramo estão presentes em 85% do território brasileiro e já atenderam mais de 20 milhões de pessoas.
“Nós temos cooperativas que trabalham como operadoras de planos de saúde, como a Unimed e a Uniodonto. E nós temos as cooperativas prestadoras de serviço, que são cooperativas que estão acopladas a essas operadoras ou não, e trabalham em clínicas e hospitais. Temos outras cooperativas de especialidades como de fisioterapia, de psicologia, de enfermagem”, conta Silvio Porto.
O Sistema Unimed é o maior exemplo de cooperativa médica no mundo, com 343 cooperativas atuando no Brasil, operando planos de saúde da marca e comercializando assistência médica com foco regional em várias cidades do país. A Unimed – BH, em Minas Gerais, tem se destacado e recebido diversas outras cooperativas para conhecer seu desenvolvimento e gestão, sendo, também, uma das 10 cooperativas visitadas pelo programa SomosCoop na Estrada, que é um programa do Sistema OCB onde mostra a importância do cooperativismo no Brasil.
Atualmente no país, o Ramo Saúde do cooperativismo pode ser dividido nos segmentos: cooperativas médicas operadoras de planos de saúde, cooperativas odontológicas operadoras de planos de saúde, cooperativas de trabalho e especialidades médicas, prestadoras de serviço – médico e odontológico, cooperativas formadas por outros profissionais da saúde (fisioterapeutas, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, etc.). Vale destacar que as cooperativas operadoras de planos de saúde médicos, como a Unimed, representam mais de 39% do ramo. As informações são do Anuário do Cooperativismo 2022.
Ainda segundo o anuário, a "relevância do cooperativismo de saúde também é traduzida nos indicadores financeiros do setor. Em 2021, as cooperativas do ramo somaram R$ 53 bilhões em ativos, que representa um aumento de 9% em relação a 2020. Os ingressos, ou faturamento, foram de R$ 89 bilhões, 17% a mais. Além disso, o ramo também gerou 126 mil empregos, mostrando seu potencial de crescimento".
Para mais informações, sobre esse e outros ramos que compõem o cooperativismo, acesse somoscooperativismo-ba.coop.br e as redes sociais do Sistema Oceb.
A revolução tecnológica no campo está a todo vapor no Ramo Agropecuário do cooperativismo. Um exemplo é o da Cooabriel, Cooperativa Agrária de Cafeicultores de São Gabriel, a maior cooperativa de Café Conilon do Brasil. De olho na segurança e controle nos processos, a coop está implantando um novo sistema de gestão empresarial. Consiste em um conjunto de ‘aplicativos de negócios inteligentes’, que darão, segundo a Cooabriel, “mais controle e segurança” na entrada e no processamento dos dados gerados, “além de padronização entre os setores”.
“Hoje, é extremamente necessário, para produtores que têm grandes produções, bem como para os pequenos [produtores] - se quiser produzir de uma forma mais organizada, tendo um controle total da sua produção -, é importante ter o uso dessas ferramentas tecnológicas”, contextualiza Jerffesson Silveira, engenheiro agrônomo do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado da Bahia – Oceb e representante da Oceb no Fórum Baiano das Cooperativas Agropecuárias.
O fórum auxilia o desenvolvimento das cooperativas do Ramo Agropecuário através de mercados e negócios, com instrutorias, programas e capacitações. Atualmente, segundo Jerffesson Silveira, o fórum está trabalhando para ajudar mais cooperativas da Bahia na implantação de aplicativo de conectividade e monitoramento de produção, desde o plantio até a comercialização.
"A tecnologia e inovação ajudam na aceleração e dinamização, para que o produtor tenha o contato com outros profissionais, através da conectividade, dos aplicativos. Hoje, o produtor pode fazer o mapeamento da sua área, pode ter um maior controle de pragas, saber um momento exato de adubar o solo, fazer correções. Tudo isso são ferramentas que facilitam e trazem praticidade", analisa Jerffesson Silveira.
Para Jaymilton Gusmão, vice-presidente da Cooperativa Coopmac - Cooperativa Mista Agropecuária Conquistense e conselheiro diretor representante do Ramo Agropecuário na Oceb e, as tecnologias e práticas digitais, como aplicativos, softwares, sensores e monitoramento em tempo real, já se tornaram “essenciais” dentro da cadeia de trabalho das cooperativas.
“As cooperativas usam bastante aplicativos que tem acesso de gerenciamento, seja gerenciamento da lavoura, quanto gerenciamento do clima para aplicar os insumos na época correta, na quantidade correta. O interessante é que temos muitas ferramentas gratuitas que foram criadas, inclusive, pelas nossas instituições de pesquisas, como as universidades e a própria Embrapa”, destaca.
São mais de 1,1 mil cooperativas do Ramo Agropecuário espalhadas pelo país, presentes nas atividades agropecuária, extrativista, agroindustrial, aquícola ou pesqueira, e levam modernização ao campo, abastecendo os brasileiros com alimentos de qualidade e contribuindo para a economia do país.
Por isso, na avaliação de Gusmão, o desenvolvimento tecnológico é indispensável, especialmente no território baiano, que abriga o maior número de cooperativas do Ramo Agropecuário da região Nordeste. “A Bahia é um estado que parece um país, que tem diversos climas, diversos biomas e diversos ambientes adaptados a diversas culturas. Para cada região dessa temos cultivares de plantas específicas, manejo de cultivo diferente, temos aplicação de agroquímicos ou de biológicos distintos, de acordo com a região. Então, é fundamental a gente ter essa tecnologia para conseguirmos produzir cada vez mais alimentos seguros ao consumo, alimentos sem nenhum tipo de resíduo químico e nem genético”, explica.
Atualmente, 34 cooperativas agropecuárias estão ativas na Bahia. E elas mostraram, em 2021, um crescimento financeiro surpreendente. O ingresso – ou faturamento – total foi de R$ 4,8 bilhões, acréscimo de 85% em relação a 2020, já o montante das sobras (lucro) foi de R$ 36,4 milhões, um aumento de 141%, segundo dados do Sistema Oceb.
Visando o potencial de crescimento, as cooperativas baianas se preparam para a chegada do Agro 5.0, que já é realidade em algumas cooperativas no país. A nova tendência une o que há de mais moderno em inteligência artificial, robótica e digitalização de processos, conectando todos os elos da cadeia do começo ao fim da safra. Para um futuro próximo, as previsões são a utilização das máquinas autônomas, o aumento da conectividade, a coleta de dados e a Internet das Coisas (IOT).
Um dos exemplos na implementação do Agro 5.0 no país é o da Coopercitrus Cooperativa de Produtores Rurais, cooperativa agrícola de São Paulo, que possui um time de profissionais dedicados a viabilizar as inovações para os produtores. Recentemente, a cooperativa agregou os serviços de análise de solo georreferenciada, aplicação de insumos agrícolas a taxas variáveis, pulverização localizada com drones, entre outros, em seu portfólio. Através do aplicativo Coopercitrus Campo Digital, os cooperados podem conhecer as soluções disponíveis e solicitar a aplicação em sua propriedade, pelo celular ou computador.
Apesar de já ser realidade em alguns lugares, o Agro 5.0 ainda está nos planos futuros de muitas cooperativas, principalmente as de agricultura familiar. “Essa tecnologia não está ainda totalmente popularizada, principalmente para a agricultura familiar, para os pequenos produtores. Mas é uma tecnologia que já está à disposição e, com certeza, o Brasil hoje é uma grande potência nesse tipo de pesquisa. E isso é o que tem garantido o Brasil como um dos três maiores produtores de alimentos do mundo”, ressalta Jaymilton Gusmão.
As cooperativas agropecuárias baianas também contam com o apoio do Fórum Baiano de Cooperativas Agropecuárias. Instituído em 2015, pelo Sistema Oceb, em parceria com gestores de seis cooperativas (Cooperfams, Cooproeste, Coopmac, Coopardo, Coopag e Cooabriel), cujo objetivo é criar meios de estimular a intercooperação e fortalecer as parcerias entre as cooperativas para o desenvolvimento e crescimento das mesmas, especialmente no setor de inovações tecnológicas que está em alta, mas, também, oportunizar a participação de novas cooperativas, independente do porte, nesse importante espaço de intercooperação.
Para mais informações sobre esse e outros ramos que compõem o cooperativismo, acesse somoscooperativismo-ba.coop.br e as redes sociais do Sistema Oceb.
Em 1998, 20 empreendedores de Salvador, em sua maioria bancários, se uniram para cooperar no auxílio a empresas em projetos de captação de recursos. Nasceu então a Cooperativa de Profissionais Liberais (Cooliba), uma das representantes do Cooperativismo de Trabalho Produção de Bens e Serviços em atuação na Bahia. Desde então, a Cooliba cresceu e, atualmente, presta serviços de consultoria nas áreas de gestão, cooperação, planejamento, marketing, liderança e recursos humanos para empresas e cooperativas baianas.
"A Cooliba é formada exclusivamente por sócios cooperados, experientes e qualificados. A equipe é composta por economistas, administradores, advogados, contadores, além de educadores. Nosso foco é o atendimento e busca de melhores soluções às demandas de empresas e cooperativas", explica a diretora administrativa da Cooliba, Marcia Marques. "Os serviços prestados vão desde o diagnóstico de clima organizacional à pesquisa de satisfação, permeado pela formação de líderes cooperativistas e dando mentoria no PDGC, Programa de Desenvolvimento da Gestão das Cooperativas", complementa.
A Cooliba é uma das 38 cooperativas do Ramo Trabalho, Produção de Bens e Serviços registradas na Bahia. Essas coops contam com 16,9 mil cooperados e contribuem para a economia do estado e do país. Segundo o Anuário Coop 2022, as 688 cooperativas do setor espalhadas por todo Brasil registraram o ativo total de R$ 1,1 bilhão, em 2021. No ano, elas recolheram R$ 529 milhões aos cofres públicos e geraram 9 mil empregos.
A presidente da Cooliba e conselheira diretora do Ramo Trabalho, Produção de Bens e Serviços no Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado da Bahia - Oceb, Dora Costa, explica como funciona uma cooperativa do ramo. “A cooperativa é a conexão entre a oferta de oportunidade de negócio e a demanda. A cooperativa existe para prestar serviço ao seu cooperado, e o faz mediante a busca de oportunidades de negócio no para que os seus cooperados possam acessar o mercado, que, no caso da Cooliba, são as consultorias."
O Cooperativismo de Trabalho, Produção de Bens e Serviços contempla os segmentos onde profissionais estão organizados em cooperativas para, juntos, acessarem o mercado. Neste ramo estão, por exemplo, cooperativas que prestam os serviços nas áreas de assistência técnica, confecção, consultoria e instrutoria, cultura e lazer, educação, gestão de resíduos, manutenção, conservação e segurança, mineração, produção artesanal, produção industrial, social e tecnologia e inovação.
Por ser uma alternativa para profissionais de perfil empreendedor que acreditam na união de forças, muitas cooperativas, a exemplo da Cooliba, são formadas entre profissionais de classe, como escritórios de contabilidade, cooperativas de profissionais da área da saúde, de produtores artesanais e outros.
Para Marcia Marques, o grande diferencial competitivo que faz o ramo se destacar é o da autogestão. “Acredito que o principal fator é ter o usuário como dono de fato da cooperativa. A autogestão consiste em uma cultura organizacional. Já que somos sócios, procuramos distribuir autoridade da tomada de decisão. É importante que haja clareza nas responsabilidades que cada pessoa integrante da cooperativa possui”, ressalta.
Assim, nessas cooperativas, trabalhadores “se transformam em donos do seu próprio negócio”, segundo o Sistema OCB. “Participam de todos os processos operacionais e administrativos, e da divisão dos resultados”. Para Dora Costa, esse modelo de negócio é uma alternativa vantajosa tanto para empresas, quanto para os trabalhadores.
“De um lado, aumentou a demanda das empresas por serviços que não fazem parte do seu principal negócio. As empresas queriam contratar de forma diferenciada, sem caracterizar um vínculo empregatício. De outro lado, o número muito grande de pessoas que estavam sem ter um emprego fixo, sem ter uma forma de prestação de serviço mais legalizada, teve a possibilidade de, através de uma cooperativa de trabalho, oferecer seus serviços de acordo com as leis de mercado”, analisa Dora Costa.
Vale destacar que muitas cooperativas surgem com base na junção de trabalhadores organizados a partir de associações e movimentos sociais. Um dos exemplos é o da cooperativa Recicle A Vida, do Distrito Federal, idealizada por um grupo de catadores de materiais recicláveis, em 2005. O cooperativismo possibilitou condições de trabalho e cursos de capacitação aos cooperados. De lá pra cá, a Recicle a Vida se especializou na “coleta, triagem, transporte e destinação final de resíduos”, e presta serviço para grandes geradores de resíduos e para o Serviço de Limpeza Urbana (SLU)do Distrito Federal. Ampliou ainda a sua atuação no DF e dá suporte a outras 8 cooperativas.
"Hoje em dia, não somos mais catadores. Somos agentes ambientais. Somos uma família inteira trabalhando, um ajudando o outro", afirmou a cooperada da Recicle a Vida, Eneide Costa, à série SomosCoop na Estrada, do Sistema OCB.
Segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), em 2020, cooperativas como a Recicle a Vida e associações de catadores atuaram em mais de 1,1 mil municípios. Juntas, foram responsáveis por mais de 30% do volume de resíduos coletados, promovendo um ciclo de desenvolvimento que transforma a vida desses trabalhadores, impacta a comunidade onde estão presentes e ajuda o meio ambiente.
Na avaliação de Marcia Marques, cooperativismo é um modelo de negócio “inovador e participativo”. “As pessoas entendem, cada vez mais, que a cooperação é uma excelente oportunidade de crescimento, especialmente em tempos de maior instabilidade econômica e veem, no cooperativismo, alternativa ideal para muitas das demandas e necessidades da sociedade.”
Para mais informações sobre esse e outros ramos que compõem o cooperativismo, acesse somoscooperativismo-ba.coop.br e as redes sociais do Sistema Oceb.
Oferecendo um caminho para a organização, profissionalização e liberdade dos pequenos e médios transportadores brasileiros, o Ramo Transporte do cooperativismo tem mais de 20 anos e reúne 982 cooperativas e cerca de 100 mil cooperados em todo país. Essas cooperativas prestam serviços de transporte de cargas ou passageiros, em que os cooperados são donos ou têm permissão para uso do veículo.
Um exemplo é o da Cooperativa de Taxi Industrial de Camaçari, Cooper Elite - uma das 33 coops do ramo espalhadas pela Bahia. Fundada em 2008 para suprir a demanda das empresas no Polo Industrial da cidade, a Cooper Elite colabora com a economia local no transporte de passageiros e de materiais. São, em média, cinco mil viagens realizadas por mês.
“Nos momentos de horas extras das empresas, os colaboradores que estendem um pouco o horário, consequentemente, acaba surgindo o serviço de táxi. E aí entra a nossa atuação. O diferencial da cooperativa acaba sendo por funcionar 24 horas, ter um atendimento sempre que o cliente precisa”, destaca Cid Ferreira de Jesus, diretor presidente da Cooper Elite.
No segmento de transporte de cargas, a Cooperativa dos Transportadores de Luís Eduardo Magalhães, CoopGNP, desenvolve um trabalho com mais de 1,3 mil pessoas, entre cooperados e empregados. “A nossa visão é que o nosso cooperado tenha mais resultados. Então, buscamos contratos, negociações boas. E todas são para o nosso cooperado, não visamos sobras (lucro) em cima disso, mas sim poder ofertar um serviço de qualidade com mais rendimento para o nosso cooperado”, ressalta o presidente da cooperativa, Fernando Scapini.
A área de atuação da CoopGNP compreende a região do Matopiba, que abrange áreas dos estados do Maranhão (MA), Tocantins (TO), Piauí (PI) e Bahia (BA) e é considerada uma das grandes e promissoras fronteiras agrícolas nacional, especialmente no cultivo de grãos. Para Scapini, tal fato é estratégico e ajuda a fortalecer o cooperativismo, o agronegócio e o abastecimento da região. “É um trabalho que vem valorizando essa fronteira agrícola. E a gente vem atuando porque a maioria dos nossos cooperados é de pessoas que já estão no ramo, já conhecem essa região. E a região se desenvolveu com os nossos cooperados. Isso fortalece muito o sistema cooperativista”, conta.
Segundo o Sistema OCB, os indicadores financeiros do cooperativismo de transporte são “mais uma evidência de seu impacto na sociedade”. Em 2021, as cooperativas do ramo somaram R$ 1,5 bilhões em ativos, um aumento de 32% em relação a 2020.
Tal crescimento também pode ser explicado pelo fato do cooperativismo de transporte ser um ramo diversificado. “Temos aluguel de veículos com ou sem motoristas de todas as categorias, variando de automóveis, caminhões, ônibus, inclusive bicicletas e motocicletas. Também temos o serviço de transporte de cargas, transporte de passageiros, transporte interestadual e transporte escolar. A gente também atende todas as empresas com transporte de seus colaboradores, pequenas cargas e pessoas. Prestamos também serviço de e-commerce. Então, qualquer tipo de serviço ligado a transporte, as cooperativas desse ramo podem atender”, explica Jair Romualdo, conselheiro diretor representante do Ramo Transporte no Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado da Bahia - Oceb e presidente do conselho de administração da Cooperativa Nacional de Transporte Corporativo - Coomap, sediada em São Sebastião do Passé - BA.
De acordo com o Anuário Coop 2022, o transporte rodoviário de cargas representa 45% das atividades do ramo, contando com 444 cooperativas no país. Já as cooperativas que fazem o transporte coletivo e individual de passageiros representam 38% e 15% do setor, respectivamente.
Diante da grande demanda pelo transporte de pessoas e cargas, Jair Romualdo ressalta que, para uma cooperativa de transporte operar de forma segura, tanto para quem contrata os serviços, quanto para quem o realiza, é fundamental que tenha registro no Sistema OCB, representado na Bahia pelo Sistema Oceb.
“Aquelas registradas no Sistema OCB, que na Bahia é a Oceb, têm um acompanhamento mais sério, uma vez que qualquer cooperativa para ser registrada na Oceb, ela tem que ser visitada por um grupo técnico, para depois o registro ser deliberado pelo conselho diretor da instituição. Então, isso dá uma maior segurança.”
Jair Romualdo cita todo o processo de controle de segurança praticado pela Coomap, em relação a quem deseja ingressar como cooperado. “Para a pessoa aderir à cooperativa, ela passa pela psicóloga, pela palestra de princípios e valores do cooperativismo e da Coomap. Os cooperados têm que passar por testes, fazemos blitz educativas, campanhas de trânsito e temos um regimento interno com conselho de ética rigoroso que acompanha isso”, complementa.
Para mais informações sobre esse e outros ramos que compõem o cooperativismo, acesse somoscooperativismo-ba.coop.br e as redes sociais do Sistema Oceb.
O cooperativismo brasileiro é uma ferramenta para a redução dos gases causadores do efeito estufa. É o que defende o coordenador de Meio Ambiente e Energia do Sistema OCB, Marco Olívio Morato de Oliveira, ao resumir a participação das cooperativas nos debates na 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. A COP 27 reuniu representantes de cerca de 200 países, em novembro, no Egito.
“É a segunda COP do clima de que participamos e o nosso objetivo foi mostrar o cooperativismo como uma ferramenta para o alcance da neutralidade de carbono. E isso é feito com o protagonismo das pessoas. Precisamos do envolvimento de toda a sociedade e, fundamentalmente, dos pequenos e médios produtores rurais. E o cooperativismo é feito de pessoas, é feito de pequenos e médios produtores rurais cooperados”, explica o coordenador.
Na conferência, cooperativas brasileiras apresentaram ações voltadas ao aumento da sustentabilidade no campo. No painel ‘A importância das cooperativas para o agro sustentável’ foram apresentados projetos de restauração de áreas de conservação de vegetação nativa, de prevenção ao esgotamento do solo e da redução da emissão de gases, e de logística reversa de embalagens.
Os exemplos de sustentabilidade dentro do cooperativismo não se restringem ao Ramo Agropecuário. O Anuário do Cooperativismo 2022 mostra um avanço das cooperativas do Ramo Infraestrutura, na geração e distribuição de energias renováveis. Em 2021, apenas no segmento de geração distribuída de energia, foram constituídas 14 novas cooperativas exclusivas. Esses novos negócios se somam às 709 cooperativas de todos os ramos do cooperativismo com projetos de micro e minigeração distribuída. Segundo o anuário, esses projetos totalizam 48MW de potência instalada. Um incremento de 20,26Kw em relação a 2020.
“As cooperativas que geram energia renovável operam de duas maneiras: no sistema convencional, ou seja, os cooperados e as cooperativas se unem, constroem essa usina e comercializam essa energia para o mercado; e a partir de 2016, tivemos uma nova modalidade, que é a possibilidade dos novos empreendimentos de geração de energia participarem do sistema de compensação de energia - a cooperativa gera energia e injeta na rede da distribuidora de energia, e essa energia injetada na rede tem como destino as unidades consumidoras dos cooperados. Fica como crédito na conta de luz para estes cooperados”, detalha Marco Olívio Morato de Oliveira.
Aproveitando o sol forte do oeste da Bahia, a Cooperativa Educacional de Barreiras (Coopeb) decidiu, em 2018, criar um projeto para utilizar o sistema de compensação de energia e garantir descontos na conta de luz, se tornando um dos primeiros cases de sucesso do estado na área. “Utilizamos a energia solar. Então, com o projeto a gente juntou duas situações que nós tínhamos o desejo de realizar, que era a economia da energia e um estacionamento coberto”, conta Eduardo Solano, conselheiro administrativo da Coopeb.
Segundo Solano, a economia na conta de energia da escola chega a R$ 10 mil e a cooperativa já estuda formas de ampliar o projeto a partir de 2023. “Esperamos, principalmente no Nordeste, onde tem rios de vento e uma questão solar muito forte durante o ano todo, que nos próximos anos, tenhamos um ‘boom’ ainda maior na questão das energias renováveis. E sentimos muito orgulho de fazer parte do início disso”, reforça.
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado da Bahia (Sescoop/BA) firmaram, em fevereiro deste ano, um projeto para promover um cooperativismo ainda mais sustentável e competitivo no estado. O objetivo é impulsionar a implementação da Agenda 2030 da ONU e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), nas atividades cooperativas, ampliar produção, rentabilidade e acesso a novos mercados.
Com prazo de 24 meses, o projeto produzirá diagnósticos sobre a realidade do sistema cooperativista baiano e elaborará estratégias de sustentabilidade e competitividade para as cooperativas integrantes da iniciativa. Essas coops receberão oficinas de capacitação e assessoria técnica.
Para mais informações, acesse somoscooperativismo-ba.coop.br e as redes sociais do Sistema Oceb.
O índice de famílias endividadas no Brasil já alcança a marca de 79,2%, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, apurada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Ainda sentindo os impactos do pico da pandemia de Covid-19, o cenário de endividamento das famílias e perda do poder de compra nos últimos anos preocupa.
E é em tempos de incertezas que muitos conhecem as cooperativas de Crédito que, por outro lado, se mostram resilientes em meio a situações delicadas. Em 2021, o Sistema OCB somou 763 cooperativas com registro ativo e autorizadas pelo Banco Central do Brasil a funcionar. No ano, o número de cooperados foi de 13,9 milhões. Um aumento de 16% em comparação com 2020.
O conselheiro diretor do Sicoob Central Bahia no Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado da Bahia - Oceb, Vandevaldo Rios, destaca que o atendimento personalizado é um dos grandes diferenciais que fazem as pessoas buscarem as cooperativas de crédito.
“O Sicoob tem cuidado justamente com essas pessoas que estão endividadas, fazendo uma orientação. Se fizermos alguma concessão de crédito para essas pessoas, temos cuidado de orientar a forma como podem produzir esse resultado. Às vezes, a pessoa está passando por uma dificuldade, mas não está enxergando que pode melhorar tendo uma mudança de atitude. Então, fazemos isso, criamos situações, mostramos - a nível de orientação - e também oferecemos cursos de gestão financeira, para que a pessoa possa ter uma ideia melhor de como gerir o seu financeiro, como gerir a sua empresa, como gerir a sua vida pessoal”, esclarece.
O Sicoob é o maior sistema financeiro cooperativo do país com mais de 6,5 milhões de cooperados e 4.018 pontos de atendimento distribuídos em todo o território nacional. Segundo o Sistema OCB, o Ramo Crédito detém a maior rede de atendimento em serviços financeiros do Brasil com 7.976 pontos e com uma carteira de crédito de mais de R$ 258 bilhões. Tais números consolidam as cooperativas de crédito como alternativa para quem busca algo a mais do que bancos de varejo oferecem.
“Nós propiciamos crédito para que essas pessoas tornem o seu empreendimento autossustentável. E, ao tornar-se autossustentável, promova o desenvolvimento da sua família e da sua coletividade. As sobras são secundárias, diferente dos bancos, cujo objetivo principal é o lucro. O que nós fazemos é promover o desenvolvimento das pessoas, o desenvolvimento coletivo”, explica João Batista, presidente do Unicred do Nordeste, cooperativa que atua em seis estados da região e atende profissionais da área da saúde, servidores públicos efetivos dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, servidores públicos efetivos vinculados aos municípios, estados ou União, e empresas e empresários.
Outro diferencial das cooperativas de crédito, especialmente na região Nordeste, é o relacionamento positivo com os produtores rurais. Cergio Tecchio, presidente do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado da Bahia – Oceb e presidente do Sicoob Norte Sul, cooperativa nascida da junção de produtores rurais de Gandu (BA), destaca a importância dessa parceria.
“Procuramos atender, na medida do possível e da nossa disponibilidade, os produtores da nossa região. Não só no crédito rural, mas nos outros serviços que eles têm necessidade. Quando se trata de operações de crédito, existe um regramento de condições de acesso ao crédito, o cooperado que se enquadrar e que estiver de acordo com esse regramento pode ter acesso ao seu crédito. E isso é feito dentro das condições estabelecidas pelo sistema Sicoob”, conta.
Atualmente, a cooperativa possui 10 agências em Gandu, Santo Antônio de Jesus, Cruz das Almas, Amargosa, Nazaré, Alagoinhas, Rio Real, Inhambupe e Irará, além de possuir uma agência virtual, tudo para prestar serviços e soluções aos seus 16.940 cooperados.
O diretor Executivo do Sicredi Integração Bahia, Ricardo Amaral, também reforça que educar os brasileiros para que usem seu dinheiro de forma responsável é fundamental para a economia. “Procuramos fazer o que os outros bancos de varejo normalmente não fazem, que é educação financeira. Temos cursos para a pessoa saber como melhor gastar seu dinheiro, como melhor investir, como melhor utilizar os produtos financeiros da cooperativa. Cooperação, integração, educação, fazem parte dos nossos princípios cooperativistas”, explica.
O Sicredi Integração Bahia faz parte da rede Sicredi, a primeira cooperativa financeira da América Latina, e atua nas cidades de Itabuna, Ilhéus, Jequié, Itajuípe e Itapetinga, levando atendimento personalizado aos seus 4.892 associados.
Além do atendimento especializado, assegurando acesso aos instrumentos e soluções disponíveis no mercado, todos que fazem parte da cooperativa são donos do negócio, participando ativamente da gestão e da tomada de decisões, outro diferencial que chama a atenção.
“O resultado da intermediação financeira que os bancos chamam de lucro e que nos bancos vão para alguns poucos acionistas, na cooperativa, o associado é dono da instituição e, sendo assim, ele participa da distribuição das sobras. Então, o resultado da cooperativa ao fim do exercício é distribuído de forma proporcional para os associados. Então, se teve um associado que utilizou mais serviços, na distribuição, isso vai ser levado em consideração e ele vai receber proporcional ao seu uso dos produtos da cooperativa”, explica Maria Vandalva, conselheira diretora do Ramo Crédito na Oceb.
E todos esses diferenciais fazem o cooperativismo de crédito crescer no Brasil. Segundo o Sistema OCB, esse ramo está presente em mais da metade dos municípios. Em 275 deles, é a única instituição financeira fisicamente presente.
“As cooperativas financeiras chegam onde os bancos tradicionais não querem chegar. Quando promovemos a inclusão financeira, a gente também garante, com a instalação de uma cooperativa, que seja gerado naquele município, naquela comunidade um círculo virtuoso de desenvolvimento. Então, o comerciante toma um empréstimo na cooperativa e esse comércio começa a ser fortalecido, você gera mais empregos e você gera mais tributos e o município vai se desenvolvendo. Então, cresce a cooperativa, cresce o cooperado, cresce o comércio local, cresce o potencial do empreendedor desse município”, complementa Maria Vandalva.
Juntas, essas cooperativas somaram R$ 518 bilhões em ativos totais e as sobras do exercício totalizaram mais de 10 bilhões.
Para mais informações, sobre esse e outros ramos que compõem o cooperativismo, acesse somoscooperativismo-ba.coop.br e as redes sociais do Sistema Oceb.
Somar o poder de compra de todos, reduzir custos e oferecer melhor atendimento aos consumidores. Esses são os objetivos das cooperativas do Ramo Consumo. Esse ramo, que deu origem ao cooperativismo na Inglaterra, em 1844, reúne as cooperativas destinadas à compra em comum de produtos e/ou serviços para seus cooperados.
“O modelo de operação é o de compra em comum, envolvendo toda compra de produtos ou serviços de empresas ou pessoas não cooperados, para fornecimento aos cooperados. Por isso, temos atividades tão diversas, como operações de supermercados, drogarias, postos de combustíveis, óticas e todo tipo de atividade de ‘comércio’, cooperativas educacionais de pais e cooperativas de turismo de consumidores”, explica Márcio Valle, coordenador nacional do Ramo Consumo do Sistema OCB.
Além de supermercados, farmácias e postos de combustíveis, o ramo também engloba segmentos como serviços educacionais, produtos alimentícios, vestuário e beleza, produtos e equipamentos, serviços veiculares e serviços turísticos.
Dentre todos os segmentos que diversificam o ramo, a participação dos serviços educacionais é a maior. Representa 27% do total de cooperativas de Consumo, segundo o Anuário do Cooperativismo 2022.
“É uma modalidade um pouco diferente do que é tradicionalmente conhecido o Ramo Consumo, que normalmente é associado a consumo de produto. Sou dirigente de uma cooperativa de consumo de serviço que é uma escola, uma escola como qualquer outra. Só que, por sermos cooperativas formada por pais, nós ‘compramos’ o serviço dos profissionais que lá trabalham”, esclarece David Schmidt, conselheiro diretor do Ramo Consumo do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado da Bahia – Oceb e presidente da Cooperativa Educacional de Barreiras (Coopeb).
David também ressalta a importância do Ramo Consumo para a economia do país, uma vez que ajuda a regular o mercado, oferecendo produtos e serviços com preços justos e aumentando a competitividade entre os negócios. “Eu comprando sozinho, tenho um determinado volume, que por maior que seja, será menor do que eu mais o meu vizinho. Então, nessa concepção, eu sempre vou ser maior quando eu me junto com os colaboradores, com os meus vizinhos ao redor, com a comunidade, e faço essa aquisição em conjunto. A gente tem maior poder de barganha, consegue ganhos logísticos e consegue ser mais eficiente dentro dos nossos negócios por ter produtos e insumos mais baratos, aumentando a margem e a competitividade”, explica.
Todos esses benefícios e diferenciais são fundamentais para o crescimento do ramo no Brasil e podem ser vistos nos números. Atualmente, são 247 cooperativas, com mais de 2 milhões de cooperados, segundo o Anuário do Cooperativismo 2022. O setor também gerou 14 mil empregos diretos somente em 2021.
Além disso, as cooperativas de consumo somaram R$ 3 bilhões em ativos, que é soma total do que cada cooperativa tem em caixa, um aumento de 18% em relação a 2020. “Esse aumento impacta positivamente o setor de atuação, na medida em que qualifica o ambiente concorrencial, com o fortalecimento das cooperativas, que são empresas que operam baseadas em princípios e valores, com forte inserção nas comunidades onde atuam e direcionadas ao atendimento do seu cliente, que é ao mesmo tempo dono e consumidor dos produtos e serviços da cooperativa”, ressalta Márcio Valle.
Há 68 anos no mercado de consumo, a COOP SP é o maior exemplo de sucesso dentro do ramo. Criada em 1954, em Santo André, na Região Metropolitana de São Paulo, hoje é considerada a maior cooperativa de consumo da América Latina. São 900 mil cooperados, que contam com serviços de 31 supermercados, 80 drogarias e 3 postos de combustíveis. Conheça mais sobre a relevância do trabalho da cooperativa pelo programa SomosCoop na Estrada.
“Podemos dizer que a modalidade de compra mais favorável, utilizando qualquer tipo de canal ou formato, é a compra de produto ou serviço de uma empresa cooperativa. Nesta, o consumidor, cooperado ou não, encontrará qualidade, preços justos, atendimento e equipes com princípios e valores”, enfatiza Márcio Valle.
Para mais informações sobre esse e outros ramos que compõem o cooperativismo, acesse somoscooperativismo-ba.coop.br e as redes sociais do Sistema Oceb.